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sexta-feira, 24 de abril de 2020

Beata Madre Maria Celeste Crostarosa, Virgem, Religiosa e Fundadora da Ordem do Santíssimo Redentor (Monjas Redentoristas)


Crostarosa possuía dotes para o governo, era firme nas decisões, entusiasta no empreendimento de sua obra; com notável capacidade de análise e síntese, coragem, e um ardor que se acentuava mais nas dificuldades e obstáculos, encontrava meios geniais para não desistir de realizar o que o Senhor lhe pedia.


        Nascida em Nápoles, no dia 31 de outubro de 1696, foi tomada pelo belo sol mediterrâneo e pelo irradiante Cristo Sol a ponto de dizer: “Ele é meu solo e meu sol”. Pequena em tamanho, mas de estatura humana e espiritual. É uma pérola escondida. Era a décima entre doze filhos de uma família cristã e nobre, de alta magistratura. Eram cinco irmãos e sete irmãs. Seu pai foi o Dr. José Crostarosa; laureado em ambos os direitos e revestidos de alto grau de magistratura na capital; sua mãe foi Paula Batista, da nobre família Caldari.

          No dia 1º de Novembro de 1696, festa de “Todos os Santos”, na Igreja Paroquial, foi batizada e recebeu o nome de Giulia Marcela Santa. Era uma criança normal em suas brincadeiras na convivência com seus irmãos. Era de natureza tipicamente napolitana: sensível, alegre, viva e de inteligência precoce. Também era atenta às leituras da vida dos Santos, feitas em família. 

Aos vinte e um anos de idade, Júlia, juntamente com sua irmã mais velha, Úrsula, entra no Carmelo de Marigliano, em abril/maio de 1718. Dois anos mais tarde sua irmã mais jovem, Joana, faz o mesmo. No dia 21 de novembro de 1718, festa da “Apresentação de Maria ao Templo”, as duas primeiras, recebem o hábito religioso; Júlia passa a chamar-se Ir. Maria Cândida do Céu e no ano seguinte faz a Profissão Religiosa. 

Deus reservava para Júlia, um caminho todo especial. Cada vez mais, Cristo vai conduzindo-a para Ele, no interior de si mesma. Neste processo evolutivo, descobre o mistério de Cristo, vivendo em sua alma. Pouco tempo depois de sua tomada de hábito, escreve uma Regra de candura para si mesma, dada pelo Espírito da Verdade. Deus a introduzia na vida espiritual, confiava-lhe suas aspirações divinas e a acostumava-a, pela sua familiaridade, à vida íntima com Ele.

Assim, certo dia, depois da Santa Comunhão, penetrada pelo Olhar Divino, teve uma grande luz interior e o Senhor lhe disse: “Quero fazer-te mãe de muitas almas que desejo salvar por teu intermédio”.

O Carmelo em que vivia, no entanto, ia desaparecer: sua fundadora – a duquesa de Marigliano – Isabel Mastrilli, tomara tal autoridade sobre o Mosteiro que reduziu as pobres Carmelitas a incríveis tribulações. Foi tal a situação que o Bispo aconselhou a fechar o Mosteiro e que as religiosas procurassem ouro lugar para viver.

As três Irmãs Crostarosa, a conselho do Pe. Thomaz Falcóia, já relacionado com as carmelitas, como pregador de retiro e diretor espiritual, resolveram ingressar no Mosteiro de Scala, que era dirigido por este religioso e seu Superior.

Em novembro, as três irmãs Crostarosa entram no Mosteiro de Scala; quinze dias depois, recebem o hábito de Visitandinas. Júlia recebe o nome de Ir. Maria Celeste do Santo Deserto.

Em 25 de abril de 1725, Ir. Maria Celeste, no silêncio da oração percebe como experiência forte de fé, que Deus deseja uma nova família religiosa na Igreja, que faça presente no meio da humanidade a expressão do Amor que Ele tem por seus filhos. Compreendeu que um novo Instituto seria fundado por seu intermédio, e que as Regras e leis que nele se devia observar, seriam uma imitação de Jesus.  Ele devia ser a Pedra Fundamental; os conselhos evangélicos de Sua Divina Doutrina, seriam o cimento; o coração dela devia ser a terra em que se elevaria este edifício; e o Divino Pai, seria o obreiro.

          “O Pai escolheu este Instituto para que seja para o mundo recordação viva de tudo que seu filho Unigênito operou para sua salvação”.

          Maria Celeste, fazendo-se eco a voz que, com clareza, percebe em seu interior, revela-nos o porque deste projeto religioso: “O Pai escolheu este Instituto para que seja para o mundo recordação viva de tudo que seu filho Unigênito operou para sua salvação”. É o que, em sua Regra, ela denomina “O Desígnio do Pai Eterno”.

