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Encontre o (a) Santo (a), Beato (a), Venerável ou Servo (a) de Deus

sábado, 30 de maio de 2015

Serva de Deus Maria Angélica Mastroti de Papasidero, Virgem e Mística. Muito venerada pelo povo local que já a chama de "Beata".








Maria Angélica viveu em odor de santidade. Aos seis anos uma tuberculose imobilizou-a por 13 anos. Quando todos esperavam por seu fim iminente foi milagrosamente curada era 1870.
O seu sofrimento, entretanto não cessou: um cálculo na bexiga lhe causou um sofrimento indescritível até 1873, quando uma segunda intervenção sobrenatural a libertou do mal. Mas, o seu desejo de expiação a fez mortificar seu corpo fazendo uso de cilícios, camas de espinhos e longos jejuns.
Sua vida ascética resultou em êxtases frequentes durante os quais conversava com Nossa Senhora e o Filho que a Virgem tinha nos braços. O envolvimento espiritual também teve consequências físicas. Com efeito, uma ferida se abriu espontaneamente no seu lado, de onde o sangue jorrava muitas vezes, e jamais foi curada.
Em 1890, ela se mudou para Castelluccio Superiore para acompanhar seu sobrinho Nicolau que ia entrar para o sacerdócio; naquela cidade fatos prodigiosos continuaram a ocorrer, de modo que sua fama se espalhou por todos os povoados vizinhos.
Maria Angélica morreu no dia 26 de maio de 1896 em Castelluccio, estando genuflexa, em um êxtase, no qual conversava com Jesus. Seu túmulo ainda hoje é visitado por muitos fiéis.

Não há um pronunciamento oficial de beatificação da Serva de Deus, mas a cidade de Castelluccio venera Maria Angélica como beata, dedicando a ela uma exposição e uma Missa no dia 26 de maio, com visita ao cemitério onde se encontra o seu túmulo. Também participam deste evento os peregrinos de Papasidero, local de nascimento da Beata.


Túmulo onde encontram-se os restos mortais da "Beata" Maria Angélica.
Muito venerada pelos fiéis da região, a Serva de Deus, conforme a lápide
faleceu estando genuflexa, em um êxtase, no qual conversava com Jesus.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

SÃO JOSÉ MARELLO, Bispo e Fundador

São José Marello
José Marello nasceu em 26 de dezembro de 1844, em Turim, Itália. Seus pais, Vincenzo e Ana Maria, eram da cidade de São Martino Alfieri. Quando sua mãe morreu, ele tinha quatro anos de idade e um irmão chamado Vitório. Seu pai, então, deixou seu comércio em Turim e retornou para sua cidade natal, onde os filhos receberiam melhor educação e carinho, com a ajuda dos avós.
Aos onze anos, com o estudo básico concluído, quis estudar no seminário de Asti. O pai não aprovou, mas consentiu. José o freqüentou até o final da adolescência , quando sofreu uma séria crise de identidade e decidiu abandonar tudo para estudar matemática em Turim. Mas, em 1863, foi contaminado pelo tifo, ficando entre a vida e a morte. Quase desenganado, certo dia acordou pensando ter sonhado com Nossa Senhora da Consolação, que lhe dizia para retornar ao seminário. Depois disso, sarou e voltou aos estudos no seminário de Asti, do qual saiu em 1868, ordenado sacerdote e nomeado secretário do bispo daquela diocese.




São José Marello (o menino), 
no Seminário Menor.
Nos vinte anos que o Marello exerceu o seu sacerdócio em Asti foi exemplo para todos de todas as virtudes. Dom Ronco, em uma esplêndida carta recomendatória à Santa Sé, declarava-o um homem prudente, piedoso, zeloso, pleno de caridade, uma jóia de sacerdote envolvida de silenciosa humildade.
José e o bispo participaram do Concílio Vaticano I, entre 1869 e 1870. Posteriormente, acompanhou o bispo por toda a arquidiocese astiniana. Com uma rotina incansável, ele atendia todos os problemas da paróquia, da comunidade e das famílias. Muitas vezes, pensou em tornar-se um monge contemplativo, entretanto sua forte vocação para as necessidades sociais o fez seguir o exemplo do carisma dos fundadores, mais tarde chamados de "santos sociais", do Piemonte.






São José Marello: fundador dos Oblatos
de São José, ou Padre Josefinos, dedicados
ao serviço pastoral, paroquial, bem como
à administração de escolas, orfanatos e
asilos para idosos. Atuam também na
formação sacerdotal em seminários. 
Corajosamente, assumiu a responsabilidade dos problemas reais da época, sem se preocupar com o Estado, que fechava conventos, seminários e confiscava os bens da Igreja, sempre convicto de que os mandamentos não lhe poderiam ser confiscados por ninguém. Muito precisava ser feito, pois cresciam a miséria, o abandono, as doenças, a ignorância religiosa e a cultural. Mas, José também tinha de pensar nas outras pequenas paróquias da diocese, em condições precárias, e ainda, não podia deixar de estimular os padres, de cuidar da formação religiosa das crianças e jovens e de socorrer e amparar os velhos. Por isso decidiu criar uma "associação religiosa apostólica", em 1878, em Asti.
O início foi muito difícil, contando apenas com quatro jovens leigos. Mas a partir deles fundou, depois, a Congregação dos Oblatos de São José, integrada por sacerdotes e irmãos leigos, chamados a servir em todos os continentes. Os padres Josefinos pregam, confessam, educam, fundam escolas, orfanatos, asilos, constroem igrejas e seminários.
Dedicando-se igualmente aos jovens, velhos, doentes, por isso seu fundador os chamou de "oblatos", ou seja, "oferecidos" a servir em todas as circunstâncias.


Em 1888, o papa Leão XIII consagrou José Marello bispo de Acqui. A Diocese de Ácqüi se encontra no Piemonte e é sufragânea da Arquidiocese de Turim. Enalteceram-na no tempo com suas virtudes os bispos: São Maggiorino e São Guido, o fundador dos Passionistas São Paulo da Cruz e Santa Maria Domingas Mazzarello, co-fundadora com Dom Bosco das Irmãs de Maria Auxiliadora. A Catedral é dedicada a Nossa Senhora da Assunção. É uma diocese vasta, deslocada em boa parte sobre os montes do Apenino Ligure; nos tempos de Dom Marello contava com 120 paróquias e cerca de 125 mil almas.
Dom José Marello no governo da sua diocese soube unir suavidade e firmeza. Por isto, o povo e o clero lhe foram sempre unidos e afeiçoadíssimos. Também o seu vigário geral, Mons. José Pagella, tipo forte e autoritário, afeiçoou-se-lhe tão profundamente, que colaborava de bom grado com ele. Na residência episcopal, qualquer um podia aproximar-se dele, a qualquer hora.

