Foto usada na Beatificação de Chiara Luce Badano |
Hoje trago ao conhecimento dos leitores do Blog uma belíssima história: a vida da jovem e contemporânea Beata Chiara (em português: Clara) Badano, dita Chiara "Luce" (Luz), ficando assim, mais conhecida como Beata Chiara Luce (Sassello, 29 de outubro de 1971 - Turim, 07 de outubro de 1990).
Por sua juventude (morreu aos 19 anos), foi escolhida para ser um dos padroeiros da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro, em 2013.
Chiara Badano era bonita, gostava de esportes e os seus amigos consideravam-na uma pessoa extraordinária. Aos 17 anos foi-lhe diagnosticado um tumor ósseo e começou a enfrentar a doença confiando tudo a Deus. Transmitia a todos serenidade, paz e alegria, e, diante do sofrimento, dizia: "Se é assim que queres, Jesus, também o quero". A sua vida é um exemplo para muitas pessoas. Poucos dias antes de sua partida para o céu dizia aos seus amigos: "Eu já não posso correr, mas, gostaria de vos passar a chama, como nas Olimpíadas".
Após sua beatificação, e, já antes dela, muitos jovens a consideram como modelo para todos seguirem. Foi dito que "isso ajudará a nadar contra a correnteza do mundo consumista que se vive na atualidade".
ASPECTOS FÍSICOS E PSICOLÓGICOS
Chiara Luce: uma jovem bela, feliz e que amava Jesus e a Igreja |
Era uma "esportista por excelência". Gostava de patinar, das montanhas e do mar. Lembra sua mãe: "era uma menina cheia de vida. Gostava de rir, cantar e dançar. Era uma jovem maravilhosa", complementa.
Desde que era pequena distinguia-se pelo amor e caridade que tinha pelos "últimos", a quem cobria de atenções e serviços. Muitas vezes renunciava a momentos de divertimento. Quando estava no jardim da infância, guardava as suas economias numa pequena caixa para as "crianças de cor"; e sonhava que um dia poderia ir à África como médica para cuidar delas. No período da escola primária dava a sua merenda a uma colega pobre. Quando Chiara contou isso à mãe, ela começou a colocar todos os dias duas merendas. Ainda assim, Chiara continuou a distribuir para as crianças pobres, porque nelas via a face de Jesus Cristo.
A Beata Chiara em sua Primeira Comunhão |
Tinha um profundo amor pelo próximo, pela Igreja Católica e pelo Papa João Paulo II. Certo dia, sua mãe foi à escola onde Chiara estudava para conversar com uma professora que, perplexa, disse à mãe: "Na vida, a sua filha será juíza ou advogada". Em casa, ela pede uma explicação sobre isso à filha. Chiara então lhe explica que a professora, que não acreditava em Deus, falou mal do Papa, pois, o critica pelas inúmeras viagens: "Eu me levantei e lhe disse: 'Não concordo com o que a senhora disse'. E acrescentei que o Papa viaja unicamente para evangelizar o mundo".
Desde muito jovem fez o propósito de "não doar Jesus aos amigos com as palavras, mas, com o comportamento". Tudo isso nem sempre é fácil; de fato, repetirá algumas vezes: "Como é duro ir contra a corrente"! E, para conseguir superar cada obstáculo, repetia: "É por ti, Jesus"!
BIOGRAFIA
Chiara Luce nasceu em uma família simples. Filha de pais católicos praticantes, chamados Maria Teresa e Ruggero Badano. Filha única, depois de 11 anos de tentativas para ter um filho. Sua chegada é considerada uma graça de Nossa Senhora das Pedras. Foi educada nos ensinamentos de seus pais para se tornar uma cristã. "Mas percebemos logo que não era filha apenas nossa. Era, antes de tudo, filha de Deus e, como tal, a devíamos educar, respeitando a sua liberdade", conta a sua mãe, Maria Teresa.
