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Encontre o (a) Santo (a), Beato (a), Venerável ou Servo (a) de Deus

terça-feira, 28 de novembro de 2017

SERVO DE DEUS PADRE JOÃO BATISTA REUS, Presbítero Jesuíta, Místico que viveu no Brasil



Servo de Deus Padre João Batista Reus, nascido Johann Baptist Reus
* 10 de julho de 1868  em Pottenstein, Baviera
† 21 de julho de 1947 em São Leopoldo, RS, Brasil

"Maria é a Medianeira de todas as graças... Principalmente para com o sacerdote, a quem tanto ama e a quem confia o que possui de mais caro: seu Divino Filho no Santíssimo Sacramento". 
Servo de Deus Padre João Batista Reus

        Nascimento e Adolescência do Padre Reus na Alemanha
A aldeia de Pottenstein na região da Bavária (Alemanha), possui uma altitude que varia entre 350 a 450 metros acima do nível do mar e sua população atual é de cerca de 1500 habitantes. Nacionalmente é conhecida como um excelente centro de recursos climáticos para tratamentos de saúde. Pottenstein, assim chamada “Suíça de Francônia”, foi o lugar de nascimento de João Batista Reus. Seus pais, João Reus e Ana Margarida Hengl, moravam na rua principal, nº65. Nessa casa está uma placa com a inscrição: “Nesta casa nasceu o Padre João Batista Reus, SJ., em 10 de julho de 1868”.
Cercada de altos penhascos, fica próxima ao ponto de união dos vales Weihersbach e Haselbrunn e está situada aos pés de um velho castelo cuja história desempenhou um importante papel para a região. Santa Isabel da Áustria morou entre suas paredes de 1228 a 1229. Ainda hoje muitos prédios ostentam com orgulho o nome da santa católica e na praça da aldeia existe uma estátua em sua homenagem.
Foi ali, na pequena Pottenstein, cercado de história e religiosidade nasceu um menino que foi batizado com o nome de um dos mais importantes profetas bíblicos: João Batista. Sobre esse dia tão importante para sua vida de fé cristã, o Padre Reus escreveu mais tarde: “Na medida em que avanço em anos, avalio melhor a graça da fé e agradeço-a à bondade divina...”
O ambiente familiar de João Batista era propicio para o desenvolvimento de uma vida cristã autêntica. O pai, João Reus, procurava educar os filhos para o fiel cumprimento dos seus deveres e ele mesmo era exemplo de uma fé vigorosa e de um genuíno testemunho cristão.
Dotados de sólida educação moral e religiosa, fato que iria mais tarde refletir-se na educação do garoto, os Reus em nenhum momento deixaram-se abater pela situação financeira difícil por que passavam e pelo volume de dívidas que haviam acumulado nos últimos anos.
Ao contrário, o nascimento foi motivo de comemoração e alegria no seio familiar. João Batista Reus seria o oitavo filho de uma família de 11 irmãos.
Sem desanimar com as dificuldades financeiras, enquanto a mãe Anne convalescia do parto, o pai João, um açougueiro humilde e otimista, continuava seu trabalho árduo e difícil na pequena gleba de terras que a família possuía nos arredores de Pottenstein.
O tempo passou e o pequeno Batista acostumou-se com uma infância alegre e despreocupada, brincando na neve e fazendo peraltices e estripulias com um pequeno grupo de amiguinhos que lhe acompanhavam de manhã à noite.
Um dia sua mãe estava orando acompanhada do caçula Francisco e pediu em voz alta que Deus iluminasse João Batista e abrisse seu coração para as coisas da Igreja, ao que prontamente o pequeno Francisco prontamente respondeu:

- Mas o João também deve colaborar com a nossa oração, mãe!

