Camponesa,
empregada doméstica, enfermeira e religiosa, dedicou sua vida ao cuidado dos
doentes. Vítima de um câncer, é também invocada como protetora
contra o câncer.
“É
humilde camponesa — disse dela Pio XII, por ocasião da
beatificação, a 8 de junho de 1952. Figura puríssima de perfeição
cristã, modelo de recolhimento e de oração. Nem êxtases, nem
milagres durante a vida, mas uma união com Deus sempre mais profunda
no silêncio, no trabalho, na oração, na obediência. Daquela união
vinha a especial caridade que ela demonstrava para com os doentes,
médicos, superiores, enfim, para com todos”.
Seu
nome de batismo era Anna Francesca Boscardin. Nasceu na periferia de
Brendola, Itália, no dia 6 de outubro de 1888. Filha de pobres
camponeses, passou sua infância e adolescência trabalhando nas
lavouras, ajudando seus pais. Este era o caminho para qualquer menina
vêneta, antes que as indústrias chegassem. Além disso, trabalhava
também como empregada doméstica para ajudar a família. Filha de
família católica, desde pequena desenvolveu um grande amor por
Nossa Senhora. Sempre que podia, dedicava-se à oração.
Instruída
pela mãe, cuja doçura devia compensar a violência do marido, aliás
bom homem, Aninha gostava de rezar muito tempo de joelhos diante dum
quadro de Nossa Senhora que se encontrava dependurado na cozinha.
Isto desde a idade dos cinco anos. Ajudava a mãe nos cuidados da
casa e o pai nos trabalhos do campo.
Sendo
tão piedosa, conseguiu, coisa não fácil nessa altura:fazer a
primeira comunhão com a idade de nove anos. Aos treze, fez voto de
castidade. Muito tímida, com inteligência lenta e fraca memória,
era chamada na aldeia a ignorante e a pata, mas ela não se ofendia.
E estava sempre cheia de boa vontade. Quando manifestou ao pároco o
desejo secreto de entrar na vida religiosa, este respondeu-lhe:
“Aninhas, tu não serves para nada. Quaisquer religiosas não
saberiam que fazer duma aldeã ignorante como tu és”. Ela
afastou-se, muito desgostosa. Mas o padre surpreendeu o olhar
entristecido da rapariga, arrependeu-se da sua recusa e no dia
seguinte, de manhã, chamou-a.
Ao
completar 16 anos, a 08 de abril de 1905, ingressou na Congregação
das Mestras de Santa Dorothea, Filhas do Sagrado Coração, na
capital de sua região, cidade chamada Vicenza. Trabalhou por um bom
período como cozinheira do convento, ao mesmo tempo em que estudava
enfermagem. Assim, viveu uma vida simples, dedicada à oração e ao
trabalho.
Sã
e robusta, foram-lhe entregues os trabalhos mais custosos, o forno e
a lavandaria. Fez o segundo ano de noviciado no hospital de Treviso.
A Superiora Geral destinava-a para o cargo de enfermeira. Mas a
superiora do hospital, Irmã Margarida, pensou diferentemente: que
esperar de bom dessa noviça tímida, com rosto pastoso e
inexpressivo? Pô-la na cozinha como ajudante de uma freira idosa e
enferma, encarregada de a vigiar e formar.
A
8 de Dezembro de 1907, foi a profissão solene da jovem religiosa,
com a presença dos pais na casa-mãe de Vicenza. A Superiora geral
decidiu pela segunda vez que ela seria enfermeira e mandou-a de novo
para o hospital de Treviso. “Tu de novo aqui! - exclamou ao vê-la
a Irmã Margarida. Preciso de enfermeiras para a cirurgia e para as
doenças contagiosas, e mandam-me gente desta!” E a boa religiosa
voltou às suas panelas.
No
dia seguinte, por falta de pessoal, foi preciso colocá-la na seção
de crianças atacadas de difteria ou garrotilho. Como por encanto, a
sua imperícia desapareceu. Dum momento para o outro, manifestou-se
enfermeira inteligente e hábil. Impunha respeito e inspirava
confiança. Embora não tivesse em seu favor senão três anos de
escola primária, preparou exames que superou com brilho.
Ali,
descobriu sua vocação e realizou-se como pessoa dedicando-se a
cuidar dos doentes. Cuidou, especialmente, de crianças e de vítimas
da primeira guerra mundial, que afetou profundamente a Itália.
Cuidando de seus amados doentes, nunca deixava de levar a mensagem de
Jesus Cristo.
