Trazemos aos leitores do site Santos, Beatos, Veneráveis e Servos de Deus a memória
de um sacerdote salesiano que foi recentemente beatificado, no dia 30/09/2017. Grande guardião das
vocações, salvou o sonho e projeto de vida dos seminaristas de serem ceifados
pelo comunismo. Foi martirizado pelo regime comunista.
“Mesmo se perdesse a vida, não a consideraria desperdiçada, sabendo que ao menos um daqueles que ajudei tornou-se sacerdote no meu lugar”.
“Age sempre segundo o modelo de Dom Bosco e os outros te seguirão”
“Dar a vida pelos irmãos:
foi o ideal do beato Tito Zeman. Ele foi feito prisioneiro porque ajudava
seminaristas e sacerdotes a sair do país para viverem o próprio ideal
apostólico. Sua prisão foi transformada por ele em sacrifício pela redenção de
outros”.
São algumas passagens da intensa homilia feita pelo cardeal Angelo Amato, SDB, representante do Papa e Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, durante a Eucaristia celebrado no dia 30 de setembro em Bratislava por ocasião da beatificação de Tito Zeman, Salesiano sacerdote, mártir.
São algumas passagens da intensa homilia feita pelo cardeal Angelo Amato, SDB, representante do Papa e Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, durante a Eucaristia celebrado no dia 30 de setembro em Bratislava por ocasião da beatificação de Tito Zeman, Salesiano sacerdote, mártir.
A história de Tito Zeman é um ótimo exemplo de fidelidade à causa de Dom Bosco, particularmente através do zelo e do amor pela salvação da vocação dos jovens salesianos quando se deu na Eslováquia o advento e a instauração do regime comunista.
Tito Zeman, salesiano
eslovaco, nasceu numa família cristã em 4 de janeiro de 1915 em Vajnory, perto
de Bratislava. Desejava ser padre desde os 10 anos de idade e fez os estudos
ginasiais e liceais nas casas salesianas de Šaštin, Hronský, Svätý Beňadik e
Frištak u Holešova. Em 1931, iniciou o noviciado e no dia 7 de março de 1938
emitiu a profissão perpétua no Instituto Sagrado Coração de Roma. Estudante de
teologia na Universidade Gregoriana de Roma, e depois em Chieri, servia-se do
tempo livre para fazer apostolado no oratório. Em Turim, no dia 23 de junho de
1940, chegou à meta tão desejada da consagração sacerdotal graças à imposição
das mãos do cardeal Maurílio Fossati. Celebrou sua primeira Missa em Vajnory no
dia 4 de agosto de 1940.
Na noite entre 13 e 14 de
abril de 1950, o regime comunista proibiu a existência das ordens religiosas na Tchecoslováquia, ocupou com seus milicianos os conventos e as casas dos
religiosos e das religiosas, deportando consagrados e consagradas para
conventos transformados em verdadeiros e próprios campos de concentração. Esta
noite dramática foi chamada na Eslováquia de “A noite dos bárbaros”. A
providência quis que o padre Zeman estivesse naqueles meses na paróquia
diocesana de Šenkvice e, assim, evitasse a prisão. Foi uma ideia do jovem
Salesiano padre Ernesto Macák fazer os jovens clérigos passarem ilegalmente a
fronteira entre a Tchecoslováquia e a Áustria, levando-os a Turim, casa-mãe dos
Salesianos, onde poderiam completar os estudos teológicos, chegar ao sacerdócio
e reedificar espiritualmente a Pátria, depois da queda do comunismo que se
desejava fosse logo.
Missa da solene beatificação |
Quando o padre Zeman experimentou a violência sobre si e viu-a nos coirmãos, assumiu a responsabilidade e inculpou-se por ter organizado a fuga deles para o exterior. Sobre este período o próprio padre Tito declarou: “Quando me prenderam, foi para mim uma Via Sacra. Do ponto de vista psíquico e físico, eu a vivi durante a prisão inicial. Na prática, durou dois anos… Vivia num temor contínuo de que a qualquer momento a porta da minha cela se abrisse e me levassem para fora, para o local da execução. Por isso, vi todos os meus cabelos ficarem brancos. Se retorno às torturas inimagináveis sofridas durante os interrogatórios, digo-te com sinceridade que ainda hoje me vêm calafrios. Serviam-se de métodos desumanos quando me açoitavam e torturavam. Por exemplo, levavam um balde cheio de material do esgoto, nele afundavam a minha cabeça e a mantinham ali até que começava a sufocar. Davam-me pesados pontapés no corpo todo, batiam em mim com qualquer objeto. Depois de um destes golpes, fiquei vários dias surdo”.
Relicário do Beato Tito Zeman na cerimônia de beatificação. |
Sofreu um duro processo durante o qual foi descrito como traidor da pátria e espião do Vaticano e o procurador-geral pediu para ele a pena de morte. Em 22 de fevereiro de 1952, foi condenado a “só” 25 anos de prisão sem condicional, e marcado como “mukl”, ou seja, como “homem destinado à eliminação”. Saiu da prisão, com liberdade condicional, após quase 13 anos de prisão, em 10 de março de 1964, depois de ter sido excluído de inúmeras anistias. Sua saúde, porém, já estava comprometida. Morou com um irmão, trabalhando como operário num depósito de materiais têxteis. Mais tarde permitiram-lhe trabalhar como almoxarife, profissão que exerceu até o fim da vida. Irremediavelmente marcado pelos sofrimentos da prisão, morreu cinco anos depois, em 8 de janeiro de 1969, rodeado de uma gloriosa fama de martírio e santidade. Viveu o seu calvário com grande espírito de sacrifício e de oferta: “Mesmo se perdesse a vida, não a consideraria desperdiçada, sabendo que ao menos um daqueles que ajudei tornou-se sacerdote no meu lugar”. Sua mensagem “Age sempre segundo o modelo de Dom Bosco e os outros te seguirão”, é atual ainda hoje.
O testemunho heroico do Beato Tito Zeman é uma das páginas de fé mais belas que a comunidade cristã da Europa Oriental e a Congregação Salesiana escreveram nos duros anos da perseguição religiosa feita pelos regimes comunistas no século passado. Nele resplende de maneira especial o empenho pelas jovens vocações consagradas e sacerdotais.
http://www.salesianos.com.br/pe-tito-zeman-e-declarado-martir-e-dom-ortiz-arrieta-e-declarado-veneravel/
http://www.infoans.org/pt/secoes/noticias/item/4034-rmg-beatificacao-do-padre-tito-zeman-carta-do-reitor-mor
http://www.infoans.org/pt/secoes/noticias/item/4034-rmg-beatificacao-do-padre-tito-zeman-carta-do-reitor-mor
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