Francisco sabia que João Batista estava muito mais preocupado com a criação dos gansos que o pai colocou sob sua responsabilidade, do que pensar em servir a Igreja. Quando não estava brincando com os irmãos e o grupo de amigos, João Batista dividia seu tempo entre o cuidado com os gansos e os deveres da escola.
Antes de completar os 12 anos, a quatro de abril de 1880, no domingo da Páscoa, fez sua primeira comunhão. Embora bem preparado para o acontecimento, pareceu-lhe estranho que tivesse pensamentos não muito piedosos, que o deixaram molestado. Pelo fim de sua vida, recordava:
“Parece-me ser uma realidade: já desde a infância, o demônio me perseguia”... (27.10.46).
 Embora não fosse muito dotado, João Batista gostava de estudar. Possuía grande facilidade para línguas. Além das disciplinas regulares, interessava-se pelo italiano, hebraico, aramaico e árabe. Dedicava-se também à taquigrafia, ao desenho, ao canto. E gostava de tocar cítara.
Já nos primeiros meses de escola a vocação religiosa do jovem João Batista Reus começou a manifestar-se através de seu desejo diário de ir rezar na Igreja de São Martinho, perto do ginásio onde estudava. Todas as manhãs antes da aula ele entrava na igreja com passos firmes e resolutos para fazer as orações do dia.
Cultivava um amor especial à Virgem Maria. Todos os sábados frequentava a igreja da Mãe de Deus, situada num ponto mais elevado da cidade. Sua maior alegria era subir a colina de Pottenstein para frequentar a Igreja dedicada à Virgem Maria. Nestas ocasiões costumava pedir que seu destino fosse o de transformar-se em um pobre sacerdote. Quando dezenas de anos mais tarde teve a oportunidade de escrever suas memórias, fez constar a seguinte passagem a respeito destes pedidos:
- “A Virgem Maria tomou esse meu pedido ao pé da letra e me alcançou a graça de vir a ser, por sua intercessão, um pobre jesuíta. Quanta alegria proporcionou-me mais tarde o completo cumprimento deste meu desejo. É admirável como a Mãe sabe superar de longe todo o raciocínio humano. Graças lhe sejam dadas por toda a eternidade”.

A experiência militar
Apesar de ser um estudante de teologia com visível vocação religiosa, no final da adolescência ao concluir o curso ginasial apresentou-se para servir ao exército. Como o serviço militar era obrigatório, a única concessão feita aos novos recrutas era de que aqueles que tivessem completado a 6ª série, como ele o fizera, poderiam ter seu tempo de serviço militar reduzido. Ainda assim todos deveriam dedicar pelo menos um ano de suas vidas à carreira militar.
Resolvido a seguir o destino que sua mente há muito já havia traçado João Baptista Reus fez uma coisa antes de ingressar nas fileiras do exército: matriculou-se primeiramente no Seminário de Bamberg e só depois partiu para ingressar nas fileiras militares.
Durante os primeiros tempos em que esteve na caserna muitos de seus amigos chegaram a imaginar que sua vocação sacerdotal tivesse desaparecido. Era tamanha sua força de vontade e tão sinceros e dedicados seus esforços em cumprir as tarefas que lhe eram determinadas, que a maioria dos colegas tinha quase certeza que estava sendo formado ali um futuro profissional das armas e não um homem dedicado a Deus.
E João Batista de certa forma até contribuía para que todos pensassem daquela forma, pois a cada dia esforçava-se mais em seus deveres de militar. Tamanho era seu empenho pessoal que logo foi promovido a cabo; não demorou muito já era sargento e pouco depois prestou exames para o oficialato. Neste curto período de tempo até mesmo seus superiores e amigos mais próximos não duvidavam mais que o futuro do rapaz seria no exército, do contrário não teria prestado exames para o oficialato.
Como o cargo de oficial militar era incompatível com o de sacerdote o fato de ter prestado exames e promovido a oficial deixava antever até mesmo para seus familiares que o jovem nascido em Pottenstein havia despertado para uma nova vocação profissional.
Todos, no entanto estavam enganados. O ânimo do jovem alemão em nenhum momento tinha arrefecido. Em outubro de 1890 João Baptista renunciou ao oficialato, deu baixa e em seguida ingressou no Seminário de Bamberg.

