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sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Venerável Servo de Deus Benigno de Santa Teresa do Menino Jesus, presbítero carmelita descalço, o "perfume do Carmelo".


Este dom de santidade, por assim dizer, é oferecido a cada pessoa batizada. Mas cada vez que o presente é traduzido em uma tarefa, que deve governar toda a existência cristã: "Esta é a vontade de Deus, a sua santificação" (I Tessalonicenses 4, 3). É um compromisso que não diz respeito apenas a alguns cristãos: "Todos os fiéis de qualquer estado ou grau são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade" (LG 40). Estas declarações de São João Paulo II na Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte podem nos guiar na aproximação e no conhecimento da figura de Frei Benigno, cujas virtudes heróicas o Santo Padre declarou em 20 de dezembro de 2000.
 


Frei Benigno de Santa Teresa do Menino Jesus, (Angelo Calvi) é um carmelita descalço cuja vida cobriu o espaço de apenas 28 anos, e que em nossa opinião personificava aquilo que, novamente na citada Carta Apostólica, O Pai aponta para a "santidade" como um "alto padrão da vida cristã comum" (cf. NMI 31).

Angelo Calvi nasceu em Inzago (MI) em 23 de julho de 1909, filho de Francesco e Teresa Ceserani, terceiro de oito filhos, dois dos quais morreram antes de seu nascimento e dois quando ele tinha onze anos. Ele foi batizado no dia seguinte e a madrinha, tia Giulia, com o dom da fé pediu-lhe o dom da vocação sacerdotal. O ambiente familiar em que nasceu e viveu era muito pobre, naquele campo milanês atravessado pelos Adda e Naviglio, onde a realidade da comunidade paroquial agia como um pivô para todos os eventos felizes e tristes da vida. O pai trabalhava na agricultura, dia após dia.  Mantinha um estábulo com apenas uma vaca e, depois de voltar para casa da Primeira Grande Guerra de 1915 a 1918, procuraria um emprego mais lucrativo em Milão, mas, sempre ocasional, como o de um trabalhador de armazém em uma fábrica. A mãe de Angelo era uma virtuosa dona de casa: uma mulher de fé e devoção autênticas.

Aos seis anos de idade, no dia 12 de setembro de 1915, Angelo recebeu sua Primeira Comunhão. O encontro com Jesus na Eucaristia marcou profundamente sua vida. Antes para ir à escola e, mais tarde, antes do trabalho, Angelo ia sempre à igreja para uma visita ao Santíssimo Sacramento, bem como no retorno, antes de voltar para casa.

Em sua vida doméstica, Ângelo sempre muito prestativo com a mãe ou com as mulheres que moravam na casa da fazenda. Na escola primária, nunca ficou para fazer os exames finais pelo excelente resultado obtido durante o ano. Mais tarde, foi aprendiz de sapateiro, mas, logo procurou outro emprego: sofreu demais pelo caráter colérico e blasfemo do patrão. Aprendiz de carpinteiro da família Caldarola, que devia dar dois filhos ao Instituto Comboni, formou uma sincera amizade com o terceiro, o salesiano Padre Carlo, que viveu para ver a abertura do processo diocesano de Frei Benigno em 1991.

Em 1923, em Inzago, veio como coadjutor do Oratório o Padre Giuseppe Calegari, um padre muito comprometido com a animação vocacional. Em menos de três anos, sairam de Inzago  mais de 30 vocações masculinas: para o seminário diocesano, para os capuchinhos, para os dominicanos, os combonianos e os carmelitas. Angelo escolheu-o como diretor e pai espiritual, e propôs estabelecer a adoração noturna entre os jovens do Oratório.

Ao assistir a uma vestição religiosa no Santuário da Mãe de Deus de Concesa, dirigido pelas Carmelitas Descalças, Angelo, que até então não se sentia atraído por nenhuma vocação particular, sentiu claramente o chamado a viver na Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria, partilhando esse seu chamado com Padre Giuseppe. Em dois meses, foi recebido no colégio de Cherasco, no Piemonte, onde uma dezena de jovens, que já trabalhavam, tentavam recuperar os estudos do ginásio nos dois anos anteriores ao noviciado. Na época, tinha somente dezessete anos e não era fácil deixar a família e, ainda mais, retomar os livros.



Foi aconselhado a entrar no Carmelo apenas como um irmão “converso”, mas, o que ele sentia era que a vontade de Deus para com ele era o sacerdócio. Com Padre Calegari, ele se voltou para Santa Teresa do Menino Jesus e, depois de uma novena fervorosa à nova Santa, recém canonizada, as dificuldades no estudo desapareceram para sempre. Acima de tudo, o encontro com a "pequena Teresa" determinou nele uma consciência decisiva de que o caminho traçado pela Santa, feito de simplicidade e abandono, era a forma da vida carmelita a que Deus o chamava.]


No dia 21 de junho de 1928, recebeu o hábito carmelita e o novo nome: Benigno de Santa Teresa do Menino Jesus e fez sua profissão em 26 de junho de 1929. Em Milão, frequentou a filosofia de dois anos e o primeiro ano de teologia, enquanto os outros três anos passou em Piacenza, onde recebeu as ordens menores, o subdiaconato (1933), o diaconado (1934) e o presbiterado em 26 de maio de 1935.

Celebrou a primeira missa em Inzago, no dia 20 de junho, na solenidade de Corpus Christi, tendo no altar uma cópia do Santo Sudário que São Carlos Borromeo tinha recebido como um presente da casa de Savóia, trazido de Turin,  para que fosse venerado e na paróquia de Inzago, que ainda o preserva para a veneração dos fiéis.

Apenas vinte e oito meses de ministério esperam o Pe. Benigno antes de sua morte. Durante três meses, ele foi capelão das Carmelitas Descalças de Bolonha. Depois, foi subitamente enviado para a comunidade de Turim para substituir um padre falecido. Nessa ocasião estava em Piacenza, onde ele havia retornado para terminar seus estudos e fazer o exame "De Universa", para obter a permissão para ouvir confissões. Um dos estudantes carmelitas, na noite da partida de Frei Benigno para Turim, escreveu em seu diário: "Pe. Benigno partiu. Parece que com ele o perfume de Carmel se foi".

Em Turim, foi encarregado da paróquia e da Terceira Ordem Carmelita (atualmente, no Carmelo Descalço, denominada de Ordem Carmelita Descalça Secular). E, logo, o jovem frade sorridente foi visto nos lugares mais humildes e escondidos da cidade para levar o conforto de uma palavra ou algum remédio para os doentes, mas, acima de tudo, para levar Jesus presente na Eucaristia. Encarregado da Ação Católica, participou de iniciativas diocesanas, trazendo seus jovens para lá e fazendo-se conhecido pelo zelo e entusiasmo. Seis meses depois, ele recebeu uma nomeação inesperada e súbita como vice-mestre de noviços na nova conventualidade de Concesa. Aqui o esperava não tanto a "paz de um convento", como ele escreveu a seu amigo Padre Carlo, mas, a surpresa que seu Mestre e Senhor lhe reservou foi o afastamento da “paz monástica” para colocá-lo no ativo apostolado da paróquia, confiado aos frades carmelitas por 17 meses pelo Beato Cardeal Ildefonso Schuster. O antigo pároco de Concesa havia sido afastado por motivo de enfermidade.

Sempre presente nos atos comuns com seus confrades, mesmo no serviço divino da meia-noite, atento ao cargo de subchefe, solícito no cuidado de um frade idoso e incapacitado pela doença, a quem fazia a leitura espiritual todos os dias, ele literalmente se fez tudo para todos, quase devolvendo o que ele havia recebido por Inzago em seus primeiros 17 anos de sua vida.

