Primeiro texto biográfico
Sem deixar de ser mera dona de casa,
Ana Maria Taigi foi conselheira de
nobres e eclesiásticos. Acompanhou e profetizou acontecimentos vistos na
própria luz de Deus, que nunca a abandonou.
Observando
atentamente a História com os olhos da Fé, contemplamos os "passos de
Deus" conduzindo os acontecimentos, segundo seus desígnios. Para tal, não
é incomum a escolha do Altíssimo recair sobre os mais débeis e simples de coração,
para maior confusão dos soberbos. Várias figuras do Antigo Testamento dão
testemunho disso, como Gedeão, Davi, Judith, Ester e muitos outros. E se
avançarmos o Novo Testamento adentro, encontraremos ainda, entre tantos, Santa
Joana d'Arc, São João Bosco, Santa Bernadete ou os pastorinhos de Fátima.
Assim o afirma
São Paulo: "O que é fraco no mundo, Deus o escolheu para confundir os
fortes" (I Cor 1, 27). Sendo Ele mesmo a Humildade, Se esconde atrás dos
humildes para tornar evidente sua ação. E para as dificuldades de cada época
histórica Ele dá a solução, a resposta e o remédio certo, segundo as exigências
do momento.
Para fazer face
à irreligião e ateísmo crescentes nos fins do século XVII, suscitou Deus, de
diversos modos e em lugares distintos, almas de escol, a fim de reconduzir a
humanidade que se perdia no pecado e na incredulidade. Entre estas houve uma
que foi, sem dúvida, nas palavras de Louis Veuillot, a "resposta divina a
todos os vitoriosos do campo de batalha, da política e das academias", e
cujas orações, conforme afirmação do Cardeal Salotti, "tinham diante de
Deus mais poder que os exércitos napoleônicos": a Beata Ana Maria Taigi.
Infância no seio da honrada burguesia de Sena
Nascida a 29 de
maio de 1769, já no dia seguinte recebeu o nome Ana Maria Antonia Gesualda
Giannetti, na pia batismal da Igreja de São João Batista, de Sena. Seus pais,
Luigi Giannetti e Maria Santa Masi, procediam da pequena, mas próspera
burguesia da cidade. Luigi herdara de seu pai uma conceituada farmácia,
considerada como um dos melhores boticários de toda a Toscana.
Durante seis
anos, Anna brincará despreocupada entre os vinhedos, ciprestes e olivais
daquelas arenosas planícies toscanas, coroadas pelas rubras muralhas dos
roseirais, onde vivia a família Giannetti, em uma bela casa da Rua San Martin.
Filha única do jovem casal, a encantadora pequena crescia recebendo os
primeiros ensinamentos cristãos da boa mãe, que modelava seu caráter,
inculcando-lhe o senso do dever e da responsabilidade, sem fazer-lhe perder a
alegria e vivacidade que sempre a caracterizaram.
Entretanto, os
anos de alegria duraram pouco, pois Luigi, de espírito imprevidente e
extravagante, não tardou em ter de vender tudo a fim de pagar suas dívidas e
abandonar a cidade. Na completa ruína, todavia com a honra salva, decidiu
recomeçar a vida bem longe. E para tal escolheu a Cidade Eterna.
Os primeiros anos em Roma
A vida em Roma
trouxe uma mudança radical nos hábitos da família, que passou a morar em uma
pobre e pequena casa no bairro Monti. Os pais de Ana viram-se obrigados a
trabalhar como empregados em casas de família, ganhando tão somente o
necessário para garantir parca alimentação.
Nesse período, a
pequena Anna foi matriculada na escola gratuita da Via Graziosa, sob os
cuidados do Instituto Maestre Pie Filippine. Por suas maneiras distintas,
espírito afetuoso e verdadeira piedade, a menina tornou-se a alegria das irmãs
encarregadas da escola. Ali aprendeu lições de religião, leitura, cálculo e
trabalhos domésticos, mas da arte da escrita só soube grafar o próprio nome,
pois foi obrigada a interromper seus estudos devido a uma epidemia de varíola.
Não mais
frequentando os bancos escolares, viu-se na contingência de trabalhar a fim de
ajudar nas despesas familiares. Empregou-se em um pequeno ateliê, onde cardava
a seda e cosia. Regressando do trabalho, dedicava-se às prendas domésticas. Ao
contrário dos pais, mesmo na adversidade, a jovem mantinha um constante
sorriso.
