Era
amigo pessoal de Dom Bosco que, em Turim, trabalhava para ajudar os
meninos que chegavam à procura de um emprego urbano. Dom Bosco patrocinava aos
jovens, instrução profissionalizante, religiosa, alojamento e recreação.
Faà
de Bruno percebeu que deveria atuar na outra ponta, auxiliando as meninas, que
ficavam expostas às armadilhas urbanas, enquanto buscavam a sobrevivência e um
emprego.
Seguindo
o conselho de Dom Bosco, desejou ser padre aos cinquenta anos de idade, e se
fez em dez meses, por intervenção direta do Papa Pio IX.
No grande cenário dos
santos sociais italianos, despontados na região da cidade de Turim, Francisco
Faà de Bruno é uma das figuras mais complexas. A maioria deles ingressou na
vida religiosa para se formar já na condição de sacerdotes diocesanos. Ele
ingressou "tarde" na ordenação sacerdotal, tendo exercido o seu
apostolado de leigo nos campos fundamentais.
Francesco da Paola
Virginio Secondo Maria Faà di Bruno descende de uma família nobre do Piemonte.
Foi o décimo segundo e último filho de Luigi, marquês di Bruno, e Carolina
Sappa de' Milanesi. Seu irmão Emilio Faà di Bruno foi oficial da marinha.
Nasceu na cidade italiana
de Alexandria, em 29 de março de 1825, numa família muito cristã e de boa condição
econômica e social. Ele e seus 11 irmãos foram influenciados pelos pais a
frequentarem a Igreja e a terem fé em Deus.
Aos dezesseis anos,
ingressou na Real Academia Militar, com o objetivo de seguir uma carreira no
exército. Porém, por ser um cristão convicto, entrou em conflito pessoal com
relação à irreligiosidade "de prescrição" decorrente do mundo
político-militar. Por isto, doze anos depois trocou a carreira pelo estudo
acadêmico das ciências exatas. Ele se mudou para Paris para completar seus
estudos em matemática e em 1855 começou a trabalhar no Observatório Nacional
francês sob a direção de Urbain Le Verrier. Na universidade de Sorbone, obteve
o título de doutor com louvor.
Retornando à sua cidade
foi trabalhar como professor de matemática. Em 1871, Faà de Bruno era um
conceituado professor da universidade de Turim, sendo o titular da cadeira.
Seus trabalhos matemáticos o tornaram famoso em todo o mundo, sendo publicados
e traduzidos em vários países. Entretanto, simultaneamente à sua atividade
intelectual, Faà de Bruno sempre se manteve em contato e atuando junto às
comunidades religiosas. Era amigo pessoal do padre João Bosco que, em Turim,
trabalhava para ajudar os meninos que chegavam à procura de um emprego urbano.
Dom Bosco patrocinava aos jovens, instrução profissionalizante, religiosa,
alojamento e recreação.
Faà de Bruno percebeu que
deveria atuar na outra ponta, auxiliando as meninas, que ficavam expostas às
armadilhas urbanas, enquanto buscavam a sobrevivência e um emprego. Criou para
elas, com um grupo de senhoras, a Obra de Santa Zita que mantinha as jovens sob
sua guarda no Conservatório do Sufrágio, uma casa similar às fundadas por Dom
Bosco para os meninos. Não satisfeito, fundou a Tipografia do Sufrágio, que
funcionava como escola tipográfica para as jovens. Ali ele imprimia a Revista
de Matemática, que era vendida em países e cujas divisas eram revertidas para a
Obra. Este trabalho tornou-se uma verdadeira cidade das mulheres, pois nela
havia escola, laboratório e enfermaria, todos com as suas próprias regras e
com uma clara perspectiva de fortalecimento da família.
Em 1867, no pequeno
povoado de São Donato, iniciou-se a construção da igreja de Nossa Senhora do
Sufrágio, cujo projeto foi feito por ele. Nove anos depois, ele escolheu esta
igreja para celebrar a sua primeira Missa. Isto mesmo, Faà de Bruno, o
professor, seguindo o conselho de Dom Bosco, desejou ser padre aos cinquenta
anos de idade, e se fez em dez meses, por intervenção direta do Papa Pio IX.
Depois, para dar estabilidade à Obra de Santa Zita, o padre fundou em 1881, a
ordem religiosa das Irmãs Mínimas de Nossa Senhora do Sufrágio.
Seu bispo viu como
conveniente que Francisco, que era dedicado em ensinar matemática, usasse essa
habilidade para mostrar aos jovens que a fé era perfeitamente compatível com o
estudo da ciência.
Ele ensinou na
Universidade de Turim durante muitos anos, exibindo um trabalho acadêmico
impressionante, como por exemplo, os quarenta artigos publicados nas principais
revistas científicas da época. Para estes méritos, ele recebeu o grau de Doutor
das Universidades de Paris e Turim.
Durante sua vida,
Francisco se mostrou um homem de várias habilidades: foi militar, físico,
astrônomo, matemático, engenheiro civil, fundador de várias instituições
educacionais e sociais, músico, compositor.
Padre Francisco Faà de
Bruno morreu serenamente em 27 de março de 1888. Exatamente um século depois, o
Papa São João Paulo II o beatificou para ser reverenciado no dia de sua morte. As
suas relíquias estão guardadas na igreja que ele projetou, em Turim, Itália. As
irmãs continuaram a sua Obra e hoje estão presentes na Europa e América Latina.
