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domingo, 22 de julho de 2018

Beata Maria Toríbia (Maria de La Cabeza), Leiga e Esposa de Santo Isidro Lavrador.



Contexto histórico e resumo biográfico:
A vida desta mulher humilde, escondida com Cristo em Deus, trabalhadora, esposa, mãe de família, viúva e anacoreta, transcorreu na região de Madrid, recém-conquistada pelo rei castelhano Afonso VI aos mouros do reino taifa de Toledo. A região tinha pertencido até então ao califado de Córdoba, onde se falava o árabe e onde os cristãos perseveravam na fé católica segundo os costumes da Espanha herdados dos visigodos; terras que formaram parte da Castela de El Cid (1099), que se esforçava por aclimatar-se aos francos que entravam com os que faziam a Reconquista.
O contexto era de paz instável devido às contínuas incursões dos mouros que não resistiam ao avanço cristão depois da conquista de Toledo (1085). Em um século XII onde o Norte Ibérico é sulcado por enxames de peregrinos europeus que percorrem o caminho em direção ao túmulo do Apóstolo São Tiago Maior (Santiago), que em Toledo se começa a traduzir para o latim a sabedoria transmitida pelos árabes e com uma Córdoba que respira o refinamento do Oriente.
Este era o contexto em que viveu Maria Toríbia, esposa de Santo Isidro e mãe do beato Ilano. A dureza das condições da vida do campo era sentida, sobretudo pelas mulheres. Nesse quadro real se santificou a mulher que seria mais tarde o marco de referência da capital e da corte de um império que estenderia o culto dessa camponesa das Filipinas até à Califórnia.
Segundo as várias testemunhas, realizou milagres similares aos de seu esposo. O texto mais antigo que menciona esta Beata é o manuscrito conhecido como o Códice de João Diácono, uma coleção de milagres realizados por seu esposo Santo Isidro, escrito em latim, com primorosa caligrafia, em meados do século XIII, quando ainda se conservava viva a memória dos santos esposos. O pergaminho se encontrava no arquivo da velha paróquia madrilena de Santo André. O autor poderia ter sido um diácono de Almudeña ou o franciscano Juan Gil de Zamora, secretário de Afonso X, o Sábio.
Até fins do século XVI, quando teve início o seu processo de beatificação, não existe documento escrito que fale dela, falecida por volta de 1175, em Castela, e sepultada no Convento Ermida de Santa Maria. O seu corpo foi encontrado em 1596, mas o seu culto já havia se difundido muito havia vários séculos.
Aquela ermida, por causa da presença da cabeça da Beata, foi denominada de Santa Maria de La Cabeza e a ela mesma foi dado o nome de Maria, embora algumas tradições anteriores ao século XVI referiam que seu verdadeiro nome era Toríbia.
Próximo ao Convento de Santa Maria existia há muito uma confraria intitulada Santa Maria da Cabeça, em que ela era festejada no dia 09 de setembro. Em 1615, quando o processo de beatificação se iniciou, suas relíquias foram transferidas para Torrelaguna. O Papa Inocêncio XII confirmou o culto da Beata em 11 de agosto de 1697.





      Sua linda história... 

Maria de La Cabeza ou Maria Toríbia nasceu em Madrid ou em suas proximidades, aproximadamente em 1175. Seus pais, piedosos e honestos, pertenciam ao grupo dos chamados “mozárabes” (descendentes cristãos dos árabes). Foi esposa de Santo Isidro Lavrador.  

Dá para imaginar com que santidade e trabalhos levou sua vida de mulher casada. Suas ocupações eram cuidar da casa, limpá-la, preparar a comida, fazer o pão com suas próprias mãos, tudo com tanta simplicidade que as únicas coisas que brilhavam em sua vida eram a humildade, a paciência, a devoção, a austeridade e outras virtudes, com as quais era rica aos olhos de Deus. Com seu marido era muito serviçal e atenta. Viviam tão unidos, como se fossem realmente uma só carne, um só coração e uma única alma: como é a vontade de Deus. Ajudava-o nos afazeres rústicos, em trabalhar as hortaliças e em fazer o bem, não menos no exercício da caridade, sem abandonar jamais sua contínua oração.

Como ambos os esposos não tinham maior ambição que o levar uma vida pura e fervorosa dedicada a Deus, um dia se puseram de acordo em separar-se (nota: algo não raro na espiritualidade medieval), permanecendo Isidoro em Madrid com seu filho único Ilano dedicando-se a educação do menino, transmitindo a ele seus ensinamentos. Quando o pai morreu, Ilano mudou-se para Villalba de Bolobras e se tornou ermitão junto a um castelo templário, fazendo os mesmos milagres que seus pais, relacionados com a água, a agricultura e os animais. Maria Toríbia dirigiu-se a uma ermida, situada em um lugar próximo ao rio Jarama: a ermida de Nuestra Señora de la Piedad, em Torrelaguna, onde seria sepultada à sua morte.

Seu novo gênero de vida solitária, quase celeste, consistia em obsequiar a Virgem Maria, fazer longas e profundas meditações, tendo a Jesus como Mestre, limpar a sujeira da capela, adornar os altares e pedir pelos povoados vizinhos ajuda para cuidar da lâmpada (antigamente usava-se óleo, nem sempre fácil de encontrar) e outros afazeres.

Estando ela entregue a esse tipo de vida piedosa, uns homens de má índole, semeadores de cizânia naquele campo límpido de ervas daninhas, comunicaram a Isidro que Toríbia levava uma vida má com os pastores da região. O santo varão, bom conhecedor da fidelidade e do pudor de sua esposa, rechaçou aos delatores como agentes do diabo. No entanto, quis saber donde haviam tirado aquelas especulações. Seguiu-lhe os passos durante alguns dias. Com os próprios olhos viu que sua mulher, como de costume, com a maior naturalidade, se aproximou do rio, que naquele dia estava cheio de água por causa das chuvas abundantes caídas e, com ímpeto, estendeu sua mantilha sobre a corrente e, como se fosse uma pequena barca, passou tranquilamente para a outra margem, sem dificuldade alguma. Com a contemplação direta dessa cena, repetida em outros dias, a honra desta mulher continuou intacta perante o marido e perante os vizinhos da comarca.

Nos últimos anos de sua vida, regressou a Madrid e de novo começou a viver com a admirável vida santa de antes. Depois de morrer seu marido, voltou à sua querida casa da Virgem, onde encontrava já na terra a presença viva de Deus. Nesse lugar morreu cheia de anos e de méritos.


Foi enterrada piedosa e religiosamente mesma ermida, em um lugar especialmente escolhido por medo de uma possível profanação dos sarracenos. Quando estes foram expulsos para suas terras africanas, vigente, todavia, o exemplo da vida santa dessa mulher, foram localizados seus restos, graças a uma inspiração do Céu. Ao retirá-los do lugar onde estavam guardados, todos perceberam um odor especialmente agradável, que nunca haviam sentido na vida.

Seus restos mortais ainda hoje são venerados em Madrid. Muitos asseguram que faz incontáveis milagres, principalmente curas repentinas de dores de cabeça. Todas essas circunstâncias, examinadas por juízes apostólicos, fizeram com que o Papa Inocêncio XII aprovasse seu culto imemorial e que, ultimamente, o Papa Bento XIV lhe concedesse Missa e Ofício próprios, assinalando sua festa para o mês de maio em Madrid e em toda a diocese toledana.


 Fonte de pesquisa: 



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