Vida de vaidades mundanas
Com o passar dos
anos, Ana tornou-se uma bela e vaidosa moça, sonhando em constituir um feliz e
próspero lar. Interessava-se muito pela literatura romântica da época e era assídua
na participação de festas e bailes. Em 1787, abandonou o trabalho no ateliê
para empregar-se como doméstica no Palácio Maccarani, onde trabalhava o pai. A
patroa, a senhora Maria Serra Marini, satisfeita com a nova empregada, ofereceu
ofício também à mãe, bem como alguns cômodos no palácio, e para lá se trasladou
a família Giannetti.
A senhora Serra
Marini, encantada com a jovem, não cessava de elogiá-la, deixando-a cada vez
mais vaidosa. Presenteava-a com os vestidos que não mais queria usar, e Anna os
aceitava comprazida. A influência desta vida mundana, aliada a seu temperamento
amável e extrovertido, ameaçavam sua honestidade, e só não caiu nos abismos do
mal graças a seus bons princípios. Em 1790, se casou com Domenico Taigi, um
servidor do vizinho Palácio do Príncipe Chigi. Fixaram residência em um pequeno
apartamento na ala de serviço do Palácio Chigi, oferta do generoso Príncipe aos
novos cônjuges.
Domenico se
orgulhava da bela esposa, que se adornava elegantemente, fazendo-a ser admirada
por todos nos bailes, teatros de marionetes e passeios. Ela levava a fidelidade
matrimonial muito a sério, cumprindo todas as suas obrigações de esposa e
tomando o marido como seu senhor, tendo-lhe uma inteira submissão afetuosa,
suavizando aos poucos seu difícil caráter. Aos vinte e um anos nasceu-lhe o
primeiro filho.
Uma conversão plena e completa
Até então, nada
fazia entrever o especial chamado a que fora predestinada pela Providência.
Pouco a pouco, contudo, a graça foi se fazendo sentir em sua alma. Sem
explicação aparente, uma angústia e uma inquietação começaram a tomar conta do
coração da jovem mãe, mostrando-lhe o vazio daquela vida.
Em um domingo,
passeando com o esposo pela colunata de Bernini, na Praça de São Pedro, cruzou
ela com um religioso Servita de Maria, o padre Angelo Verardi, a quem nunca
tinha visto. Os dois se entreolharam e o sacerdote ouviu uma voz sobrenatural
advertindo-o: "Preste atenção nesta mulher, ela lhe será confiada um dia e
tu trabalharás por sua conversão. Ela se santificará, porque Eu a escolhi para
ser uma santa".
Ana percebeu
aquele olhar fitando-a com profundidade, porém não o entendeu. Mas, desde
então, começou a perder o gosto pelas coisas do mundo. Tentou aquietar a
ansiedade falando com seu confessor, mas este se limitou aos conselhos
habituais para as senhoras casadas: seja fiel e obediente a seu marido...
Buscou, então,
outros confessores. No entanto, nenhum conseguiu devolver-lhe a paz de alma.
Por fim, decidiu visitar a Igreja de São Marcelo, onde se casara, e encontrou
um sacerdote no confessionário. Era o padre Angelo Verardi! Ao ajoelhar Ana
para confessar-se, o sacerdote ouviu de novo a mesma voz: "Olhe-a... Eu a chamo à santidade". Cheio de alegria e
satisfação, disse-lhe ele: "Afinal viestes, minha filha. O Senhor vos
chama à perfeição e vós não podeis recusar o seu chamado". Contou-lhe, então, a mensagem recebida na
Praça São Pedro. Finalmente Deus concedera àquela alma escolhida a graça da
conversão. A partir daí, renunciou a todas as vaidades do mundo e não
participou mais de diversões fúteis, encontrando o maior consolo e alegria na
oração.
Início de uma nova vida
Começava para
esta bem-aventurada, de condição simples e desconhecida, uma vida de oração,
penitência e austeridade. Visões, revelações, sofrimentos, curas e milagres
serão agora o seu cotidiano, sem nunca deixar de cumprir seus deveres de esposa
e mãe.
Sete crianças abençoaram aquele lar, sendo três
meninos e quatro meninas. Entretanto, quis
a Providência levar três deles ainda pequenos. Como mãe extremosa, velava
pela educação dos pequenos, transformando
a casa em um verdadeiro santuário. A ordem reinava em cada canto. Nas
paredes, símbolos religiosos dispostos com gosto e piedade. Uma lamparina se
mantinha acesa continuamente em honra de Maria Santíssima e nunca se secava a
pia de água-benta, reabastecida todos os dias para afugentar os demônios.