Seu profícuo apostolado e missão era composto por: celebração piedosa e fervorosa de Santas Missas, catequese, visitas aos doentes e preocupação pelos seus cuidados materiais e espirituais, especialmente a administração da Confissão da Sagrada Comunhão, trazida aos doentes todos os dias.

Mesmo à noite muitas vezes foi chamado e nunca recusou sua ajuda e seu sorriso. Todos os textos do processo diocesano concordam com sua predileção, sua escolha preferencial pelos pequenos, pelos pobres e pelos deficientes físicos da paróquia, assim como, no na vida conventual, sua fidelidade aos compromissos da Regra e das Constituições, harmonizando-se com um amor oculto e desinteressado por todos, especialmente para com os novatos. 


Naquela época, a Província religiosa dos Carmelitas Descalços da Lombardia estava envolvida em um escândalo de falência judicial, que durou cinco anos e chegou aos estágios finais. A supressão dos seis conventos e dos dez mosteiros era temida pelos frades e freiras. Para a salvação desta amada família religiosa, Frei Benigno simplesmente ofereceu sua vida em silêncio e acrescentou uma intenção especial: orar e impetrar a Deus graças por um de seus confrades que partiu para as missões na Índia: Teofano Stella, futuro primeiro vigário apostólico do Kuwait.

Em quatro dias (21-25 de outubro), sua aventura terrena acabou revelando aos que estavam perto dele a natureza radical de uma vida vivida de acordo com a doutrina espiritual de Santa Teresa do Menino Jesus, que no confiante abandono ao Pai e na simplicidade da vida cotidiana teve sua figura de interpretação e, nas últimas palavras do jovem carmelita, teve a mais bela observação de uma vida bem-sucedida: "Como é lindo morrer um carmelita vestido com o hábito da Virgem Santa!" E como Frei Benigno a amava! Sobre a fórmula da profissão religiosa que ele carregava em seu coração, ele acrescentou: "Mãe Imaculada, antes deixe-me morrer do que falhar em meus votos". Agora, vestido com o hábito da Virgem, assim como Ela, totalmente abandonado à vontade de Deus, pronunciou, com todo o coração, o seu "o aqui estou eu: fiat volutas tua" e esse abandono à vontade de Deus transformou-se  em um infinito Magnificat.

Uma peritonite, que quatro médicos consultados no mês anterior não conseguiram diagnosticar, levou a uma cirurgia que revelou a gravidade da situação. Até três dias antes, ele havia subido a rampa íngreme que leva do convento à paróquia (e que hoje leva seu nome) para realizar fielmente seu ministério.

Agora sorria da cama do hospital e nas mãos do Provincial renovou com a profissão religiosa a oferta do irmão missionário, para a salvação da Província. Ele beijou as mãos do cirurgião, para agradecer, porque não importava, se a intervenção fosse inútil; sobretudo ao padre provincial que lhe perguntou se queria ficar no hospital ou regressar ao convento, respondeu: "Como quiser, pai, deixe que a vontade de Deus seja feita". Este foi seu último gesto de entrega ao Pai que está no céu através do coração e da vontade daquele que o representou na terra. Uma rendição definitiva nas fiéis mãos de Deus, um retorno filial e confiante à Sua Vontade, que é um plano de amor e salvação para toda criatura. 

Morreu em Concesa às 9 horas da manhã do dia 25 de outubro de 1937, quando uma grande multidão desceu da paróquia para o Santuário e parou na praça da igreja. Foi o Pe. Brocardo, o mais velho cecuziente a quem Frei Benigno dedicou tempo, atenção e amor, a olhar pela janela e fazer o anúncio. 'Frei Benigno está no céu. Diga por ele uma Gloria, não um Requiem ".

A participação no funeral foi imensa e o caixão passou pelas ruas da paróquia, entre os seus "HIS". O padre provincial, aos 100 frades que retornaram ao convento, recitou três glórias em vez do salmo De Profundis e três meses depois, no tribunal, viu-se fora de alvo, mas ajudou a resolver a questão da falência, encerrada no final de um ano com a completa absolvição dos frades. Estes desejando ter entre eles os restos mortais de Frei Benigno tiveram que lutar com a população de Concesa, cuja vontade ainda prevaleceu em 1964.

"Frei Benigno é nosso e deve permanecer em nosso cemitério". Somente após a conclusão do processo diocesano, em 2 de abril de 1995 os restos mortais do Venerável Servo de Deus foram enterrados no Santuário da Divina Maternidade, sob o altar dedicado à doutora da Igreja, Santa Teresinha de Jesus Menino, inspiradora da espiritualidade de nosso irmão.


Representando o Padre Geral da Ordem, estava o atual Arcebispo de Bagdá dos Latinos, Dom Frei Jean Sleiman o.c.d., e presidiu a transferência Mons. Loris Capovilla, ex-secretário do Papa São João XXIII.

A multidão acorreu numerosa ao evento e a simplicidade, benevolência e bondade do então chamado o "Papa Bom" (São João XXIII)  parecia pairar sobre aquele pequeno filho das terras lombardas que a Igreja hoje aponta para a veneração e imitação dos fiéis.

Peçamos ao Bom Deus e à Santíssima Virgem do Carmo que, o mais brevemente possível, aconteça e seja aprovado o milagre suficiente para que Frei Benigno seja elevado à honra dos altares, com sua beatificação e um segundo milagre para a sua canonização. 

Venerável Frei Benigno de Santa Teresa do Menino Jesus, rogai por nós! 


quarta-feira, 8 de outubro de 2025

SANTA PELÁGIA DE ANTIOQUIA, Penitente - Patrona das atrizes (08 de outubro).

     
Santa Pelágia, penitente, foi uma pecadora pública. Mas, a Graça divina a tocou
e, uma vez convertida, dedicou todo o resto de sua vida à oração e penitência, em espírito
de reparação e de gratidão à infinita Misericórdia do Senhor. Santa Pelágia, rogai por nós! 

      
      Pelágia era uma bailarina belíssima, escandalosa, muito divertida, festiva e pagã. Costumava encantar e seduzir os homens com sua dança, alegria, roupas, jóias e outros ornamentos luxuosos. Tornou-se uma das figuras mais conhecidas da vida mundana e social de Antioquia e adquiriu grande riqueza.

      De acordo com a história, durante uma procissão, o bispo Nono percebeu a presença de Pelágia entre o povo, numa atitude desinteressada e debochada. Iluminado por Deus o sábio bispo disse a multidão que: "se uma simples mulher era capaz de enfeitar-se tanto para os homens, quanto mais deveríamos nós enfeitarmos nosso interior para o encontro com Deus". Aquela observação tocou o coração da bailarina pagã.


       Ela foi para casa refletindo sobre as palavras do sermão e ali chorou de arrependimento a noite toda. No dia seguinte procurou o bispo, que a enviou à uma senhora cristã, para ser preparada para o Batismo. Trocou as roupas e adereços de seda e ouro por uma túnica branca para ser batizada. Depois disso, retirou-se para Jerusalém, para viver como eremita, numa gruta, no Monte das Oliveiras.


      Viveu afastada de todos e conservou sua identidade sob segredo, vivendo o resto da vida disfarçada de homem. Somente quando morreu, os ermitãos descobriram que era uma mulher. Foi então que reconheceram tratar-se da ex-bailariana da Antioquia, agora, uma simples penitente arrependida, que se anulara do mundo, no seguimento do Cristo.