O jovem seminarista
João Batista nutria um grande desejo de ser sacerdote. Mas não simpatizava com a vida de seminário.
Em sua autobiografia, João Batista escreve:
Não posso! Não posso! – Qual terá sido a origem dessa insistente relutância? Quer-me parecer que era o demônio, pois desapareceu com o meu ingresso no Seminário...” (Autob. 20ss).
A mesma decisão e força de vontade demonstrada durante a carreira militar repetiram-se em Bamberg e enquanto estudava teologia o jovem Reus com a mesma tenacidade lia tudo que encontrava a respeito da vida de Santo Ignácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus.
No Seminário, teve oportunidade de fazer de imediato o seu primeiro retiro espiritual inaciano, de três dias. Foi uma nova experiência para a sua vida, que ele descreveu assim: “Comecei vida nova. A mudança operada em mim foi como a passagem da noite para o dia. Seu propósito, no final do retiro era: “Ser puro como um anjo”. Esta norma passou a polarizar todas as suas aspirações. Buscava forças no amor de Cristo, em especial ao Deus Menino do Presépio, para o cumprimento de seu propósito. Mais tarde anotou em seu diário:
“A amável Mãe de Deus, inspirou-me a princípio grande amor a seu Divino Filho. Uma grande confiança e íntimo amor ao Menino Jesus tomavam posse do meu jovem coração”.
Em setembro de 1892 fez uma viagem até Exaeten, na Holanda e lá teve certeza que sua vida religiosa aconteceria entre os jesuítas. Apesar de seu desejo intenso de ingressar imediatamente naquela ordem, não foi ainda desta vez que ocorreu seu ingresso.
Aconselhado a ordenar-se sacerdote em sua diocese, retornou da Holanda e foi para Bamberg onde continuou seus estudos por mais um ano.
Nas férias, no segundo domingo depois da Páscoa, fez uma bela homilia sobre o seu tema predileto: o Santíssimo Sacramento, com satisfação geral dos presentes. O jovem diácono era estimado por todos, tanto por sua personalidade como por seu caráter jovial. Não costumava fazer distinção entre as pessoas. Apenas demonstrava especial amor aos pobres.

A Ordenação Sacerdotal
Como preparação imediata ao sacerdócio, fez um retiro espiritual, anotando posteriormente em sua autobiografia: “Chegaram os dias do retiro antes da ordenação. Manifestou-se então com toda a veemência o fogo do amor ao Redentor... Quero amar-Vos de coração com amor íntimo, cálido e abrasador, com o mais puro e santo amor de Deus...” (Autob.39). O propósito do retiro foi: “Meu Deus, quero amar-Vos cordial e intimamente, com entrega total de todo meu ser!”
Foi ordenado sacerdote, dia 30 de julho de 1893, na Catedral de Bamberg, juntamente com outros 16 diáconos. No mesmo dia viajou com seu pai, que assistiu à ordenação, para a sua terra natal. Dia 31, festa de Santo Inácio de Loyola, celebrou a sua primeira missa na Matriz de Pottenstein, com grande participação de seus conterrâneos.