A rotina seguia
uma disciplina quase monacal, com horários de orações, de refeições, de
conversa e lazer, sempre na harmonia e paz características de uma família
católica. Nunca discutiu com o marido, conseguindo mediar as dificuldades entre
ambos, e jamais deixou de corrigir as crianças, velando por sua inocência e
pela salvação de suas almas.
Com o
consentimento de Domenico, depois da conversão, decidira ela entrar para a Ordem Terceira Trinitária, considerando
uma glória portar como insígnia seu escapulário branco com a cruz azul e
vermelha. Porém, teve de esperar ainda vários anos para receber o santo hábito
trinitário, o que se deu somente em 1808.
Neste dia tão
esperado, ouviu a voz do Salvador a lhe dizer: "Eu te destino para converter as almas pecadoras, para consolar as
pessoas de todas as condições: padres, prelados e até mesmo meu Vigário. A
todos que escutarem tuas palavras, Eu os cumularei com graças especiais...
Contudo, tu encontrarás também inúmeras almas falsas e pérfidas, e te tornarás
motivo de escárnio, desprezo e calúnias. Mas tudo suportarás por meu amor".
Ana respondeu um tanto atemorizada: "Meu Deus, quem escolhestes para esta
obra? Sou uma indigna criatura". A mesma voz lhe replicou: "Assim o quero. Sou Eu que te guiarei
pela mão, como um cordeiro levado por seu pastor ao altar do sacrifício".
Graças místicas extraordinárias
As graças
dispensadas a ela foram singulares e especialíssimas. Algum tempo depois de
haver sido chamada à via da perfeição, começou
a ver junto a si um globo de luz sobrenatural, um "sol místico", como o designava, no qual tinha longos colóquios com o Divino Criador, via os acontecimentos presentes e previa os
futuros, perscrutava o segredo das
almas e dos corações, como se vê num
filme ou se lê num livro. Tal fenômeno a acompanhou até o fim de sua vida.
Em suas
primeiras aparições, a luz deste "sol" tinha a cor de chama, e o
disco era como de ouro. No entanto, à medida que a bem-aventurada progredia na
virtude, ele se tornava mais brilhante e se revestia de uma luz mais intensa
que sete sóis juntos. Tal resplendor
ficava diante dela a uma distância de um metro e a uns vinte centímetros acima
da sua cabeça. Havia uma coroa de
espinhos circundando, horizontalmente, todo o diâmetro do globo, e desta desciam dois espinhos compridos, um
à direita, outro à esquerda do círculo, cruzando-se com as pontas arqueadas
para baixo. No centro da esfera
havia uma mulher sentada, majestosa e com a fronte erguida em direção ao Céu,
contemplativa, brilhando com a mais viva luz.
A respeito deste
fenômeno sobrenatural, testemunhou o Cardeal Pedicini, que conviveu com Ana e
foi seu confidente por 30 anos: "Durante
47 anos, dia e noite, em seu lar, na igreja ou na rua, ela via, em seu ‘sol',
cada vez mais brilhante, todas as coisas
físicas e morais desta Terra; ela
penetrava nos abismos e se elevava ao Céu [...]. Ela via os lugares, as
pessoas tratando de negócios, suas vias políticas, a sinceridade ou duplicidade
dos ministros, toda a política subterrânea de nosso século, assim como os
decretos de Deus para confundir os grandes personagens. [...] Ademais, ela
exercia um apostolado sem limites, conquistando as almas, em todos os pontos do
globo, preparando o terreno para os missionários; o mundo inteiro foi o teatro
de seus trabalhos".
Via ainda, em
seu globo de luz, as almas que se
salvavam ou se perdiam para sempre. Se alguém se aproximava dela em estado
de graça, a luz ficava mais intensa e ela sentia o perfume da virtude. Se, ao
contrário, era uma alma pervertida, o globo ficava em trevas e ela sentia o mau
odor do pecado.
Era procurada
por gente do povo, nobres, diplomatas e eclesiásticos, que lhe pediam conselhos
para os mais variados campos da espiritualidade e da vida humana. Por mais que
lhe oferecessem algo em troca de sua ajuda, recusava com total despretensão e
humildade, dizendo: "Não sirvo a
Deus por interesse. [...] Eu me confio a Ele, que provê, a cada dia, minhas
necessidades". Todos a respeitavam e a temiam, pois refletia em seu
próprio físico a nobreza de sua alma: uma simples doméstica com porte de
rainha.