Aos 9 anos entrou como Gen (Geração Nova) no Movimento dos Focolares. Viveu a sua espiritualidade e, pouco a pouco, envolveu os pais. Desde então, a sua vida foi uma subida, tentando "colocar a Deus em primeiro lugar". Prosseguiu os estudos até o Liceu clássico e ofereceu a Jesus as suas dificuldades e sofrimentos.
Aos 13 anos, começou a fazer parte do Gen 3 da Ligúria e, pela sua coerência de vida, era por vezes muito criticada por amigas e até mesmo por sacerdotes. Foi ridicularizada, porque era uma Gen e ia à Missa também durante a semana. Participava com atenção da aula de religião, procurava amar a todos os professores, mesmo os mais difíceis e era muito disponível para ajudar a todos. Por isso, as crianças chamavam-na de "freira". Isso fê-la sofrer muito, mas, na Mariápolis encontrou a resposta n'Ele, isto é, em Jesus Abandonado.
Aos 17 anos, de repente, uma dor aguda no ombro esquerdo revelou, nos exames e nas inúteis operações, um osteossarcoma que deu início a um calvário de dois anos aproximadamente. Depois que ouviu o diagnóstico, Chiara não chorou, nem se revoltou: ficou imóvel, em silêncio, e, depois de 25 minutos, saiu de seus lábios o "sim" à vontade de Deus. Repetirá muitas vezes: "Se é o que queres, Jesus, é o que eu também quero".
Assim, aos 19 anos, no dia 7 de outubro de 1990, faleceu, após uma noite muito dolorosa.
A DOENÇA
O início da caminhada mais íntima de Chiara, na ida em rumo ao seu "Esposo Jesus", como gostava de chamá-lo, ocorreu em 1989, próxima de completar 18 anos. Uma forte dor nas costas e ombro esquerdo a acometeu durante uma partida de tênis. Isso causou uma suspeita dos médicos. Foram vários exames clínicos e de todos os tipos para se definir a causa das dores. Logo chegou-se a um diagnóstico: estava com um osteossarcoma (tumor ósseo maligno). Continuaram as consultas e exames, até que, no final de fevereiro de 1989, Chiara fez a primeira operação. As esperanças são poucas. As jovens que partilham de seu mesmo ideal e outras pessoas do Movimento se alternam em visitas ao hospital, para sustentar a ela e sua família com a unidade e a ajuda concreta.
As internações no hospital, em Turim, tornam-se cada vez mais frequentes e os tratamentos são muito dolorosos. Chiara os enfrenta com grande coragem. Diante de cada nova "surpresa" o seu oferecimento é decidido: "Por ti, Jesus! Se tu queres, eu também quero"!
Depois que ouve o diagnóstico de que está com câncer, Chiara não chora, não se revolta e fica imóvel e em silêncio. Após 25 minutos, saiu de seus lábios o seu "sim" à vontade de Deus. Repetiu muitas vezes: "Se é o que você quer, Jesus, é o que eu quero também".
Assim sendo, não perde o sorriso luminoso e enfrenta tratamentos dolorosos e arrastava no mesmo Amor a quem dela se aproximava. Ela não aceita receber morfina (analgésico potente) para não perder a lucidez e ofereceu tudo pela Igreja, pelos jovens, os ateus, pelo Movimento, pelas missões, etc. E permaneceu serena e forte. Repetia: "Não tenho mais nada, contudo, tenho o meu coração e, com ele, posso sempre amar".
Em seu quarto, no hospital de Turim e em casa, qualquer lugar era um lugar de encontro, de apostolado e de unidade: era a sua igreja. No coração de Chiara se encontrava um amor grande como um interminável oceano. Assim, mesmo doente, dizia: "Agora não tenho mais nada sadio. Porém, tenho ainda o coração com o qual posso sempre amar".