São José Marello era um bispo missionário, um grande
apóstolo em sua própria diocese.
No breve período de seu episcopado, seis anos e meio, Dom Marello visitou toda a sua diocese. A visita pastoral teve início no dia 13 de abril de 1890, começando pela cidade de Ácqüi e estendendo-se depois a todos os vicariatos da diocese. O Bispo subiu também até as localidades mais inacessíveis, acolhido por toda parte como um santo. Na aldeia de Ricaldone conquistou de tal maneira os corações que à sua partida, quiseram acompanhá-lo com a banda musical por vários quilômetros, até a aldeia vizinha. Em Cairo Montenotte, aldeia industrial, de marca anticlerical, acolheram-no com alegria tão logo o viram abraçar uma menina do povo. Na aldeia de Morbello ele chegou durante uma forte tempestade, podendo assim levar consolo e resignação àquela população que tinha perdido toda a sua colheita.
Dom Marello escreveu aos seus diocesanos sete cartas pastorais. A primeira é de 1889 e leva a cada um dos seus filhos uma mensagem de paz. Nas outras, anunciava-lhes a próxima visita pastoral (1890), exor­tava-os à penitência (1891), dava aos pais oportunas normas para a educação dos filhos (1892), chamava a atenção para o respeito humano, exortando a uma franca profissão de fé (1893), tratava o fundamental problema do Catecismo (1894), voltava os ânimos para o empenho missionário (1895).


Estátua do santo bispo e
fundador.
Dom Marello e a Congregação dos Oblatos
Embora ocupado como bispo num trabalho múltiplo e absorvente, Dom Marello continuou a seguir vivamente os seus Oblatos. De fato, ele continuou sendo o Superior da Congregação e da Obra de Santa Chiara até a morte. Pe. Cortona nada fazia em Asti sem antes interpelar o Pai em Ácqüi, o qual respondia com cartas freqüentes e paternas e vinha também de vez em quando pessoalmente ter com seus filhos e os convidava para virem junto dele em Ácqüi ou então na residência de verão de Strevi.
Por suas obras, Dom Marello continuou a difundir solicitude e meios; por elas, a fim de salvá-las, ofereceu generosamente também a própria vida quando surgiu a questão da propriedade da Casa de Santa Chiara. A Pequena Casa da Divina Providência de Turim, tendo contribuído para a compra do edifício de Santa Chiara e obtido a cessão das representações civis de três titulares, pensava poder dispor dele como coisa sua.
Dom Marello, consciente de ser ele o representante do bispo de Asti naquela Obra, defendeu os seus direitos contra as pretensões da Pequena Casa. A questão, surgida em 1893, e penosíssima para o coração do Marello, prolongou-se até a morte dele e mesmo depois; foi remetida à Santa Sé e esta reconheceu que a Obra de Santa Chiara estava na dependência do bispo de Asti. Mons. Rastero, confessor do Marello, disse que o Pai, para salvar a vida dos Oblatos, havia oferecido ao Senhor a sua própria vida. Na espinhosa controvérsia, os Oblatos tiveram um valiosíssimo auxílio por parte de Mons. José Pagella, Vigário Geral do Marello.
Porém, nos últimos meses de sua vida, já com o físico muito enfraquecido pelo ritmo do serviço que nunca conheceu descanso ou horário, quando foi para a cidade de Savona, acompanhar a festa de São Filipe Néri, passou mal e morreu, aos cinqüenta e um anos de idade, no dia 30 de maio de 1895. Muitas graças ocorreram na ocasião da transladação do venerando corpo para a Diocese de Acqui. Por exemplo: Henriqueta Garberoglio, que sofria de esgotamento nervoso, teve cura instantânea ao tocar o caixão quando transitava por Agliano d’Asti. Muitas outras graças atribuídas a Dom Marello têm sido publicadas pela revista Joseph.
Foi beatificado no dia 23 de setembro de 1993 e canonizado em 25 de novembro de 2001 pelo Papa São João Paulo II. A festa de são José Marello é celebrada no dia de sua morte e seu corpo repousa no santuário que recebeu o seu nome, em Asti.

Aqui repousa os santos despojos do Santo Bispo, aguardando
a ressurreição dos mortos... 


Quem desejar ler a biografia mais detalhada deste Santo, existe um blog muito bom dedicado a ele: http://saojosemarello.blogspot.com.br/

quinta-feira, 28 de maio de 2015

SANTA ÚRSULA LEDOCHOWSKA, Virgem e Fundadora.