Monja Redentorista
          Sem perder tempo, Irmã Maria Celeste escreveu as Regras como Nosso Senhor colocara em seu coração. Pe. Falcóia examinou o manuscrito das Regras e, sem perda de tempo, comunicou que iria a Scala examinar o caso.

          Enquanto as religiosas de Scala e o Pe. Falcóia lutavam com as dificuldades, Nápoles se edificava com a admirável piedade de um jovem sacerdote, que vivia dentro de seus muros. Todos repetiam a história desse advogado que renunciara ao fórum para se retirar ao seminário dos chineses. Era ele: Afonso Maria de Ligório que, a 21 de dezembro de 1726, fora ordenado sacerdote.

          Dada a celebração da consagração Episcopal de Pe. Falcóia, sua estadia aí se prolongaria; por isso resolveu enviar a Scala seu amigo Afonso de Ligório, como confessor e pregador dos exercícios espirituais. As Religiosas poderiam dirigi-se a este com inteira liberdade e confiança.

          Pe. Afonso aceitou o encargo e dirigiu-se ao Mosteiro em Setembro de 1730.  Essa foi a primeira e decisiva entrevista do Santo Doutor com a Beata. Ela nada ocultou, e Santo Afonso compreendeu essa alma e os desígnios de Deus sobre ela.

          Ali em Scala, cada um em seu momento, descobriu a vocação à qual eram chamados: dar à Igreja uma família religiosa que, seguindo o Redentor, se convertesse em Memória Viva de sua vida e sua obra durante os anos em que peregrinou pelos caminhos do mundo. 

          Maria Celeste, assessorada por Santo Afonso, deu forma a uma comunidade que se esforça para viver plenamente o Evangelho de Cristo em todas as dimensões de sua  vida humana e religiosa, para ser  na Igreja e no mundo um testemunho visível e um memorial vivo do Mistério Pascal da Redenção no qual o Pai realizou seu desígnio de amor pelo Cristo e no Espírito Santo.

Escritora y fundadora en Nápoles - Panorama Católico
         Terminado o exame da proposta de Maria Celeste, Santo Afonso declarou a todas as Religiosas que a nova Regra tinha sido dada por Deus, e com a graça do Senhor a 13 de Maio de 1731, dia de Pentecostes, deu-se finalmente princípio ao novo Instituto, com o nome de “Ordem do Santíssimo Salvador”, e aos 06 de Agosto, festa da “Transfiguração do Senhor” do mesmo ano de 1731, as irmãs receberam o hábito da ordem.


          Paralelamente à Ordem, Santo Afonso fundou, em 1732, a Congregação do Santíssimo Redentor para os homens, os missionários. Por suas origens, por seu nome e sua espiritualidade, a Ordem do Santíssimo Redentor, está ligada à Congregação do Santíssimo Redentor. Os Institutos são chamados a realizar um fim comum de maneira complementar. Ambos tem por missão, ser testemunhas fiéis do amor do Pai e continuar assim, com a graça do Espírito Santo, o Mistério do Cristo Jesus, nascido da Virgem Maria, para a salvação da humanidade.

          Como Jesus, a vida de Maria Celeste foi sempre cheia de sofrimentos e dificuldades. Por dificuldades com o bispo Falcoia e a comunidade, foi expulsa do mosteiro de Scala. Indo para Pareti, com sua irmã. Ali de 1733 -1735, a pedido do Bispo,  reforma o Convento da Anunciação. De 1735-1738, com sua irmã, inicia o “o convento Mater Domini”, no qual vivem, tanto quanto possível, as normas e estilo de vida da revelação de Scala.

          Dali vai para Foggia onde dia 09 de março de 1738, ocupando provisoriamente o Colégio de Orti, dos Padres Jesuítas. No dia 04 de Outubro de 1739,  Madre Maria Celeste, sua irmã Iluminata e 6 jovens, vão para o Mosteiro definitivo em Foggia. Ali mantém grande amizade com São Geraldo que era diretor espiritual do Mosteiro. Aí escreveu a autobiografia e completa os manuscritos que manifestam bem claramente sua evolução espiritual.

           No dia 14 de Setembro de 1755, Madre Maria Celeste, com a idade de 59 anos, faleceu  às 15h. No dia 14 de dezembro de 2015 foi promulgado o decreto sobre o milagre ocorrido por intercessão de Madre Maria Celeste. No dia 18 de junho de 2016 realizou-se a beatificação da Beata Maria Celeste Crostarosa, em Foggia, pelo Cardeal D’Amato, enviado do Papa Francisco. Sua festa litúrgica é lembrada no dia 11 de setembro.
          