Oração:
Deus, nosso Pai, sede nossa luz e nossa direção neste dia. Velai por nossa saúde e por nossa paz interior. Ajudai-nos, pela intercessão de Santa Pelágia, a sermos mais nós mesmos e assim encontraremos a alegria e a paz interior. Ajudai-nos a viver intensamente cada momento e nossa vida, sabendo que tudo caminha rumo à unidade perfeita. Por Cristo nosso Senhor. Amém.




sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Santo André Kim Taegon, presbítero, São Paulo Chong Hasang, catequista, e seus Companheiros, mártires coreanos, testemunhas da fé e da identidade de um povo.



Estes Santos foram martirizados em 1846 e canonizados por São João Paulo II em 1984. Santo André (Dangjin, 21 de agosto de 1821 — Seul, 16 de setembro de 1846) foi o primeiro sacerdote coreano.

No Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, o Prefeito da Congregação para o Clero, o arcebispo coreano Dom Lazarus You Heung-sik celebrou Missa solene para celebrar os 200 anos do nascimento desse santo sacerdote e mártir da fé.

Além de André Kim, São João Paulo II canonizou 99 coreanos e três missionários franceses que foram martirizados entre 1839 e 1867. Entre eles haviam padres e bispos, mas a maioria era de pessoas leigas: 47 mulheres e 45 homens.

Sua história

"Você é católico?" "Sim, eu sou católico". Um diálogo seco com um funcionário do governo, enquanto pairava a ameaça de uma morte sangrenta. Uma breve profissão de fé, como registrada em uma das epístolas escritas durante seus dias de prisão, na qual há toda a profundidade da fidelidade a Deus de André Kim Taegon, o primeiro sacerdote católico coreano martirizado em 1846. E com ele, há o testemunho de fé, selado com o supremo sacrifício da vida, de milhares de homens e mulheres varridos pela onda de perseguições que atingiu a Coreia nos séculos XVIII e XIX, que ainda hoje constitui a seiva vital e a história da identidade de todo um povo - a população católica coreana - vivo, mesmo se uma minoria.

A fim de honrar a memória de André Kim e dos outros mártires, todos leigos, sua homenagem de sangue e seu exemplo brilhante, tem lugar na tarde deste sábado (21/08) uma missa em coreano às 15h30 no Altar da Cátedra na Basílica de São Pedro. O arcebispo Lazarus You Heung-sik, que foi nomeado prefeito da Congregação para o Clero em 11 de junho passado, preside sua primeira cerimônia pública em Roma.

 

Santo André Kim Taegon, 
presbítero e mártir. 

Santo André Kim, testemunha de fé

A ocasião para a celebração é o bicentenário do nascimento de Santo André, que ocorreu em 21 de agosto de 1821 em uma família criada segundo princípios cristãos, cujo pai havia transformado a casa em uma "igreja doméstica". Uma escolha pela qual ele pagou com sua vida. Em quatro gerações, onze membros da família do santo derramaram seu sangue pelo Senhor, incluindo cinco que foram beatificados e outros que já foram canonizados. Formado em Macau com pouco mais de 15 anos de idade, o jovem André trabalhou em meio à perseguição: foi preso, interrogado, torturado e decapitado por não querer se arrepender. Ele nem tinha 25 anos de idade. Com seu nome e o de uma centena de outros crentes de diferentes idades e classes sociais, o Papa Wojtyla quis inscrevê-lo no registro dos santos em 1984.

 

Missa de Parolin para a paz na Coréia em 2018

Trinta sacerdotes e cerca de setenta religiosos e religiosas o recordam este sábado na Basílica de São Pedro junto com Dom You. O embaixador coreano junto à Santa Sé também deve participar. Presentes, também os fiéis leigos que compõem a comunidade coreana em Roma. A mesma comunidade que, em 17 de outubro de 2018, participou da Missa pela Coreia presidida na Basílica vaticana pelo cardeal secretário de Estado, Dom Pietro Parolin. No centro dessa cerimônia, naquela ocasião, estava um apelo em favor da paz e reconciliação para a Península coreana. Um pedido apresentado ao Papa na audiência do dia seguinte pelo presidente sul-coreano Moon Jae-in, que se sentou na primeira fila na Missa de Parolin, animada por canções e leituras em coreano.

Tratou-se de um evento para a comunidade romana coreana, como a celebração desta tarde. "O fato de uma Missa pelo bicentenário de Santo André Kim Taegon estar sendo celebrada na Basílica de São Pedro é uma providência de Deus", disse dom You à agência coreana Yonhap.

 

A história dos mártires

Tanto religiosos quanto leigos católicos, os mártires coreanos foram vítimas de perseguição religiosa no país, onde as primeiras sementes da fé cristã apareceram no início do século XVII através das delegações que visitavam Pequim todos os anos para intercâmbios culturais. Na China, os coreanos entraram em contato com a fé cristã trazendo para casa o livro do missionário jesuíta padre Matteo Ricci. Um leigo, o pensador Lee Byeok, inspirado no livro do jesuíta, fundou então uma primeira comunidade cristã muito ativa que rapidamente cresceu em tendo milhares de fiéis. Ela continuou a crescer mesmo quando, por volta de 1785, surgiu uma cruel perseguição no país, que levou à morte, em 1801, do único padre presente no país. Em 1802, o rei Sunjo emitiu um decreto estatal ordenando o extermínio dos cristãos como a única solução para sufocar a semente do que seu governo considerava "loucura". Deixados sozinhos e sem orientação espiritual, os fiéis pediam continuamente ao bispo de Pequim e até mesmo ao Papa pelos sacerdotes. As condições locais não permitiam isso até 1837, quando um bispo e dois sacerdotes das Missões Estrangeiras de Paris foram enviados. Eles entraram no país clandestinamente e foram martirizados dois anos mais tarde. Uma segunda tentativa de André Kim conseguiu trazer um bispo e um sacerdote e, a partir daquele momento, a presença de uma hierarquia católica na Coréia ficou estável, apesar do ressurgimento das perseguições em 1866. Por fim, em 1882, o governo decretou a liberdade religiosa.


São Paulo Chong Hasang, leigo
catequista e mártir da fé

 São João Paulo II canonizou 103 mártires coreanos

 De acordo com fontes locais, mais de 10 mil mártires morreram na opressão coreana. Desses, 103 - incluindo várias mulheres -, foram beatificados em dois grupos separados em 1925 e 1968 e depois canonizados juntos em 6 de maio de 1984 em Seul por João Paulo II. Apenas dez deles são estrangeiros, três bispos e sete sacerdotes, os outros são todos coreanos, catequistas e fiéis. A memória litúrgica deles é 20 de setembro. Os líderes desta lista litúrgica são, além de Santo André Kim Taegon, o catequista São Paulo Chong Hasang. Os restos mortais deles repousam desde 1900 na cripta da Catedral de Myeong-dong.


124 outros mártires beatificados por Francisco em Seul

Outros 124 mártires foram beatificados pelo Papa Francisco em 16 de agosto de 2014, durante sua viagem à Coreia do Sul. Entre eles estava Paulo Yun Ji-chung. Mais de um milhão de fiéis participaram da Missa de Francisco naquele dia celebrada na Porta de Gwanghwamun, que se seguiu a uma intensa visita do Papa ao local das execuções: o santuário de Seo So-Mun, na periferia de Seul. A enorme participação do povo foi um sinal da profunda devoção da qual ainda gozam esses santos e beatos, membros vivos da história e da identidade de uma nação. Eles "nos lembram que devemos colocar Cristo acima de tudo", disse o Papa em sua homilia, acompanhada em várias passagens por aplausos prolongados e emocionados. O exemplo dos mártires, acrescentou o Pontífice, "tem muito a nos dizer, que vivemos em uma sociedade onde, ao lado de imensas riquezas, a pobreza mais abjeta cresce silenciosamente; onde o grito dos pobres raramente é ouvido; e onde Cristo continua a chamar-nos, pedindo-nos que o amemos e o sirvamos, estendendo a mão aos nossos irmãos e irmãs necessitados".