Nasceu no dia 17 de abril de 1865, em Losdorf, na Áustria. Foi batizada com o nome de Julia. Seu pai, Antônio, filho de um revolucionário do ano 1930, foi obrigado a emigrar do seu próprio país – a Polônia. A mãe, Josefina, de origem suíça, consciente das conseqüências de seu casamento com um polonês, colaborava com seu marido para educar os filhos em espírito de pertença à nação polonesa. Tinha 08 irmãos dos quais dois morreram em fama de santidade: A Beata Maria Teresa, Fundadora da Congregação de São Pedro Claver e Vladimiro, Superior Geral da Companhia de Jesus.
Julia gozava de um afeto especial. Sua mãe chamava-a de “Raio de Sol” e ela aceitou este nome como seu programa de vida... Queria como um raio depender continuamente do seu Sol Divino e com seu amor iluminar a vida dos outros, para conduzi-los à fonte de todo o bem, a Deus.
Nos estudos, se distinguia pela inteligência, aplicação e comportamento em modo tal que seu nome foi escrito no “Livro de Ouro” da escola. Cultivou suas capacidades artísticas de música, pintura e línguas.
A santa quando menina.
Em 1883, a família Ledóchowski retornou à Polônia e se estabeleceu em Lipnica Murowana, próximo à Cracóvia. Os seus numerosos contatos com o povo da localidade permitiram-lhe descobrir quais eram suas dificuldades e sofrimentos, o que lhe deu oportunidade para colocar-se a serviço dos mais necessitados.
O seu irmão Vladimiro declara: “Tinha um coração extremamente sensível e terno para com cada miséria e cada desgraça. Cercava de cuidados e preocupações especialmente os doentes e pobres; ia buscá-los em casa, providenciava remédios, prestava diversos serviços, consolava-os.”
Em 1885, seu pai e sua irmã Maria Teresa foram contagiados por uma epidemia de varíola e o conde Antônio não superou esta grave doença. Em seu leito de morte quis ser assistido por sua filha Julia que, em tal ocasião, lhe pediu a permissão de tornar-se religiosa, o que lhe foi concedido de coração. Seu irmão procurou ajudá-la convencendo a mãe em luto que suplicava para que ela ficasse ao seu lado e o pároco local que não queria perder a benéfica influencia que Julia exercitava sob a população da região.
Em 1886, Julia entrou no convento autônomo das Ursulinas em Cracóvia. Em 1889, fez a profissão religiosa assumindo a nome de Úrsula. Em seguida inicia as atividades de educadora e professora no ginásio dirigido pelas mesmas irmãs. Em 1904, foi eleita superiora do convento. Abriu o primeiro pensionato para as moças universitárias. Adaptou as Constituições religiosas às necessidades apostólicas recebendo aprovação da Santa Sé.
Como professora unia o profundo conhecimento da matéria com uma acessível e interessante forma de ensinar. Exercia uma profunda e duradoura influencia sobre as educandas. Não poupava esforços para aprofundar nas alunas a vida espiritual. Com as irmãs, como Superiora, era paciente e compreensiva.
Entre suas alunas, em Cracóvia, entrou em contato com muitas jovens provenientes dos territórios ocupados pela Rússia. Sentia a necessidade de abrir uma obra missionária na Rússia. Em 1907, à pedido da colônia polonesa de Petersburgo e com a bênção do Papa Pio X, Madre Úrsula vestida de leiga porque era proibida a existência de conventos, parte com algumas irmãs para Petersburgo e assume a direção do internato junto ao ginásio polonês Santa Catarina. Além das atividades de educadora e professora, empreende numerosas ações de caráter apostólico e ecumênico. Em 1908 obtém a ereção da casa de Petersburgo como convento autônomo e é nomeada Superiora.
Em São Petersburgo não se desencorajou diante das numerosas dificuldades do deplorável estado financeiro do pensionato, dos educadores e professores mal dispostos para com as religiosas, da falta de conhecimento da língua russa e da necessidade de esconder a própria identidade religiosa, ao menos nos contatos oficiais.
A aproximação com as moças foi relativamente fácil. Eis o que relata uma delas: “Rebeldes, esperávamos na grande sala, segundo o que nos foi dito, a nossa nova e severa educadora. Entretanto, entrou uma pessoa serena e querida, passou sobre nós um olhar bondoso e disse com sorriso: 'Então, daqui em diante seremos uma família'. Viemos para perto dela. Rompeu-se o gelo”. Também o corpo docente foi conquistado e algumas das professoras, entre elas a responsável do pensionato, aumentaram a comunidade das irmãs, naturalmente no maior segredo.
Madre Úrsula com toda a energia põe-se a trabalhar. Toma nas mãos a administração do internato e introduz as mudanças necessárias. Dedica, porém a maior parte do seu tempo para as jovens. Faz surgir uma capela dentro do internato. Funda o Sodalício Mariano, organiza retiros estimulando nas educandas a necessidade de Deus.
Em 1910 abre, na Finlândia, em Merentähti uma escola com pensionato para as jovens polonesas. Merentähti se torna o centro de ajuda e de atividade religiosa também para a população local na maior parte pobres pescadores. Aprende a difícil língua finlandesa para traduzir o catecismo e os cantos religiosos. Traz de Petersburgo uma enfermeira para cuidar dos doentes. As autoridades russas percebem a atuação da Madre e iniciam uma seqüência de interrogações e perseguições. Em 1914, com o estouro da Primeira Guerra Mundial, é expulsa definitivamente do território russo e da Finlândia.
Madre Úrsula refugia-se na Suécia. Insere-se, com entusiasmo e com novas iniciativas na vida do ambiente local e nas atividades da Igreja católica. Entre outras atividades dá início a um Instituto de Línguas Estrangeiras. Entra no comitê de ajuda as vítimas da guerra na Polônia organizado por H. Sienkiewicz. Percorre os países escandinavos pronunciando dezenas de conferências sobre a Polônia, sua cultura, sua história e seu direito à independência. Mantém contatos com pessoas de diversas nacionalidades, religiões e ideologias.
Reúne as Senhoras para colocações religiosas e retiros espirituais... Funda o Sodalício Mariano... Publica uma revista mensal com o título “Centelhas de Sol”. Única revista católica, ainda hoje, na Suécia.
No ano de 1917, inicia ainda outras obras importantes: Organiza na Dinamarca (Djursholm, 1915 e Aalborg 1918) a casa para os órfãos dos operários poloneses que vinham aos países escandinavos para trabalhar periodicamente e por causa da guerra ficaram separados do próprio país. Funda também uma escola de economia doméstica para as jovens.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial e consciente das conseqüências da mesma, se abre diante de Madre Úrsula um vasto campo apostólico. Em 1920 retorna à Polônia com um grupo de irmãs e de crianças órfãs. A comunidade se estabelece em Pniewy. Madre Úrsula obtém a permissão da Santa Sé para transformar a casa autônoma de Petersburgo em um novo Instituto: a Congregação das Irmãs Ursulinas do Coração de Jesus Agonizante.
A Congregação participa com dinamismo da vida do país em reconstrução. Dá-se um rápido desenvolvimento às obras e as comunidades. Entre os anos 1920 - 1939 foram fundadas 35 casas na Polônia, Itália e França. O número de irmãs chega a 800.
Abraça com a própria atividade as necessidades sociais e religiosas: Abre Institutos de educação, escolas com pensionatos para as jovens, creches, organiza a catequese, Congregação Mariana, edição de um periódico religioso, etc.
Madre Úrsula morreu em Roma, no dia 29 de maio de 1939 na casa geral da Congregação. Seu corpo foi sepultado no cemitério de Verano. Em 22 de abril de 1959, foi realizada uma exumação e o corpo intacto foi transferido para a casa geral. Em 1989 foi realizada uma segunda exumação e o corpo foi transladado para a Polônia, em Pniewy, atraindo um grande número de peregrinos.
Na Polônia, devido à cor do hábito, se popularizaram como as "ursulinas cinzas" e na Itália, como as "irmãs polonesas". A ordem foi aprovada em 1930 e se desenvolveu com rapidez. Quando sua fundadora, madre Úrsula, morreu, já existiam trinta e cinco casas e mais de mil irmãs. Ela deixou vários livros, todos escritos em polonês, que foram traduzidos para o italiano e francês.
O papa São João Paulo II, em 1983, a beatificou, numa comovente cerimônia em Poznan, quando visitava a Polônia. Vinte anos depois ele mesmo a canonizou, declarando ser seu devoto. O culto em sua homenagem foi designado para o dia de sua morte.
Ursulinas do Sagrado Coração de Jesus – e a Igreja acrescentou – Agonizante”. Assim é chamada a Congregação da Madre Úrsula, através da qual se perpetua até hoje a sua espiritualidade que animou profundamente a sua existência.
A missão específica da Congregação na Igreja é anunciar o Cristo e o amor do seu coração através da educação e do ensino das crianças e dos jovens, através do serviço aos irmãos mais necessitados e oprimidos e através de outras formas de atividade que têm como finalidade a Evangelização do mundo.
Atualmente a Congregação está presente em 13 países: Polônia, Itália, França, Canadá, Argentina, Brasil, Alemanha, Finlândia, Tanzânia, Rússia, Ucrânia, Filipinas e Bolivia.

