Primeiros
anos
Tomasi nasceu em Licata, no Reino da Sicília, na época
parte da Coroa de Aragão, filho de Giulio Tomasi, o primeiro príncipe de
Lampedusa, e sua esposa, Rosalia Traina. Sua vida foi orientada a Deus desde
muito cedo. Formado e educado em casa, onde nunca sentiu falta de riquezas e
nem de uma educação moral. Seus pais se preocupavam muito com sua formação
cristã e com sua educação, especialmente no aprendizado das línguas antigas e
modernas, especialmente a espanhola, pois queriam que ele fosse para a corte
real em Madri depois que herdasse o título de seu pai, de Grande da Espanha.
Mas o próprio Tomasi tinha outros planos e, desde
muito jovem, não desejava nada para si além de servir a Deus. Ele cultivou esse
desejo piedoso em seu coração até conseguir autorização de seu pai para seguir
sua vocação religiosa.
Depois renunciar formalmente ao principado de seu pai,
seu por direito de nascença, em favor de seu irmão mais novo e também de sua
enorme herança, Tomasi foi admitido entre os padres Teatinos (Clérigos
Regulares), uma ordem religiosa fundada por São Caetano em 1524 como um
movimento reformador da Igreja Católica e lembrando pela vida simples levada
por seus membros. Ele se juntou à ordem em 24 de março de 1665 e finalmente
realizou sua profissão religiosa na casa teatina de São José, em Palermo, em 25
de março de 1666.
Tomasi então estudou filosofia, primeiro em Messina e,
depois, por conta de sua saúde debilitada, em Ferrara e Modena; e teologia em
Roma e em Palermo. Foi ordenado sacerdote no Natal de 1673. Para ampliar seu
conhecimento do grego, estudou também o etíope, árabe, siríaco, caldeu e
hebraico — convertendo seu professor, um rabino judeu, ao cristianismo. Ele
estudava comparando os títulos dos salmos nos diversos saltérios em várias
línguas e se dedicava aos originais das Escrituras e de textos patrísticos. Em
suas pesquisas, vasculhou bibliotecas, arquivos e monumentos para recriar a
história da liturgia e da disciplina eclesiástica.
Principalmente por causa de seu grande amor aos
documentos antigos da igreja e às tradições eclesiásticas, Tomasi considerava
que uma boa parte de seu próprio crescimento espiritual estava em dedicar-se,
de corpo e alma, à publicação de livros litúrgicos raros e antigos textos
litúrgicos, revelando, desta forma, muitos textos antigos que ainda permaneciam
perdidos em bibliotecas.
Reformador
Os esforços reformadores de Tomasi eram direcionados
não à introdução do novo, mas à restauração e manutenção do antigo, o que lhe
valeu algumas críticas e refutações. O papa Inocêncio XII fez dele um
examinador de futuros bispos e do clero. O papa Clemente XI, a quem ele serviu
como confessor, nomeou-o consultor da Ordem dos Teatinos, teólogo da Sagrada
Congregação para Consultas sobre Regrantes e outros cargos da Santa Sé, consultor
da Sagrada Congregação dos Ritos e qualificador do Santo Ofício. O mesmo papa
criou-o cardeal-presbítero, com o título de Santos Silvestre e Martinho nos
Montes, ordenando que ele aceitasse a homenagem.
Tomasi ensinou catequese para crianças pobres de sua
igreja titular, Santi Silvestro e Martino ai Monti, introduzindo aos seus
paroquianos o canto gregoriano.
Obras
As muitas publicações de Tomasi sobre temas litúrgicos,
nas quais ele unia sua piedade e sua erudição, lhe valeram os títulos de
"Príncipe dos Liturgistas Romanos" e "Doutor Litúrgico".
Não são poucas as normas que, estabelecidas pela autoridade dos papas e pelos
documentos do Concílio Vaticano II, vigentes ainda hoje, foram propostas e
ardentemente desejadas por Tomasi, entre elas:
1. A forma atual da Liturgia das Horas.
2. A distinção e o uso do missal e do lecionário na
celebração da Eucaristia.
3. Várias normas do Pontifical Romano e no Ritual Romano.
4. O uso do vernáculo ao invés do latim, que ele
recomendava apenas para devoções privadas.
Seu objetivo era sempre promover uma participação mais
pessoal e íntima do povo na celebração da liturgia .
As obras de Tomasi (em latim: Codici Tommasiani), publicada principalmente com base nos antigos
códices nas bibliotecas do Vaticano e vallicelliana, além da biblioteca de
Cristina da Suécia, foram elogiadas pelas academias de toda a Europa. A mais
importante é o "Codices
sacramentorum nongentis annis antiquiores" (Roma, 1680), parcialmente
transcrita por Mabillon em sua "Liturgia
Gallicana". Depois, os "Salterium"
(Rouse, 1683), com edições romanas e gálias, publicadas com o nome de Giuseppe
Maria Caro (ou J. M. Carus), na qual Tomasi reintroduziu os símbolos
tipográficos de Orígenes, o obelisco e o asterisco, esquecidos havia nove
séculos.
Sob o mesmo nome, Tomasi escreveu "Responsalia et Antiphonaria Rom. Eccl." (Roma, 1686);
"Sacrorum Bibliorum Tituli, sive
capitula" (Roma, 1688); "Antiqui
libri Missarum Rom. Eccl." ("Antifonário de Papa São Gregório
I"), intitulado "Comes",
escrito por Alcuíno por ordem de Carlos Magno (Roma, 1691); "Officium Domicinae Passionis", utilizado pela Igreja Ortodoxa
Grega na Sexta-Feira Santa, traduzido para o latim (Roma, 1695).
Com o seu próprio nome, publicou "Speculum" (Roma, 1679); "Exercitium Fidei, Spei et Caritatis"
(Roma, 1683); "Breviarium psalterii"
(Roma, 1683); Vera norma di glorificar
Dio (Roma, 1687); "Fermentum"
(Roma, 1688); "Psalterium cum
canticis" (Roma, 1697); "Indiculus
institutionum theologicarum veterurn Patrum" (3 vols., Roma, 1709,
1710; 1712), uma exposição da teoria e prática teológica derivada de antigas
fontes patrísticas.
Tomasi também escreveu diversas obras menores, as
quatro últimas publicadas por G. Mercati (Roma, 1905). Em 1753, Antonio
Francesco Vezzosi publicou suas obras em onze volumes.
Santa morte
Tanta sabedoria estava intimamente ligada a uma grande
santidade de vida, de cuja fama já gozava em vida. Era modelar sua vida e era
muito estimado pelo clero romano e, inclusive, por não católicos, devido à sua
humildade e afabilidade. Infelizmente, tamanho esplendor de bons exemplos e de
virtudes brilhou por pouco tempo. Não haviam se cumprido 08 meses de seu
cardinalato quando, depois de ter participado na Capela Papal da Vigília de
Natal na Basílica Vaticana, foi atacado por violenta pneumonia. Expirou
santamente em sua residência, no palácio Passarini, na via Panisperna, no dia
01 de janeiro de 1713. Sua morte foi sentida e lamentada por todos e,
especialmente, pelo papa Clemente, que admirava tanto sua santidade que havia
se aconselhado com ele antes de assumir o papado. Foi enterrado em sua igreja.
Foi beatificado pelo Papa Pio VII em
1803 e canonizado por São João Paulo II em 1985.
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