A
virtude que mais se destaca no sacerdote carmelita Angelo Paoli, alimentada
pela constante oração diante do Santíssimo, é a caridade, “a atenção dedicada
aos pobres e àqueles acometidos pela pobreza moral e espiritual”.
O florescimento de uma vocação
Seu nome de
batismo era Francisco. Desde pequeno já manifestava sua vocação, quando em
Argigliano, na Toscana, sua terra natal, convidava seus amiguinhos a praticarem
as virtudes e a abandonarem os maus hábitos.
Muitos diziam
que era um pequeno catequista, e ele próprio conta em uma carta escrita a um
amigo de sua juventude: “explicava a eles a doutrina cristã e os conduzia às
igrejas e, uma vez que, para envolvê-los, costumava presenteá-los com alguma
coisa, estes me seguiam voluntariamente, e todos me queriam bem”.
Tinha apenas 12
anos quando perdeu a mãe, evento que contribuiu para intensificar sua vida
espiritual e a amadurecer sua vocação. Aos 18 anos, ingressou no seminário. Ali
sentiu ser chamado a uma vida de oração e penitência. Tinha uma relação íntima
com Nossa Senhora do Carmo, e assim ingressou no convento dos frades carmelitas
em Fivizzano. Em 1661 proferiu os votos solenes.
Sacerdote do Senhor
Seis anos mais
tarde, recebeu a ordenação sacerdotal. “Grande dignidade, grande potestade,
fazer descer um Deus do Céu à terra, libertar uma alma do purgatório e enviá-la
ao Paraíso”, dizia a respeito da vocação em um de seus escritos.
Padre Paoli quis
em seguida dedicar mais tempo à penitência e aos sacrifícios físicos. Começou a
se debilitar, e acabou sendo mandado de volta à casa de seu pai. Passava o dia
converasndo com os pastores e conhecendo a vida das pessoas humildes e simples
do campo, às quais ensinava a orar e dedicava lições de catecismo.
Descobriu assim
que sua vocação deveria ser orientada a cuidar dos mais pobres, podendo
discernir “um chamado dentro do chamado”. “Nossa ordem não tem como acento
principal a caridade, mas para ele este constituiu verdadeiramente um chamado
particular”, explica padre Grosso.
Voltando à
comunidade, padre Paoli é transferido para Florença para se encarregar dos
noviços. Na formação dos aspirantes ao Carmelo, sublinhou a importância da
força interior, do amor pelo apostolado, da oração e do domínio das paixões.
Mais tarde,
torna-se pároco em Corniola, próximo a Empoli. Seus preferidos eram os pobres e
os doentes. Trabalhou também em Siena, Montecatini e Fivizzano.
Em 1687 recebe
uma carta que anunciava sua transferência para Roma, a fim de servir como
professor dos noviços do convento de São Martinho. Ali demonstrou sua
preocupação para com os pobres que mendigavam pelas ruas e visitou prisões.
“Passou a servir os doentes e os pobres, distribuiu comida, roupas. 300 pessoas
eram por ele assistidas diariamente”, disse seu postulador.
Preocupava-se
também com os doentes do hospital São João, da comunidade dos carmelitas,
situado próximo à Basílica de São João em Latrão.
Quando os
doentes deixavam o hospital, muitos não tinham para onde ir, e padre Paoli
procurava famílias dispostas a acolhê-los. Assim nasceu uma casa de
convalescença, fundada por ele e que funcionou por vários anos.
Outra
característica sua era seu grande amor pela cruz. “Sempre exibia a cruz onde
podia”, sublinha padre Grosso. Queria também colocar uma cruz no Coliseu,
“porque havia sido um local de martírio, segundo a tradição, de muitos
cristãos”. No interior deste, organizava a Via Crucis.
O futuro beato
morreu em Roma em 1720. “Muitas pessoas participaram de seu funeral, realizado
no convento de São Martinho após uma espécie de procissão à Basílica de Santa
Maria Maior, pois muitas pessoas ficaram do lado de fora da igreja”.
“O Paraíso é um
bem tão grande que vale pena qualquer esforço para conquistá-lo”, escreveu
certa vez padre Paoli – “os Santos, para conquistá-lo, trabalharam muito, sem
se preocuparem em descansar”.
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