Ide ao mundo com o sorriso nos lábios. Ide semear um pouco de felicidade neste vale de lágrimas sorrindo para todos, especialmente para os tristes, para os desanimados diante da vida, para os que estão caindo sob o peso da cruz; Ide sorrindo para eles com aquele sorriso límpido que fala da bondade de Deus. (Madre Úrsula Ledóchowska)


quarta-feira, 27 de maio de 2015

SANTA MARIA MADALENA DE PAZZI, Virgem Carmelita e Mística. Dois textos biográficos.


Primeiro texto biográfico: 

"Pelo abandono total, se faz morrer a si mesma em Deus, não deseja conhecê-lo, nem entendê-lo, nem experimentá-lo. Nada quer, nada sabe e nada deseja poder" - essa é a via do "amor morto" pregada pela santa.


“Ó Amor, que não sois conhecido nem amado, como estais ofendido!”... Estas misteriosas e sublimes palavras ecoavam pelos muros do mosteiro carmelita de São Fridiano, em Florença, naquela tarde de inverno de 1584. Uma noviça de 18 anos as havia pronunciado com lábios trêmulos, o rosto inflamado e banhado em lágrimas.

Surpresas, as irmãs não sabiam o que pensar: conheciam a piedade da sua jovem companheira, mas nunca a tinham visto nesse estado de exaltação, prestes a desmaiar. Tomaram-na nos braços, julgando-a acometida de súbita doença, e procuraram acalmá-la; mas, durante duas horas, ela parecia nada ver, nem ouvir, dominada tão somente por esta ideia: Deus é Amor, e não é amado! Tratava-se de Santa Maria Madalena de Pazzi.


"Flor de contradição"

Deus, Senhor da História, atende sempre às necessidades de cada era suscitando almas santas que – pelo exemplo pessoal, pela sua pregação e escritos, ou ainda pela abertura de uma nova via de perfeição – arrostam os erros de seu tempo, chamando as pessoas extraviadas para a conversão.

No século XVI a península italiana se caracterizava por uma visualização antropológica do universo onde o homem – com seus valores e qualidades, mas também com suas deficiências – tomava o lugar principal. Para se contrapor a esse desvio, "toda a espiritualidade italiana do século XVI está impregnada pelo tema do amor total. Caminhos diversos unem-se no anseio comum do amor teocêntrico, que parece brotar como flor de contradição do tronco do humanismo renascentista".

Nesse contexto, nascia na cidade de Florença, berço e âmago da Renascença italiana, em um suntuoso palácio situado ao sul do histórico duomo, na esquina da Via del Proconsolo com o Borgo degli Albizi, em 2 de abril de 1566, Catarina de Pazzi, filha única de Camillo di Geri de' Pazzi e de Maria Lourenço Buondelmonti, ambos de ilustres famílias da República.

Seus pais educaram com esmero a menina de rara beleza, e nela depositavam as esperanças de um futuro brilhante na vida social, na qual poderia sobressair-se graças a seus dotes naturais e ao parentesco do pai com a prestigiosa casa dos Médici.
Catarina, de fato, estava destinada a reluzir nos céus da História, mas não precisamente segundo as ilusões de seus progenitores.



"Sinto o perfume de Jesus!"

Desde a infância, Catarina deu mostras de ser uma alma eleita. Quando pequena, encontrava maior prazer no silêncio, na oração e nas práticas de piedade do que nas brincadeiras próprias à idade, e era para ela a recreação mais agradável ensinar o Credo, o Pai Nosso e a Ave-Maria às crianças camponesas. Dotada de grande força de vontade e de um temperamento ardoroso e veemente oriundo de seu sangue toscano, mostrava-se, no entanto, sempre obediente e afável com seus pais e superiores.

Antes mesmo de completar a idade requerida naqueles tempos para receber a Eucaristia, nutria ela excepcional devoção ao Santíssimo Sacramento. Certa vez, sua mãe, intrigada com as atitudes da filha, interrogou-a sobre a razão pela qual passava alguns dias inteiros a seu lado, sem separar-se sequer por um instante. Respondeu com candura a pequena: "É que nos dias em que comungais, sinto em vós o perfume de Jesus!".

