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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

ORAÇÕES AOS SANTOS ARCANJOS MIGUEL, GABRIEL E RAFAEL - 29 de setembro, Festa dos Santos Arcanjos.

 

Gloriosos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael,
rogai por nós, pela Igreja e pelo mundo inteiro!


São Miguel Arcanjo, grande defensor da Soberania e da Vontade de Deus, defendei-nos no combate!

Cobri-nos com vosso escudo contra os embustes e as ciladas do demônio. 

Subjugue-o, Deus, instantemente Vos pedimos! 

E vós, ó Príncipe da Milícia Celeste, pelo Divino Poder, precipitai no inferno a satanás e demais espíritos malignos, que andam por este mundo, para perder as almas. E vós, que sois o Patrono da Igreja Católica, protegei, de modo especial, ao Santo Padre o Papa (dizer o nome), aos bispos, ao clero, aos religiosos e religiosas, bem como a todo o povo de Deus, para que sigamos com fé, esperança e caridade rumo à Pátria Celeste. Levai para o Céu o maior número possível de almas benditas do Purgatório, almas essas que tanto amais. Amém!

Pai Nosso, Ave Maria e Glória em honra de São Miguel Arcanjo.

 

São Gabriel Arcanjo, defendei-nos no combate! Cobri-nos com vossas asas contra os ataques, armadilhas e enganos do demônio.

Subjugue-o Deus, confiantemente Vos pedimos!

E vós, Vós, que sois chamado de “poder de Deus”, que sois o Arauto da Encarnação do Verbo, lançai no inferno a satanás e demais espírito maligno, que andam por este mundo para perder as almas! Dai-nos um profundo amor a Jesus, o Verbo Humanado, à sua presença Eucarística e à Virgem Maria, vossa amantíssima Rainha e Senhora. Amém!

Pai Nosso, Ave Maria e Glória, em honra de São Gabriel Arcanjo.  

 



São Rafael Arcanjo, defendei-nos no combate! Cobri-nos com vosso cajado contra os embustes e as ciladas do demônio.

Subjugue-o Deus, humildemente vos pedimos!

E vós, que sois “a medicina de Deus”, o patrono dos viajantes, dos médicos e do matrimônio, precipitai no inferno a satanás e demais espíritos malignos, que procuram prejudicar os filhos e filhas de Deus, com doenças físicas, mentais, morais e espirituais, que tentam causar-nos acidentes e destruir os matrimônios e as famílias, sendo nosso companheiro e protetor nesta peregrinação terrena. Amém!

Pai Nosso, Ave Maria e Glória em honra de São Rafael Arcanjo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

OS TORMENTOS DO INFERNO - segundo revelações feitas a SANTO ANTÔNIO MARIA CLARET, bispo e fundador.

(Extraído dos escritos de Santo Antônio Maria Claret. Tradução do espanhol feita pelo Diácono Luiz Carlos Pavan)

 

Nota do publicador deste artigo:

Infelizmente, hoje em dia, a grande maioria dos bispos, padres ou pregadores leigos (catequistas, professores de religião ou formadores) não fala mais sobre o inferno. Infelizmente, também, uma boa parte dos sacerdotes não acredita mais em demônios ou na existência do inferno. Cada vez mais é comum ouvirmos as seguintes expressões: “o inferno é aqui na terra”; “aqui se faz, aqui se paga”; “Deus é amor... jamais permitiria que um filho seu fosse para o inferno”, etc. Não é verdade?

Esquecem-se, no entanto, que a existência do inferno é MATÉRIA DE FÉ CATÓLICA, portanto, é um DOGMA DE FÉ, incontestável. Nenhum cardeal, arcebispo, bispo, sacerdote ou teólogo está autorizado a negá-lo ou, antes, a contestá-lo em seus discursos ou escritos. Quem o faz torna-se imediatamente um herege ou heresiarca.

O próprio Catecismo da Igreja Católica, aprovado pelo Papa São João Paulo II, de venerável e saudosa memória, fala dele e da doutrina de sua existência (vide os números 1585 - 1591 e 1861 do Catecismo).

Como é que um “católico”, ou, melhor dizendo, pseudo católico se atreve a ir contra o ensinamento da Igreja? É uma verdade dura? Sim! Muito dura, porém, é verdade. Jesus Cristo mesmo, após revelar aos discípulos a doutrina da Transubstanciação que um dia inauguraria na Santa Ceia e diante de alguns discípulos que começaram a duvidar dEle e O abandonaram, virando-se para os que permaneceram ainda com Ele disse: “E Vós? Também não quereis ir embora com eles”?

Trago aos leitores do blog o relato de uma visão do inferno feito por Santo Antônio Maria Claret, bispo e fundador dos Missionários do Coração Imaculado de Maria, que teve a experiência mística de contemplar este lugar de sofrimentos eternos. É um relato de um santo. Merece nosso crédito. Ele não é um lunático ou um “visionário”. Foi um santo, um grande santo, um homem culto e letrado que teve essa experiência. Merece nossa atenção, nossa credibilidade e, principalmente, que divulguemos essa terrível realidade, não para “assustar” ninguém, mas, para o bem das almas. Santo Antônio Maria Claret não está sozinho: vários santos e santas passaram pela experiência de terem visto e/ou “sentido” os sofrimentos do inferno: Santa Teresa de Jesus, Santa Faustina Kowalska, São João Bosco, Serva de Deus Josefa Menéndez, Beata Ana Maria Taigi, São Pio de Pietrelcina, os Santos Jacinta Marto e Francisco Marto, para citar alguns. São santos: merecem nossa credibilidade.

Existem pessoas que se arrependem de seus pecados e se convertem por amor a Deus. Esse é o modo perfeito. Porém, existem pessoas que podem se arrepender e deixar seus pecados por medo dos castigos eternos do inferno. Não é um modo perfeito, porém, é bem melhor do que nada. O texto é um pouco longo, mas, leiam com calma e divulguem para os irmãos e irmãs de caminhada, para amigos e conhecidos.

