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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

A SANTA MEDALHA MILAGROSA DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS: o sentido mariológico e teológico nela contido.




1. A Imaculada Conceição de Maria e sua Assunção ao Céu em corpo e alma.
Maria aparece a Santa Catarina Labouré, com sinais claros de que era Imaculada e estava no Céu em corpo e alma.
Sua túnica e véu brancos, são sinais de sua pureza alvíssima.
Seu manto azul celeste denota sua inigualável bem-aventurança acima de todos os Anjos e Santos juntos.
Suas vestes faziam um som de "fru-fru" (como a própria Santa testemunhou) quando Maria se mexia, sinal que Ela é um ser corpóreo, não apenas espiritual. Está no Céu, verdadeiramente, em corpo e alma.

2. Maria é a Vencedora do Inferno, bem como de todas suas artimanhas, armadilhas, heresias e planos para  tentar destruir  a Igreja e a salvação das almas:
Seus pés pisam e esmagam a cabeça da serpente infernal. A serpente é símbolo bíblico do demônio, inimigo de Deus. É imagem e sinal do mal e do pecado, que procuram e, muitas vezes,  conseguem,  devido ao livre arbítrio humano, deformarem e até destruírem as almas, feitas para serem imagens e  semelhanças de Deus, suas filhas por adoção e herdeiras do Céu .
Maria é vencedora contra o demônio e todo o inferno. Ela, sozinha, por ser Imaculada e porque, durante  toda  a vida, batalhou contra a antiga serpente, com suas orações, jejuns e sacrifícios, venceu todo o inferno. Disso dão testemunho santos doutores da Igreja e santos devotíssimos de Maria, como: Santo Afonso Maria de  Ligório, São Bernardo de Claraval, São Cirilo de Alexandria, São Boaventura ou São Luís Maria Grignion de  Montfort.
Maria não precisava fazer jejuns ou sacrifícios para si,  para sua "cura interior", pois, era Imaculada, mas, à semelhança do Cristo, seu Filho, quis sofrer  por nós, seus filhos e filhas  adotivos e entregues na Cruz  por Jesus.
Assim, Ela tem  sim poder, dado por Deus, de  esmagar a cabeça (fonte dos pensamentos, dos planos e da  vontade) da serpente diabólica,  para tolher-lhe, o  máximo que pode, suas maldades e planos malignos.  Mas, Ela também precisa  de nós. Precisa de nosso assentimento, de nossa  colaboração. Por isso  que em quase todas as suas aparições nos faz a súplica: "rezem, rezem e rezem"; "façam penitências e ofereçam a Deus sacrifícios por seus pecados e pelos do mundo inteiro"...

3. Maria é nossa Intercessora perante o Mediador Universal, seu Filho, Deus-Homem verdadeiro.
A própria oração da medalha, que circunda a Virgem, denotam o caráter e missão intercessória de Maria.
Devemos ter profunda confiança no poder de súplica de Maria, pois, como provou em Caná da Galileia, tudo pode alcançar de seu Filho Jesus.
Maria está de pé sobre um globo, sinal de que, como criatura perfeitíssima e cheia de Graça, está acima tudo que foi criado, abaixo, somente, da Humanidade Santíssima da Pessoa Divina de Jesus.
Os raios multicores e belíssimos que emanavam dos vários anéis que a Virgem trazia nas mãos, raios se espargiam sobre o globo, são sinais das graças, muitas graças, que Ela pode e quer nos alcançar de seu Filho, Ela, por meio da qual nos veio a própria Graça, Jesus Cristo.

4. Maria, como Mãe de Deus, é sua principal  cooperadora na Redenção humana.
No verso da medalha, contemplamos de imediato um "M" encimado por uma cruz. O "M" simboliza Maria e a Cruz, seu Filho Jesus. Notem que o "M" e a cruz estão "entrelaçados", isto é , unidos. A Cruz (Jesus Cristo) é, obviamente,  superior à Virgem Maria, mas, Ela, por  ser  sua  Mãe é perfeitamente consanguínea a Ele, em  sua natureza humana, pois, Jesus recebeu completamente, todo o seu "material  genético, com uma  única diferença: Jesus é masculino, portanto,  podemos dizer,  um  "clone" masculino de Maria. Assim, pela através de suas naturezas humanas, Mãe e Filho foram e são plenamente unidos, uma "só carne", com união, inclusive, por meio de um laço fortíssimo de puro Amor entre suas duas Santíssimas Almas.

Também a medalha traz os  Sagrados Corações de  Jesus e  de Maria lado a lado. Claro que o Coração de Jesus é muitíssimo superior em honra e glória ao Coração de Maria, porém, convém que a Mãe do Rei esteja ao lado de seu amado Filho, pois, como dissemos acima, um amor incomensurável os une eternamente no Céu.



5. Maria é a Mãe e Rainha da Igreja, Corpo Mistico de Cristo.

As doze estrelas que circundam o verso da medalha são de grande simbolismo, tanto devocional quanto  bíblico. Devocionalmente,  poderíamos atribuir-lhe o significado de serem suas principais virtudes:
1. Amor (a Deus e ao próximo) imensurável.
2. Profunda humildade.
3. Desapêgo total de si  mesma.
4. Espírito de pobreza.
5. Pureza imaculada, sem  o menor traço de defeito ou corrupção.
6. Modéstia angelical, tanto interiormente, quanto exteriormente.
6. Paz interior inabalável.
7. Fortaleza invencível, mesmo nas mais intensas provações e sofrimentos.
8. Sabedoria e Prudência  em tudo que fez e faz.
9. Temperança em todos os  seus atos e gestos.
10.  Profunda confiança e abandono à vontade de Deus.
11.  Obediência completa e "cega" à vontade de Deus em  sua vida.
12. Contínuo espírito de serviço a Deus e ao seu Reino.

Mas, a Sagrada Escritura, em Apocalipse no capítulo 12, versículo 1, também cita a coroa da Mulher  vestida  de sol: "Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas".

Maria,  certamente, é essa Mulher, mostrada a São João Evangelista, coroada de estrelas.
O número 12 é bem significativo das Sagradas Escrituras: 12 são as tribos de Israel. Também são 12 os Apóstolos, colunas da Igreja.
Maria é, portanto, por ser a Mãe de Jesus, a principal Filha de Israel (povo de Deus eleito)  e a principal Filha da Igreja (novo povo de Deus, redimido por Cristo na Cruz), sua Mãe (porque a Igreja é o Corpo Místico de Cristo) e sua Rainha  e Senhora. Portanto, as doze estrelas, biblicamente falando, apontam para Maria como aquela que, por  ter sido a mais perfeita, santa e fiel de todas as criaturas, se torna, pelos laços que A unem a Cristo  (já descritos  acima), centro do Antigo Testamento e, também, por continuidade, centro do Novo Testamento. 

Espero e rogo  a Deus que tudo isso que  for escrito ajude a quem ler a olhar para  a Medalha  Milagrosa de Nossa Senhora  das Graças com um novo olhar. Não como  um mero "amuleto" ou "talismã", coisa  que em absoluto ela é, mas, como um símbolo mariano riquíssimo e significativo, um verdadeiro "livro" de pura doutrina católica e mariológica. 

Giovani Carvalho Mendes, ocds
(Ir. Giovani Maria da Encarnação, ocds)

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