Filha de
Benvenuta Mamolim e de Giovanni Vigri, Catarina nasceu em Bolonha no ano de
1413. Foi educada na corte de Ferrara, como dama de companhia de Margarida,
filha de Nicolau III, marquês D’Este, a serviço de quem estava seu pai como
diplomata. Aos treze anos de idade, após ter ficado órfã de pai e depois do
casamento de Margarida com Roberto Malatesta de Rimini, Catarina decide-se pela
vida religiosa.
Foi exatamente
na corte de Ferrara, num ambiente moralmente deturpado, que a semente da
vocação religiosa germinou no coração de Catarina. Deixando a mãe, uma irmã e
um irmão, ingressou num mosteiro de Terciárias Agostinianas (1427) aos catorze
anos. Era uma comunidade fundada por uma grande dama de Ferrara, tia Lúcia
Mascaroni que na época a dirigia. Durante sua permanência na corte de Ferrara,
Catarina mantivera estreito contato com os Frades Menores da Observância no
convento do Santo Espírito, onde recebia a orientação espiritual que
solidificou o seu desejo de servir a Deus.
Percebendo que a
comunidade na qual ingressara não vivia com radicalidade evangélica sua opção,
sentia cada vez mais o anseio de que de comum acordo passassem a viver a Regra
de Santa Clara, e que tivessem a orientação dos Observantes, cujo testemunho de
vida sempre a impressionara. Com o apoio sincero e confiante da senhora Lúcia
Mascaroni, depois de inúmeras dificuldades e vicissitudes motivadas por
divisões internas do grupo de mulheres que viviam então no Mosteiro Corpus
Christi, mas por influência decisiva de Catarina, adotam finalmente a Regra
própria de Santa Clara.
O Papa Eugênio
IV, em uma bula de abril de 1431, enviou algumas Clarissas de Mântua para que
formassem as componentes da nova comunidade clariana, estimulando a exata
observância da Regra no seu primitivo rigor, atendendo assim às santas
aspirações de Catarina e das suas companheiras. Depois de algum tempo de
aprofundamento neste estilo de vida – o que considerou como o seu noviciado –
Catarina professou em 1432, com dezenove anos, a Regra de Santa Clara, pela qual
tanto lutara.
Catarina era de
saúde muito delicada, mas esquecia-se complemente de si mesma, impondo a si
mesma os trabalhos mais pesados e difíceis para poupar as demais. Desempenhou
muitas funções a serviço de sua comunidade, entre elas a de padeira e de
enfermeira. Foi exemplar na humildade e na obediência, em meio a inúmeras
tentações de rebelião e de desespero, durante boa parte de sua vida em Ferrara.
Era sempre pródiga na caridade para com suas irmãs.
Dotada de uma
inteligência e de uma sensibilidade e perspicácia únicas, destacou-se como
grande escritora, poetisa, pintora e mística do renascimento italiano. Seu
estilo literário é original, precioso para o estudo da própria língua italiana
da época, no dialeto de sua região. Jamais quis aceitar o ofício de abadessa em
Ferrara, mas foi longamente mestra de noviças. O seu livro “As
Sete Armas Espirituais” é uma síntese belíssima de sua pedagogia
espiritual.
Na perspectiva
de realizar uma nova fundação em Bolonha, Catarina foi escolhida como abadessa,
na véspera da partida das fundadoras, em cujo grupo ela já se contava. O temor em relação à difícil
missão que o Senhor lhe pedia fez com que adoecesse gravemente naquela noite,
tanto que pensavam as Irmãs que não sobreviveria. Mas na manhã seguinte, como
por um milagre, partia com quinze companheiras para Bolonha, numa viagem
memorável, em carruagem adaptada como clausura, que o povo acompanhava ou
aclamava com júbilo. É o ano de 1456. Em pouco tempo o número de Irmãs em
Bolonha se vê multiplicado.
A fama de
santidade de Catarina atrai muitas jovens. A própria mãe de Catarina e sua irmã
se fazem clarissas. O Mosteiro Corpus Domini de Bolonha torna-se um verdadeiro
centro espiritual naquela cidade de douta cultura. O número de Clarissas
rapidamente chega a sessenta. Dentre as mais fiéis colaboradoras que Catarina
teve no trabalho de implantação do ideal de Santa Clara, estão as
Bem-aventuradas: Giovana Lambertini (+1476), Paula Mezzavaca (1426-1482) e
Iluminata Bembo (+1496).