Inicialmente imaginou que poderia ingressar imediatamente na ordem dos jesuítas, mas os fatos não aconteceram como ele queria. Só após muita insistência junto a seus superiores conseguiu quatro anos depois fazer seus primeiros votos perpétuos na Ordem Jesuítica. Três anos depois foi enviado para o Brasil.
Nutria amor especial aos pobres. Vai neles o próprio Cristo. Tudo o que recebia de presente, João Batista o levava às escondidas aos doentes e necessitados.
Heroico na oração e na penitência, buscava reparar as muitas ofensas ao Sagrado Coração de Jesus e as irreverências à sua Mãe do Céu. Celebrava mensalmente uma santa missa em honra do Coração de Jesus e outra em honra do Coração Imaculado de Maria.
Padre Reus não conhecia meias medidas. Impelido pelo amor e pelo desejo de reparação, visitava a igreja muitas vezes durante o dia e também a noite. Vivia a fé na presença de Cristo no SS. Sacramento. Naquele tempo recebeu a primeira graça mística de que conseguiu lembra-se, sentindo vivamente a presença de Deus. Anotou em sua autobiografia.
 “Repentinamente me sobre veio a proximidade de Deus, como se entrasse n’Ele, submergido em dulcíssima paz interior. Era um sentir a Deus na sua influência sobre a alma.”  
Somente 20 anos mais tarde reconheceu claramente que nessa ocasião recebera a primeira graça mística. Ele jamais aspirava esse tipo de graças especiais e até sentia certa repugnância contra eles.
Padre Reus sacrificava-se e fazia muitas mortificações para assemelhar-se mais ao Divino Mestre, Jesus Cristo. Sabia da importância de nunca relaxar na luta contra o mal.
Oferecia a sua natural sensibilidade, a sua tendência para a autoafirmação, autoglorificação e egoísmo.
Aceitava-se a si mesmo como era e suportava as reações dos outros perante suas atitudes pouco sociais, sua tendência para certa estreiteza e severidade, que chegavam a provocar a antipatia de alguns. Mas também o Padre Reus teve suas dificuldades e confessa ter sentido ‘antipatia insuperável’ para com um superior.
Humilhante foi para ele o não ter passado no exame para a jurisdição, isto é, a licença de ouvir confissões, apesar de se ter preparado cuidadosamente. Teve que repetir o exame e também no exame final de Teologia não foi muito brilhante. “Deus não me deu inteligência pronta e memória fácil como a outros, mas fez tudo muito bem feito!” – confessa ele humildemente.
Os confrades, percebendo que o Padre Reus era um tanto “diferente dos outros”, julgavam-se com o direito de lhe “pregar alguma peça”. Achavam-no demasiadamente sério e rigoroso para consigo mesmo. Mas ele não deixava perceber o quanto isto lhe doía e tomava essas brincadeiras como oportunidades para praticar a virtude.