O Jubileu da Igreja Coreana

O bicentenário do nascimento de Santo André abriu as celebrações do Jubileu proclamado pela Igreja na Coreia do Sul em 29 de novembro de 2020. Um ano de graça, sob o patrocínio da Unesco, que terminará em 27 de novembro de 2021 e que representa "uma oportunidade favorável para o crescimento espiritual da Igreja coreana", como disse o bispo Dom Lazarus You, então à frente da diocese coreana de Daejeon e responsável pela organização do Ano Santo, em uma entrevista à mídia vaticana em dezembro passado. "Este Jubileu", disse o prelado, "nos dará a todos a oportunidade de interiorizar a espiritualidade do martírio, que é a seiva vital da Igreja na Coreia, meditando profundamente sobre a vida dos mártires". "Para nossos mártires, a fé era o valor mais importante", acrescentou dom You. "Na sociedade coreana, apenas 11% da população é católica, enquanto mais da metade se declara 'sem religião'". O convite é, portanto, "refletir seriamente sobre nossa identidade e nossa coerência como 'católicos fiéis'".


Setembro, mês da Igreja Católica na Coréia do Sul

Há quase 100 anos (desde a beatificação dos primeiros 75 mártires coreanos em 1925), a Igreja Católica coreana celebra o Mês dos Mártires e, em 20 de setembro, comemora a solenidade de Santo André Kim Tae-gon, São Paulo Hasang e companheiros (103 Santos Mártires).

Nos últimos 50 anos, a Igreja Católica coreana – que atualmente conta com quase seis milhões de fiéis – trabalhou muito para documentar e aprofundar a memória de seus mártires. O país conta com nada menos que 187 santuários, túmulos, locais de nascimento de mártires e salões memoriais em todo o país.

Em setembro de 2013, a arquidiocese de Seul criou um percurso de peregrinação católica de 44,1 km para coincidir com a visita do Papa Francisco em 2014, que foi aprovada como peregrinação mundial oficial pelo Vaticano em 2018.

Durante o Mês dos Mártires, os católicos coreanos recordam, não apenas os 103 Santos canonizados em 1984 pelo Papa São João Paulo II e os 124 Beatos beatificados em 2014 pelo Papa Francisco, mas também a beatificação do Venerável Padre Choi Yang-eob Thomas e de 133 Servos de Deus mártires.



Santo André Kim Taegon, São Paulo Hasang e Companheiros Mártires, rogai pela Igreja Católica na Coréia, em toda a Ásia e no mundo inteiro! 

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

NOSSO ANJO DA GUARDA - UM AMIGO MUITAS VEZES ESQUECIDO POR NÓS.


Aos leitores e leitoras do site: Santos, Beatos, Veneráveis e Servos de Deus, também intitulado: “Santos e Beatos Católicos”.

Apesar do objetivo maior ser a memória e o conhecimento da vida de santos (as), beatos (as) e demais candidatos (as) aos santos altares, não podemos de deixar de fazer menção, aqui, a um “santo” muitas vezes esquecido por nós, católicos: nosso santo Anjo da Guarda, ou, Anjo Custódio.

Infelizmente, pessoas com pensamento e pseudo-espiritualidade esotérica, tem cada vez mais se apropriado do tema e, não raro, encontramos livros e revistas que abordam de maneira completamente equivocada e até mesmo herética, a figura do santo anjo de nossa guarda.

As os seres angélicos, como bem ensina a Santa Doutrina Católica, são todos criaturas de Deus, feitos por Ele para seu serviço e para, muitas vezes, intermediar o poder e a vontade divina também no serviço do homens e da mulheres, ambos criados imagem e semelhança de Deus adotados como seus filhos e filhas pelo Santo Batismo.

Como sabemos pela Palavra de Deus revelada e pelo Santo Magistério da Igreja, muitos desses seres angélicos, por livre e espontânea vontade, fazendo uso da liberdade que Deus dá a todos os seus filhos e filhas sercientes, revoltaram-se contra a vontade de Deus, foram expulsos da presença divina, pelos Anjos bons e fiéis a Deus, liderados por São Miguel Arcanjo, e lançados à obscuridade do inferno, em suas terríveis prisões, destinados para sempre (por causa de sua decisiva escolha) a uma eternidade sem Deus, absortos em raiva e ódio contra Deus, inveja dos filhos de Deus e planejando continuamente afastar o maior número de almas possíveis da herança da vida eterna. Viraram o que a Bíblia chama de “demônios”, “espíritos impuros”, “espíritos malignos” ou “anjos decaídos”.

Porém, a todos aqueles anjos que permaneceram humildes e fiéis a Deus, escolhendo servi-lO e obedecê-lO por toda a eternidade, Deus lhes concedeu o prêmio da visão beatífica, isto é, poder contemplar a Santíssima Face por toda a eternidade, conhecendo suas grandezas e belezas infinitas, em graus conforme suas hierarquias naturais e a graça sobrenatural na qual foram revestidos. Tornaram-se o que a Sagrada Bíblia chama de “anjos” (se bem que o termo significa “mensageiro”), espíritos angélicos ou “de luz”, seres, como dissemos, totalmente dedicados a fazer a Vondade de Deus, obedecendo-Lhe em tudo quanto Ele lhes ordenar, e fazendo-o com imenso prazer, alegria e diligência, sedentos em agradar Àquele que os criou com tando amor e carinho, não como seus “robôs” ou “marionetes”, mas, como seres plenamente cientes e livres, que escolheram continuar unidos a Deus e servi-lO por toda a eternidade.



O NOSSO ANJO

Depois de Deus, de Maria Santíssima e de São José, ninguém, no Céu e nem na Terra, nos ama como o nosso Anjo da Guarda. Ele é um príncipe da Corte celeste, nosso irmão (apesar da natureza angélica ser diferente e muito superior à humana) no dogma do Corpo Místico de Cristo. 

De Deus, assim que fomos gerados, cada Anjo da Guarda recebeu a missão de nos acompanhar no decurso de nossas vidas e de interceder por nós, zelando, na medida do possível, para que nós alcancemos um dia a salvação eterna. Assim, nossos Anjos nos amam por "dupla via" : pelo amor natural e sobrenatural que ele traz em si, pois, são criaturas boníssimas, puras e cheias da graça de Deus, bem como, por causa do amor e zelo que eles tem por Deus e sua vontade. Portanto, sabedores que são do quanto Deus nos ama e os ama, inflamam-se de ardentes desejos e propósitos de nos amar e de tudo fazerem – dentro do que podem e lhes é permitido – para nos conduzir a Deus, nos protegerem contra o mal e nos inspirarem para o bem. 

Mas, Deus respeita nosso livre arbítrio. Por isso disse e destaquei a frase acima: dentro do que podem e lhes é permitido, pois, somos nós, com o nosso livre arbítrio e as sentimento, que podemos dar-lhes a permissão ou não de que eles nos ajudem. Não Deus! O Senhor sempre quer nos salvar. Nós é que podemos dizer "sim" ou "não". Mas, mesmo quando dizemos "não", os Anjos da Guarda, até o fim de nossas vidas, continuarão a interceder por nós. É uma missão que eles terão que prestar contas a Deus. E, como nunca desistem, pouso, não são fracos como nós, a cumprirão até o último momento. 


NOMES DE NOSSOS ANJOS

São muitos os que se "preocupam" ou tem curiosidade com esse tipo de informação. Lembremos que os Anjos / seres angélicos são puros espíritos, com natureza totalmente diferente da nossa e "absurdamente" superior à nossa. 