Considerando o fervor e a maturidade da menina, seu confessor consentiu em abrir uma exceção, concedendo-lhe fazer a Primeira Comunhão em 25 de março de 1576, quando contava apenas 10 anos. A consolação e o gozo de Catarina não conheceram limites. E, tendo uma vez degustado o Pão dos Anjos, cresceu ainda mais em sua alma a piedade eucarística, conforme a frase da Escritura: "Os que comem de mim terão ainda fome" (Eclo 24, 29). Deste modo, obteve autorização de comungar todos os domingos, para o que ela contava os dias e até mesmo as horas.2


Adeus ao mundo e obediência à vontade de Deus

Três semanas após sua Primeira Comunhão, na Quinta-Feira Santa, estando recolhida durante a ação de graças, Catarina sentiu-se movida pelo amor divino a prometer a Deus proceder de forma a agradá-Lo em tudo. Fez, então, o voto de virgindade perpétua, voltando definitivamente as costas ao risonho porvir oferecido pelo mundo, decidida a viver só para Deus e em Deus, para sempre.

 Não pensavam seus progenitores do mesmo modo e, apenas completou os 16 anos, manifestaram o desejo de vê-la contrair matrimônio. Assim, para não pôr em risco a consagração feita a Deus, a jovem optou por declarar abertamente ao pai que preferia ter a cabeça cortada, a renunciar a seu voto e ao estado religioso pelo qual almejava. Estupefato diante de tanta determinação, Camilo de Pazzi cedeu, sem opor mais objeções.

Sua esposa, entretanto, não se rendeu com a mesma facilidade. Apegada à filha por uma afeição puramente natural, Maria Buondelmonti empregou todos os meios ao seu alcance para desviá-la da vocação religiosa. Julgava, talvez, ser mera fantasia de adolescente que não tardaria a esvanecer-se à vista de um futuro atraente. Mas Catarina longe de abandonar seu propósito, fê-lo crescer em seu coração, acrisolado pela espera e pela prova. Ao cabo de alguns meses, a Senhora de Pazzi teve de se declarar derrotada.


Oceano de consolações

Vencida a batalha e obtida a permissão para abraçar a vida religiosa, Catarina escolheu o convento das carmelitas de Santa Maria dos Anjos, no bairro de São Fridiano, pela simples razão de terem essas religiosas a prática da Comunhão diária. Após ter passado nele quinze dias a título experiência, foi aceita de forma definitiva em 1º de dezembro de 1582, recebendo, dois meses depois, o hábito de noviça e o nome de Maria Madalena, por sua especial devoção a essa santa.

Uma nova dimensão de vida iniciava-se para a jovem religiosa: de um lado, o Senhor ia lhe conceder o tesouro de suas consolações, para torná-la um apóstolo de seu amor entre os homens; de outro – e como consequência desse mesmo amor –, pedir-lhe-ia uma participação nos sofrimentos da sua Paixão, oferecendo-os em reparação pelos males de sua época e pela salvação dos pecadores.

Os dois primeiros anos passados em São Fridiano foram para ela de uma contínua consolação. Sentia-se arrebatada ao contemplar o amor de Deus pelos homens e compreender, também, o horror e a malícia do pecado, e a ingratidão dos que o cometem. Contudo, passado algum tempo, uma misteriosa doença a acometeu, obrigando-a, durante três meses, a guardar o leito. Nessas condições fez sua profissão religiosa, em 27 de maio de 1584.

A partir desse dia, os êxtases passaram a ser contínuos, sobretudo de manhã, após receber a Comunhão. "A vista de uma flor, de uma planta, o santo nome de Jesus ou simplesmente a palavra amor pronunciada diante dela era suficiente para arrebatá-la em Deus".3

"Não sabia se estava viva ou morta, fora do meu corpo ou dentro", relatou mais tarde a jovem carmelita, descrevendo esses místicos arroubos. "Mas via Deus só, glorioso em Si mesmo, amando-Se a Si mesmo, conhecendo-Se intimamente e compreendendo-Se infinitamente; amando as criaturas com um amor puro e infinito; e na união única e indivisível, um só Deus subsistente, de amor infinito, de soberana bondade, incompreensível, imperscrutável".4

Na Quaresma de 1585, os fenômenos extraordinários chegaram a um auge de intensidade. No dia 25 de março, apareceu-lhe Santo Agostinho que gravou em seu peito as palavras "Et Verbum caro factum est". Na segunda-feira da Semana Santa, recebeu os sagrados estigmas de Cristo, contudo não de forma visível.


Na Quinta-Feira Santa, Irmã Maria Madalena entrou num êxtase que durou vinte e seis horas. Ao longo de todo o período no qual se comemora a Paixão do Divino Redentor, ela sentiu em si, fisicamente, as mesmas dores, as mesmas angústias, os mesmos tormentos de Jesus. Surpresas e maravilhadas, as demais religiosas puderam contemplá-la percorrendo as diversas dependências do mosteiro, ora acompanhando o Divino Mestre em sua agonia, ora em seu julgamento, ora ainda na dolorosa coroação de espinhos. Por fim, viram-na entrar, com uma cruz aos ombros, na sala do Capítulo onde se estendeu no chão para ser pregada no madeiro, depois se recostou na parede e, de braços abertos, repetiu as sete últimas palavras do Crucificado. Alguns dias depois, foi-lhe dado assistir à descida de Cristo aos infernos, à sua Ressurreição e, finalmente, à sua gloriosa Ascensão.


Seguindo as pegadas do “Homem das dores”

A essas graças tão insignes haveria de seguir-se uma era de grandes provações e lutas. Antes, porém, o próprio Jesus Se dignou anunciar-lhe esse doloroso período, de maneira a dar-lhe oportunidade de pronunciar seu “Fiat” e uni-la cada vez mais ao Cristo obediente e sofredor. Ela, em sua simplicidade e confiança, limitou-se a responder: "Senhor, basta-me a vossa graça!".5

De um momento para outro, sentiu-se mergulhada nas trevas do espírito – verdadeira "jaula de leões", segundo sua própria expressão –, das quais se aproveitou o inimigo infernal para atentar contra o castelo de suas virtudes.

A terrível prova iniciou-se na Solenidade da Santíssima Trindade de 1585. Irmã Maria Madalena perdeu completamente o gosto pela oração e por qualquer exercício de piedade; experimentou tentações contra a pureza, contra a fé, contra a humildade e até contra a temperança no comer; o espírito maligno sugeriu-lhe pensamentos de blasfêmia e de desespero, a ponto de inspirar-lhe a ideia de abandonar o hábito religioso e fugir da comunidade.

