Aos 18 de maio
de 1631 nascia João Papczynski (seu nome de batismo) em Podegrodzie, no sul da
República Polonesa, então um dos maiores estados da Europa pela sua área de
quase 1 milhão de quilômetros quadrados. Seu pai, Tomás, era camponês e um
apreciado ferreiro. Durante alguns anos foi prefeito da aldeia e cuidava da
igreja em Podegrodzie. Sua mãe, da família Tacikowski, era uma mulher piedosa e
ativa. Não pouparam esforços em proporcionar uma sólida formação ao filho.
João frequentou
colégios dos piaristas e jesuítas com grandes dificuldades, seja por causa de
problemas nos seus estudos, seja em razão de guerras e epidemias no país. Tais
interrupções eram preenchidas com o trabalho na propriedade do pai. Mais tarde,
no seu escrito Secreta Conscientiae,
renderia graças a Deus por lhe haver preservado “a consciência pura e santa”
neste período. Cresceram nele, outrossim, a generosidade, a têmpera de espírito
e o talento de educador da juventude.
Após concluir a
retórica e os dois anos do curso de filosofia no colégio jesuíta em Rawa
Mazowiecka, João ingressa na Ordem das Escolas Pias (1654), que havia conhecido
cinco anos antes. Contrariava o natural desejo de sua família para que se
casasse. Anos depois confessaria: “É
muito difícil expressar o quanto eu apreciava a minha vocação, que apenas o
próprio Deus em mim despertara”. As Escolas Pias combinavam a
espiritualidade mariana com a dedicação à juventude, pelo que João se lhe sente
atraído. No Noviciado recebe o nome religioso de Estanislau de Jesus e Maria.
Devido aos seus progressos na vida religiosa, já no segundo ano é encaminhado
para estudar teologia em Varsóvia, professando aí os votos religiosos (1656).
Tendo recebido
dias depois as ordens menores e o subdiaconato, Estanislau e seus coirmãos
foram obrigados a abandonar o convento, pois nos arredores de Varsóvia se havia
desencadeado uma batalha com os exércitos suecos. Eles fugiram então para
Rzeszów, mas logo tiveram de se afastar também dali, porquanto se aproximavam
os exércitos de Rakoczy, aliado da Suécia que atacou pelo sul da Polônia.
Refugiaram-se em Podoliniec, onde no início de 1658 foi confiado ao irmão
Estanislau o ensino da retórica no colégio local. Transferido dois anos depois
para Rzeszów, recebeu a mesma incumbência no colégio recém-inaugurado. No dia
12 de março de 1661 foi ordenado sacerdote por D. Estanislau Samowski, bispo de
Przemysl. Após atuar por três anos como mestre de retórica em Rzeszów, foi
transferido para Varsóvia.
Após sua
ordenação, padre Estanislau se envolveu com todo o zelo na atividade pastoral,
procurando conciliá-la com outras incumbências de sua comunidade religiosa.
Assim, por exemplo, para atender às necessidades dos alunos, redigiu e publicou
o Prodromus Reginae Artium, um manual
de retórica que teria várias edições. Procurava apresentar à juventude não
apenas a forma de “pronunciar belas palavras”, mas também orientações para uma
“vida de bondade e nobreza”, a fim de que, “com
o passar dos anos, com a conquista da sabedoria e de todo gênero de virtudes,
os educandos se tornem um dia um verdadeiro adorno da sua família, um
verdadeiro adorno da República”. Dadas às situações da sociedade de seu
tempo, Estanislau criticava em seus escritos as desigualdades sociais e a
corrupção política. A nobreza se lhe opõe ferozmente, eliminando tais
referências do seu livro.
Desde 1663, o
padre Papczynski já se havia tornado famoso em Varsóvia não apenas como
professor de retórica, mas igualmente como mestre de vida espiritual (pregador
e confessor).
Alguns dos seus
sermões foram publicados no Orator Crucifixus
(1670), em forma de meditações sobre as últimas sete palavras de Cristo. Entre
os seus penitentes estavam, por exemplo, o núncio apostólico Antonio Pignatelli
(futuro Papa Inocêncio XII) e o senador João Sobieski (futuro rei polonês). Foi
também um incansável propagador do culto da Imaculada Conceição de Maria, tendo
organizado uma irmandade em sua honra em Varsóvia.
Apesar das inúmeras
ocupações, Estanislau era sempre dedicado à vida religiosa do seu instituto.