Um abraço fraterno em todos!

 (Giovani Carvalho Mendes, ocds)

 

 

Santo Antônio Maria Claret, bispo e fundador.
Foi um grande Santo, teólogo e místico,
bem como escritor, pregador, missionário,
catequista e diretor espiritual
de muitas santas almas, inclusive, de 
fundadores e fundadoras de congregações
e institutos religiosos. 

O RELATO DE SANTO ANTÔNIO MARIA CLARET: 

"A sensação dos tormentos do inferno é essencialmente terrível. Ele se parece, ó alma minha, como uma noite escura sobre o cume de uma montanha alta. Lá embaixo há um vale profundo, e a terra se abre de maneira que, com o teu olhar, podes ver o inferno e sua profundidade. Ele se parece como uma prisão situada no centro da terra, muitos quilômetros abaixo, todo cheio de fogo, preso num recinto de forma tão impenetrável que, por toda a eternidade, nem se quer a fumaça pode escapar.

Nesta prisão os condenados estão próximos uns dos outros como tijolos num forno... Imagine o calor do fogo em que são queimados. Primeiramente, o fogo se alastra por todas as partes e tortura inteiramente o corpo e a alma. Uma pessoa condenada permanece no inferno para sempre no mesmo lugar que foi destinado pela justiça divina, sem ser capaz de mover-se, como um prisioneiro num tronco.

O fogo que o envolve totalmente, como um peixe na água, o queima em volta, à sua esquerda, à sua direita, encima e embaixo. Sua cabeça, seu peito, seus ombros, seus braços, suas mãos e seus pés estão totalmente invadidos pelo fogo, de maneira que ele, por inteiro, se assemelha a um peça de ferro incandescente e cintilante, que acaba de ser retirado do forno. O teto do recinto em que moram as pessoas condenadas é de fogo; a comida que se come é fogo; a bebida que se toma é fogo, o ar que se respira é fogo, tudo quanto se vê e se toca é fogo...

Mas este fogo não está simplesmente fora dele; além do mais ele transpassa pela pessoa condenada. Invade o seu cérebro, seus dentes, sua língua, sua garganta, seu fígado, seus pulmões, seus intestinos, seu ventre, seu coração, sua veias, seus nervos, seus ossos, inclusive a medula, bem como o sangue.


'No inferno – segundo São Gregório Magno – haverá um fogo que não pode se apagar, um verme que não morre, um cheiro insuportável, uma escuridão que pode se sentir, castigo por açoite de mãos selvagens, com todos os presentes desesperados por qualquer coisa boa'.

Um dos fatos mais terríveis é que, pelo poder divino, este fogo vai tão longe como para atuar sobre as faculdades (aptidões) da alma, queimando-as e atormentando-as. Suponhamos que eu me achasse colocado no forno de um ferreiro, de modo que todo o meu corpo estivesse em pleno ar, exceto um braço que está posto no fogo, e que Deus fosse preservar a minha vida por mil anos nesta posição. Não seria isto uma tortura insuportável? Como seria então estar completamente invadido e rodeado de fogo, o qual não atinge apenas um braço, mas inclusive todas as faculdades (aptidões) da alma?

Para quem já teve a graça de ver, e de sentir, em sonhos o que seja este tormento infinito, este fogo que queima o espírito sem consumir, esta consciência que acusa sem cessar, que atormenta mais que mil fogos, que faz compreender a eternidade do suplício, que entende a impossibilidade de fugir dali, contra a qual não adianta lutar, esbravejar, sequer odiar, é possível afirmar que o fogo exterior, que queima o corpo é apenas uma pálida centelha daquele que inflama o espírito. De fato, a alma daria tudo para poder esquecer, fugir dos pensamentos, escapar deste tormento mental, esmagar seu cérebro, pois para ela isso significaria um alívio assombroso em seu tormento. É mais espantoso do que o homem pode imaginar.

Em segundo lugar, este fogo é muito mais espantoso do que o homem pode imaginar. O fogo natural que vemos durante esta vida tem um grande poder para queimar e atormentar. Não obstante, este não é nem sequer uma sombra do fogo do inferno. Há duas razões pelas quais o fogo do inferno é muito mais atroz, que vai além de toda comparação, do que o fogo deste mundo.

A primeira razão é a justiça de Deus, da qual o fogo do inferno e um instrumento dirigido para castigar o mal infinito causado contra a sua suprema majestade, que fora menosprezada por uma criatura. Para tanto a justiça supre este elemento com um poder tão grande que quase alcança o infinito.

A segunda razão é a malícia (perversidade) do pecado. Como Deus sabe que o fogo deste mundo não é suficiente para castigar o pecado como este merece, Ele tem dado ao fogo do inferno um poder tão grande que nunca poderá ser compreendido pela inteligência humana.



Entendem agora, o quão eficazmente queima este fogo? O fogo queima tão eficazmente, - ó minha alma! – que, de acordo com os grandes mestres da escola ascética, se uma simples faísca caísse numa pedra de moinho, esta se reduziria num instante em pó. Se caísse numa bola de bronze, esta se derreteria instantaneamente como se fosse de cera. Se caísse sobre um lago congelado, este haveria de ferver no mesmo instante.

Façamos uma breve pausa, ó alma minha, para que tu respondas a algumas perguntas que te farei. Primeiro, te pergunto: Se um forno especial fosse acesso, como usualmente se faz para atormentar os mártires, e, então, alguns homens colocassem diante de ti todo tipo de bens que o coração humano possa desejar, e garantissem a oferta de um reino próspero – se tudo isso te fosse prometido em troca de que entrasses, só por meia hora, no forno ardente, o que escolherias fazer? Nem por cem reinos!