Adicionar legenda
Em outras ocasiões, demônios lhe apareciam corporalmente e lançavam-se sobre ela para espancá-la durante horas. A tantas tribulações, veio juntar-se mais uma amargura: várias de suas irmãs, não compreendendo suas atitudes, criticavam-na, acusando-a de faltas imaginárias.

Cinco longos anos se passaram em meio a tais lutas, entremeadas de curtas intermitências de consolação. Por fim, no dia de Pentecostes de 1590, entrou ela em êxtase durante o cântico das Matinas e sentiu-se libertada. O demônio não pudera triunfar sobre essa alma. Apareceram-lhe, então, de uma só vez, os catorze santos de sua especial devoção, congratulando-se com ela pela vitória alcançada.



A espiritualidade do amor total

Na trajetória desta santa carmelita, chamam poderosamente a atenção os padecimentos que acabamos de descrever, bem como seus contínuos êxtases, sua virtuosa atuação como mestra de noviças e subpriora, e os grandes milagres por ela operados em vida, como a cura de muitos doentes e a multiplicação de alimentos no mosteiro.

Durante cerca de vinte anos suas irmãs de hábito do Convento de São Fridiano recolheram cuidadosamente as palavras brotadas de seus lábios "com tal abundância, que uma só pessoa não seria suficiente para escrever tudo quanto o Espírito Santo lhe dizia". 6 Tornou-se necessário, então, escalar seis religiosas para tal serviço, de maneira a não perder as preciosas revelações pronunciadas por ela, quando era arrebatada. Tais anotações resultaram em numerosas obras de profundo conteúdo teológico e místico.

Elevada de tal maneira aos panoramas sobrenaturais, sua alma entrevia os mistérios de Deus e dialogava com as Três Divinas Pessoas, segundo narra um de seus confessores, padre Virgilio Cepari: "Quando falava o nome do Pai eterno, dava à sua voz um timbre grave e majestoso, e a seu discurso uma dignidade incomparável. Quando pronunciava o nome do Verbo ou do Espírito Santo, mesclava não sei que doçuras à gravidade e majestade de sua palavra. Enfim, quando falava em seu próprio nome, sua voz era mais baixa e suas palavras mais delicadamente articuladas, e tornava-se patente que, no sentimento de sua própria humildade, ela queria aniquilar-se diante de Deus".7

A espiritualidade de Santa Maria Madalena de Pazzi centrava-se no que ela chama de "amor morto". Último degrau na escala da perfeição por ela mesma descrita, a alma que o possui "não deseja, não quer, não anseia e não procura coisa alguma. [...] Pelo abandono total, se faz morrer a si mesma em Deus, não deseja conhecê- lo, nem entendê-lo, nem experimentá-lo. Nada quer, nada sabe e nada deseja poder. [...] O pesar não é pesar para ela e não busca a glória, mas vive em tudo como morta".8


Consumação do amor

Este amor traduzia-se numa sede insaciável de salvar os pecadores e conquistar almas para o Céu. Do interior de seu convento, Maria Madalena sofria terrivelmente ao receber notícias do progresso das heresias e da grande influência exercida por estas na sociedade. Seu ardor pela conversão dos inimigos da Igreja a levava a desejar permanecer na Terra por longo tempo, a fim de trabalhar e mortificar-se mais e mais nessa intenção: "Sempre sofrer, jamais morrer!", exclamava com frequência.

Jesus, porém, e sua Mãe Santíssima não tardaram em chamar a Si esta filha predileta, para conceder-lhe, por fim, a posse plena da união de amor, da qual ela já experimentara aqui na Terra um antegozo. Os últimos cinco anos de sua vida transcorreram sem consolações místicas, segundo seu próprio pedido, em meio aos padecimentos inerentes à doença que lhe abreviou os dias: tosse, febres, hemorragias, dores de cabeça. Padeceu, também, terrivelmente em sua alma, experimentando a escuridão e aridez espiritual. Até que, no dia de Pentecostes, a luz do êxtase voltou para a provação final: a da dor física. Seu corpo ficou coberto de úlceras que provocavam dores terríveis. A tudo suportou sem uma queixa sequer, entregando-se exclusivamente ao amor à Paixão de Jesus.

Por fim, em 25 de maio de 1607, aos 41 anos entregou sua bela alma a Deus, após ter recebido o Santo Viático na véspera, e ter feito um solene pedido de perdão de suas faltas a toda a comunidade. Faleceu no convento de Santa Maria dos Anjos, que hoje leva o seu nome, em Florença.

Beatificada em 1626 pelo Papa Urbano VIII, foi inserida no catálogo dos Santos em 1669, pelo Papa Clemente IX.  Cinquenta e seis anos depois de sua morte, em 1663, quando se lhe abriu o túmulo, foi-lhe encontrado o corpo sem o menor sinal de decomposição, percebendo-se ainda o celeste perfume. O corpo incorrupto de santa Maria Madalena de Pazzi repousa na igreja do convento onde faleceu. Sua festa é celebrada no dia de seu trânsito.
Sua luminosa trajetória e sua mensagem para a posteridade podem ser resumidas nestas palavras, exaladas de seu amoroso coração: "Sem Ti não posso viver nem estar alegre. [...] Se me desses toda a felicidade que se pode ter na Terra, com todos os seus prazeres; se me desses toda a fortaleza de todos os fortes, a sabedoria de todos os sábios e as graças e virtudes de todas as criaturas, sem Ti eu, o estimaria como um inferno. E se me desses o próprio inferno com todas as suas penas e tormentos, mas contigo, eu o consideraria um paraíso".


Notas:
1 YUBERO, Alberto. Introducción. In: SANTA MARIA MAGDALENA DE PAZZI. Éxtasis, amor y renovación. Revelaciones e Inteligencias. Renovación de la Iglesia. Madrid: BAC, 1999, p.XX.
2 VETTARD, Th. Sainte Marie-Madeleine Pazzi. In: Un Saint pour chaque jour du mois. Paris: Maison de la Bonne Presse, 1932, t.V, p.226.
3 CEPARI, Virgile. Vie de la Sainte, apud BRANCACCIO, Laurent- Marie. Introduccion. In: SANTA MARIA MAGDALENA DE PAZZI. Oeuvres. Paris: Victor Palmé, 1837, t.I, p.XIII.
4 SANTA MARIA MAGDALENA DE PAZZI, Vita, c.II, n.22, apud ROHRBACHER. Vidas dos Santos. São Paulo: Américas, 1960, v.IX, p.245.
5 VETTARD, op. cit., p.230.
6 CEPARI, op. cit., p.XIV.
7 Idem, ibidem.
8 SANTA MARIA MAGDALENA DE PAZZI, Revelaciones e Inteligencias. In: Éxtasis, amor y renovación, op. cit., p.158-159.
9 ROYO MARÍN, OP, Antonio. Los grandes maestros de la vida espiritual. Madrid: BAC, 2002, p.319.