Boa parte dos seus coirmãos reconhecia a sua sincera busca da santidade
evangélica, particularmente através da oração e ascese. Exerceu as tarefas de
prefeito do colégio, de auxiliar na beatificação de José Calasanz, de representante no capítulo provincial. Ao mesmo
tempo, intensificavam-se as controvérsias. Movido pelo espírito do fundador, o
padre Estanislau defendia zelosamente a observância religiosa e o direito de
eleição dos superiores provinciais. Começa a ser acusado de desordem e revolta.
Ele chama este período de “longo martírio”. Busca força e apoio na cruz de
Cristo, o que daria origem ao livro Christus
Patiens, uma série de reflexões sobre a Paixão do Senhor. Em vista do bem
maior, pediu em 1669 a autorização para deixar a Ordem das Escolas Pias, o que
foi confirmado pelo breve apostólico de 11 de dezembro de 1670.
Ao receber o
indulto de saída em Kazimierz (arredores de Cracóvia), inesperadamente o padre
Estanislau leu diante de todos a sua Oblatio, um ato previamente preparado de
total entrega a Deus e à Imaculada, anunciando seu propósito de fundar a “Sociedade dos Padres Marianos da Imaculada
Conceição” e expressando sua fé neste mistério através do “voto de sangue”, ou seja a disposição
de defendê-lo mesmo com a vida. Mais tarde confessaria que a Oblatio era fruto
de uma inspiração divina e que a nova ordem “havia
sido moldada em [seu] espírito pelo Espírito Divino”.
Depois de
rejeitar convites de outras ordens religiosas e benefícios oferecidos por
alguns bispos, fixou residência na diocese de Póznan com o apoio de D. Estêvão
Wierzbowski, vestindo o hábito branco em
honra da Imaculada Conceição (1671). Neste ínterim preparou a regra da nova
comunidade (Norma Vitae). A fim de
dar início ao seu instituto, dirigiu-se a uma pequena comunidade de eremitas em
Puszcza Korabiewska e lhes apresentou a sua nova proposta. Os “eremitas
marianos” obtiveram a aprovação eclesiástica no dia 24 de outubro de 1673,
através de um decreto do bispo Estanislau Swiecicki.
O Beato era grande devoto da
Imaculada Conceição de Maria e
das Almas do Purgatório
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O padre
Estanislau se dedicará com todos os esforços para que a nova comunidade possa
crescer e ser reconhecida pela Santa Sé, o que se daria em 1699. Inocêncio XII
aprovava a última Ordem do clero regular
da história da Igreja. Diversas circunstâncias conduzirão o padre
Estanislau a incluir como elementos do carisma da nova ordem religiosa o
sufrágio pelos fiéis defuntos e o auxílio pastoral à Igreja local além da
propagação do culto à Imaculada Conceição, pelo que muitas vezes exclamava: Immaculata Virginis Conceptio sit nobis
salus et protectio.
Preocupado com a
santificação dos fiéis, escreveu-lhes em 1675 a obra ascético-mística Templum Dei Mysticum. Deixaria ainda uma
série de meditações para a Santa Missa intituladas Inspectio cordis.
Consciente de
haver cumprido a sua missão, falece a 17 de setembro de 1701 no convento de
Góra Kalwaria, pronunciando estas palavras: “Em
Vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito”, tendo abençoado antes os seus
coirmãos, estimulando-os à observância da regra e expressando o ardente desejo
da união com Cristo. Várias dificuldades sobrevirão à nova Ordem após a sua
morte, o que dificultaria inclusive a abertura do seu processo de beatificação.
Finalmente, em 1992 a Congregação para as Causas dos Santos reconhece a
heroicidade das virtudes do padre Papczynski e em 2006 um milagre por sua
intercessão.
Hoje a
Congregação dos Padres Marianos renovada em 1909 pelo bem-aventurado Bispo
Jorge Matulaitis conta com mais de 500 membros em 18 países de todos os
continentes.
HOMILIA DO
CARDEAL TARCISIO BERTONE NA SOLENE CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA PARA A
BEATIFICAÇÃO DE ESTANISLAU DE JESUS MARIA (1631-1701)
Domingo, 16 de
Setembro de 2007
Senhores Cardeais, Venerados Irmãos Bispos
e Sacerdotes, ilustres Autoridades civis
e militares, queridos membros da Família religiosa fundada pelo novo Beato, queridos
irmãos e irmãs!