“Ah! – dirias – 'se me oferecesses cem reinos, eu nunca seria tão tolo em aceitar tais extremos tão brutais, não importa quantas coisas importantes me oferecessem, mesmo que estivesse segura de que Deus iria preservar a minha vida durante esses momentos de sofrimento'”.

Em segundo lugar, eu te pergunto: Se tu já estivesses na posse de um grande reino, e estivesses nadando num mar de riqueza, de maneira que não precisarias de nada, e fosses atacada por um inimigo, feita prisioneira e acorrentada, se fosses obrigada a escolher entre perder o teu reino ou passar meia hora dentro de um forno incandescente, o que escolherias? “Ah! – dirias – prefiro passar toda a minha vida na pobreza extrema e submeter-me a qualquer injúria e infelicidade do que sofrer tão grande tormento”!

 



Uma prisão de fogo eterno

Neste instante, dirige os teus pensamentos daquilo que é temporal para o que é eterno. Para fugir do tormento de um forno ardente, que duraria somente meia hora, tu sacrificarias qualquer propriedade, principalmente as coisas que mais te satisfazem, e estarias disposto a sofrer qualquer outro dano temporal, não importando quão trabalhoso pudesse ser. Então, por que não pensas da mesma maneira quando discutes sobre os tormentos eternos?

Deus não te ameaça com meia hora de suplício dentro do forno ardente, mas, pelo contrário, com uma prisão de fogo eterno. Para escapar dela, não deverias renunciar a tudo o que está proibido por Ele, não importando quão prazeroso possa ser, e abraçar alegremente tudo quanto Ele ordena, mesmo que fosse extremamente desagradável?


Muitos tentam "amenizar" o inferno dizendo: "o inferno
não é um lugar, mas, um "estado de alma"... No que isso
alivia o que se vive e se passa no inferno? Bem, pode até
ser que o inferno seja - também - um 'estado de alma', mas,
o Justo Juiz, ao condenar os réprobos diz:
"ide para o fogo eterno", preparado para o diabo e seus anjos"
( São Mateus 25, 41)... Se o Senhor fala: "ide" e fala em "preparado"
é porque se trata, também, de um lugar, não somente de um estado de alma. 

O mais espantoso do inferno é a sua duração. A pessoa condenada perde a Deus e o perde por toda a eternidade. Aliás, o que é a eternidade? Ó alma minha, até agora nenhum anjo pode compreender o que é a eternidade! Como então poderás tu compreende-la? Ainda assim, para formarmos alguma ideia sobre ela, consideremos as seguintes verdades:

A eternidade nunca termina. Esta é a verdade que tem feito tremer até os maiores santos. O juízo final virá, o mundo será destruído, a terra engolirá todos os condenados, e estes serão lançados no inferno. Então, com sua mão todo-poderosa, Deus os encerrará para sempre em tão amaldiçoada prisão.

Desde então, tantos milênios se passaram como há folhas nas árvores e nas plantas de toda a terra, tantos milhares de anos, como existem gotas de água em todos os mares e rios da terra, tantos anos com existem átomos no ar, como existem grãos de areia em todas as praias de todos os mares. Logo, depois de passarem todos estes incontáveis anos, o que será a eternidade?

No entanto, tudo isso não será sequer uma centésima parte dela, ou uma milésima – nada. Então começará novamente e durará tanto como antes, novamente, assim por diante, até que haja se repetido mil vezes, e um bilhão de vezes, novamente. E logo depois de um período de tempo tão longo, nem sequer terá passado a metade, nem sequer uma centésima parte ou uma milésima parte, nem sequer uma parte da eternidade. Em todo este tempo não haverá interrupção na queima dos condenados, começando tudo novamente. Oh! que mistério profundo! Um terror sobre todos os terrores! Oh! Eternidade! Quem pode compreender-te?

As lágrimas de Caim

Suponhamos que, no caso de maldito Caim, chorando no inferno, somente derramasse a cada mil anos uma única lágrima. Agora, alma minha, guarde os teus pensamentos e leve em consideração este fato: por “seis mil anos” (naquela época, acreditava-se que o mundo havia sido criado há uns seis mil anos apenas), no mínimo, Caim tem estado no inferno e tem derramado apenas seis lágrimas, que Deus milagrosamente lhe preservara.

Quantos anos levariam para que as suas lágrimas cobrissem todos os vales da terra e inundassem todas as cidades, povos e vilas e todas as montanhas até que inundasse toda a terra? Sabemos que a distância entre a terra e o sol é de trinta e quatro milhões de léguas. Quantos anos faltariam para que as lágrimas de Caim enchessem este imenso espaço? 

Oh! Deus! Que quantidade de anos teríamos que imaginar que seria necessário para encher de lágrimas este imenso espaço? E ainda assim – Oh! Verdade incompreensível! – estejam seguros disto, porque Deus não pode mentir – chegaria o tempo em que as lágrimas de Caim seriam suficientes para inundar o mundo, para alcançar inclusive o sol, para tocar o céu, e encher todo o espaço entre a terra e o mais alto do céu. Isso, porém, não é tudo.

Se Deus secasse todas estas lágrimas desde a última gota, e Caim começasse chorar outra vez, ele voltaria outra vez a encher o espaço inteiro e o inundaria mil vezes e um milhão de vezes em sucessão, ao longo de todos esses incontáveis anos, nem sequer haveria passado a metade de eternidade, nem sequer uma fração. Depois de todo esse tempo, ardendo no inferno, os sofrimentos de Caim estariam tão somente começando...

A eternidade, neste caso, não tem alívio. Seria de fato uma pequena consolação, de muito pouco benefício, para as pessoas condenadas, se fossem capazes de receber um breve alento a cada mil anos.

