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terça-feira, 12 de maio de 2015

Beata Joana de Portugal, Princesa e Virgem Dominicana. Dois textos biográficos.


Primeiro texto biográfico

Esta princesa faleceu quando as cortes europeias eram grandes responsáveis pela expansão dos costumes renascentistas, enquanto dando prestígios aos intelectuais que lançavam as ideias da Renascença, aos juristas que plasmavam o Estado absolutista, e levando uma vida esplêndida, luxuosa, no meio das delícias, esquecidos do fim último de sua vocação de ser exemplo para as classes inferiores.
Durante muito tempo esta princesa praticou a virtude da mortificação na própria corte, a ponto de tomar como emblema a coroa de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sua atitude entrava em choque com todas as tendências da época e repercutiu, nesse período já adiantado da Renascença, como uma espécie de reminiscência da Idade Média.
Também dentro do convento o modo como ela praticava as virtudes religiosas era um agir contra, pois as religiosas viviam de um modo muito relaxado naquele tempo. Era uma época de grande decadência das ordens religiosas.
Décadas depois, a grande Santa Teresa de Jesus contava como viviam as carmelitas no tempo dela: recebiam visitas o dia inteiro; tinham guitarras, alaúdes e cantavam no claustro canções muitas das quais eram cantigas profanas; por qualquer motivo eram autorizadas a passar temporadas enormes na casa da família, etc. Os conventos eram verdadeiros receptáculos de mundanismo.
Esta Santa admirável é exemplo para todos os tempos de como devemos combater: de frente, com vigor e sem respeito humano.

* * *

Após súplicas e orações prementes, pois ainda não havia herdeiro para o trono, nasceu Joana, a filha primogênita do rei D. Afonso V, décimo segundo rei de Portugal, e de sua esposa, Da. Isabel, no dia 6 de fevereiro de 1452, e foi jurada princesa herdeira do trono. Trocou esse título pelo de Infanta depois do nascimento de seu irmão, que foi o rei D. João II. Sua mãe faleceu quando Joana tinha apenas quatro anos.
A augusta menina cresceu como flores de altar, educada com grande esmero pela Princesa Dona Beatriz de Meneses. De personalidade marcante, chegou a exercer temporariamente a regência do Reino.
Enquanto viveu na corte, praticou as mais altas virtudes cristãs. Tomou como emblema uma coroa de espinhos e, debaixo de suas ricas vestes, ninguém suspeitava que usava um cilício. Jejuava a pão e água, especialmente às sextas-feiras.
 Profundamente compassiva, procurava o quanto podia amenizar as misérias de seu próximo. Encarregara uma pessoa virtuosa de distribuir suas esmolas. Anotara num livro os nomes dos necessitados, o grau de pobreza de cada um e o dia em que a esmola lhes devia ser dada. Na Quinta-feira Santa, lavava os pés de doze mulheres pobres; despedia-as depois de lhes dar roupas novas e dinheiro.
Era tão formosa que, segundo afirma Frei Luís de Sousa, vieram pintores de outras nações para retratá-la. Muitos príncipes pediram-lhe a mão insistentemente, mas negou-a a todos. Joana aspirava ardentemente entrar para uma ordem religiosa, mas as dificuldades eram muitas. Teve que lutar contra as resistências de seu pai e de seu irmão, que preferiam que ela fizesse um casamento vantajoso.
Em 1471, D. Afonso V tomou Arzila e ocupou Tanger, abandonada pelos mouros. Quando de seu retorno ao Reino, Joana, aproveitando o clima de euforia, disse-lhe que os monarcas da antiguidade costumavam oferecer sacrifícios aos deuses quando alcançavam qualquer vitória, que ele oferecesse também a Deus o sacrifício de sua única filha. D. Afonso não pode negar o que ela lhe pedia, consentindo que entrasse para um convento, apesar de os príncipes e as damas da corte acharem isto inconveniente.
Encerrou-se no Mosteiro de Jesus, da Ordem de São Domingos, em Aveiro, onde sua humildade e obediência foram tão grandes, que ninguém podia dizer que ali estava uma filha de rei.  Levou sua humildade até o ponto de lavar roupa, amassar pão, varrer o convento. Aprendeu a fiar e a tecer. Do linho preparado por ela se faziam os corporais para a igreja.
Em 1479, a peste assolou o país. Joana, obedecendo ao pai, rumou para o Alentejo, aonde a peste não chegara. Passados onze meses Joana voltou a Aveiro.
Em 1481, faleceu D. Afonso, seu querido pai, a quem sucedeu seu irmão D. João II. Todos esses infortúnios a aproximavam cada vez mais de Deus; não havendo nada neste mundo que a prendesse, suspirava pelo céu.
Trabalhou ainda esta princesa denodadamente pela conversão das almas, pois a preocupava muito a sorte dos pecadores. A sua obra predileta foi a redenção dos cativos da África. Sua breve vida foi um holocausto de amor e de sacrifício.
Sua saúde começou a declinar em 1489, e em princípios de maio de 1490 reconheceu que sua morte estava próxima. Na madrugada do dia 12 de maio, a comunidade reuniu-se em torno de seu leito e rezou o Ofício da Agonia. À invocação Omnes Sancti Innocentes, orate pro ea, Joana abriu os olhos e ergueu-os para o Céu por um breve espaço de tempo; depois, expirou suavemente. Sua alma voou em companhia dos santos inocentes.
Em seu túmulo ocorreram inúmeros milagres obtidos por sua intercessão; a memória de Joana foi sempre guardada em Aveiro.
O Papa Inocêncio XII a beatificou, confirmando o seu culto, em 1693. D. Pedro II mandou construir um túmulo luxuoso depois da beatificação, para onde foram trasladados os seus santos despojos e onde ainda hoje se conservam.
A 05 de janeiro de 1963, Paulo VI a declarou especial protetora da cidade de Aveiro.
(fonte: heroinasdacristandade.blogspot.com)