          Em Itu-SP há um mosteiro dessa ordem, o Mosteiro da Imaculada Conceição e em São Fidélis-RJ, o Mosteiro da Santa Face e do Puríssimo e Doloroso Coração de Maria. O de São Fidélis segue a regra antiga, e as monjas usam o hábito azul. 

          Ela recebeu a missão de aprofundar o Evangelho na dimensão de transformação e de gerar uma nova família religiosa que se funda no amor recíproco que faz dela uma viva memória.

          Sua contribuição para a espiritualidade está na linha do ser viva memória de tudo o que Cristo fez para nossa salvação em sua vida terrestre. O Redentor continua em nós e, por nós, sua obra de salvação para ser o que Paulo ensina: “Já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

Fundadora das Monjas Redentoristas é beatificada na Itália - A12.com          Maria Celeste tem uma espiritualidade feminina que ensina a mulher a se relacionar com Deus e com os outros como mulher. Ensina a todos a respeitar a própria condição e torná-la meio de santificação. As inspirações que levou adiante têm caráter evangélico, compreendidas na dimensão mística. Contou com o apoio de Santo Afonso e de São Geraldo.

          A congregação que fundou, a Ordem do Santíssimo Redentor (Monjas Redentoristas) tem mais de 400 religiosas em diversos países. É oportuno o conhecimento sempre maior dessa que continua sua missão entre nós.

          Maria Celeste é uma verdadeira mestra da vida espiritual e religiosa. “Exercício” e “Memória” são termos seus, cheios de sabedoria e experiência contemplativa. A “Memória” (pensamento permanentemente em Cristo) sem “Exercícios” (prática evangélica) é vazia e os “Exercícios” sem “Memória”, são infecundos e tornam a vida individual e comunitária artificial e difícil.

          A base da vida espiritual ela a coloca no conhecimento pleno e experimental do Cristo, não tanto como exemplo de virtudes a praticar, mas como “mistério”, isto é, “acontecimento histórico-salvífico” da caridade de Deus. Para ela, pela comunhão de vida pessoal e comunitária com o Cristo, tudo se torna existencialmente “memória” teologal, eclesial, eucarística, salvífica. Todo o Instituto torna-se também, pela vida atuante e transparente, Instituto do Santíssimo Redentor.

Urna com as relíquias da Beata


Heroinas da Cristandade: Beata Maria Celeste Crostarosa, Monja ...
Pintura que retrata a Beata Maria Celeste e Santo Afonso






Fontes:https://www.a12.com/redentoristas/santos-e-beatos/serva-de-deus-maria-celeste-crostarosa
http://www.provinciadorio.org.br/noticia/exibir/1144/Beata-Maria-Celeste-Crostarosa.html
http://heroinasdacristandade.blogspot.com/2019/09/beata-maria-celeste-crostarosa-monja.html


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Beato Valentino Paquay, presbítero da Ordem dos Frades Menores, modelo de pastor de almas e apóstolo do confessionário.



Primeiro texto biográfico
Valentino Paquay – Ludovico (ou Louis) era o seu nome de batismo – , da Ordem dos Frades Menores, nasceu em Tongeren (Bélgica).

Quando era jovem, sentiu-se profundamente tocado pela misericórdia divina, durante um sermão a que assistiu. Surgiu assim a sua vocação sacerdotal e religiosa. Procurou então seguir o exemplo dos Santos, tendo sempre diante dos olhos figuras como são João Berchmans e são Luís Gonzaga.

Desejava também ele obedecer de coração à vontade de Deus, ser a vontade de Deus realizada completamente na medida da graça divina e da generosidade de um coração jovem. Transcorreu quase toda a sua vida, como religioso, em Hasselt.

Nos seus sermões, o tema principal era o amor de Deus por todos nós. Mesmo quando falava de assuntos como o pecado e o inferno, a sua consideração final referia-se constantemente à misericórdia de Deus, que é sempre maior que o coração humano. Pregou muitos retiros sobre este tema. A sua vocação específica era o confessionário. No clima do seu amor, todos se sentiam livres de confessar os seus pecados.

Permanecia muito tempo durante a noite na igreja a rezar por estes homens de boa vontade, assumindo sobre si uma parte da penitência pelos seus pecados. Sentia grande amor pela Sagrada Escritura. Mostrava de maneira viva a atualidade das palavras de Jesus, convidando assim os fiéis a um encontro verdadeiro com o próprio Senhor.

Faleceu em 1905, depois de uma vida simples, transcorrida na penumbra do confessionário e na sua cela, que era muito simples: uma cama de madeira, um genuflexório alto, uma mesinha e uma cadeira. A um irmão que se lamentava porque lhe tinha sido tirada a sua cadeira, respondeu: "Tenho presente uma boa cadeira", e deu-lhe a sua.