Dons especiais: curas e milagres, visões e previsões
Arrebatada em
êxtase a qualquer momento ou lugar, também padeceu toda espécie de
enfermidades, ficando acamada por longos períodos, sem poder ir à igreja.
Recebeu, por isso, autorização do Papa Gregório XVI para ter um oratório
privado na própria casa.
Inúmeros foram,
também, os fatos da vida comum de todos os dias a atestar seus dons especiais,
sobretudo os de cura e milagre. Um dia, por exemplo, sua neta colocou um caroço
de ameixa num olho, perdendo praticamente esta vista. A Beata, fazendo o sinal
da cruz no olho da menina, com o óleo da lamparina que mantinha acesa em casa,
curou-a a ponto desta já poder ir à escola no dia seguinte. Seu esposo também
foi objeto de sua ação miraculosa, quando em uma manhã de inverno teve um
ataque apoplético, estando na Igreja de São Marcelo. Com suas orações, Ana lhe
obteve a cura prodigiosa e instantânea.
Em seu misterioso "sol", ela previu vários
fatos, entre eles a eleição de muitos Papas, posteriores a Pio VII, e
predisse com antecedência acontecimentos que teriam lugar sob seus
pontificados. Um deles, digno de nota, foi quando, ao rezar na Basílica de São Paulo
Extramuros, tomada por um êxtase viu o Cardeal Cappellari, ali presente, como
futuro Papa com o nome de Gregório XVI. E assim se cumpriu. Do mesmo modo
anunciou a eleição do padre Mastai-Ferretti, como Pio IX, em um rápido conclave
de apenas 48 horas, e previu todas as tribulações daquele pontificado, quando
este sacerdote ainda estava na nunciatura do Chile.
Apesar de sua pouca instrução, falava dos mistérios
de nossa Religião com a profundidade de um teólogo. Deixava os
mais doutos surpreendidos, dando respostas precisas e com justeza teológica.
Por ela não saber escrever, era Mons. Raffaeli Natali - principal postulador de
sua causa de beatificação e que vivia junto à família Taigi - quem anotava as
alocuções e mensagens divinas recebidas pela Beata.
Vítima de amor pela Igreja até o fim
A bem-aventurada
foi "a vítima da Igreja e de
Roma", atestam aqueles que com ela conviveram de perto: o confessor,
frei Filippo di San Nicola, seu confidente e diretor espiritual, o Cardeal
Pedicini, e o próprio Mons. Raffaeli Natali. Seu amor à Igreja a consumia. E
muitas vezes a Providência lhe pedia sofrimentos pelo bem do Corpo Místico de
Cristo sem lhe revelar exatamente os seus fins.
Em um de seus
êxtases, Maria Santíssima lhe ditou uma oração que ela tornou conhecida por
meio do Cardeal Pedicini, o qual a apresentou a Pio VII, que a aprovou e
enriqueceu com indulgências. Esta oração pede pela Igreja, terminando com as
seguintes palavras: "Obtende-me este grande dom, que o mundo inteiro não
seja senão um só povo e uma só Igreja" (vide oração abaixo).
Nove meses de acerbos sofrimentos e santa morte
Em sua última enfermidade, que durou nove meses, quis Nosso Senhor fazê-la
partícipe de suas dores nas últimas horas da Cruz, sofrendo o abandono total. Havendo
recebido o Santo Viático numa quarta-feira e a Extrema Unção no dia seguinte,
sentia as dores da morte. Porém, todos pensavam não haver ainda chegado seu
fim, deixando-a tranquila e só. Na madrugada da sexta-feira, dia 9 de junho de
1837, Mons. Natali teve a premonição de seu passamento para a eternidade e foi
até a casa da doente, encontrando-a sozinha, em seus últimos momentos. Rezou as
orações da Igreja para esta hora extrema, deu-lhe a derradeira absolvição, e a bem-aventurada
partiu para a Mansão Celestial.
A vida de Anna
Maria Taigi foi uma resposta divina ao racionalismo e ceticismo então
triunfantes, ao orgulho dos poderosos e ao materialismo do século: "Deus
resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes" (Pr 3, 34).