Segunto texto biográfico:

Santa Maria Madalena de Pazzi, filha de pais ilustres, modelo perfeito de vida e santidade, nasceu em Florença no ano de 1566. No batismo foi chamada Catarina, nome que no dia para a entrada no convento foi mudado para Maria Madalena.  É uma das eleitas do Senhor, que desde a mais tenra infância dera indícios indubitáveis de futura santidade. 
Menina ainda, achava maior prazer nas visitas à Igreja ou na leitura da vida dos Santos. Apenas tinha sete anos de idade e já começava a fazer obras de mortificação. Abstinha-se de frutas, tomava só duas refeições por dia, fugia dos divertimentos, para ter mais tempo para ler os santos livros, principalmente os que tratavam da sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Assim se explica o grande amor a Jesus Cristo, que tantas coisas maravilhosas lhe operou na vida. Não tendo ainda a idade exigida, não lhe era permitido receber a sagrada Comunhão.
O desejo, entretanto, de receber a Jesus na sagrada Hóstia era-lhe tão grande, que os olhos se enchiam de lágrimas, quando via outras pessoas aproximarem-se da santa mesa.  Com dez anos fez a primeira comunhão foi indescritível alegria que recebeu, pela primeira vez, o Pão dos Anjos.  Ela mesma afirmou muitas vezes que o dia da Primeira Comunhão tinha sido o mais belo de sua vida. Logo depois da Primeira Comunhão, se consagrou a Deus, pelo voto de castidade perpétua. 

Quando contava doze anos, nos seus exercícios de mortificações, chegou a usar um hábito grosseiro, e dormir no chão, a por uma coroa de espinhos na cabeça e a castigar por muitos modos o seu delicado corpo, manifestando assim o ardente desejo de tornar-se cada vez mais semelhante ao Divino Esposo.  Quando diversos jovens se dirigiram aos pais de Maria, para obter-lhe a mão, ela pode declarar-lhes: "Já escolhi um Esposo mais nobre, mais rico, ao qual serei fiel até a morte".  Vencidas muitas dificuldades, Maria conseguiu entrada no convento das Carmelitas em Florença.
Após a vestição, se prostrou aos pés da mestra do noviciado e pediu-lhe que não a poupasse em coisa alguma, e a ajudasse a adquirir a verdadeira humildade. tendo recebido o nome de Maria Madalena, tomou a resolução de seguir a grande Penitente no amor a Jesus Cristo e na prática de heroicas virtudes.
No dia da Santíssima Trindade fez a profissão religiosa com tanto amor, que durante duas horas ficou arrebatada em êxtase. Estes arrebatamentos repetiram-se extraordinariamente, e Deus se dignou de dar à sua serva instruções salutares e o conhecimento de coisas futuras. O fogo do divino amor às vezes ardia com tanta veemência que, para aliviá-la, era preciso que lavasse as mãos e o peito com água fria. Em outras ocasiões, tomava o crucifixo nas mãos e exclamava em voz alta: "Ó amor! Ó amor! Não deixarei nunca de vos amar!" Na festa da Invenção da Santa Cruz percorreu os corredores do convento, gritando com toda a força:” Ó amor! Quão pouco se vos conhece! Ah! Vinde, vinde ó almas e amai a vosso Deus!" Desejava ter voz de uma força tal, que fosse ouvida até os confins do mundo. Só uma coisa queria pregar aos homens: "Amai a Deus!".
Maior sofrimento não lhe podia ser causado, do que dando a notícia de Deus ter sido ofendido. Todos os dias oferecia a Deus orações e penitências, pela conversão dos infiéis e pecadores, e às Irmãs, pedia, que fizessem o mesmo.
Na ânsia de salvar almas, oferecia-se a Deus para sofrer todas as enfermidades, a morte e ainda os sofrimentos do inferno, se isto fosse realizável, sem precisar odiar e amaldiçoar a Deus.  Em certa ocasião disse: "Se Deus, como a São Tomás de Aquino, me perguntasse qual prêmio desejo como recompensa, eu responderia: 'Nada, a não ser a salvação das almas'“.
Os dias de Carnaval eram para Maria Madalena dias de penitência, de oração e de lágrimas, para aplacar a ira de Deus provocada pelos pecadores. 

Para o corpo era de uma dureza implacável; não só o castigava, impondo-lhe o cilício, obrigando-o a vigílias, mas principalmente o sujeitava a um jejum rigorosíssimo; durante vinte e dois anos teve por único alimento pão e água.
Não menos provada foi sua alma; Deus houve por bem mandar-lhe grandes provações. Durante cinco anos sofreu ininterruptamente os mais rudes ataques de pensamento contra a fé, sem que por isso se tivesse deixado levar pelo desânimo.  Muitas vezes se abraçava coma imagem do crucifixo, implorando a assistência da graça Divina.
Nos últimos três anos de vida, sofreu diversas enfermidades. Deus permitiu que nas dores ficasse privada ainda de consolações espirituais. Impossibilitada de andar era forçada a guardar o leito. Via-se então um fato extraordinário: quando era dado o sinal para a Missa ou Comunhão, ela se levantava, ia ao coro e assistia a Missa toda. De volta para a cela, caía de novo na prostração e imobilidade.  Quando lhe aconselharam abster-se da Comunhão, declarou ser-lhe impossível, sem o conforte deste Sacramento, suportar as dores.  No meio dos sofrimentos, o seu único desejo era: "Sofrer, não morrer".  Ao confessor, que lhe falou da probabilidade de um fim próximo dos sofrimentos, ela respondeu: "Não, meu padre, não desejo ter este consolo, desejo poder sofrer até o fim de minha vida".
Quando os médicos lhe comunicaram a proximidade da morte, Maria Madalena recebeu os sacramentos da Extrema Unção e do Viático com uma fé, que comoveu a todos que estavam presentes. como se fosse grande pecadora, pediu a todas as Irmãs perdão de suas faltas.  O dia 25 de maio de 1607 libertou-lhe a alma do cárcere do corpo. Deus glorificou-a logo, por um grande milagre.  O corpo macerado pelas contínuas penitências, doenças, jejuns e disciplinas, rejuvenesceu, exalava um perfume delicioso, que enchia toda a casa. 
Cinquenta e seis anos depois, em 1663, quando se lhe abriu o túmulo, foi-lhe encontrado o corpo sem o menor sinal de decomposição, percebendo-se ainda o celeste perfume.  Beatificada em 1626 pelo Papa Urbano VIII, foi inserta no catálogo dos Santos em 1669, pelo Papa Clemente IX.