Beato Francisco Faà di Bruno, o "Dom Bosco" das meninas e moças, rogai por nós! |
MENSAGEM
DO PAPA JOÃO PAULO II
À
SUPERIORA-GERAL DO INSTITUTO
DAS
IRMÃS MÍNIMAS DE
NOSSA
SENHORA DO SUFRÁGIO
À Reverenda Madre Fabíola
DETOMI
Superiora-Geral do
Instituto das Irmãs Mínimas de Nossa Senhora do Sufrágio
1. Desejo, antes de mais
nada, transmitir-lhe a minha saudação de bons votos por ocasião do Capítulo
Geral da Congregação. Dirijo-a, depois, às Irmãs chamadas ao serviço de
orientação e de animação da vossa Família religiosa, encorajando-as a desempenhar
com generosidade a delicada tarefa de governo que lhes foi confiada. Faço-a
também extensiva às Religiosas reunidas em Capítulo, desejando-lhes que a
experiência destes intensos dias passados em Roma seja fonte de enriquecimento
humano e espiritual. Por fim, o meu pensamento cordial chegue a cada uma das
Irmãs Mínimas de Nossa Senhora do Sufrágio que trabalham na Itália, na
Argentina, na Colômbia e na Romênia, com a certeza do meu apoio paterno.
A Assembleia capitular
constitui uma importante ocasião para refletir sobre o caminho comunitário até
agora percorrido, assim como
para elaborar projetos de
serviço apostólico, na
fidelidade ao carisma
originário do Instituto. O tema "Testemunhar Cristo,
nossa esperança, num mundo em mudança" está em sintonia com as orientações
pastorais do Episcopado italiano para a primeira década do novo século e
milénio.
Reverenda Madre, é desejo
comum desta Família religiosa retomar as atividades com renovado entusiasmo,
depois da pausa do Capítulo, realçando que Cristo, nossa esperança, está na
base de tudo e é o fim para o qual tudo está orientado. A sua misteriosa presença
mantém viva aquela tensão escatológica, que todos os crentes devem sentir. A
vossa Congregação considera esta tensão escatológica da existência como uma das
suas características fundamentais, que recebeu em herança do Beato Fundador.
2. A vida do Beato
Francisco Faà di Bruno foi imbuída de esperança, o qual tive a alegria de
elevar às honras dos altares no dia 25 de Setembro de 1988. Sempre animado pela
ansiedade interior de cooperar na salvação dos irmãos, preocupou-se pelo
destino final deles. De facto, a meta derradeira do homem é o encontro com
Deus, para o qual é preciso preparar-se desde já com um constante empenho
ascético, rejeitando o mal e praticando o bem.
Desde jovem, ele sentiu a
preocupação de trabalhar pela salvação das almas e por isso quis, ainda antes
de fundar a Congregação, constituir em Turim um templo dedicado a Nossa Senhora
do Sufrágio. Preocupar-se com o "sufrágio" pelas almas do
purgatório: eis, Reverenda Madre e
queridas Irmãs, o vosso carisma característico, que vos estimula a uma
constante oração por quantos nos precederam. Esta mesma intuição carismática é
um estímulo concreto a cumular todos os vossos dias terrenos com os bens que
não são passageiros, nem perecem.
Trata-se de uma verdade
importante que desejais anunciar com a vossa atividade de evangelização,
apoiada pela oração e acompanhada pela aceitação e pela oferenda ao Deus do
sofrimento, em união com o sacrifício de Cristo, para que as almas se salvem. A
primeira e mais nobre forma de caridade pelos irmãos é a ansiedade pela sua
salvação eterna. O amor cristão não conhece confins e elimina até os limites do
espaço e do tempo, permitindo-nos amar todos os que já deixaram esta terra.
3. Caríssimas Irmãs em
Cristo, mantende íntegro o espírito do Fundador! Apraz-me repetir-vos hoje
quanto afirmei por ocasião da sua beatificação. Francisco Faà di Bruno disse
nessa ocasião é "um gigante da fé e da caridade", porque a sua
mensagem de luz e de amor, "longe de se esgotar, se revela mais atual do
que nunca, estimulando à ação todos os que têm a peito os valores
evangélicos" (Insegnamenti X/3 [1988], Pág. 948).
Seguindo o seu exemplo,
prossegui com fidelidade e coragem pelo caminho empreendido, haurindo luz e
força do seu ensinamento e tornando viva e atual a sua extraordinária
experiência e a sua luminosa herança. Sereis sobretudo incansáveis e alegres
anunciadoras de esperança à humanidade do nosso tempo, com muita frequência
obscurecida por violências e injustiças e fechada em horizontes meramente
terrenos. Imitando o vosso Beato, renovai-vos a vós mesmas primeiro na
esperança para poderdes ser, por vossa vez, fecundas portadoras dela na Igreja
e no mundo. Tende "sede" de almas para salvar, ajudando cada irmão e
irmã a descobrir aquele "ainda não" e aquele "além" eterno,
para o qual todos estamos encaminhados. O futuro eterno constrói-se desde
agora, no tempo, através da canseira de todos os dias.
Com estes sentimentos e
votos, invoco sobre vós, caríssimas Irmãs, sobre a vossa Comunidade e todos os
que encontrardes no vosso serviço quotidiano, a celeste intercessão da Virgem
do Sufrágio e do Beato Francisco Faà di Bruno, enquanto vos abençoo de coração,
juntamente com todas as pessoas que vos são queridas.
(Site do Vaticano)
Castelgandolfo, 2 de
Setembro de 2002.
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