 

Observação do tradutor:

Felizmente aqui, no caso de Caim, o Santo está errado, porque Caim está salvo. Dirão vocês que fiquei maluco, mas não, aos que duvidam a eternidade depois comprovará. Em verdade, Deus foi bom com Caim, porque ao marcá-lo para que ninguém o matasse, permitiu que ele passasse todo seu Purgatório de sofrimento aqui, e certamente foi um dos mais longos e dolorosos, porque naquele tempo as pessoas viviam séculos. Quem sabe, se alguém o tivesse morto antes de expiar sua falta, ele tivesse se perdido. Sim, porque o crime dele foi gravíssimo, devido ao fato de que desde menino ele via Deus e se sentava no colo Dele. Sua maior revolta contra Deus era a existência da noite, pois queria que sempre fosse dia.

Por outro lado, se todos os assassinos se perdessem, o inferno estaria povoado deles. Eis porque Jesus diz: não julgueis para não serdes condenados.


Não existe alívio

Imaginemos um lugar do inferno onde haja três malvados. O primeiro está submergido num lago de fogo sulfúrico; o segundo está preso numa grande pedra e está sendo atormentado por dois demônios, um dos quais constantemente lhe lança chumbo derretido na sua garganta, enquanto o outro lhe derrama sobre todo o seu corpo, cobrindo-lhe desde a cabeça até os pés. O terceiro réprobo está sendo torturado por duas cobras, uma das quais o envolve com seu corpo e o morde cruelmente, enquanto que outra entra no seu corpo e ataca o seu coração. Suponhamos que Deus se apiede dele e lhe conceda um curto respiro.

O primeiro homem, depois de haver passado mil anos, é removido do lago e ele recebe o conforto de tomar água fria, e, depois de passar uma hora, ele é novamente jogado no lago. O segundo, depois de mil anos de tormento, é removido de seu lugar e lhe é permitido descansar, mas logo depois de uma hora é jogando novamente no mesmo tormento. O terceiro, depois de mil anos se vê livre das cobras; porém, após uma hora de alívio, novamente é estuprado e atormentado por elas. Ah! Quão limitada seria esta consolação – sofrer por mil anos para descansar somente por uma hora!

Aliás, o inferno nem sequer tem esta consolação. Todos se queimam sempre nessas chamas assustadoras e nunca recebem nenhum alívio em toda a eternidade. O condenado é corroído e ferido pelo remorso, e nunca terá um descanso em toda a eternidade. Sempre sofrerá uma sede muito abrasadora e nunca receberá o frescor de um pouco de água em toda a eternidade. Sempre se contemplará detestado por Deus e nunca poderá receber a alegria de uma simples olhada de ternura de Deus por toda a eternidade. O condenado se sentirá sempre maldito pelo céu e pelo inferno, e nunca receberá um simples gesto de amizade. É uma das desgraças essenciais do inferno que todo o tormento será sem consolo, sem remédio, sem interrupção, sem final, eterno.

Vejam, se Deus depois daquele castigo de mil anos, concedesse a cada um dos condenados, almas ou demônios, esta hora de descanso, onde eles pudessem meditar e se arrepender, acreditem, nenhum dos condenados voltaria plenamente arrependido. É isso que prova a imensa perfeição da Justiça Divina.


A bondade de sua misericórdia

Agora eu compreendo em parte, ó meu Deus, o que é o inferno. É um lugar de tormentos excessivos, de desesperança extrema. É o lugar onde mereço estar por causa dos meus pecados, onde eu estaria desterrado em alguns anos, se a tua imensa misericórdia não me tivesse libertado. Repetirei mil vezes: O Coração de Jesus me tem amado, ou, do contrário, agora eu estaria no inferno! O Sangue de Jesus me tem reconciliando com o Pai Celestial, ou minha morada seria o inferno. Este é o cântico que eu quisera cantar a Ti, meu Deus, por toda a eternidade. Sim, de agora em diante, minha intenção é repetir estas palavras tantas vezes como os momentos se sucedem desde aquela maldita hora em que te ofendi pela primeira vez.

Qual tem sido a minha gratidão para com Deus pela bondosa misericórdia que Ele me tem mostrado? Ele me livrou do inferno. Oh! Imenso amor! Oh! Infinita bondade! Depois de um benefício tão grande, não deveria eu lhe dar todo o meu coração e amá-lo com o amor do mais inflamado serafim? Não deveria eu dirigir todas as minhas ações até Ele e, em cada coisa, buscar somente contentar a vontade divina, aceitando todas as contradições com alegria, de maneira que possa lhe devolver o meu amor?

Poderia fazer alguma coisa menor do que isso depois de uma bondade tão grande! Oh! Ingratidão, merecedora de outro inferno! Deixar-te-ei de lado, Deus meu! Resistirei à tua misericórdia, cometendo novos pecados e ofensas. Sei que tenho feito o mal, ó meu Deus, e me arrependo de todo o meu coração. Ah! Se pudesse derramar um mar de lágrimas por tão ofensiva ingratidão! Ó Jesus, tem misericórdia de mim, visto que agora decidi melhor: sofrer mil mortes do que ofender-te novamente" (fim da narrativa do Santo). 

 

Conclusão:

Temos assim mais uma visão de santo da nossa Igreja, que certamente teve da parte de Deus a graça da visão do inferno, para poder relatá-la com tanta clareza. Os maus dirão que o inferno não existe e se existe é crueldade de Deus. Alguns se irão assustar com o tamanho da pena, mas ela é conforme a justiça.

Se o infinito prazer do Céu está reservado aos justos e aos convertidos, devemos saber que para equilíbrio é preciso que exista a Justiça infinita destinada aos rebeldes.