Conseguiu
o diploma de enfermeira para se tornar mais útil aos doentes, que
assistia também de noite, tomando a vez de suas coirmãs. “Quero
ser a serva de todos — escreveu no seu diário — quero trabalhar,
sofrer e deixar toda a satisfação aos outros’”. E ainda: “Devo
considerar-me a última de todas, portanto contente em ser passada
para trás, indiferente a tudo, tanto às reprovações como aos
elogios, melhor, preferir as primeiras; sempre condescendente às
opiniões alheias; nunca desculpar-me, também se penso ter razão;
nunca falar de mim mesma; os encargos mais baixos sejam sempre os
meus, pois é isso que mereço”. As ocasiões de sofrimentos nunca
lhe faltaram.
No
hospital, logo ficou conhecida como um exemplo de amor cristão,
conquistando a simpatia de todos. Sempre tinha uma palavra de
conforto e esperança para aqueles que sofriam em seu leito de dor.
Sua caridade no trato com os doentes levou muitos à conversão.
No
ano de 1910, quando tinha apenas 22 anos, foi diagnosticada com um
câncer. Submetida a uma cirurgia, passou um bom tempo se
recuperando. A partir desse momento, viveu em sua própria pele os
sofrimentos de uma enfermidade e compreendeu mais ainda os enfermos.
Por isso, tão logo melhorou, voltou a cuidar de “seus” doentes,
dedicando-se a eles com todo amor possível.
Por
causa dos contínuos bombardeios, os doentes foram transportados para
Brianza e irmã Bertilla os seguiu. Mas em Viggiù foi designada para
a lavanderia, sofrendo e chorando às escondidas: “Estou contente —
escreveu — porque faço a vontade de Deus’’.
Assim,
trabalhou em Treviso e no hospital de Viggiú. Sua caridade conseguia
cada vez mais conversões. Amparava os desenganados e ajudava-os a
morrer, proporcionando-lhes a assistência espiritual de um padre.
Assim, muitos faleceram em paz, reconciliados com Deus, sob seus
cuidados. O hospital era seu grande campo de missão.
Dedicando-se
aos doentes, ela descobriu-se novamente doente. Metástases
originárias do câncer anterior apareceram em seu corpo depois de
algum tempo. Por causa disso, teve que suportar inúmeros
sofrimentos, tornando-se cada vez mais fraca. Seu maior sofrimento,
porém, foi quando não pôde mais cuidar dos doentes. Foi submetida
a uma segunda cirurgia, mas não obteve sucesso. Assim, no dia 20 de
outubro de 1922, Santa Maria Bertilla Boscardin entregou sua alma a
Deus, tendo apenas 34 anos de idade, depois
de converter, com a sua agonia resignada e serena, o médico-chefe do
hospital.
Embora
tendo falecido jovem, Santa Maria Bertilla Boscardin deixou um grande
legado de caridade cristã e de dedicação aos enfermos. Aqueles que
se converteram à fé graças à sua caridade, nunca se esqueceram
dela. Por causa de sua fama de santidade, muitos foram – e ainda
vão – rezar em seu túmulo e grandes graças aconteceram por sua
intercessão. Por causa disso, ela foi beatificada pelo Papa Pio XII
no dia 8 de junho de 1952 e canonizada pelo Papa João XXIII no dia
11 de maio de 1861. Sua festa passou a ser celebrada no dia 20 de
outubro, dia de sua morte.
Ana
Boscardin teve a sorte de ter uma mãe extraordinária. Ante a
pobreza que sempre rondou o seu lar, ante a iracunda do marido, ante
o mal-estar ambiente, ante as dificuldades de toda a vida, Maria
Teresa Benetti cala-se, tem paciência, reza muito, e os filhos veem
tudo isto. Veem e escutam dos seus lábios palavras sempre suaves,
que lhes falam da fé, de Deus, do céu e da paciência.
Oração
a Santa Bertilla
“Ó
Pai, Vós que inspirastes Santa Bertilla a se dedicar aos doentes e,
depois, para que ela fizesse da dor e do sofrimento, um motivo de
louvor a Vós, dai-nos, paciência e sabedoria, para que também nós
possamos fazer, de nossas dores, um instrumento de redenção. Por
intercessão de Santa Bertilla, que enfrentou o cêncer, pedimos a
graça (...) Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito
Santo, amém! Santa Bertilla, rogai por nós.”
https://www.paulus.com.br/portal/santo/santa-maria-bertilla-boscardin-religiosa-2#.XfprYpNKjIU
https://paroquiasantabertila.wordpress.com/2013/08/27/historia-de-santa-bertila/
https://paroquiasantabertila.wordpress.com/2013/08/27/historia-de-santa-bertila/