Também os médicos, até mesmo aqueles católicos não praticantes, ficavam desconsertados com a paz que se sentia ao seu redor e alguns deles se reaproximaram de Deus. Se sentiam "atraídos como por um ímã" e ainda hoje se recordam dela, falam sobre ela e a invocam. O médico que a acompanhava, cético e muito crítico em relação à Igreja, fica cada vez mais profundamente tocado pelo testemunho seu e de seus pais. "Desde quando conheci Chiara alguma coisa mudou dentro de mim. Aqui existe coerência. Aqui, na minha opinião, todo o cristianismo se encaixa". "Fora do comum", "extraordinário", "incrível", foram alguns dos adjetivos usados por esses médicos, que descrevem a sua serenidade e a fortaleza pela forma que Chiara encarou esse doença mortal. "É verdade. A sua atitude não era normal, porque completamente sobrenatural, fruto da graça divina, da fé infinita e do heroísmo cheio de virtude. Ela falava do vestido de noiva para o seu funeral, como faria uma jovem que se prepara para o matrimônio. Dizia: 'Eu não choro, porque estou feliz'." Ela dizia à mãe: "Quando me quiser encontrar, olhe para o céu. Me encontrará numa estrelinha".
Quando sua mãe lhe perguntou se sofria muito, ela responde: "Jesus tira de mim as manchas dos pontinhos pretos com a água sanitária e isso queima. Quando eu chegar ao Paraíso, serei branca como a neve". Estava totalmente convencida do Amor de Deus por ela. E, de fato, afirmava: "Deus me ama imensamente", e, depois de uma noite particularmente dura, acrescentou: "Sofria muito,mas, a minha alma cantava"...
Os amigos que foram visitá-la e consolá-la, acabavam por voltar para casa consolados. Pouco antes de partir para o Céu, ela revelou: "Vocês não podem imaginar como é agora o meu relacionamento com Jesus... Sinto que Deus me pede algo mais, algo maior. Talvez seja ficar neste leito por anos, não sei. Interessa-me unicamente a vontade de Deus, fazê-la bem no momento presente: aceitar os desafios de Deus. Se agora me perguntassem se quero andar (a doença chegou a paralisar suas pernas com contrações muito dolorosas), eu diria não, porque, assim, estou mais perto de Jesus". Embora vivendo essa imobilidade, Chiara ainda era muito ativa. Pelo telefone acompanhou o "Grupo de Jovens por um Mundo Unido de Savona". Mandando mensagens, cartões e cartazes, faz sentir sua presença nos Congressos e atividades. Procurou todos os meios para fazer com que seus amigos e colegas de escola conheçam os Gen e as Gen. Convida muitos deles para o Genfest 90 (encontro internacional dos Jovens por um Mundo Unido, realizado em Roma, em maio de 1990), que tem a alegria de assistir graças a uma antena parabólica montada no teto de sua casa.
Chiara, pela insistência de muitas pessoas, escreveu num bilhetinho a Nossa Senhora: Mãezinha Celeste, eu te peço o milagre da minha cura; se isso não for vontade de Deus, peço-te a força para nunca ceder" e permanecerá fiel a este propósito.
No início do verão os médicos percebem que o tratamento não surte efeito e decidem interromper as terapias. "É impossível parar a doença". Então, eles informam a Chiara Lubich sobre a situação da menina Chiara Badano. Esse é o dia 19 de julho de 1990: "A medicina depôs as suas armas. Interrompendo os tratamentos, as dores nas costas aumentaram e quase não consigo mais me mexer. Sinto-me tão pequena e o caminho a percorrer é tão árduo... muitas vezes sinto-me sufocada pela dor. Mas, é o Esposo que vem me encontrar, não é? Sim, eu também repito, com você: 'Se tu queres, eu também quero'... Tenho certeza que com Ele venceremos o mundo"!
Para viver bem o cristianismo, Chiara procurou participar da Missa todos os dias, quando recebia Jesus que tanto amava. Tinha por hábito ler e meditar a Palavra de Deus. Assim, muitas vezes refletia sobre a frase de Chiara Lubich: "Serei santa, se for santa já".
Quando viu que a mãe estava preocupada, pois ficaria sem ela, Chiara continuou a repetir: "Confie em Deus, pois, você fez tudo"; e "Quando eu tiver morrido, siga Deus e encontrará a força para ir em frente".