O Padre Reus no Brasil
Depois de um longo tempo de preparação em que empregou todas as suas forças no auxílio aos pobres, doentes e necessitados, o padre Reus foi enviado ao Brasil aonde chegou acompanhado de outros quatro colegas de batina.
Em 15 de setembro 1900, com o coração pulsando e a fisionomia aberta num grande sorriso, Pe. João Batista Reus desembarcou no porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, estado brasileiro situado no extremo sul do país, viajando através do vapor “Rosário”.
Quando seus pés tocaram o solo brasileiro estava com 34 anos de idade e um desejo cada vez mais intenso de ajudar seus semelhantes. Nos primeiros 11 anos de Brasil, dedicou-se ao apostolado na cidade de Rio Grande.
São interessantes as suas notas a respeito do estado religioso dessa cidade. Muita ignorância, incitações contra o clero e a religião. Os poucos católicos muitas vezes não possuíam firmeza suficiente para se colocarem decididamente ao lado de seus pastores.
Recordando-se daquele tempo, Padre Reus escreve mais tarde:
“Na minha vida espiritual fazia o que a regra prescreve. Chamou-me atenção o fato de sentir por momentos vivamente a presença de Deus durante a meditação. Parece-me que Ele descia sobre mim e sobre mim descansava, de modo que o sentia perto de mim. Mas eu não sabia o que isto significava... Certa vez, até quando fui chamado à sala de visitas, experimentei a presença de Jesus como uma pessoa que estivesse a meu lado, mesmo enquanto conversava com as pessoas”. Parece que naquele momento o próprio Padre Reus nem suspeitava que se tratava de graça mística, pois ele nem se preocupava com essas coisas.
Um ano depois, em 1912 foi removido para a capital do Estado, Porto Alegre e nomeado professor num dos colégios mais tradicionais da cidade, o Colégio Anchieta.
Este ano é marcado por receber grandes graças místicas, apesar de Padre Reus ser um sacerdote simples e modesto. Ele nunca aspirava ao extraordinário, tais como graças místicas ou carismas especiais. Até evitara “como peste” a leitura de livros sobre tais assuntos. Muitas vezes confessava que em vista de toda a educação recebida e de seu natural sóbrio, não queria saber nada de místico, procurando evitar tudo o que estivesse fora do comum. Apenas queria ser um sacerdote fiel e jesuíta zeloso no cumprimento de seus deveres.
Em fins de agosto teve experiências místicas que o surpreenderam:
“Durante o exame de consciência, a 26 de agosto sobreveio-me tal fogo abrasador que só consegui aliviar meu coração com suspiros fortes. Repentinamente aumentou de tal maneira esta onda de amor, vindas do alto, que não conseguia mais suportá-la”. Parecendo-lhe tudo isso muito estranho, procurou o superior da Missão, padre Zartmann, homem muito sério e prudente. Após minucioso exame disse-lhe que a coisa vem realmente de Deus!”
No dia sete de setembro recebeu uma graça mística muito rara: as santas Chagas ou estigmas de Cristo. Na noite de seis para sete de setembro, acordou várias vezes e sentiu cada vez mais a presença do Salvador. Durante a meditação da manhã percebeu sensivelmente como Cristo olhava para ele. É o próprio Padre Reus que conta:
“De repente sobreveio-me um amor fortíssimo e inflamou-me todo o corpo, de modo que parecia estar em chamas. Senti-me puxando para cima, de modo que os meus braços ficaram distendidos. Violenta labareda de fogo precipitou-se do alto e eu senti como algumas setas penetravam em meu coração. Julguei que fosse imaginação minha e me esforcei por rejeitar toda ilusão, mas de nada adiantaram os meus esforços. Percebi, então, cinco raios de luz, vindos em direção das cinco partes do meu corpo, nas quais no Vosso Corpo ressuscitado, ó Jesus, guardais as santas chagas. Foi uma verdadeira luta. Embora nada percebesse com meus olhos corporais, a visão era tão clara que não podia duvidar ter recebido em minha alma a impressão das Vossas cinco Chagas”.
Os estigmas permaneceram invisíveis, fato também verificado em outras almas agraciadas. Mas o Padre Reus sentiu-se toda a vida e às vezes tão fortemente que se contorcia de dor. Foi certamente a melhor resposta para as suas dúvidas, no sentido de que pudesse ser vítima da imaginação ou da ilusão.
A partir de então recebe quotidianamente graças excepcionais durante os exercícios de piedade, principalmente durante a celebração da Santa Missa. Anjos e Santos lhe apareciam diversas vezes.
Neste mesmo ano seu estado de saúde começou a apontar os primeiros problemas de uma longa e sofrida enfermidade.
Sua passagem pelo colégio Anchieta já mostrava o sacerdote maduro, de fisionomia austera e olhares distantes que embora mantivesse a mesma determinação férrea, havia deixado em Bamberg grande parte de seu vigor físico.
Apesar de seus deveres profissionais serem ligados à pedagogia e à administração das tarefas escolares, nunca deixou de ser um religioso apaixonado, devotado e fervoroso.