Seu corpo permanece incorrupto na Igreja de São Crisógono, dos Trinitários de Roma, como a atestar a vitória da Igreja, vista em seu "sol" luminoso: "O Senhor quer purificar o mundo e sua Igreja, para a qual prepara um renascimento milagroso, triunfo de sua misericórdia".
Peçamos que este
triunfo venha o quanto antes e se faça ouvir, em nosso mundo secularizado e
esquecido das coisas do Alto, a mensagem que sua vida encerra: "Deus
existe, o sobrenatural existe"!
Irmã Juliane
Vasconcelos Almeida Campos, EP
ORAÇÃO
(Ditada pela Virgem durante um êxtase)
Prostrada a vossos pés, grande Rainha do
céu, eu os venero com o mais profundo respeito e confesso que sois Filha de
Deus Pai, Mãe do Verbo Divino, Esposa do Espírito Santo.
Sois a tesoureira e a
distribuidora das divinas misericórdias. Por isso os chamamos de Mãe da Divina
Piedade. Eu me encontro em aflição e angústia. Dignai-vos mostrar-me que me
amais de verdade. Os peço igualmente que rogueis com fervor à Santíssima
Trindade para que nos conceda a graça de vencer sempre ao demônio, ao mundo e
as más paixões; graça eficaz que
santifica aos justos, convertei aos pecadores, destruí as heresias, iluminai aos
infiéis e conduzi os judeus à verdadeira
fé.
Obtenha-nos que o mundo inteiro
forme um só povo e uma só Igreja. Amém!
x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x
Segundo texto biográfico
Beata Ana Maria Taigi, Padroeira das mães de
família.
Ana Maria Antonia Gesualda nasceu na bela
cidade toscana de Siena, na Itália, em 29 de maio 1769. Era filha única de um
conceituado farmacêutico de Siena. Quando os negócios pioraram, a família foi
obrigada a emigrar para Roma em busca de melhores condições de vida. Os pais de
Ana trabalharam no serviço doméstico em casas particulares, enquanto a menina
era internada em uma instituição que se encarregava da educação de crianças sem
recursos.
Durante dois anos ela permaneceu nas
Mestras Pias Filipinas, mas apenas conseguiu rudimentos de leitura e escritura.
Na idade de treze anos, Ana começou a ganhar o pão com seu trabalho. Durante
algum tempo esteve empregada em uma fábrica de tecidos de seda e depois
trabalhou no palácio dos Chigi, onde já estavam empregados seus pais.
Mas a vida mundana de luxo fácil que a
cidade eterna proporcionava chegou a tentar esta jovem. Conseguiu passar ilesa
porque se casou, aos vinte e um anos, com Domingos Taigi, servidor do palácio
Chigi. Ele era um homem piedoso, mas de caráter difícil e grosseiro, que nunca
compreendeu os dons especiais da esposa.
Vivendo no ambiente da corte, o casal
acabou buscando a felicidade fútil das festas, vaidades, diversões e fortuna.
Depois de três anos ela viu o vazio de sua vida familiar e o quanto estava
necessitada de Jesus. Foi a uma igreja e fez uma confissão profunda com um
sacerdote que se tornou seu diretor espiritual. Foi então que ocorreu sua
conversão.
Ana Maria iniciou uma nova vida dedicada
aos deveres cristãos e a procura da santificação. Ela quis se entregar a duras
penitências, mas o padre a fez compreender que seu sacrifício consistia no amor
e fidelidade ao sacramento do casamento e no papel de mãe.
Por 49 anos ela, finíssima no trato, teve
a oportunidade de exercitar continuamente a paciência e a caridade. Conhecendo
todo o valor do casamento e considerando-o como uma altíssima missão recebida
do céu, a Beata transformou a sua casa em um verdadeiro santuário, onde Deus
tinha o primeiro lugar. Dócil ao marido, fazia com que nada faltasse à família
e o pouco que tinha era sempre dividido com os pobres e doentes que nunca
deixou de ajudar.
A sua família foi crescendo com a chegada
de sete filhos, três dos quais morreram ainda pequenos, e dos seus velhos pais.
Mas ela encontrava tempo para ajudar nas despesas da casa costurando sob
encomenda. Mais tarde, quando a filha Sofia ficou viúva com seis filhos, foi
Ana Maria que os acolheu e criou dando-lhes uma formação reta.
Ana Maria era devotíssima da Ssma.