Aqueles que tem "nomes" mencionados nas Sagradas Escrituras tem nomes que designam sua missão, não propriamente seus nomes reais: MIGUEL: "Quem como Deus"; GABRIEL: "Poder de Deus". RAFAEL: "Deus cura" , ou, "Medicina de Deus". Pode ser que seus reais nomes nem sejam esses! Os que receberam, repito, designaram suas missões ou funções. 

O próprio patriarca Israel ("aquele que lutou com Deus", ou, "Guerreiro de Deus") tinha como nome Jacó. Israel foi um "apelido" ou "título" que lhe foi dado. Os jovens amigos do profeta Daniel tinham por nomes: Misael, Ananias e Azarias, mas, tinham nomes "babilônicos" : Sidrac, Misac e Abdênego... 

Assim, os nomes reais dos Anjos podem até ser impronunciáveis em quaisquer línguas humanas. Portanto, só os saberemos na eternidade, quando os laços do corpo, do tempo e nem do espaço nos prenderem mais... Então, é completamente inútil e sem sentido algum querer saber, neste mundo, como se chamam de verdade... 


ALGUNS EXEMPLOS DE SANTOS QUE TIVERAM ESPECIAIS EXPERIÊNCIAS COM SEUS ANJOS DA GUARDA:  


Santa Francisca Romana (via-o constantemente)


São Pio de Pietrelcina (via-o constantemente)

Santa Maria Faustina Kowalska (algumas aparições) 


Santa Maria de Jesus Crucificado
(Mariam Baouardy), virgem carmelita descalça
 e estigmatizada (algumas aparições). 




Beata Ana Catarina Emmerich (algumas aparições)


Serva de Deus Irmã Maria Antônia (Cecy Cony),
religiosa brasileira virgem e mística
(via seu anjo da guarda constantemente). 

Sua história pode ser encontrada aqui, no site, em: 

http://www.santosebeatoscatolicos.com/2016/09/serva-de-deus-maria-antonia-virgem.html


ORAÇÃO AO NOSSO ANJO DA GUARDA 
Ó Santo Anjo da Guarda, meu amigo e irmão em Deus, apesar da imensa distância que há entre a natureza angélica e a humana, além da minha indignidade e dos meus pecados - perante a vossa pureza e santidade - sei que me amais com terno amor, pois Deus vos deu a mim como guardião, companheiro e protetor. 

Vós que continuamente contemplais a Face de Deus na glória celeste e, ao mesmo tempo, estais ao meu lado, inspirai-me profundo amor e santo temor por Deus e desejo de fazer a sua Divina Vontade, para que possa considerar o pecado como inimigo e nutrir por ele ódio e aversão. 

Defendei-me dos ataques, planos, embustes e insídias diabólicos, pois os demônios - que também são anjos, apesar de decaídos - "não cansam e nem descansam" de nos tentar e de querer nos afastar de Deus. 

Que as ilusões do mundo não me seduzam e a todas eu possa ver, claramente, como passageiras e fúteis. 

E, principalmente, vos rogo: protegei-me de meu maior inimigo: de minha própria carne: de meus "apetites", concupiscências, egoísmo, orgulho e auto-suficiência. 

Por fim, quando chegar próximo o termo de minha vida terrena, ó meu Santo Anjo, vinde em meu auxílio, para que eu venha a morrer piedosamente, com a assistência dos Santos Sacramentos da Confissão, Unção dos Enfermos e o Viático - Santíssima Eucaristia, conforme a Grande Promessa do Sagrado Coração de Jesus (a quem já fez as Nove Primeiras Sextas-Feiras) e do Imaculado Coração de Maria (para quem já fez os Cinco Primeiros Sábados) e assim, convosco ao meu lado, possa comparecer perante o Justo Juiz, confiado e amparado, também, pela presença e defesa da Santíssima Virgem Maria, minha Mãe, Rainha e Senhora, e a de São José. Amém!

Santo Anjo da Guarda, rogai por mim! Amém! 








quarta-feira, 1 de outubro de 2025

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS e os jovens (1 de outubro de 2025 - Festa de Santa Teresinha)


Dois jovens Santos: São Pier Giorgio
Frassati e Santa Teresinha do Menino
Jesus e da Santa Face. 

“Com amor não somente avanço, mas, voo”!

Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, Santa Teresinha, a “Santa das Rosas”, Padroeira Universal das Missões Católicas, Doutora da Igreja... São muitos os títulos atribuídos à nossa querida santa. Hoje, pensaremos um pouco em outro título que ela possui: Padroeira da Juventude.

Por que Santa Teresinha é padroeira dos jovens? Será porque morreu jovem, com apenas 24 anos? Também. Porém, foram muitos os santos e santas que morreram bem jovens. Alguns morreram ainda crianças e adolescentes, no entanto, a Igreja não os nomeou “padroeiros” da juventude. Por que isso aconteceu com Santa Teresinha? Por que ela é tão especial?

É claro que se nossa querida santa tivesse morrido com 30 ou com 40 anos, já não seria tão “jovem” assim. Porém, muito mais do que pelo fato de ter morrido aos 24 anos, Santa Teresinha é modelo para os jovens pelo fato de ter vivido plenamente, dentro do plano de Deus em sua vida, todo o vigor de sua juventude em união com Deus. 

Foi uma criança, adolescente e jovem muito feliz. Amava a Deus, amava seus pais, suas irmãs, a Igreja e o mundo inteiro! Tudo que fazia era por amor, por isso, era tão feliz! Seu coração abriu-se ao amor pleno, ao amor vivo, que se doa a Deus, à Igreja e ao mundo.

Deus tem especial carinho pelas crianças e pelos jovens. Como Deus ama vocês, crianças e jovens! Ele coloca em vocês tanto carinho, tanta esperança! Somente vocês podem mudar o mundo como ele está: cheio de tristezas, violência, brigas e confusão. Como é lindo um rapaz e uma moça cheios de Deus! Como eles brilham! Tornam o mundo tão lindo, tão belo! A bondade de um jovem e de uma jovem expulsa o mal do mundo!

Assim foi Santa Teresinha: uma jovem que expulsou o mal de sua vida, que abraçou o bem, que viveu o bem! Por isso que, ainda hoje, é tão amada e tão querida por nós e no mundo inteiro!

Uma vez Santa Teresinha disse: “Não quero ser uma santa pela metade” (MA 10v). Sim! Ser um jovem santo ou uma jovem santa é ser jovem por inteiro, sem estar faltando nada. Um jovem no pecado não é um jovem inteiro: é um jovem “com defeito”, faltando alguma coisa...

Rezemos nesta missa para que Santa Teresinha ilumine a vida de cada criança, de cada adolescente, de cada rapaz e de cada moça aqui presente, bem como dos que ficaram em casa e que nós amamos tanto! Que encontrem a Deus em suas vidas! Que sejam felizes, muito felizes! Que a felicidade deles se espalhe pelo mundo contagiando cada vez mais jovens e levando a todos a paz e a alegria que somente Deus pode nos dar.

 

Giovani Carvalho Mendes, carmelita descalço secular

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

ORAÇÕES AOS SANTOS ARCANJOS MIGUEL, GABRIEL E RAFAEL - 29 de setembro, Festa dos Santos Arcanjos.

 

Gloriosos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael,
rogai por nós, pela Igreja e pelo mundo inteiro!


São Miguel Arcanjo, grande defensor da Soberania e da Vontade de Deus, defendei-nos no combate!

Cobri-nos com vosso escudo contra os embustes e as ciladas do demônio. 

Subjugue-o, Deus, instantemente Vos pedimos! 