Devemos dizer, com toda certeza, que ganhar o inferno como castigo eterno, é fruto de um ato consciente de rebeldia contra Deus, uma rebeldia teimosa e obstinada no mal, algo que repugna até pensar, que uma simples criatura humana possa se auto impregnar de tanta teimosia. Não é verdade que alguém possa cair no inferno por culpa de satanás: a perda se dá por exclusiva culpa da alma! Ela se perde por causa da liberdade que tem, e fazendo mau uso dela vive a fornicar com a serpente.

Enfim, não se assuste: o inferno é para os maus! Dificilmente algum deles irá ler este texto, porque acha a existência do inferno uma bobagem da Igreja e uma invenção dos padres. Mas que isso sirva para você, que leu todo este texto, rezar por aqueles que jogam junto com a serpente, para que não sigam até o dia do julgamento teimando nesta obstinação. Se você tem um destes em sua família, reze por ele. E Deus nunca o abandonará!

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

LADAINHA DE SÃO PIO DE PIETRELCINA

LADAINHA A SÃO PIO DE PIETRELCINA

Senhor, tende piedade de nós!

Jesus Cristo, tende piedade de nós!

Senhor, tende piedade de nós!

Jesus Cristo, ouvi-nos!

Jesus Cristo, atendei-nos!

Pai Celeste, que foi Deus, tende piedade de nós!
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós!

Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade nós!

Santa Maria, rogai por nós!

Santa Mãe de Deus, rogai por nós!

Santa Virgem das virgens, rogai por nós!

Rainha de todos os santos, rogai por nós!

Nossa Senhora da Graça, rogai por nós!

São Padre Pio de Pietrelcina, rogai por nós!

São Pio, glória da Ordem Franciscana, rogai por nós!

São Pio, digno filho de São Francisco,

São Pio, sacerdote do Deus Altíssimo,

São Pio, perfeito adorador da Eucaristia,

São Pio, enamorado da Paixão e Morte de Cristo,

São Pio, apóstolo do confessionário,

São Pio, pai espiritual e pastor de muitas almas,

São Pio, devoto e sufragador das almas do Purgatório,

São Pio, terror dos demônios,

São Pio, piedosíssimo na celebração da Santa Missa,

São Pio, portador humilde dos estigmas de Cristo,

São Pio, grande taumaturgo,

São Pio, místico rico em dons e carismas extraordinários,

São Pio, intercessor maravilhoso perante Deus,

São Pio, religioso exemplar,

São Pio, casto e puro,

São Pio, obediente em tudo aos seus superiores,

São Pio, pobre e desapegado, rogai por nós!

 

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor!

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor!

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós!

 

Rogai por nós, glorioso São Pio de Pietrelcina.

Para que sejamos dignos das promessas de Cristo!

 

Oração:

Deus eterno e todo-poderoso, que destes ao presbítero São Pio a graça singular de participar da cruz de vosso Filho e, por seu ministério, renovastes as maravilhas da vossa misericórdia, concedei-nos, por sua intercessão, que nos associemos continuamente à paixão de Cristo e cheguemos alegremente à glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém!



Ou:

Ó Jesus, Vós que por vosso servo, São Pio de Pietrelcina, revelastes vosso Amor, Misericórdia e Poder a tantas almas, e que fizestes dele perfeito imitador vosso, através do sofrimento e oblação de vida, fazei que com sua intercessão e méritos possamos, também nós, sermos associados aos méritos de vossa Santa Cruz e Santas Chagas. Vós, que viveis e reinais com o Pai, na Unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém!

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

SÃO JANUÁRIO (Gennaro) DE BENEVENTO, Bispo e Mártir - 19 de setembro.

Glorioso São Januário, rogai por nós! 

«... Como este sangue, que se liquefaz em cada celebração, assim a fé do povo napolitano possa se abrasar, reavivar e se consolidar...» (Paulo VI, discurso aos peregrinos napolitanos, 1966).


Natural de Nápoles ou talvez de Benevento, Januário nasceu na segunda metade do século III; aos trinta anos, já era Bispo da cidade samnita, onde era amado pelos fiéis e respeitado pelos pagãos, por suas obras de caridade para com os pobres, sem nenhuma distinção. Transcorria o primeiro período do império de Diocleciano, quando os cristãos tinham certa liberdade de culto e podiam até ocupar altos cargos civis. Mas, no ano 303, tudo mudou e os cristãos eram vistos como inimigos a serem eliminados.


Mártir da fé

O episódio, que levou Januário ao martírio, ocorreu no início do século IV, com a retomada das perseguições contra os cristãos. Há algum tempo, Januário era muito amigo de Sóssio, diácono da cidade de Miseno. 

Certo dia, enquanto lia o Evangelho na igreja, teve uma visão: apareceu uma chama sobre a sua cabeça. Reconhecendo nela o símbolo do seu futuro martírio, Januário deu graças ao Senhor e pediu para aquele fosse o seu destino. 


Assim, o Bispo convidou Sóssio a participar da visita pastoral, que se realizaria em Pozzuoli, para falar sobre a fé. O diácono pôs-se a caminho, mas, durante a viagem, foi preso pelos guardas, enviados por Dragôncio, governador da Campânia. 

Na prisão recebeu a visita de Januário, acompanhado pelo diácono Festo e o leitor Desidério: os três tentaram interceder, junto a Sóssio, pela sua libertação. Mas, em resposta, todos foram condenados a serem dilacerados publicamente pelos ursos. No entanto, a notícia da sua condenação à morte não foi bem vista pelo povo. 

Por isso, temendo uma revolta, o governador mudou a sentença para uma decapitação discreta, longe dos olhos do povo. Foram martirizados também Próculo, diácono da igreja de Pozzuoli, e os fiéis Eutíquio e Acúcio, por terem criticado a execução publicamente.