Pároco em São Leopoldo - RS
No ano de 1913 foi nomeado pároco da cidade de São Leopoldo-RS, centro de colonização alemã, lugar onde ficaria o resto de sua existência. Ali foi diretor e conselheiro espiritual no Seminário Maior de São Leopoldo e do Colégio Cristo Rei.
Continuando seu trabalho de ajuda aos pobres e necessitados que havia iniciado na Alemanha, fundou a Liga Operaria Católica com o objetivo de continuar ajudando os pobres, coisa que procurou fazer enquanto foi vivo.
O Padre Reus sentia a dura realidade da vida, como ele mesmo confessa: “Não sei o que é: cada sacrifício ainda que pequeno, me custa, repugna o meu natural, a ponto de pedir continuamente novas forças para vencer”. No entanto o padre Reus ousou dizer ao se Deus: “Apesar de tudo ninguém Vos amará mais do que eu”.

Professor no Seminário Menor
O Padre Reus desejava ser missionário popular, mas Deus lhe preparava outra missão: professor no curso ginasial do Seminário Menor de São Leopoldo, que foi o principal campo de suas atividades.
Foi professor de Religião (16 anos), de Latim (15 anos), de História (16). Lecionou também Português e, temporariamente, Francês e Geografia.
A nova tarefa era um sacrifício para ele, já que não possuía os dotes de “professor nato”. Mas, o amor ao seu Mestre o fez dedicar-se ao magistério com toda energia, e acabou gostando.
A respeito das aulas de Religião, um antigo aluno confessa o seguinte:
“Suas palavras, cheias de unção, revelavam íntima familiaridade com as coisas de Deus. Quantas vezes, depois da aula, eu ia à capela, para agradecer a graça de ser aluno de um santo. Certo dia nos leu a Mensagem do Coração de Jesus aos sacerdotes. Não posso esquecer essa leitura, principalmente a passagem que fala da Bem-aventurada Virgem”. Ela, minha Mãe, é também a mãe do sacerdote”. Aí sua voz assumiu um tom de unção que me penetrou na alma. Era sabido que, se falava da Virgem Maria, o fazia de fisionomia iluminada e sorridente. A Mãe de Deus e o Sagrado Coração de Jesus eram os seus temas preferidos”.
Outro ex-aluno se refere ao Padre Reus da seguinte maneira:
“Como professor, o Padre Reus era sério e sabia manter a disciplina. Nós o respeitávamos como padre muito religioso e devoto”.
Padre Reus não só se esmerava na instrução religiosa dos seus alunos, mas procurava formar personalidades. Insistia na ordem, pontualidade, atenção e aplicação. Ele próprio procurava dar o exemplo para isso. Até pelos seminaristas menores era considerado como o “padre santo”, que rezava muitas vezes na galeria do Seminário, sem se distrair com o barulho, durante os jogos no pátio.
Durante sua vida escreveu diversos livros religiosos em português, espanhol, alemão e italiano.

Grande homem de oração – homem de Deus
Antes o coração se rasgue em mil pedaços do que admitir qualquer violação da obediência.
Aqueles que conheciam e conviveram com o Padre Reus reconhecerem que ele era um homem de muita oração. O padre Cândido Santini, SJ. (falecido) conviveu 25 anos com o Servo de Deus. É dele este depoimento:
“O Servo de Deus nos deixou a impressão indelével de que era um homem de Deus, imerso em oração, vivendo sempre na presença do Senhor. Milhares de jaculatórias, que diariamente saíam dos seus lábios, as frequentíssimas comunhões espirituais, as meditações e confissões diárias, as adorações noturnas semanais, as visitas ao Santíssimo, que fazia de hora em hora, os três terços diários e o Breviário, que rezava de joelhos diante do Santíssimo e da imagem da Virgem Imaculada, a devoção da Via-Sacra, que percorria três vezes por dia, todas as santas missas, a que assistia, antes ou depois de ter celebrado a sua, a reta intenção, com que transformava toda a sua vida em oração... tudo isto nos diz claramente que o Padre Reus viveu deveras uma vida de oração intensíssima”.
O Padre Reus sabia que o fim último de todo exercício de piedade é aumentar a união da alma com seu Deus. E esta união ele a procurava, não só para a glória de Deus e santificação da própria alma, mas antes de tudo visava a salvação de muitas almas. E este apostolado em favor próximo chegava a ser heroico.
Pedia constantemente ao Senhor:
“Senhor, fazei que eu morra para mim mesmo e vivia somente para Vós, a fim de salvar quantas almas for possível salvar”.
Sua vida se tornou um constante morrer a si mesmo, para ser mais e mais imbuído de Deus.
Sua jaculatória preferida era repetir os santos nomes de Jesus, Maria, José. Repetia constantemente esses nomes no decorrer do dia e principalmente durante as longas noites de insônia.
O Padre Reus também acreditava na força da oração e por isso rezava com muita fé e confiança. Vários fatos de sua vida demonstram que a oração confiante lhe ajudou a resolver coisas concretas. Um desses fatos aconteceu no outono de 1935, quando terríveis temporais com trovoadas por três vezes ameaçavam grandes prejuízos. Ele se pôr de joelhos a rezar de braços estendidos, implorando a proteção de Deus. Em pouco tempo a calma voltou, e não se registraram os danos que em outras ocasiões resultavam em centenas de vidraças despedaçadas”.