Segundo texto biográfico

Joana nasceu em Lisboa no dia 6 de fevereiro de 1452. Era filha do rei de Portugal, Afonso V, o Africano, e da rainha Isabel, que, por ser devota de são João Evangelista, deu o seu nome à princesa. Ela foi uma criança muito aguardada, pois daria estabilidade ao reino, na condição de sucessora natural ao trono.

 Depois de três anos, para alegria da corte e tristeza do rei e de Joana, a rainha deu à luz a um menino, que em seguida morreu. A menina, muito querida pelo pai, foi acompanhada na formação cristã e acadêmica pela tia Filipa, uma fidalga muito devota, que a preparou para ser rainha. Joana cresceu graciosa e muito bonita, mas demonstrando forte inclinação religiosa, e um temperamento dócil e perseverante.

 Aos quinze anos, a jovem princesa entregava-se cada vez mais aos retiros espirituais, às orações, leitura religiosa e contemplação. Também fazia duras penitências, jejuava muitas vezes a pão e água, especialmente às sextas-feiras, e não deixava de praticar a caridade, ajudando pessoalmente os pobres que recorriam ao seu palácio. Queria entregar sua vida a Deus, ansiando por um mosteiro de clausura, para desgosto do rei, seu pai, e desespero da corte, preocupada, politicamente, com a sucessão do trono. Isso porque, se o rei Afonso V morresse, o sucessor seria o filho homem; todavia, se algo acontecesse com esse herdeiro homem, a sucessora legal seria Joana.

 Julgando que um casamento poderia fazer a princesa mudar de ideia, dada a sua pouca idade, a corte passou a agir. Ela se tornara uma jovem princesa muito interessante e cativante, pelas qualidades intelectuais, morais e, principalmente, por sua rara beleza. Logo vieram os pedidos de casamento dos príncipes estrangeiros, como: o delfim da França, Maximiliano da Áustria e o rei Carlos III da Inglaterra; porém ela rejeitou todos, estava decidida a ser esposa só de Jesus Cristo.

 Aos dezenove anos de idade, Joana habilmente convenceu seu pai a oferecer a Deus sua única filha em agradecimento às muitas e recentes vitórias que ele tinha conquistado em Arzila e Tânger e pelos mouros terem abandonado a cidade. O comovente pedido da filha fez Afonso V perceber que o seu chamado à vida religiosa era verdadeiro e consentiu que a princesa entrasse no Mosteiro de Odivelas.

 Todavia ela desejava estar num de disciplina mais austera, por isso ingressou no Mosteiro de Jesus, em Aveiro, onde vestiu o hábito dominicano de noviça em 1472. Mas a saúde de Joana não permitiu que professasse os votos definitivos, por isso permaneceu como dominicana secular naquele mosteiro, obedecendo a todas as regras com louvável rigor e se dedicando aos serviços mais humildes.