Todas elas
ingressaram em Ferrara, antes da observância da Regra de Santa Clara;
participaram do grupo que fundou o Mosteiro de Bolonha e foram exemplares em
seu testemunho de vida. Iluminata foi a primeira biógrafa de Santa Catarina.
Seu manuscrito “Espelho de Iluminação” conserva-se atualmente no Mosteiro
Corpus Domini de Bolonha, com as obras pessoais de Catarina: As Armas
necessárias às batalhas espirituais, Breviário, Tratado sobre o modo de
comportar-se nas tentações, Regras de vida religiosa, Louvores e Devoções,
Cartas, Louvores espirituais e poesias, todos manuscritos autógrafos, alguns
inéditos.
A partir de
1461, Catarina passa por períodos sucessivos de grave doença, até sua morte a 9
de março de 1463. Foi beatificada pelo Papa Clemente VII. Em 1712, Clemente XI
declarou-a santa. Seu corpo se conserva incorrupto, em perfeito estado de
conservação e flexível, na Igreja do Mosteiro Corpus Domini. Está sentada, com
a Regra de Santa Clara nas mãos. É um dos casos mais interessantes na
história! A festa de Santa Catarina se
celebra no dia 9 de maio.
(site: http://www.capuchinhos.org.br)
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Segundo texto biográfico:
Catarina nasceu
no dia 8 de Setembro de 1413, em Bolonha, na Itália. Era filha de Giovanni Vigri,
advogado, lente da Universidade de Bolonha, e de Benvenuta Mamellini.
Nossa Senhora,
um dia, aparecendo a Giovanni Vigri, disse-lhe:
- Tua filha será
um grande e luminoso farol para o mundo!
Com nove anos, a
jovenzinha foi levada à corte do marquês de Ferrara, e ali, educou-se com a
princesa Margarida. Catarina era vista como menina de rara prudência e de
modéstia fora do comum. Vivendo para as coisas de Deus, quando completou treze
anos, filiou-se a uma associação religiosa. Ciente da miséria humana. Da
fraqueza do homem, constantemente assediado pelo demônio, porque foi a Santa,
já naquela altura, terrivelmente tentada, capacitou-se da grandeza de Deus, que
lhe dera armas, conseguidas pela oração e pelos jejuns, para vencer o tentador.
A mandado de
Jesus, escreveu, então, um tratado sobre
as sete armas espirituais, trabalho que conservou cuidadosamente oculto de
olhos alheios, e o qual só deu a conhecer, perto da morte, ao confessor. Eis
que a princesa de Verde pensava em fundar um mosteiro sob a invocação do
Santíssimo Sacramento, casa que se destinava a receber os membros daquela
associação a que a santa virgem se filiara. Grande foi a alegria de Catarina de
Vigri.
Depois de algum
tempo, em que se pendeu para a regra de Santo Agostinho, depois para a de Santa
Clara, ficou assentado que se adotaria a das clarissas. Era em 1432, e Catarina
estava com vinte e um anos, quando o provincial dos irmãos menores da
Observância conferia à fundação a primeira regra da doce seguidora de São
Francisco de Assis. Grandes progressos no caminho da perfeição fez a jovem
filha de Giovanni Vigri.
Favorecida com o
dom dos milagres, tendo divinas visões, anunciou uma grande queda: a do império
do Oriente e a tomada de Constantinopla pelos turcos. Humilde, que desejou
Santa Catarina no convento, ela que era tão grande aos olhos de Deus? Quis,
para satisfazer o desejo de penitência, tratar da padaria, vivendo
apagadamente.
As altas
virtudes, porém, um dia, levá-la-iam a ser mestra das noviças. Deus
recompensou-a com imensa delicadeza. Contam de Santa Catarina de Bolonha que,
certa vez, quando então era porteira e com alegria atendia os pobres que batiam
à porta do convento, um venerável velho apareceu-lhe para uma esmola. A santa
deu-lha, e ele, a olhá-la com grande doçura, retirou-se, sem dizer uma palavra,
agradecendo tão somente com os olhos que falavam.