Outra versão do martírio

Nem todas as fontes, tão antigas, concordavam com o martírio de São Januário e, por isso, há outra hipótese do que, provavelmente, poderia ter acontecido:

 Enquanto Januário se encaminhava para Nola, o pérfido juiz, Timóteo, o prendeu com a acusação de proselitismo, que violava os decretos imperiais. 

No entanto, as torturas perpetradas contra o Santo, não afetaram seu corpo ou sua fé. Por isso, Timóteo o jogou em uma fornalha da qual, mais uma vez, Januário saiu ileso.

 Enfim, foi condenado à decapitação em um lugar perto da chamada Solfatara. Durante a sua transferência, encontrou um mendigo, que lhe pede um pedaço do seu manto para guardar como relíquia: o Santo respondeu que podia ficar com todo o lenço, que estava amarrado em seu pescoço, antes da execução. 

Antes de morrer, Januário colocou um dedo na garganta, que também foi decepado pela lâmina, junto com o lenço, depois conservados como relíquia.


O maravilhoso milagre da liquefação do sangue de São Januário, que ocorre três vezes ao ano. O fenômeno, sem explicação científica, é considerado pelos fiéis como um bom sinal para a região, isto é, que nenhuma catástrofe irá acontecer... 


O milagre da liquefação de sangue

Segundo o costume, por ocasião da execução dos mártires, uma mulher, Eusébia, chegou ao lugar da morte de Januário e recolheu, em duas ampolas, o sangue derramado pelo Bispo, já em odor de santidade. 

Ela as entregou ao Bispo de Nápoles, que mandou construir duas capelas em homenagem ao sagrado traslado: São Januarinho em Vômero e São Januário em Antignano. Seu corpo, ao invés, sepultado na zona rural de Marciano, teve uma primeira translação, no século V, quando o culto ao Santo já era bem difundido. São Januário foi canonizado por Sisto V, em 1586. Quanto à relíquia do seu sangue, foi exposta, pela primeira vez, em 1305. 

Porém, o milagre do seu sangue, que parece quase ferver e voltar ao estado líquido, permanecendo até a oitava seguinte, ocorreu, pela primeira vez, em 17 de agosto de 1389, após uma grande escassez. 

Hoje, o milagre se repete três vezes ao ano: no primeiro sábado de maio, em memória da primeira translação; em 19 de setembro, memória litúrgica do Santo e data do seu martírio; e em 16 de dezembro, para comemorar a desastrosa erupção do Vesúvio, em 1631, bloqueada por intercessão do Santo. 

As duas ampolas estão conservadas em uma teca de prata, por desejo de Roberto d’Angiò, na Capela do Tesouro de São Januário, na Catedral de Nápoles.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

SANTO ALBERTO DE JERUSALÉM (ou de Vercelli), Bispo e Legislador da Ordem Carmelita - 17 de setembro

Sua vida

Não é carmelita, no sentido estrito, porém, o celebra a Ordem do Carmo (tanto os da Antiga Observância quanto os Descalços) com toda a propriedade, como a um “filho” e “pai” (ao mesmo tempo) muito querido, por haver sido o seu Legislador (ele quem redigiu a Regra dos Irmãos do Monte Carmelo).

Nasceu em Castel Gualtien, diocese de Reggio Emilia (Itália), em meados do século XII, da família Avogrado ou dos Condes de Sabbioneta.

Em 1180, foi eleito Prior dos Cônegos Regulares dde Santa Cruz de |Mortara (Pavia). Em 1184, é eleito bispo de Bobbio e, no ano seguinte, de Vercelli, diocese que governou por vinte anos.

Durante esse tempo, desempenhou , com grande acerto, delicadas missões nacionais e internacionais, encarregado por Papas e imperadores. Todos acudiam a ele sabedores de sua prudência, firmeza e independência.

Foi o que pode chamar-se de juiz “expert” dos mais intrigados litígios que tinham relação com a Igreja.

Dadas suas qualidades e objetivando o bem da Igreja Universal, o Papa Inocêncio III o nomeou Patriarca (arcebispo) Latino de Jerusalém, mesmo sentindo a dor da perda desse seu grande auxiliar, do qual disse, em 17 de fevereiro de 1205: “ainda nos era muito necessário na região da Lombardia, pois, confiamos plenamente em ti, para que nos representes, inclusive, nos mais difíceis assuntos”.

Em 16 de junho de 1205, anunciava esse mesmo Papa aos prelados da Terra Santa que lhes enviava Alberto, “varão provado, discreto e prudente, como legado seu para a Província Eclesiástica de Jerusalém”.

Chegou à Palestina a princípios de 1206 e fixou sua residência em Accon (São João do Acre), porque Jerusalém estava (novamente) ocupada pelos sarracenos (muçulmanos).

Suas extraordinárias qualidades de experiente mediador, também as exerceu com fruto durante os nove anos que durou o seu patriarcado.

Para nós – os carmelitas – sua obra mais benemérita foi a entrega da Regra de Vida que leva o seu nome e que ainda hoje observa o Carmelo em todos os seus múltiplos ramos.

Em 14 de setembro de 1214, em Accon, enquanto participava Santo Alberto de uma procissão (na Festa da Exaltação da Santa Cruz), foi assassinado a punhaladas pelo mestre do Hospital do Espírito Santo, ao qual havia repreendido e deposto de seu cargo por causa de sua má vida.




Sua memória, que começou a celebrar-se na Ordem, em 1504, celebramos agora em 17 de setembro, com a categoria de Festa.

 

Sua Espiritualidade

Pelos anos 1206 – 1209, a pedido dos eremitas que moravam no Monte Carmelo, entregou ao então irmão São Brocardo e companheiros uma Norma de Vida ou Regra, que chamamos “Regra de Santo Alberto”.