Ela acolheu com amabilidade a todos que foram visitá-la e escutava e oferecia o próprio sofrimento, porque dizia: "Eu tenho mesmo a matéria"! E nos últimos encontros com o seu bispo, manifestou um grande amor pela Igreja. Enquanto isso, o mal avançava sobre ela e as dores aumentavam. Não se ouviu nenhum lamento dos seus lábios, mas, somente: "Com você, Jesus! Por você, Jesus"!
Chiara se preparou para o encontro: "É o Esposo que vem me encontrar", e escolhe o vestido de noiva, as canções e as orações para a "sua" Missa; o rito deverá ser uma "festa", onde "ninguém deverá chorar".
Recebendo pela última vez Jesus na Eucaristia parece imersa nele e suplica que seja recitada a oração: "Vinde, Espírito Santo, mandai do Céu um raio da tua luz".
O nome "Luce" (luz) lhe foi dado por Chiara Lubich, com quem teve um intenso e filial relacionamento epistolar desde pequenina.
Chiara, assim como Moisés, estava chegando ao momento final da sua santa viagem. Alcançou o mais alto da montanha santa mais elevada e ficou frente a frente com o Deus Trindade. Dali irradiou luz e alegria, ao voltar a entregar ao seu próximo as tábuas da Lei, como dez divinas palavras de amor e as bem-aventuranças de Jesus, para orientar a vida terrena em direção ao sol de Deus.
Não teve medo de morrer e disse à sua mãe: "Não peço mais a Jesus para vir me pegar e me levar para o Paraíso, porque quero ainda lhe oferecer o meu sofrimento, para dividir com ele ainda por um pouco a cruz". Um pensamento especial aos jovens: "... Os jovens são o futuro. Eu não posso mais correr. Porém, gostaria de lhes passar a tocha, como nas Olimpíadas. Os jovens tem uma vida só e vale a pena empregá-la bem"!
Suas últimas palavras - que não foram o seu último ato de amor, porque esse foi a doação das suas córneas a dois jovens - quando se despediu foram: "Tchau, mamãe! Esteja feliz, porque eu estou feliz", relata Maria Teresa.
A BEATIFICAÇÃO
A iniciativa do processo de beatificação deve-se ao bispo de Acqui, Dom Lívio Maritano, que conheceu Chiara Badano pessoalmente. Eis a motivação: "Pareceu-me que o seu testemunho foi significativo, sobretudo para os jovens. Precisamos de santidade nos dias de hoje. Temos que ajudar os jovens a encontrar uma orientação, um objetivo, a ultrapassar a insegurança e a solidão, os seus enigmas perante os insucessos, o sofrimento, a morte e todas as preocupações. O testemunho de fé e de fortaleza desta jovem é surpreendente. Impressiona, leva muitas pessoas a mudar de vida. Temos testemunhos quase todos os dias".
O processo durou quase 11 anos. A fase diocesana ficou entre 11 de junho de 1999 e 21 de agosto de 2000. No Vaticano, entre 23 de agosto de 2000 a 08 de julho de 2008, quando a Serva de Deus, com o reconhecimento das "virtudes heróicas", foi declarada "Venerável".
No dia 10 de dezembro de 2009, foi proclamado o decreto pontifício sobre o milagre por intercessão de Chiara Badano: a cura imprevista e inexplicável de um rapaz de Trieste, com uma gravíssima forma de meningite fulminante. Os médicos haviam lhe dado apenas 48 horas de vida.
A postura decidida da jovem alcançou um de seus frutos mais importantes no sábado, dia 25 de setembro de 2010. Foi nesse mesmo dia que a Igreja proclamou oficialmente essa italiana como Beata, a primeira integrante do Movimento dos Focolares a alcançar esse reconhecimento - a jovem era extremamente ativa no Gen (Geração Nova), setor juvenil do Movimento. Participaram da cerimônia milhares de pessoas, de mais de 40 países dos cinco continentes.
Beata Chiara Luce, rogai por nós!