Antes de tudo
agradeço ao Senhor porque me ofereceu, pela segunda vez, a feliz oportunidade
de visitar, no espaço de poucos meses, a vossa querida Pátria, a Pátria do
Beato Estanislau Papczynski e do Servo de Deus João Paulo II, que todos o
esperamos possa dentro em breve ser também ele elevado à glória dos altares.
Agradeço também ao Senhor porque precisamente neste santuário, onde ontem à
noite nos encontrámos para a liturgia das Vésperas, hoje posso presidir à
solene celebração eucarística durante a qual, em nome de Sua Santidade Bento
XVI, tive a honra de proclamar Beato o Padre Estanislau Papczynski.
Significativo e também comovedor é que tudo isto se realize neste famoso
santuário de Nossa Senhora de Lichen, onde há muitos anos os Padres e os Irmãos
Marianos, filhos espirituais do novo Beato, desempenham o seu ministério
pastoral, seguindo fielmente o carisma do seu Fundador.
Com estes
sentimentos de profunda gratidão ao Senhor, gostaria de saudar cordialmente os
Senhores Cardeais, os Arcebispos e os Bispos presentes, com uma menção
particular e reconhecida ao Bispo D. Wieslaw Mering, Pastor desta Diocese, o
qual com espírito de verdadeira fraternidade me acolheu a mim e a quantos me
acompanharam. Saúdo com deferência as Autoridades civis e militares locais,
regionais e do Estado começando pelo Presidente da República da Polónia, o Sr.
Lech Kaczynski.
Hoje se realiza
o desejo do Sejm [parlamento] da Res Pubblica das duas Nações
[Polónia-Lituânia], o qual no ano de 1764 apresentou à Sé Apostólica o pedido
para elevar às honras dos altares “Estanislau Papczynski, um polaco famoso
pelos seus milagres” (Volumina Legum, vol. VII, Sampetersburgo 1860, pág. 168,
n. 105). Saúdo todos os presbíteros e diáconos, as pessoas consagradas, e entre
elas de modo particular os Padres e os Irmãos Marianos com o seu
Superior-Geral, Padre Jan Mikolaj Rokosz. Saúdo os peregrinos que vieram aqui
de várias partes do mundo, alguns de muito longe. Por fim, dirijo uma saudação
aos que, graças às ligações da televisão e da rádio penso sobretudo nos idosos,
nos doentes, nos encarcerados podem unir-se espiritualmente a este sugestivo
rito litúrgico.
A palavra de
Deus, que nos propõe a hodierna liturgia do XXIV Domingo do tempo comum,
apresenta-nos o mistério do homem pecador e a atitude divina de extrema e
infinita misericórdia.
“O Senhor
arrependeu-Se das ameaças que proferira contra o Seu povo” (Êx 32, 14). A primeira
leitura, há pouco proclamada, mostra-nos Moisés que depois de ter estabelecido
a aliança com Deus, sobe ao Monte Sinai para receber as tábuas da Aliança e
detém-se em diálogo com Ele por 40 dias. Os Israelitas, cansados de esperá-lo,
voltam as costas a Deus esquecendo os prodígios realizados para libertá-los da
escravidão egípcia. O cenário que o autor sagrado descreve torna-se comovedor:
Moisés, ao qual Javé revela o pecado dos Israelitas e a sua intenção de puni-los,
faz-se advogado e implora com fervor o perdão para aquele povo ingrato e
pecador.
Não invoca a
justiça de Deus, mesmo sabendo bem que Israel se manchou com a culpa mais grave
caindo na tentação da idolatria, mas apela-se à misericórdia divina e à aliança
que por sua iniciativa Deus estabeleceu com Abraão, com Isaac e Jacob. E Deus
ouve a oração de Moisés: paciente e misericordioso, abandona o propósito de
punir o seu povo, que lhe voltou as costas.
Quantos
ensinamentos nos oferece esta página do livro do Êxodo! Ajuda-nos a descobrir o
verdadeiro rosto de Deus; ajuda-nos a compreender o mistério do seu coração bom
e misericordioso. Por muito grande que possa ser a nossa falta, será sempre
maior a misericórdia divina, porque Deus é Amor.
Testemunho
maravilhoso deste mistério é a experiência humana e espiritual do apóstolo
Paulo. Na segunda Leitura, tirada da sua primeira Carta a Timóteo, ele confessa
que Cristo, o tocou no mais profundo da alma e, de perseguidor dos cristãos, o
fez instrumento da graça divina para a conversão de muitos. Jesus, o verdadeiro
bom Pastor, não abandona as suas ovelhas, mas deseja reconduzi-las todas ao
redil do Pai. Não é esta, queridos irmãos e irmãs, também a nossa experiência?