Desta forma, Padre Valentino queria ser o mais pequenino, o menor face a qualquer outro indivíduo. O seu ideal missionário aproxima-se do santo Cura d'Ars e da pequena santa Teresa de Lisieux. No centro da sua Província, o pequeno padre, enfermo, frágil, vítima da varíola, foi conforto para o seu povo atormentado de Hasselt, visitando os doentes, sempre em comunhão espiritual com os seus irmãos de hábito e com toda a Ordem dos Frades Menores. Dedicou toda a sua vida à escuta dos corações e das almas, evitando qualquer manifestação de privilégio, qualquer louvor desmedido, querendo assemelhar-se cada vez mais a são Francisco de Assis, consciente dos limites e debilidades características de todos os seres humanos.


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Segundo texto biográfico
O Beato Frei Valentino Paquay nasceu em Tongres, na Bélgica, em 17 de novembro de 1828, filho de Henry e Anna Neven,  casal profundamente religioso, quinto de onze filho. Recebeu o nome de Louis (ou Ludovico) no Batismo. Depois de concluir as aulas do ensino fundamental, ingressou na faculdade de Tongres dos Cânones Regulares de Sant'Agostino para continuar seus estudos literários; em 1845, foi admitido no pequeno seminário de St-Trond para cursos de retórica e filosofia.

Com a morte precoce de seu pai, ocorrida em 1847, após obter o consentimento materno, ingressou na Ordem dos Frades Menores da província belga e, em 3 de outubro de 1849, iniciou o noviciado no convento de Thielt. Em 04 de outubro do ano seguinte, fez sua profissão religiosa nas mãos do padre Ugolino Demont, guardião do convento e, imediatamente depois, foi a Beckheim para assistir ao curso teológico que terminava no convento de St-Trond. Ordenado sacerdote em Liège, em 10 de junho de 1854, foi designado pelos superiores a Hasselt, onde permaneceu por toda a vida, cobrindo também os cargos de vigário e guardião. Em 1890 e 1899, foi eleito definidor provincial.

Com a orientação de são João Berchmans (de quem era muito devoto), a quem chamava de “meu professor favorito, padre Valentino - escreve Agostino Gemelli - se envolve na espiritualidade franciscana, ensinando-nos a virtude de todos os momentos, a valorização das coisas mínimas, sob o aspecto da humildade mais franca e imediata" (cf. I. Beaufays, P. Valentino Paquay, o "Santo Padre" de Hasselt, Milão, Ed. Vita e Pensiero, 1947, Apresentação).

O trabalho de Padre Valentino foi incansável no campo do apostolado. Ele pregava quase continuamente e, devido à sua palavra simples e persuasiva, era muito estimado, especialmente nos círculos populares e institutos religiosos. Ele era acima de tudo assíduo no confessionário, imitando o santo Cura d'Ars, com quem às vezes era comparado. Muitas vezes, dava prova de também possuir o dom de penetrar de maneira extraordinária nas consciências dos penitentes, que vinham até ele mesmo de longe.

O beato Valentino tinha uma devoção singular à Santíssima Eucaristia e, com seu apostolado de meio século a favor da comunhão frequente, foi o precursor ativo do famoso decreto do Papa são Pio X. Devoto do Sagrado Coração de Jesus, de quem nunca deixou de meditar e ampliar as excelências da perfeição, difundiu seu culto, principalmente entre as irmãs da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular de Hasselt, que ele dirigiu espiritualmente por 26 anos.

Antiquíssima imagem de Maria, Virga Jesse, venerada
em Hasselt, Bélgica.
Ele sempre manteve viva a memória da Paixão de Jesus, praticando diariamente o exercício piedoso da Via Sacra. Muito devoto da Virgem Maria, ele a venerava desde muito jovem, na igreja paroquial de Tongres, sob o título de Causa Nostræ Lætitiæ, e sob o título de Virga Jesse no santuário de Hasselt. Mas, como um bom franciscano, ele preferia entre todos os títulos de Maria o da Imaculada Conceição. Apesar de já estar bastante fraco e doente queria comemorar, com grande exultação, o cinquentenário da proclamação do dogma, que coincidia com seu jubileu de sacerdócio.
Padre Valentino Paquay faleceu em sua amada Hasselt em 1º de janeiro de 1905, aos setenta e sete anos. A heroicidade de suas virtudes foi reconhecida por são Paulo VI com um decreto de 04 de maio de 1970. Foi beatificado por são João Paulo II em 9 de novembro de 2003.