E vós, ó Príncipe da Milícia Celeste, pelo Divino Poder, precipitai no inferno a satanás e demais espíritos malignos, que andam por este mundo, para perder as almas. E vós, que sois o Patrono da Igreja Católica, protegei, de modo especial, ao Santo Padre o Papa (dizer o nome), aos bispos, ao clero, aos religiosos e religiosas, bem como a todo o povo de Deus, para que sigamos com fé, esperança e caridade rumo à Pátria Celeste. Levai para o Céu o maior número possível de almas benditas do Purgatório, almas essas que tanto amais. Amém!

Pai Nosso, Ave Maria e Glória em honra de São Miguel Arcanjo.

 

São Gabriel Arcanjo, defendei-nos no combate! Cobri-nos com vossas asas contra os ataques, armadilhas e enganos do demônio.

Subjugue-o Deus, confiantemente Vos pedimos!

E vós, Vós, que sois chamado de “poder de Deus”, que sois o Arauto da Encarnação do Verbo, lançai no inferno a satanás e demais espírito maligno, que andam por este mundo para perder as almas! Dai-nos um profundo amor a Jesus, o Verbo Humanado, à sua presença Eucarística e à Virgem Maria, vossa amantíssima Rainha e Senhora. Amém!

Pai Nosso, Ave Maria e Glória, em honra de São Gabriel Arcanjo.  

 



São Rafael Arcanjo, defendei-nos no combate! Cobri-nos com vosso cajado contra os embustes e as ciladas do demônio.

Subjugue-o Deus, humildemente vos pedimos!

E vós, que sois “a medicina de Deus”, o patrono dos viajantes, dos médicos e do matrimônio, precipitai no inferno a satanás e demais espíritos malignos, que procuram prejudicar os filhos e filhas de Deus, com doenças físicas, mentais, morais e espirituais, que tentam causar-nos acidentes e destruir os matrimônios e as famílias, sendo nosso companheiro e protetor nesta peregrinação terrena. Amém!

Pai Nosso, Ave Maria e Glória em honra de São Rafael Arcanjo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

OS TORMENTOS DO INFERNO - segundo revelações feitas a SANTO ANTÔNIO MARIA CLARET, bispo e fundador.

(Extraído dos escritos de Santo Antônio Maria Claret. Tradução do espanhol feita pelo Diácono Luiz Carlos Pavan)

 

Nota do publicador deste artigo:

Infelizmente, hoje em dia, a grande maioria dos bispos, padres ou pregadores leigos (catequistas, professores de religião ou formadores) não fala mais sobre o inferno. Infelizmente, também, uma boa parte dos sacerdotes não acredita mais em demônios ou na existência do inferno. Cada vez mais é comum ouvirmos as seguintes expressões: “o inferno é aqui na terra”; “aqui se faz, aqui se paga”; “Deus é amor... jamais permitiria que um filho seu fosse para o inferno”, etc. Não é verdade?

Esquecem-se, no entanto, que a existência do inferno é MATÉRIA DE FÉ CATÓLICA, portanto, é um DOGMA DE FÉ, incontestável. Nenhum cardeal, arcebispo, bispo, sacerdote ou teólogo está autorizado a negá-lo ou, antes, a contestá-lo em seus discursos ou escritos. Quem o faz torna-se imediatamente um herege ou heresiarca.

O próprio Catecismo da Igreja Católica, aprovado pelo Papa São João Paulo II, de venerável e saudosa memória, fala dele e da doutrina de sua existência (vide os números 1585 - 1591 e 1861 do Catecismo).

Como é que um “católico”, ou, melhor dizendo, pseudo católico se atreve a ir contra o ensinamento da Igreja? É uma verdade dura? Sim! Muito dura, porém, é verdade. Jesus Cristo mesmo, após revelar aos discípulos a doutrina da Transubstanciação que um dia inauguraria na Santa Ceia e diante de alguns discípulos que começaram a duvidar dEle e O abandonaram, virando-se para os que permaneceram ainda com Ele disse: “E Vós? Também não quereis ir embora com eles”?

Trago aos leitores do blog o relato de uma visão do inferno feito por Santo Antônio Maria Claret, bispo e fundador dos Missionários do Coração Imaculado de Maria, que teve a experiência mística de contemplar este lugar de sofrimentos eternos. É um relato de um santo. Merece nosso crédito. Ele não é um lunático ou um “visionário”. Foi um santo, um grande santo, um homem culto e letrado que teve essa experiência. Merece nossa atenção, nossa credibilidade e, principalmente, que divulguemos essa terrível realidade, não para “assustar” ninguém, mas, para o bem das almas. Santo Antônio Maria Claret não está sozinho: vários santos e santas passaram pela experiência de terem visto e/ou “sentido” os sofrimentos do inferno: Santa Teresa de Jesus, Santa Faustina Kowalska, São João Bosco, Serva de Deus Josefa Menéndez, Beata Ana Maria Taigi, São Pio de Pietrelcina, os Santos Jacinta Marto e Francisco Marto, para citar alguns. São santos: merecem nossa credibilidade.

Existem pessoas que se arrependem de seus pecados e se convertem por amor a Deus. Esse é o modo perfeito. Porém, existem pessoas que podem se arrepender e deixar seus pecados por medo dos castigos eternos do inferno. Não é um modo perfeito, porém, é bem melhor do que nada. O texto é um pouco longo, mas, leiam com calma e divulguem para os irmãos e irmãs de caminhada, para amigos e conhecidos.

Um abraço fraterno em todos!

 (Giovani Carvalho Mendes, ocds)

 

 

Santo Antônio Maria Claret, bispo e fundador.
Foi um grande Santo, teólogo e místico,
bem como escritor, pregador, missionário,
catequista e diretor espiritual
de muitas santas almas, inclusive, de 
fundadores e fundadoras de congregações
e institutos religiosos. 

O RELATO DE SANTO ANTÔNIO MARIA CLARET: 

"A sensação dos tormentos do inferno é essencialmente terrível. Ele se parece, ó alma minha, como uma noite escura sobre o cume de uma montanha alta. Lá embaixo há um vale profundo, e a terra se abre de maneira que, com o teu olhar, podes ver o inferno e sua profundidade. Ele se parece como uma prisão situada no centro da terra, muitos quilômetros abaixo, todo cheio de fogo, preso num recinto de forma tão impenetrável que, por toda a eternidade, nem se quer a fumaça pode escapar.

Nesta prisão os condenados estão próximos uns dos outros como tijolos num forno... Imagine o calor do fogo em que são queimados. Primeiramente, o fogo se alastra por todas as partes e tortura inteiramente o corpo e a alma. Uma pessoa condenada permanece no inferno para sempre no mesmo lugar que foi destinado pela justiça divina, sem ser capaz de mover-se, como um prisioneiro num tronco.

O fogo que o envolve totalmente, como um peixe na água, o queima em volta, à sua esquerda, à sua direita, encima e embaixo. Sua cabeça, seu peito, seus ombros, seus braços, suas mãos e seus pés estão totalmente invadidos pelo fogo, de maneira que ele, por inteiro, se assemelha a um peça de ferro incandescente e cintilante, que acaba de ser retirado do forno. O teto do recinto em que moram as pessoas condenadas é de fogo; a comida que se come é fogo; a bebida que se toma é fogo, o ar que se respira é fogo, tudo quanto se vê e se toca é fogo...

Mas este fogo não está simplesmente fora dele; além do mais ele transpassa pela pessoa condenada. Invade o seu cérebro, seus dentes, sua língua, sua garganta, seu fígado, seus pulmões, seus intestinos, seu ventre, seu coração, sua veias, seus nervos, seus ossos, inclusive a medula, bem como o sangue.


'No inferno – segundo São Gregório Magno – haverá um fogo que não pode se apagar, um verme que não morre, um cheiro insuportável, uma escuridão que pode se sentir, castigo por açoite de mãos selvagens, com todos os presentes desesperados por qualquer coisa boa'.