Alberto codificou, em breves traços, ricos em citações bíblicas, a tradição monástica do Carmelo. São normas concretas e prescrições disciplinares. Insiste, sobretudo, na meditação da Palavra de Deus para melhor servir (“viver em obséquio”) a Jesus Cristo: na oração, silêncio, mortificação, trabalho e vida fraterna.

Entregou a Regra em um só “corpo”, porém, hoje, a temos dividida em um prólogo, em dezoito capítulos e um epílogo.

Uma quantidade enorme de autores de dentro e de fora da Ordem hão comentado durante estes mais de sete séculos de existência, este maravilhoso documento legislativo-espiritual.

Muitos homens e mulheres se santificaram observando essa Regra, que foi aprovada e “transformada” (alguns ajustes) por vários Pontífices.

O Hino do Ofício das Leituras de sua Festa sintetiza sua espiritualidade:

Alberto, sol refulgente, pastor e legislador, teus filhos hoje te celebram. Escuta seus rogos. Dá paz e a concórdia, semeador mensageiro; és farou que nos dá, em fé e costumes o fulgor. As fronteiras nacionais transbordam de tua virtude o odor; e enche Jerusalém tua dignidade e tua honra. Resplandecendo na Igreja, santo e prudente reitor, deu a Santa Regra ao Carmelo e guias por estradas de amor. Faz que em nós aumentem a caridade, a graça e a oração e, contigo, a Deus rendamos, sempiterna adoração. Amém.

 

Sua mensagem

ü Que amemos a Igreja até morrer por ela.

ü Que nossa maravilhosa Regra seja o “trampolim” para o céu.

ü Que gastemos nossa vida “em obséquio de Jesus Cristo”.

ü Que nosso desejo e meta sejam: “servir fielmente a Jesus Cristo”.


Fonte: 

http://carmelnet.org/chas/santos/albert1.htm (site espanhol)


Traduzido para o português por mim: 

Giovani Carvalho Mendes, OCDS (Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares). 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

SÃO CORNÉLIO, Papa e SÃO CIPRIANO DE CARTAGO, Bispo, Mártires.

São Cornélio, Papa, e São Cipriano de Cartago, Bispo. Mártires. 



São Cornélio, Papa e Mártir.

Cornélio nasceu em Roma. Foi eleito para o pontificado, depois de um período vago na cátedra de São Pedro, devido à violenta perseguição imposta pelo imperador Décio. O papa Cornélio foi eleito quase por unanimidade, menos por Novaciano, que esperava ser o sucessor, martirizado por aquele cruel tirano. Assim, Novaciano consagrou-se bispo e proclamou-se papa, isto é, antipapa. Nessa condição, criou-se o primeiro cisma da Igreja.

 

A Igreja debatia, internamente, para tentar uma solução definitiva quanto à conduta a ser adotada em relação a um dos seus maiores problemas da época, referente aos "lapsos", nome dado aos sacerdotes e fiéis que renegavam a fé e separavam-se da Igreja durante as perseguições que se impunham aos cristãos.

Segundo os partidários de Novaciano, Cornélio teria adotado um discurso e uma postura muito indulgente, boa e compreensiva para com os desertores da fé católica. Atitudes que lhe valeram grandes atribulações e incompreensões. Mas a toda essa oposição contou sempre com o apoio incondicional e fiel do bispo Cipriano de Cartago, Argélia, norte da África.

Entretanto o imperador Décio morreu em combate, sendo sucedido por Galo, que voltou com as perseguições. Assim, o papa Cornélio acabou preso e exilado para um lugar que hoje se chama Cività-Vecchia, em Roma.

No exílio, o papa Cornélio passou os últimos dias da sua vida. Onde encontrava um pouco de alegria era nas cartas que recebia do bispo Cipriano, seu admirador e amigo de fé, muito preocupado em mandar-lhe algumas palavras de consolo.

Morreu em junho de 253, sendo sentenciado ao martírio por ordem daquele imperador, por não aceitar prestar culto aos deuses pagãos. Foi sepultado no Cemitério de São Calixto. A festa litúrgica do santo papa Cornélio foi colocada, no calendário da Igreja, no dia 16 de setembro, junto com a de são Cipriano, que depois também foi martirizado pela fé em Cristo.

 

 

 São Cipriano de Cartago   (†258) Bispo de Cartago e Mártir

Táscio Cecílio Cipriano nasceu no norte da África, provavelmente em Cartago, entre os anos 200 e 210 dC. Filho de família abastada, recebeu formação superior, dedicando-se à oratória e advocacia. Converteu-se ao Cristianismo, já adulto, por volta de 245. Três anos depois foi eleito bispo de Cartago. Foi degolado nas imediações da cidade, na presença de grande multidão de cristãos e pagãos, aos 14 de setembro de 258, durante a perseguição de Valeriano.

A Igreja na época de São Cipriano vivia intenso fervor. As sangrentas perseguições, que desde Nero (ano 64 dC) a sacudiam, somente faziam aumentar o fervor, e os mártires entregavam suas vidas com amor e fé.

Mesmo com todo este fervor, surgiam grupinhos de hereges que, desejosos de 'autonomia', pregavam uma doutrina diferente da dos Apóstolos e dos Bispos da Santa Igreja de Cristo. Para combater estas heresias, Cipriano divulga por volta do outono do ano de 251, como ele mesmo diz, um livrinho de conduta cristã denominado: "Catholicae Ecclesiae Unitate" - "A Unidade da Igreja Católica".

São maravilhosas as palavras de São Cipriano. Ele demonstra uma clareza de idéias e um espírito decidido na meta que almeja alcançar. Homem de Deus, baseou-se totalmente nas escrituras para defender a unidade da Igreja Católica, o Primado de Pedro, e outras Santas Doutrinas recebidas diretamente dos Apóstolos.