A Beata Chiara Luce com aproximadamente 8 - 9 anos de idade |
Chiara Luce nasceu em uma família simples. Filha de pais católicos praticantes, chamados Maria Teresa e Ruggero Badano. Filha única, depois de 11 anos de tentativas para ter um filho. Sua chegada é considerada uma graça de Nossa Senhora das Pedras. Foi educada nos ensinamentos de seus pais para se tornar uma cristã. "Mas percebemos logo que não era filha apenas nossa. Era, antes de tudo, filha de Deus e, como tal, a devíamos educar, respeitando a sua liberdade", conta a sua mãe, Maria Teresa.
Aos 9 anos entrou como Gen (Geração Nova) no Movimento dos Focolares. Viveu a sua espiritualidade e, pouco a pouco, envolveu os pais. Desde então, a sua vida foi uma subida, tentando "colocar a Deus em primeiro lugar". Prosseguiu os estudos até o Liceu clássico e ofereceu a Jesus as suas dificuldades e sofrimentos.
A Beata com aproximadamente 14 anos |
Beata Chiara Luce Badano: uma jovem "normal" |
Assim, aos 19 anos, no dia 7 de outubro de 1990, faleceu, após uma noite muito dolorosa.
A DOENÇA
O início da caminhada mais íntima de Chiara, na ida em rumo ao seu "Esposo Jesus", como gostava de chamá-lo, ocorreu em 1989, próxima de completar 18 anos. Uma forte dor nas costas e ombro esquerdo a acometeu durante uma partida de tênis. Isso causou uma suspeita dos médicos. Foram vários exames clínicos e de todos os tipos para se definir a causa das dores. Logo chegou-se a um diagnóstico: estava com um osteossarcoma (tumor ósseo maligno). Continuaram as consultas e exames, até que, no final de fevereiro de 1989, Chiara fez a primeira operação. As esperanças são poucas. As jovens que partilham de seu mesmo ideal e outras pessoas do Movimento se alternam em visitas ao hospital, para sustentar a ela e sua família com a unidade e a ajuda concreta.
As internações no hospital, em Turim, tornam-se cada vez mais frequentes e os tratamentos são muito dolorosos. Chiara os enfrenta com grande coragem. Diante de cada nova "surpresa" o seu oferecimento é decidido: "Por ti, Jesus! Se tu queres, eu também quero"!
Depois que ouve o diagnóstico de que está com câncer, Chiara não chora, não se revolta e fica imóvel e em silêncio. Após 25 minutos, saiu de seus lábios o seu "sim" à vontade de Deus. Repetiu muitas vezes: "Se é o que você quer, Jesus, é o que eu quero também".
Sua alegria e bom humor contagiavam a quem a visitava. |
A Beata Chiara sempre muito feliz, apesar da doença estar progredindo para o êxito fatal |
Assim sendo, não perde o sorriso luminoso e enfrenta tratamentos dolorosos e arrastava no mesmo Amor a quem dela se aproximava. Ela não aceita receber morfina (analgésico potente) para não perder a lucidez e ofereceu tudo pela Igreja, pelos jovens, os ateus, pelo Movimento, pelas missões, etc. E permaneceu serena e forte. Repetia: "Não tenho mais nada, contudo, tenho o meu coração e, com ele, posso sempre amar".
Em seu quarto, no hospital de Turim e em casa, qualquer lugar era um lugar de encontro, de apostolado e de unidade: era a sua igreja. No coração de Chiara se encontrava um amor grande como um interminável oceano. Assim, mesmo doente, dizia: "Agora não tenho mais nada sadio. Porém, tenho ainda o coração com o qual posso sempre amar".