Trindade, de Jesus Sacramentado e da Paixão de Nosso Senhor; tinha uma
terníssima devoção por Nossa Senhora. Em 26 de dezembro de 1808, ingressou na
Ordem Secular Trinitária e tornou-se fervorosa serva e adoradora da Santíssima
Trindade.
Favorecida com dons especiais da profecia,
tornou-se conhecida por seus conselhos no meio do clero. Ana Maria se tornou
muito respeitada durante todos os quarenta e sete anos em que "um sol
luminoso aparecia diante dos olhos, onde via os acontecimentos do mundo, os pensamentos
e as almas das pessoas", como ela mesma descrevia.
Foi conselheira espiritual de vários
sacerdotes, hoje todos Santos, como Vicente Pallotti, Gaspar Del Búfalo,
Vicente Maria Strambi, de nobres e outras personalidades eclesiásticas
ilustres.
Na sua declaração juramentada, e que pode
ser consultada no processo de beatificação de Ana Maria, o Cardeal Pedicini se
refere aos portentos que ele presenciou nessa mulher extraordinária. Diz o
citado Cardeal que Ana Maria Taigi via os pensamentos mais secretos das pessoas
presentes ou ausentes; os acontecimentos dos séculos passados, e a vida que
levavam as mais importantes personagens. Este dom era o conhecimento de todas
as coisas em Deus, na medida em que a inteligência humana é capaz de conhecê-lo
nesta vida. E acrescenta o Cardeal: "Me sinto impotente para descobrir as
maravilhas de quem fui confidente durante 30 anos".
A Beata Ana Maria faleceu em 9 de junho de
1837. O Papa Bento XV a beatificou em 1920, designou sua celebração para o dia
de sua morte e a declarou padroeira das mães de família. O decreto de
beatificação a aponta como: "prodígio único nos fastos da santidade".
O corpo da Beata Ana Maria Taigi, que prodigiosamente se conservou incorrupto,
está guardado na Igreja de São Crisógono, em Roma, numa Capela a ela dedicada.
Revelações
de Deus à Beata Ana Maria Taigi
Deus enviará ao mundo duas espécies de
castigos. Primeiro virão vários castigos terrenos: vão ser muito maus, mas
serão mitigados e encurtados pelas orações e penitências das almas santas. Haverá grandes guerras nas quais morrerão
pelo ferro milhões de pessoas (as duas Grandes Guerras do séc. XX?). Mas depois
destes castigos terrenos virá o celeste que será dirigido aos impenitentes.
Este castigo será muito mais horroroso e terrível, não será mitigado por coisa
alguma, atuará em todo seu rigor e será universal. Contudo, em que este castigo
consistirá Deus não o revelou a ninguém, nem mesmo aos Seus mais íntimos
amigos.
Trevas excessivamente espessas se
espalharão pelo mundo inteiro e envolverão a terra durante três dias e três
noites. Durante essas trevas será absolutamente impossível distinguir-se
qualquer coisa. O ar ficará empestado pelos demônios que aparecerão sob todas
as formas, as mais odiosas. Essa pestilência atingirá não exclusivamente, mas
bem principalmente, os inimigos da religião, ocultos ou conhecidos, com exceção
de alguns poucos que Deus converterá logo depois.
Enquanto durarem as trevas será impossível
a luz natural. Aquele que por curiosidade abrir as janelas, olhar para fora, ou
sair pela porta, cairá morto instantaneamente. Durante esses dias devemos ficar
em casa rezando o Rosário e invocando a misericórdia de Deus. As velas bentas
preservarão da morte, assim como a invocação a Maria e aos Anjos.
(das Atas de Beatificação de Ana Maria
Taigi)
Em outra ocasião Nosso Senhor comunicou a
Beata o grande e próximo triunfo de Sua Igreja. Nosso Senhor disse-lhe:
“Primeiro cinco grandes árvores têm de ser cortadas, a fim de que o triunfo
possa vir. Essas cinco grandes árvores são cinco grandes heresias”. A Serva de
Deus disse então: “Duzentos anos apenas serão suficientes para que tudo isto
aconteça?” Nosso Senhor respondeu: “Não levará tanto tempo quanto tu julgas”.
3 comentários:
E uma biografia inspiradora como mãe desejo seguir esses exemplos para glória de Deus
Linda história!
Exemplo de família cristã. Exemplo de entrega a Deus. Compromissada com os desígnios que Deus lhe atribuiu.
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