Suas grandes devoções
O Padre Reus nutria um grande amor a Jesus Eucarístico e, em consequência, amava profundamente o Sagrado Coração de Jesus, presente na Eucaristia. Assistia a todas as santas missas que eram celebradas na capela do Seminário e alhures, sempre que o tempo lhe permitia.
Padre Reus tinha também uma grande devoção para com a Mãe de Deus, devoção que lhe foi implantada na alam pela sua própria mãe, desde a tenra infância. Promovia, onde era possível, a Confraria de Nossa Senhora do Carmo e reza do terço diário. Nos primeiros dias da sua estada em Rio Grande fez voto de promover, na medida do possível, também a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Para tanto aproveitou as aulas, as palestras particulares e muitas outras oportunidades. Escreveu um folheto sobre o Sábado de desagravo, que em várias edições alcançou centenas de milhares de exemplares. Repetia incessantemente a jaculatória: “Doce Coração de Maria, sede minha salvação”.
Era ainda devoto de Nossa Senhora Medianeira, pois numa visão contemplou Maria Santíssima como Medianeira de Todas as Graças. Dedicou as mais belas palavras de sua vida a essa devoção. “Foi a querida Mãe de Deus que me deu tudo! Pareço-me a mim mesmo como um dos santuários da Santíssima Virgem, onde as paredes estão recobertas de ex-votos, com a mesma frase: Maria ajudou...”
Como que em decorrência da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, o Padre Reus foi também devoto do Patriarca São José. Uma das provas dessa devoção está no fato de o Padre Reus ter se empenhado, profundamente, para que a festa do Patrocínio de São José fosse celebrada anualmente com toda a solenidade.
        Além dessas devoções especiais, o Padre Reus possuía devoção particular aos santos anjos, aos santos, seus grandes amigos celestes, ao Menino Jesus, a seu padroeiro São João Batista e a Santo Inácio de Loyola, fundador de Companhia de Jesus.

Vida de penitência e de sacrifício
Seria suspeita a vida de oração e de piedade numa pessoa que fugisse do sacrifício e da cruz. Padre Reus amou sincera e generosamente a cruz e tinha verdadeira fome e sede de sacrifícios. Aceitava resignadamente os desprezos, as humilhações que feriam profundamente sua extrema susceptibilidade. Flagelava-se diariamente antes de se recolher à noite; cingia-se frequentemente com um cilício de ferro, dormia sobre duas tabuas, escondidas debaixo do lençol, jejuava quase sem interrupção e dominava os sentidos e a natural curiosidade de maneira edificante. Mas o maior sacrifício foi sem dúvida, a renúncia à sua vontade e sua perfeita e constante subordinação à vontade dos superiores.
Verdadeira tormenta agitou-lhe a alma, quando soube ser desejo da Ordem que os súditos abrissem suas consciências não só ao superior provincial, mas também ao superior da Comunidade. “Parecia-me então mais fácil confessar pecados graves – se os tivesse – do que revelar as graças místicas”. Mas, como tinha prometido ao Senhor procurar fazer sempre o mais perfeito, foi fiel também neste particular.
Grande provação para o Padre Reus era a gradativa perda da visão, que poderia transformar-se em cegueira completa. Eis seu desabafo pessoal: “Estive pronto para aceitar mais esta cruz além das demais, se assim fosse do agrado do Sagrado Coração. Salve Cruz preciosa! Eu sabia muito bem dos pesados sacrifícios que a cegueira me traria: a completa dependência dos outros; talvez a total impossibilidade de celebrar a santa missa, se não conseguisse decorar com a necessária segurança as orações, e renúncia completa ao trabalho no livro de Liturgia; tudo isso aceito-o de boa vontade, contanto que se cumpra a vontade do Senhor; Aceito tudo das mãos de Deus e de Maria Santíssima”.
Deus, porém, se contentou com a boa vontade de Seu Servo, preservando-o da cegueira. Mas a surdez, própria da velhice, não lhe foi poupada. Era preciso falar muito alto para que ele compreendesse o que se dizia. Apesar disso, escreveu ao seu amigo padre Miguel Schmintt, pároco em Pottenstein, em 1947: “... descontados os achaques da velhice, vou muito bem. Em todo o caso, sinto-me muito feliz com minha sorte, pois me veio do Coração de Jesus”.