Também os médicos, até mesmo aqueles católicos não praticantes, ficavam desconsertados com a paz que se sentia ao seu redor e alguns deles se reaproximaram de Deus. Se sentiam "atraídos como por um ímã" e ainda hoje se recordam dela, falam sobre ela e a invocam. O médico que a acompanhava, cético e muito crítico em relação à Igreja, fica cada vez mais profundamente tocado pelo testemunho seu e de seus pais. "Desde quando conheci Chiara alguma coisa mudou dentro de mim. Aqui existe coerência. Aqui, na minha opinião, todo o cristianismo se encaixa". "Fora do comum", "extraordinário", "incrível", foram alguns dos adjetivos usados por esses médicos, que descrevem a sua serenidade e a fortaleza pela forma que Chiara encarou esse doença mortal. "É verdade. A sua atitude não era normal, porque completamente sobrenatural, fruto da graça divina, da fé infinita e do heroísmo cheio de virtude. Ela falava do vestido de noiva para o seu funeral, como faria uma jovem que se prepara para o matrimônio. Dizia: 'Eu não choro, porque estou feliz'." Ela dizia à mãe: "Quando me quiser encontrar, olhe para o céu. Me encontrará numa estrelinha".
Quando sua mãe lhe perguntou se sofria muito, ela responde: "Jesus tira de mim as manchas dos pontinhos pretos com a água sanitária e isso queima. Quando eu chegar ao Paraíso, serei branca como a neve". Estava totalmente convencida do Amor de Deus por ela. E, de fato, afirmava: "Deus me ama imensamente", e, depois de uma noite particularmente dura, acrescentou: "Sofria muito,mas, a minha alma cantava"...
Os amigos que foram visitá-la e consolá-la, acabavam por voltar para casa consolados. Pouco antes de partir para o Céu, ela revelou: "Vocês não podem imaginar como é agora o meu relacionamento com Jesus... Sinto que Deus me pede algo mais, algo maior. Talvez seja ficar neste leito por anos, não sei. Interessa-me unicamente a vontade de Deus, fazê-la bem no momento presente: aceitar os desafios de Deus. Se agora me perguntassem se quero andar (a doença chegou a paralisar suas pernas com contrações muito dolorosas), eu diria não, porque, assim, estou mais perto de Jesus". Embora vivendo essa imobilidade, Chiara ainda era muito ativa. Pelo telefone acompanhou o "Grupo de Jovens por um Mundo Unido de Savona". Mandando mensagens, cartões e cartazes, faz sentir sua presença nos Congressos e atividades. Procurou todos os meios para fazer com que seus amigos e colegas de escola conheçam os Gen e as Gen. Convida muitos deles para o Genfest 90 (encontro internacional dos Jovens por um Mundo Unido, realizado em Roma, em maio de 1990), que tem a alegria de assistir graças a uma antena parabólica montada no teto de sua casa.
A Beata Chiara Luce Badano, sempre sorridente, atendendo a um telefonema. |
No início do verão os médicos percebem que o tratamento não surte efeito e decidem interromper as terapias. "É impossível parar a doença". Então, eles informam a Chiara Lubich sobre a situação da menina Chiara Badano. Esse é o dia 19 de julho de 1990: "A medicina depôs as suas armas. Interrompendo os tratamentos, as dores nas costas aumentaram e quase não consigo mais me mexer. Sinto-me tão pequena e o caminho a percorrer é tão árduo... muitas vezes sinto-me sufocada pela dor. Mas, é o Esposo que vem me encontrar, não é? Sim, eu também repito, com você: 'Se tu queres, eu também quero'... Tenho certeza que com Ele venceremos o mundo"!
Para viver bem o cristianismo, Chiara procurou participar da Missa todos os dias, quando recebia Jesus que tanto amava. Tinha por hábito ler e meditar a Palavra de Deus. Assim, muitas vezes refletia sobre a frase de Chiara Lubich: "Serei santa, se for santa já".
Quando viu que a mãe estava preocupada, pois ficaria sem ela, Chiara continuou a repetir: "Confie em Deus, pois, você fez tudo"; e "Quando eu tiver morrido, siga Deus e encontrará a força para ir em frente".