Reflexões:

Maria Madalena sofreu durante cinco aos, as mais terríveis tentações de desespero, contra a fé e a pureza; clamando a Deus por socorro, com a graça venceu todas as dificuldades.  Satanás costuma molestar com tais tentações as pessoas que se dedicam ao serviço do Senhor. Diz São Gregório: "Se sois perseguidos por tentações, não desanimeis. Pedi a Deus a graça e Ele não vos deixará cair. Deus é fiel e não permite que sejais tentados mais do que podem as vossas forças" (I Cor 10,13).  Oferece-vos a graça, para que possais vencer a tentação. Além disto, tendes a vossa vontade, que não pode ser forçada por ninguém.  "Eis a fraqueza do inimigo" , diz São Bernardo, "que não poderá vencer senão àquele, que o consentir. O inimigo pode excitar a tentação, mas de nós depende consenti-la ou rejeitá-la".

(Fontes: Revista Arautos do Evangelho, site das Paulinas e site Página Oriente)



PENSAMENTOS DE SANTA MARIA MADALENA DE PAZZI

“Verdadeiramente és admirável, ó Verbo de Deus, no Espírito Santo, fazendo com que ele se infunda de tal modo na alma, que ela se una a Deus, conheça a Deus, e em nada se alegre fora de Deus”.
“Ó almas criadas de amor e por amor, porque não amais o Amor?”.
“Ó Amor não amado, nem conhecido. Ó Amor, faz com que todas as criaturas te amem, Amor”
“Vem, Espírito Santo. Venha a unidade do Pai e do bem-querer do Verbo. Tu, Espírito da Verdade, és o prêmio dos santos, o refrigério dos corações, a luz das trevas, a riqueza dos pobres, o tesouro dos que amam, a saciedade dos famintos, o alívio dos peregrinos; tu és, enfim, Aquele que contém em si todos os tesouros. Vem, tu que, descendo em Maria, realizaste a encarnação do Verbo, e realiza em nós, pela graça, o que nela realizaste pela graça e pela natureza”.
“Vem, tu que és o alimento de todo pensamento casto, a fonte de toda clemência, a plenitude de toda pureza. Vem e transforma tudo o que em nós é obstáculo para sermos plenamente transformados em Ti”.
“E parecia-me que a plataforma deste templo foi a elevada mente e o alto entendimento da Virgem Maria. Havia também um altar, e percebi que era a vontade da Virgem. E a toalha do mesmo altar era a sua puríssima virgindade. E o cibório onde Jesus se encontra é o coração da Virgem. E diante do altar vi sete lâmpadas que entendi serem os sete dons do Espírito Santo que igual e perfeitamente se encontravam na Virgem Maria. E sobre o altar encontravam-se doze formosíssimos candelabros que eu percebi serem os doze frutos do Espírito Santo que a Virgem possuía”.
“A alma que recebe o Sangue divino torna-se bela como se a vestissem preciosamente, e tão brilhante e fulgurante que, se pudéssemos vê-la, seríamos tentados a adorá-la”.
“Quando ofereces o precioso Sangue ao Pai celeste, lhe ofereces um dom tão agradável, que ele se reconhece teu devedor”.
“O tempo mais apropriado para crescer no amor de Deus é aquele que se segue após a comunhão”.
“A alma que recebe a Eucaristia se torna bela, como que revestida de uma veste preciosa, e tão resplandecente, que, se pudéssemos vê-la, ficaríamos tentados a adorá-la”
“Todas as nossas orações não devem ter outra finalidade a não ser alcançar de Deus a graça de seguir em tudo sua santa vontade”
“Com a obediência estou segura de fazer a vontade de Deus, ao passo que não estou segura dedicando-me a qualquer outra ocupação”
“A perfeita obediência exige uma alma sem juízo próprio”
“Felizes os religiosos que, desapegados de tudo por meio da pobreza, podem dizer: ‘Senhor, sois a parte da minha herança’ (Sl 15,5)”
“Certas pessoas querem o meu Espírito, mas querem-no como lhes agrada, tornam-se assim incapazes de recebê-lo”.
“Meu Senhor pensou em criar esta flor, desde toda eternidade por meu amor”.
“Sim, Jesus, vós estais louco de amor!”
“Deus remunera as nossas boas obras segundo a pureza de intenção”
“Quando pedimos as graças a Deus, ele não só nos atende, mas de certo modo nos agradece”.
“A honra de uma pessoa desejosa de vida espiritual está em ser colocada depois de todas as outras e em ter horror a ser preferida aos outros”.
“Os olhos da intenção reta inclinam a si os olhos do agrado divino”
“Para a perfeição importa irmos não andando, mas correndo; não correndo, senão voando”
“Só de ouvir nomear o pecado deveríamos morrer de espanto”
“Ai, ai, ai daquele por quem na Religião se introduzir vaidade ou propriedade”.
“A estrada para o Paraíso mais limpa, mais breve e mais segura é a Religião”.
“Ah! Bom Jesus! Quanta doçura está encerrada nesta só palavra: Vontade de Deus!”
“Dar bom exemplo ao próximo é uma das maiores honras que podemos dar a Deus”.
“Sobre o nada da humildade funda Deus o mundo da perfeição”
“Que vergonha! Nós entre rosas, Cristo entre espinhos!”
“A alma vestida de caridade é quase onipotente”.

“O Espírito Santo vem à alma, marcando-a com o precioso selo do sangue do Verbo, ou seja, do Cordeiro imolado. Mais ainda, é esse mesmo sangue que O incita a vir, embora o próprio Espírito já por Si tenha esse desejo”.