Quando com o pecado nos afastamos da reta via perdendo a alegria da amizade de
Deus, se voltamos para Ele arrependidos sentimos não a dureza do seu juízo e da
sua condenação, mas a doçura do seu amor que nos renova interiormente.
“Assim,
digo-vos, há alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrepende”
(Lc 15, 10). Estas palavras de Jesus, que o evangelista Lucas narra na página
evangélica agora proclamada, confirmam ulteriormente em nós a certeza do amor
misericordioso do Senhor. A Divina Misericórdia é a boa notícia que não devemos
cansar-nos de proclamar e testemunhar neste nosso tempo difícil. Só Cristo, que
conhece o ser humano no seu íntimo, pode falar ao coração do homem e
restituir-lhe a alegria e a dignidade de homem criado à imagem de Deus. E por
isto tem necessidade de colaboradores fiéis e de confiança; tem necessidade de
santos e nos chama a ser santos, isto é, verdadeiros amigos e arautos do seu
Evangelho.
Autêntico amigo
de Cristo e seu apóstolo incansável foi o Beato Estanislau de Jesus Maria
Papczynski. Nascido em Podegrodzie numa pobre família camponesa, viveu num
tempo em que a Polónia, atormentada por numerosas guerras e pestes, estava a
afundar cada vez mais no caos e na miséria. Formado nos sadios princípios do
Evangelho, o jovem Estanislau desejava doar-se a Deus sem limites e desde a
adolescência sentiu-se orientado para a Imaculada Virgem Mae de Deus.
Com o passar do
tempo, o Senhor transformou o pequeno pastor, que gostava pouco de estudar e de
frágil constituição física, num pregador que atraía as multidões com a sua
sabedoria cheia de erudição e de misticismo profundo; num confessor cujo
conselho espiritual era procurado até pelos dignitários da Igreja e do Estado;
num professor cuidadosamente instruído e autor de diversas obras publicadas em
numerosas edições; no fundador do primeiro Instituto masculino polaco,
precisamente a Congregação dos Clérigos
Marianos da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria.
Quem o orientou durante toda a existência foi
precisamente Maria.
No mistério da sua Imaculada Conceição o novo Beato admirava o poder da Redenção
realizada por Cristo. Na Imaculada vislumbrava a beleza do homem novo, entregue
totalmente a Cristo e à Igreja. Deixava-se fascinar a tal ponto por esta
verdade de fé, que estava disposto a dar a vida para a defender. Sabia que
Maria, obra-prima da criação divina, é a confirmação da dignidade de cada
homem, amado por Deus e destinado à vida eterna no céu. Ele queria que o
mistério da Imaculada Conceição distinguisse a Comunidade religiosa que tinha
fundado, fosse o seu apoio constante e a verdadeira alegria. Quantas vezes,
precisamente aqui, neste Santuário de Maria Mãe das Dores, onde se recolhem em
oração multidões de peregrinos, ressoou e continua a ser repetida esta
comovedora invocação do Beato Estanislau: “Maria,
tu consolas, confortas, amparas, libertas os oprimidos, os que choram, que são
tentados, os deprimidos […]. Ó doce Virgem! Mostra-nos Jesus, fruto
bem-aventurado da tua vida!”.
Animado pelo
amor de Deus, o Beato Estanislau ardia de uma forte paixão pela salvação das
almas e dirigia-se aos seus ouvintes com tons prementes como este: “Volta portanto para o teu Pai! Porque andas
errante pelo longínquo país das paixões, privado dos sentimentos de amor do
Sumo Bem? Volta para o Pai! Cristo chama-te, vai para Ele” (Inspectio
cordis, 1, 25, 2).
Seguindo o
exemplo do Bom Samaritano, detinha-se ao lado de quantos estavam feridos na
alma, aliviava os seus sofrimentos, confortava-os infundindo neles esperança e
serenidade, conduzia-os à “pousada do perdão”, que é o confessionário,
ajudando-os assim a recuperar a sua dignidade crista perdida ou recusada.