Ela acolheu com amabilidade a todos que foram visitá-la e escutava e oferecia o próprio sofrimento, porque dizia: "Eu tenho mesmo a matéria"! E nos últimos encontros com o seu bispo, manifestou um grande amor pela Igreja. Enquanto isso, o mal avançava sobre ela e as dores aumentavam. Não se ouviu nenhum lamento dos seus lábios, mas, somente: "Com você, Jesus! Por você, Jesus"!
Chiara se preparou para o encontro: "É o Esposo que vem me encontrar", e escolhe o vestido de noiva, as canções e as orações para a "sua" Missa; o rito deverá ser uma "festa", onde "ninguém deverá chorar".
Recebendo pela última vez Jesus na Eucaristia parece imersa nele e suplica que seja recitada a oração: "Vinde, Espírito Santo, mandai do Céu um raio da tua luz".
O nome "Luce" (luz) lhe foi dado por Chiara Lubich, com quem teve um intenso e filial relacionamento epistolar desde pequenina.
Chiara, assim como Moisés, estava chegando ao momento final da sua santa viagem. Alcançou o mais alto da montanha santa mais elevada e ficou frente a frente com o Deus Trindade. Dali irradiou luz e alegria, ao voltar a entregar ao seu próximo as tábuas da Lei, como dez divinas palavras de amor e as bem-aventuranças de Jesus, para orientar a vida terrena em direção ao sol de Deus.
Não teve medo de morrer e disse à sua mãe: "Não peço mais a Jesus para vir me pegar e me levar para o Paraíso, porque quero ainda lhe oferecer o meu sofrimento, para dividir com ele ainda por um pouco a cruz". Um pensamento especial aos jovens: "... Os jovens são o futuro. Eu não posso mais correr. Porém, gostaria de lhes passar a tocha, como nas Olimpíadas. Os jovens tem uma vida só e vale a pena empregá-la bem"!
Suas últimas palavras - que não foram o seu último ato de amor, porque esse foi a doação das suas córneas a dois jovens - quando se despediu foram: "Tchau, mamãe! Esteja feliz, porque eu estou feliz", relata Maria Teresa.
O corpo da Beata Chiara em seu leito de morte |
A BEATIFICAÇÃO
A iniciativa do processo de beatificação deve-se ao bispo de Acqui, Dom Lívio Maritano, que conheceu Chiara Badano pessoalmente. Eis a motivação: "Pareceu-me que o seu testemunho foi significativo, sobretudo para os jovens. Precisamos de santidade nos dias de hoje. Temos que ajudar os jovens a encontrar uma orientação, um objetivo, a ultrapassar a insegurança e a solidão, os seus enigmas perante os insucessos, o sofrimento, a morte e todas as preocupações. O testemunho de fé e de fortaleza desta jovem é surpreendente. Impressiona, leva muitas pessoas a mudar de vida. Temos testemunhos quase todos os dias".
O processo durou quase 11 anos. A fase diocesana ficou entre 11 de junho de 1999 e 21 de agosto de 2000. No Vaticano, entre 23 de agosto de 2000 a 08 de julho de 2008, quando a Serva de Deus, com o reconhecimento das "virtudes heróicas", foi declarada "Venerável".
No dia 10 de dezembro de 2009, foi proclamado o decreto pontifício sobre o milagre por intercessão de Chiara Badano: a cura imprevista e inexplicável de um rapaz de Trieste, com uma gravíssima forma de meningite fulminante. Os médicos haviam lhe dado apenas 48 horas de vida.
Cerimônia de Beatificação de Chiara Luce Badano (No canto esquerdo da foto, seus pais, Ruggero e Maria Teresa) |
A postura decidida da jovem alcançou um de seus frutos mais importantes no sábado, dia 25 de setembro de 2010. Foi nesse mesmo dia que a Igreja proclamou oficialmente essa italiana como Beata, a primeira integrante do Movimento dos Focolares a alcançar esse reconhecimento - a jovem era extremamente ativa no Gen (Geração Nova), setor juvenil do Movimento. Participaram da cerimônia milhares de pessoas, de mais de 40 países dos cinco continentes.
Beata Chiara Luce, rogai por nós!
(fonte de pesquisa: Wikipédia)