 A princesa Joana continuou a fazer caridade junto aos pobres e abandonados, enquanto a fama de sua santidade se espalhava para outros reinos. Contava com trinta e oito anos de idade quando morreu, no dia 12 de maio de 1490. Foi sepultada no coro de baixo da capela do Mosteiro de Jesus, onde suas relíquias são guardadas até hoje.

 Em vida amada pelo povo por sua santidade, após sua morte a princesa Joana passou a ser venerada e cultuada pelos milagres que ocorriam por sua intercessão. Foi beatificada pelo papa Inocêncio XII, em 1693. Beata Joana de Portugal, mas chamada pelos devotos de princesa santa Joana, foi declarada padroeira de Aveiro em 1965.
(fonte: paulinas.org.br)



Aveiro: Diocese vai reabrir processo para canonização da Beata Joana, princesa de Portugal


Agência Ecclesia 06 de Janeiro de 2015, às 17:52

   

 


Aveiro, 06 jan 2015 (Ecclesia) – O bispo de Aveiro anunciou a decisão de promover a reabertura do processo de canonização da Beata Joana, padroeira da diocese e da cidade, e destacou hoje à Agência ECCLESIA o exemplo e testemunho da princesa.
D. Antônio Moiteiro revelou que quando entrou para a Diocese de Aveiro, em setembro de 2014, “logo no dia seguinte e nos outros meses” sentiu por parte das autoridades civis e do povo cristão – organismos religiosos da cidade e da diocese - que a santificação da beata Joana “era um tema pendente”.
O prelado conta que durante o processo até ao anúncio da reabertura, esta segunda-feira, também consultou o provincial da Ordem dos Pregadores (dominicanos), uma vez que beata foi religiosa de clausura no Mosteiro de Jesus das dominicanas em Aveiro.
“Ele consultou um dos conselheiros, em Roma, e não houve obstáculo por parte da Ordem que a diocese reabrisse o processo”, assinala D. António Moiteiro.
O anúncio da reabertura do processo de canonização da Beata Joana, princesa de Portugal, foi feito esta segunda-feira nas celebrações dos 50 anos da sua proclamação como padroeira da cidade e diocese onde, esteve exposto o breve pontifício com a declaração do Papa Paulo VI, de 5 de janeiro de 1965.
A declaração pontifícia explica que foi D. Manuel de Almeida Trindade, bispo de Aveiro, “em nome do clero secular e do clero regular, das autoridades da cidade e de todos os fiéis” que pediu o “patrocínio sobre a cidade e sobre a diocese”.
Agora, informa D. António Moiteiro, é preciso elaborar um “processo histórico em ordem à declaração das virtudes” e também dar a conhecer “a vida da princesa Joana” e esperar, se “for da vontade de Deus”, pelo milagre necessário para a sua canonização.
Segundo o prelado, na reabertura deste processo “interessa” aprofundar a vida da princesa, “imitá-la no que é significativo para o tempo atual” e pensar que Deus é “o tudo da vida das comunidades, diocese e de cada um”.
A Beata Joana, princesa e herdeira do trono de Portugal, filha mais velha do rei D. Afonso V, nasceu em Lisboa a 06 de fevereiro de 1452; a irmã de D. João II viveu em Aveiro, de 4 de agosto de 1472 até 12 de maio de 1490, de forma “simples, humilde, austera, amiga dos mais pobres” são exemplo para quem “têm responsabilidade civil na construção do bem comum”.

“É um modelo de governante, foi herdeira do trono depois deixou tudo, mas continua a ser modelo para aqueles que se dedicam ao bem da sociedade”, assinala o bispo diocesano.
A reabertura do processo de canonização da religiosa dominicana acontece também num ano em que a Igreja dedica particular atenção à Vida Consagrada, até 02 de fevereiro de 2016, uma iniciativa convocada pelo Papa Francisco.
“Queremos dar graças a Deus pela presença tão significativa e apresentar ‘santa Joana’ como modelo para hoje procurarmos a Deus na vida de cada dia”, refere.

D. António Moiteiro conclui assinalando que o “grande objetivo da preocupação da diocese” é centrar a vida cristã no que é “fundamental”: “Procurarmos a Deus, vivermos a comunhão com Deus e com os irmãos”.

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