Um dos fatos mais terríveis é que, pelo poder divino, este fogo vai tão longe como para atuar sobre as faculdades (aptidões) da alma, queimando-as e atormentando-as. Suponhamos que eu me achasse colocado no forno de um ferreiro, de modo que todo o meu corpo estivesse em pleno ar, exceto um braço que está posto no fogo, e que Deus fosse preservar a minha vida por mil anos nesta posição. Não seria isto uma tortura insuportável? Como seria então estar completamente invadido e rodeado de fogo, o qual não atinge apenas um braço, mas inclusive todas as faculdades (aptidões) da alma?

Para quem já teve a graça de ver, e de sentir, em sonhos o que seja este tormento infinito, este fogo que queima o espírito sem consumir, esta consciência que acusa sem cessar, que atormenta mais que mil fogos, que faz compreender a eternidade do suplício, que entende a impossibilidade de fugir dali, contra a qual não adianta lutar, esbravejar, sequer odiar, é possível afirmar que o fogo exterior, que queima o corpo é apenas uma pálida centelha daquele que inflama o espírito. De fato, a alma daria tudo para poder esquecer, fugir dos pensamentos, escapar deste tormento mental, esmagar seu cérebro, pois para ela isso significaria um alívio assombroso em seu tormento. É mais espantoso do que o homem pode imaginar.

Em segundo lugar, este fogo é muito mais espantoso do que o homem pode imaginar. O fogo natural que vemos durante esta vida tem um grande poder para queimar e atormentar. Não obstante, este não é nem sequer uma sombra do fogo do inferno. Há duas razões pelas quais o fogo do inferno é muito mais atroz, que vai além de toda comparação, do que o fogo deste mundo.

A primeira razão é a justiça de Deus, da qual o fogo do inferno e um instrumento dirigido para castigar o mal infinito causado contra a sua suprema majestade, que fora menosprezada por uma criatura. Para tanto a justiça supre este elemento com um poder tão grande que quase alcança o infinito.

A segunda razão é a malícia (perversidade) do pecado. Como Deus sabe que o fogo deste mundo não é suficiente para castigar o pecado como este merece, Ele tem dado ao fogo do inferno um poder tão grande que nunca poderá ser compreendido pela inteligência humana.



Entendem agora, o quão eficazmente queima este fogo? O fogo queima tão eficazmente, - ó minha alma! – que, de acordo com os grandes mestres da escola ascética, se uma simples faísca caísse numa pedra de moinho, esta se reduziria num instante em pó. Se caísse numa bola de bronze, esta se derreteria instantaneamente como se fosse de cera. Se caísse sobre um lago congelado, este haveria de ferver no mesmo instante.

Façamos uma breve pausa, ó alma minha, para que tu respondas a algumas perguntas que te farei. Primeiro, te pergunto: Se um forno especial fosse acesso, como usualmente se faz para atormentar os mártires, e, então, alguns homens colocassem diante de ti todo tipo de bens que o coração humano possa desejar, e garantissem a oferta de um reino próspero – se tudo isso te fosse prometido em troca de que entrasses, só por meia hora, no forno ardente, o que escolherias fazer? Nem por cem reinos!

“Ah! – dirias – 'se me oferecesses cem reinos, eu nunca seria tão tolo em aceitar tais extremos tão brutais, não importa quantas coisas importantes me oferecessem, mesmo que estivesse segura de que Deus iria preservar a minha vida durante esses momentos de sofrimento'”.

Em segundo lugar, eu te pergunto: Se tu já estivesses na posse de um grande reino, e estivesses nadando num mar de riqueza, de maneira que não precisarias de nada, e fosses atacada por um inimigo, feita prisioneira e acorrentada, se fosses obrigada a escolher entre perder o teu reino ou passar meia hora dentro de um forno incandescente, o que escolherias? “Ah! – dirias – prefiro passar toda a minha vida na pobreza extrema e submeter-me a qualquer injúria e infelicidade do que sofrer tão grande tormento”!

 



Uma prisão de fogo eterno

Neste instante, dirige os teus pensamentos daquilo que é temporal para o que é eterno. Para fugir do tormento de um forno ardente, que duraria somente meia hora, tu sacrificarias qualquer propriedade, principalmente as coisas que mais te satisfazem, e estarias disposto a sofrer qualquer outro dano temporal, não importando quão trabalhoso pudesse ser. Então, por que não pensas da mesma maneira quando discutes sobre os tormentos eternos?

Deus não te ameaça com meia hora de suplício dentro do forno ardente, mas, pelo contrário, com uma prisão de fogo eterno. Para escapar dela, não deverias renunciar a tudo o que está proibido por Ele, não importando quão prazeroso possa ser, e abraçar alegremente tudo quanto Ele ordena, mesmo que fosse extremamente desagradável?


Muitos tentam "amenizar" o inferno dizendo: "o inferno
não é um lugar, mas, um "estado de alma"... No que isso
alivia o que se vive e se passa no inferno? Bem, pode até
ser que o inferno seja - também - um 'estado de alma', mas,
o Justo Juiz, ao condenar os réprobos diz:
"ide para o fogo eterno", preparado para o diabo e seus anjos"
( São Mateus 25, 41)... Se o Senhor fala: "ide" e fala em "preparado"
é porque se trata, também, de um lugar, não somente de um estado de alma. 

O mais espantoso do inferno é a sua duração. A pessoa condenada perde a Deus e o perde por toda a eternidade. Aliás, o que é a eternidade? Ó alma minha, até agora nenhum anjo pode compreender o que é a eternidade! Como então poderás tu compreende-la? Ainda assim, para formarmos alguma ideia sobre ela, consideremos as seguintes verdades:

A eternidade nunca termina. Esta é a verdade que tem feito tremer até os maiores santos. O juízo final virá, o mundo será destruído, a terra engolirá todos os condenados, e estes serão lançados no inferno. Então, com sua mão todo-poderosa, Deus os encerrará para sempre em tão amaldiçoada prisão.

Desde então, tantos milênios se passaram como há folhas nas árvores e nas plantas de toda a terra, tantos milhares de anos, como existem gotas de água em todos os mares e rios da terra, tantos anos com existem átomos no ar, como existem grãos de areia em todas as praias de todos os mares. Logo, depois de passarem todos estes incontáveis anos, o que será a eternidade?

No entanto, tudo isso não será sequer uma centésima parte dela, ou uma milésima – nada. Então começará novamente e durará tanto como antes, novamente, assim por diante, até que haja se repetido mil vezes, e um bilhão de vezes, novamente. E logo depois de um período de tempo tão longo, nem sequer terá passado a metade, nem sequer uma centésima parte ou uma milésima parte, nem sequer uma parte da eternidade. Em todo este tempo não haverá interrupção na queima dos condenados, começando tudo novamente. Oh! que mistério profundo! Um terror sobre todos os terrores! Oh! Eternidade! Quem pode compreender-te?

As lágrimas de Caim

Suponhamos que, no caso de maldito Caim, chorando no inferno, somente derramasse a cada mil anos uma única lágrima. Agora, alma minha, guarde os teus pensamentos e leve em consideração este fato: por “seis mil anos” (naquela época, acreditava-se que o mundo havia sido criado há uns seis mil anos apenas), no mínimo, Caim tem estado no inferno e tem derramado apenas seis lágrimas, que Deus milagrosamente lhe preservara.

Quantos anos levariam para que as suas lágrimas cobrissem todos os vales da terra e inundassem todas as cidades, povos e vilas e todas as montanhas até que inundasse toda a terra? Sabemos que a distância entre a terra e o sol é de trinta e quatro milhões de léguas. Quantos anos faltariam para que as lágrimas de Caim enchessem este imenso espaço? 