 

Das Cartas de São Cipriano, bispo e mártir 

(Epist. 60,1-2.5:CSEL3,691-692.694-695)

(Séc.III)

 

Fé generosa e firme

Cipriano a Cornélio, seu irmão. Tive notícias, irmão caríssimo, dos gloriosos testemunhos de vossa fé e fortaleza. Recebemos com tanta exultação a honra de vossa confissão que também nos julgamos participantes e companheiros de vossos merecidos louvores. Pois se em nós e na Igreja só há um modo de pensar e indivisa concórdia, qual o sacerdote que não se rejubilaria como próprios com os louvores dados a seu irmão no sacerdócio? Ou que fraternidade não se alegraria com o júbilo de todos os irmãos? Impossível expressar como foi grande esta exultação e alegria, quando fui informado de vossas vitórias e atos de coragem. Nisto foste o primeiro, durante o interrogatório dos irmãos. O testemunho do chefe ainda foi acrescido pela confissão dos irmãos. Enquanto vais à frente na glória, fazes muitos companheiros nesta glória e estimulas o povo a dar testemunho por estares preparado, primeiro que todos, a confessar em nome de todos. Não sabemos o que primeiro elogiar em vós: se vossa fé decidida e estável, se o indefectível amor fraterno. Aí se provou de público a virtude do bispo indo à frente, e se revelou a união da fraternidade que o seguia. Já que em vós só há um coração e uma só voz, foi toda a Igreja Romana que testemunhou.

Tornou-se evidente, irmão caríssimo, a fé que o Apóstolo já tinha louvado em vós. Já então ele previa a virtude louvável e a firmeza da coragem, atestando com isso vossos méritos futuros. O elogio aos pais era estímulo aos filhos. Por serdes assim unânimes, assim fortes, destes exemplo de unanimidade e de fortaleza aos outros irmãos. Sinais da providência do Senhor nos avisam, e palavras salutares da divina misericórdia nos advertem de que já se aproxima o dia de nossa grande luta. Por isto, como podemos irmão caríssimo, pela mútua caridade que nos une, nós vos exortamos a não esmorecer. Nos jejuns, nas vigílias e orações com todo o povo. São estas armas celestes que fazem ficar de pé e perseverar com denodo; são estas as defesas espirituais, as lanças, que protegem. Lembremo-nos um do outro, concordes e unânimes, mutuamente oremos sempre por nós, suavizando as tribulações e angústias pela caridade recíproca.

 

Das Atas Proconsulares sobre o martírio de São Cipriano, bispo (Acta, 3-6: CSEL3,112-114)

(Séc. III)

 

Em causa tão justa, não há que discutir

No dia décimo oitavo das calendas de outubro pela manhã, grande multidão se reuniu no campo de Sexto, conforme a determinação do procônsul Galério Máximo. Este, presidindo no átrio Saucíolo, no mesmo dia ordenou que lhe trouxessem Cipriano. Chegado este, o procônsul interrogou-o: “És tu Táscio Cipriano?” O bispo Cipriano respondeu: “Sou”. O procônsul Galério Máximo: “Tu te apresentaste aos homens como papa do sacrílego intento?” Respondeu o bispo Cipriano: “Sim”. O procônsul Galério Máximo disse: “Os augustíssimos imperadores te ordenaram que te sujeites às cerimônias”. Cipriano respondeu: “Não faço”. Galério Máximo disse: “Pensa bem!” O bispo Cipriano respondeu: “Cumpre o que te foi mandado; em causa tão justa, não há que discutir”. Galério Máximo deliberou com o seu conselho e, com muita dificuldade, pronunciou a sentença, com estas palavras: “Viveste por muito tempo nesta sacrílega idéia e agregaste muitos homens nesta ímpia conspiração. Tu te fizeste inimigo dos deuses romanos e das sacras religiões, e nem os piedosos e sagrados augustos príncipes Valeriano e Galieno, nem Valeriano, o nobilíssimo César, puderam te reconduzir à prática de seus ritos religiosos. Por esta razão, por seres acusado de autor e guia de crimes execráveis, tu te tornarás uma advertência para aqueles que agregaste a ti em teu crime: com teu sangue ficará salva a disciplina”. Dito isto, leu a sentença: “Apraz que Táscio Cipriano seja degolado à espada”. O bispo Cipriano respondeu: “Graças a Deus”!

Após a sentença, o grupo dos irmãos dizia: “Sejamos também nós degolados com ele”. Por isto houve tumulto entre os irmãos e grande multidão o acompanhou. E assim Cipriano foi conduzido ao campo de Sexto. Ali tirou o manto e o capuz, dobrou os joelhos e prostrou-se em oração ao Senhor. Retirou depois a dalmática, entregando-a aos diáconos e ficou de alva de linho e aguardou o carrasco, a quem, quando chegou, mandou que os seus lhe dessem vinte e cinco moedas de ouro. Os irmãos estenderam diante de Cipriano pano de linho e toalha. O bem-aventurado quis vedar os olhos com as próprias mãos. Não conseguindo amarrar as pontas, o presbítero Juliano e o subdiácono Juliano o fizeram. Deste modo morreu o bem-aventurado Cipriano. Seu corpo, por causa da curiosidade dos pagãos, foi colocado ali perto, de onde, à noite, foi retirado e, com círios e tochas, hinos e em grande triunfo, levado ao cemitério de Macróbio Candidiano, administrador, existente na via Mapaliense, junto das piscinas. Poucos dias depois, morreu o procônsul Galério Máximo.

O mártir santíssimo Cipriano foi morto, no dia décimo oitavo das calendas de outubro, sob Valeriano e Galieno imperadores, reinando, porém, nosso Senhor Jesus Cristo, a quem a honra e a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

 

FONTES:

Do livro "Escola da Fé 1: Sagrada Tradição" pp. 68-70 

Liturgia das Horas: Ofício das Leituras da Memória dos Santos Cornélio, papa, e Cipriano, bispo.