No dia seguinte,
tornou a aparecer. Recebeu humildemente o que a santa lhe oferecia e se
retirou, silencioso, agradecendo-lhe a esmola só com o olhar, como já o havia
feito anteriormente. No terceiro dia, o suave velho tornou a surgir, à mesma
hora, Trazia nas mãos uma escudela muito singela, mas muito transparente, que
estendeu à santa porteira, dizendo:
- Toma para ti. Era a pequena taça em que
Maria dava de beber ao Menino Jesus.
Catarina,
assombrada e maravilhada, tomou-a nas mãos que tremiam. E, a pensar se as teria
tão puras que pudessem tocar tão pura beleza - quando percebeu, já o venerável
e suave velho desaparecera misteriosamente.
Era São José?
Era. Deus, à serva fiel, fizera-o saber, depois, por uma revelação.
Quando a
superiora da comunidade faleceu, era ela a boa Mãe Tadéia, Catarina foi olhada
como a sucessora da abadessa desaparecida. Nada, porém, levou-a a aceitar
aquela dignidade, e outra ocupou a vaga deixada. Catarina, todavia, estava
fadada a ser abadessa. Anos mais tarde, Bolonha reclamava de Ferrara idêntica
fundação em sua cidade. E a santa virgem foi designada para governá-la.
- Não! Dizia ela, muito humildemente. Impossível! Eu sou incapaz, nada faria de
bom! Não posso! Sou indigna do que me querem conceder!
Na noite daquele
dia em que se escusou do que lhe haviam de impor, adoeceu repentina e
estranhamente. E, altas horas da madrugada, numa visão viu Jesus que lhe
aparecia. Curou-a, e disse-lhe, brandamente:
- Minha
filha, tu serás a abadessa de Bolonha, porque esta é a vontade de meu Pai
celeste!
Ora, Bolonha
estava a par das altas virtudes daquela filha insigne, e, pois, recebeu-a com
grande alegria. Era a 22 de Julho de 1456, e o cardeal Bessarion legado da
Santa Sé. Mais o cardeal-arcebispo de Bolonha, com o clero, foram-lhe ao
encontro, seguidos do povo, que exultava, recebê-la condignamente.
Bolonha,
naqueles dias, vivia turbada por questões políticas, inquieta, desassossegada e
dividida. Foi um milagre! Com a chegada de Catarina, tudo serenou - cessaram as
arruaças, os discursos inflamados e a união e a paz que constrói sobre todos
desceu calmamente, clareando o céu borrascoso e espantado negras nuvens
ameaçadoras.
E o mosteiro,
denominado do Santíssimo Sacramento (ou Corpus Christi) floresceu. Sob tal
abadessa, tudo era progresso, tanto temporal como espiritual.
Papa Pio II, em
1458, ia com uma bula, alegrar a grande abadessa. Dizia a bula que, entre as
clarissas, a abadessa seria superiora somente por três anos. Catarina exultou:
teria agora oportunidade de não ser nada. Grande engano! Findos que foram os
três anos de governo, efetuada a eleição, novamente sobre ela recaiu a escolha
das religiosas - e a santa, até o fim de seus dias, ocupou-se da administração
do convento da cidade em que nascera. E docemente em 1463, faleceu, exclamando em meio às
religiosas que a assistiam:
- Jesus! Jesus! Jesus!
Estava com
quarenta e nove anos, e o corpo foi enterrado no cemitério da comunidade.
Muitos milagres foram realizados à beira do túmulo da santa abadessa, que,
dezoito dias depois, foi desenterrada e encontrada sem qualquer corrupção. A
descoberto, ficou ela exposta no coro da igreja. E dois grandes prodígios se
deram.
Às religiosas
que a rodeavam saudou-a por três vezes com suaves sorrisos. E, tendo vindo uma
menina venerá-la, chamava-se Leonor Poggi, Catarina, como se fora viva, abriu
os olhos e fez-lhe sinal para que mais se aproximasse. A menina sem se
espantar, calmamente, achegou-se do corpo. E a comunidade toda,
maravilhadíssima, ouviu-a dizer à jovem, com muita clareza:
- Leonor, sê boazinha, que eu quero que sejas
religiosa neste convento, que sejas minha filha e guarda de meu corpo.
E assim foi,
alguns anos mais tarde.
Santa Catarina
de Bolonha foi canonizada pelo Papa Clemente XI em 1712.
(Livro Vida dos
Santos, Padre Rohrbacher, Volume IV, p. 293 à 297)