Oh! Deus! Que quantidade de anos teríamos que imaginar que seria necessário para encher de lágrimas este imenso espaço? E ainda assim – Oh! Verdade incompreensível! – estejam seguros disto, porque Deus não pode mentir – chegaria o tempo em que as lágrimas de Caim seriam suficientes para inundar o mundo, para alcançar inclusive o sol, para tocar o céu, e encher todo o espaço entre a terra e o mais alto do céu. Isso, porém, não é tudo.

Se Deus secasse todas estas lágrimas desde a última gota, e Caim começasse chorar outra vez, ele voltaria outra vez a encher o espaço inteiro e o inundaria mil vezes e um milhão de vezes em sucessão, ao longo de todos esses incontáveis anos, nem sequer haveria passado a metade de eternidade, nem sequer uma fração. Depois de todo esse tempo, ardendo no inferno, os sofrimentos de Caim estariam tão somente começando...

A eternidade, neste caso, não tem alívio. Seria de fato uma pequena consolação, de muito pouco benefício, para as pessoas condenadas, se fossem capazes de receber um breve alento a cada mil anos.

 

Observação do tradutor:

Felizmente aqui, no caso de Caim, o Santo está errado, porque Caim está salvo. Dirão vocês que fiquei maluco, mas não, aos que duvidam a eternidade depois comprovará. Em verdade, Deus foi bom com Caim, porque ao marcá-lo para que ninguém o matasse, permitiu que ele passasse todo seu Purgatório de sofrimento aqui, e certamente foi um dos mais longos e dolorosos, porque naquele tempo as pessoas viviam séculos. Quem sabe, se alguém o tivesse morto antes de expiar sua falta, ele tivesse se perdido. Sim, porque o crime dele foi gravíssimo, devido ao fato de que desde menino ele via Deus e se sentava no colo Dele. Sua maior revolta contra Deus era a existência da noite, pois queria que sempre fosse dia.

Por outro lado, se todos os assassinos se perdessem, o inferno estaria povoado deles. Eis porque Jesus diz: não julgueis para não serdes condenados.


Não existe alívio

Imaginemos um lugar do inferno onde haja três malvados. O primeiro está submergido num lago de fogo sulfúrico; o segundo está preso numa grande pedra e está sendo atormentado por dois demônios, um dos quais constantemente lhe lança chumbo derretido na sua garganta, enquanto o outro lhe derrama sobre todo o seu corpo, cobrindo-lhe desde a cabeça até os pés. O terceiro réprobo está sendo torturado por duas cobras, uma das quais o envolve com seu corpo e o morde cruelmente, enquanto que outra entra no seu corpo e ataca o seu coração. Suponhamos que Deus se apiede dele e lhe conceda um curto respiro.

O primeiro homem, depois de haver passado mil anos, é removido do lago e ele recebe o conforto de tomar água fria, e, depois de passar uma hora, ele é novamente jogado no lago. O segundo, depois de mil anos de tormento, é removido de seu lugar e lhe é permitido descansar, mas logo depois de uma hora é jogando novamente no mesmo tormento. O terceiro, depois de mil anos se vê livre das cobras; porém, após uma hora de alívio, novamente é estuprado e atormentado por elas. Ah! Quão limitada seria esta consolação – sofrer por mil anos para descansar somente por uma hora!

Aliás, o inferno nem sequer tem esta consolação. Todos se queimam sempre nessas chamas assustadoras e nunca recebem nenhum alívio em toda a eternidade. O condenado é corroído e ferido pelo remorso, e nunca terá um descanso em toda a eternidade. Sempre sofrerá uma sede muito abrasadora e nunca receberá o frescor de um pouco de água em toda a eternidade. Sempre se contemplará detestado por Deus e nunca poderá receber a alegria de uma simples olhada de ternura de Deus por toda a eternidade. O condenado se sentirá sempre maldito pelo céu e pelo inferno, e nunca receberá um simples gesto de amizade. É uma das desgraças essenciais do inferno que todo o tormento será sem consolo, sem remédio, sem interrupção, sem final, eterno.

Vejam, se Deus depois daquele castigo de mil anos, concedesse a cada um dos condenados, almas ou demônios, esta hora de descanso, onde eles pudessem meditar e se arrepender, acreditem, nenhum dos condenados voltaria plenamente arrependido. É isso que prova a imensa perfeição da Justiça Divina.


A bondade de sua misericórdia

Agora eu compreendo em parte, ó meu Deus, o que é o inferno. É um lugar de tormentos excessivos, de desesperança extrema. É o lugar onde mereço estar por causa dos meus pecados, onde eu estaria desterrado em alguns anos, se a tua imensa misericórdia não me tivesse libertado. Repetirei mil vezes: O Coração de Jesus me tem amado, ou, do contrário, agora eu estaria no inferno! O Sangue de Jesus me tem reconciliando com o Pai Celestial, ou minha morada seria o inferno. Este é o cântico que eu quisera cantar a Ti, meu Deus, por toda a eternidade. Sim, de agora em diante, minha intenção é repetir estas palavras tantas vezes como os momentos se sucedem desde aquela maldita hora em que te ofendi pela primeira vez.

Qual tem sido a minha gratidão para com Deus pela bondosa misericórdia que Ele me tem mostrado? Ele me livrou do inferno. Oh! Imenso amor! Oh! Infinita bondade! Depois de um benefício tão grande, não deveria eu lhe dar todo o meu coração e amá-lo com o amor do mais inflamado serafim? Não deveria eu dirigir todas as minhas ações até Ele e, em cada coisa, buscar somente contentar a vontade divina, aceitando todas as contradições com alegria, de maneira que possa lhe devolver o meu amor?

Poderia fazer alguma coisa menor do que isso depois de uma bondade tão grande! Oh! Ingratidão, merecedora de outro inferno! Deixar-te-ei de lado, Deus meu! Resistirei à tua misericórdia, cometendo novos pecados e ofensas. Sei que tenho feito o mal, ó meu Deus, e me arrependo de todo o meu coração. Ah! Se pudesse derramar um mar de lágrimas por tão ofensiva ingratidão! Ó Jesus, tem misericórdia de mim, visto que agora decidi melhor: sofrer mil mortes do que ofender-te novamente" (fim da narrativa do Santo). 

 

Conclusão:

Temos assim mais uma visão de santo da nossa Igreja, que certamente teve da parte de Deus a graça da visão do inferno, para poder relatá-la com tanta clareza. Os maus dirão que o inferno não existe e se existe é crueldade de Deus. Alguns se irão assustar com o tamanho da pena, mas ela é conforme a justiça.

Se o infinito prazer do Céu está reservado aos justos e aos convertidos, devemos saber que para equilíbrio é preciso que exista a Justiça infinita destinada aos rebeldes.

Devemos dizer, com toda certeza, que ganhar o inferno como castigo eterno, é fruto de um ato consciente de rebeldia contra Deus, uma rebeldia teimosa e obstinada no mal, algo que repugna até pensar, que uma simples criatura humana possa se auto impregnar de tanta teimosia. Não é verdade que alguém possa cair no inferno por culpa de satanás: a perda se dá por exclusiva culpa da alma! Ela se perde por causa da liberdade que tem, e fazendo mau uso dela vive a fornicar com a serpente.

Enfim, não se assuste: o inferno é para os maus! Dificilmente algum deles irá ler este texto, porque acha a existência do inferno uma bobagem da Igreja e uma invenção dos padres. Mas que isso sirva para você, que leu todo este texto, rezar por aqueles que jogam junto com a serpente, para que não sigam até o dia do julgamento teimando nesta obstinação. Se você tem um destes em sua família, reze por ele. E Deus nunca o abandonará!