A caridade
divina estimulava o Beato Estanislau a fazer-se evangelizador especialmente dos
pobres, do povo simples, socialmente discriminado e descuidado sob o ponto de
vista espiritual, de quantos se encontram em perigo de morte. Consciente de
como estava difundida na época a chaga do alcoolismo, com a palavra e com a
vida ensinava a sobriedade e a liberdade interior como um antídoto eficaz
contra qualquer tipo de dependência. Animado depois por um profundo sentimento
de amor pátrio pela República das Nações polaca, lituana e rutena, não hesitava
em estigmatizar a busca do próprio interesse em quantos geriam o poder, o abuso
da liberdade nobiliária e a promulgação de leis injustas. Ainda hoje o novo
Beato lança à Polónia, à Europa, que fadigosamente procura os caminhos da
unidade, um convite sempre atual: só lançando bases sólidas em Deus pode haver
verdadeira justiça social e paz estável.
Queridos irmãos
e irmãs, o amor do Beato Estanislau pelo homem alargava-se também aos defuntos.
Depois de ter vivido a experiência mística do sofrimento de quantos se
encontravam no purgatório, rezava com fervor por eles e exortava todos a fazer
o mesmo. Ao lado da difusão do culto da Imaculada Conceição e do anúncio da Palavra
de Deus, a oração pelos defuntos torna-se assim uma das finalidades principais
da sua Congregação. O pensamento da morte, a perspectiva do paraíso, do
purgatório e do inferno ajudam a “empregar” de modo sábio o tempo que
transcorremos na terra; encorajam-nos a considerar a morte como etapa
necessária do nosso itinerário para Deus; estimulam-nos a acolher e respeitar
sempre a vida como dom de Deus, desde a concepção até ao seu fim natural. Que
sinal significativo para o mundo dos nossos dias é o milagre da “inesperada
continuação da gravidez entre a 7ª e a 8ª semana de gestação” que se verificou
por intercessão do Padre Papczynski. O dono da vida humana é Deus!
O segredo da
vida é a caridade: o inefável amor de Deus, que ultrapassa a fragilidade humana,
leva o coração do homem a amar a vida, a amar o próximo e até os inimigos. Aos
seus filhos espirituais o novo Beato confiou desde o início esta recomendação:
“Um homem sem caridade, um religioso sem
a caridade, é uma sombra sem o sol, um corpo sem a alma, simplesmente é uma
nulidade. Aquilo que a alma é no corpo, na Igreja, nas ordens religiosas e nas
casas religiosas, é a caridade”. Portanto, não admira verificar que, entre
tantas contrariedades e cruzes, diversos discípulos seus se tenham distinguido
pela sua perfeição evangélica. É suficiente recordar o venerável Servo de Deus
Pe. Kazimierz Wyszynski (1700-1755), fervoroso promotor do culto mariano, o
Beato Arcebispo Giorgio Matulaitis-Matulewicz (1871-1927), providencial
renovador e reformador da Congregação dos Clérigos Marianos e padroeiro da
reconciliação entre a Nação polaca e a lituana; os Beatos mártires de Rosica
(Bielo-Rússia), Jerzy Kaszyra (1904-1943) e Antoni Leszczewicz (1890-1943), os
quais, durante a segunda guerra mundial entregaram livremente a vida pela fé em
Cristo e por amor aos homens. Até nos momentos dramáticos da perseguição, a
obra do beato Estanislau não foi cancelada. O Beato Jorge Matulaitis-Matulewicz
voltou a dar-lhe impulso, testemunhando, mais uma vez, que o Amor vence tudo.
Queridos Padres
e Irmãos Marianos, é-vos hoje confiada a preciosa herança espiritual do vosso
Fundador: acolhei-a e sede em toda a parte, como ele, incansáveis anunciadores
do amor misericordioso de Deus, mantendo o olhar fixo em Maria Imaculada para
que se realize em cada um de vós o projeto divino.
Queridos devotos
e peregrinos, a Igreja na Polónia está em festa pela elevação aos altares deste
seu filho eleito. O exemplo da sua vida santa e a sua celeste intercessão
sirvam de encorajamento a todos para abrir sempre o coração confiante à
omnipotência do amor de Deus. Repletos de alegria e de esperança, damos graças
a Deus pelo dom do novo Beato e louvemo-lo com as palavras do apóstolo Paulo:
“Ao Rei dos séculos, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos
séculos dos séculos. Amém” (1 Tm 1, 17).
Fonte:http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20070916_paczynski_po.html
http://www.vatican.va/roman_curia/secretariat_state/card-bertone/2007/documents/rc_seg-st_20070916_beatif-polonia_po.html
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