A palavra dos superiores
Padre Reus abria sua alma aos padres provinciais, como também aos reitores do Seminário, em São Leopoldo. Todos o elogiam. O padre Ferinand Baumann, seu consciencioso biógrafo, que o conhecia pessoalmente, relata o seguinte:
“Todos viram no Padre Reus um homem sério, razoabilíssimo, firme nas suas atitudes, de mentalidade crítica, enérgico, livre de sentimentalismo e exaltação. Todos conheciam sua veracidade inabalável e sabiam que se devia dar crédito incondicional ao que dizia. Os superiores conheciam suas virtudes heroicas: penitências e mortificações extraordinárias, adorações noturnas, permanente e notório recolhimento e autocontrole. Não poderia ter praticado tudo isso sem ser misticamente agraciado”.
Sem subterfúgios, Padre Reus relata as angústias sofridas por causa das vivências místicas, como também as lutas e preces para obter o discernimento dos espíritos, ou seja, a faculdade de distinguir o genuíno do falso.
Aliás, em todas as visões e demais fenômenos místicos, permanece sempre a dificuldade de se saber, com certeza, o que na contemplação dos mistérios procede imediatamente de Deus e o que o homem, impelido por Deus, acrescenta da sua parte. Daí o rigoroso exame por parte da Igreja.
Como prova convincente da autenticidade de suas visões, o Padre Reus declara:
“... não dependem de mim. Sobrevêm frequentemente, em dias comuns, e não nas festas comemorativas (por exemplo Sexta-feira Santa), quando a alma está repleta do mistério do dia. Também não me é possível modificar algo nas visões, circunstância mencionada também por Santa Teresa”.
Por outro lado, o Padre Reus não desejava o extraordinário. Rezava e pedia ao seu Senhor e Deus: “Sabeis que não procuro coisas extraordinárias, admito-as, unicamente, porque Vós mas enviais”. E procurou corresponder a essas graças extraordinárias que Deus lhe concedeu, sabendo que é o caminho mais eficaz de alcançar a santidade mais rapidamente e em grau mais elevado.
Na mesma ocasião escreveu ainda: “Embora anele estar convosco, ó amantíssimo Jesus, quero viver para dilatar o domínio do Vosso Coração nos corações daqueles que remistes com o Vosso preciosíssimo sangue”.


A morte do Padre Reus
O Padre Reus sofreu muito nos anos que antecederam sua morte. No entanto, apesar de doente sempre procurava louvar e agradecer a Deus em suas orações diárias.
Alguns meses antes de sua morte, alternando dias de sofrimento no leito com poucas horas de descanso físico, pois continuava a escrever sua autobiografia.
Em 01/01/47, seis meses antes de falecer, escreveu:
"Senhor, agradeço-Vos a graça de me terdes dado chegar a esta idade! Obrigado também pelos sofrimentos e incômodos inerentes à idade senil."
Os primeiros sintomas de seu sofrimento físico já datavam de 1912 quando foi examinado por um médico e constatou-se que começava a apresentar sintomas de hidropisia.
Oito anos mais tarde, em 1920 além da hidropisia que não cessava, foi vítima de diabetes e problemas renais além das constantes e incômodas dores de cabeça que pareciam crônicas.
Não bastasse todos estes males, o Padre Reus por várias vezes teve problemas de pele, bronquite e asma.
Apesar de sua extraordinária força de vontade em continuar vivendo, um ano antes de sua morte apareceram os primeiros problemas cardíacos que permaneceriam a atormentá-lo até o final.
Em 1947, aos 79 anos, seu estado de saúde alternava momentos de melhora com repentinos e constantes agravamentos. Em 04 de abril daquele ano, uma Sexta-Feira Santa, foi sacramentado e seguiram-se alguns dias de recuperação. Mas foram breves e fugazes. Logo em seguida seu estado ficou mais crítico.
No dia 10 de junho, dois meses após o sacramento, rezou sua última Missa.
Esse dia tão ardentemente desejado veio a ser o seu Dia do Nascimento para o Céu, após pouco mais de 79 anos de idade, 54 de sacerdócio e 53 de vida religiosa na Companhia de Jesus, em 21 de julho de 1947.
O padre João Batista Reus está sepultado no cemitério dos jesuítas em São Leopoldo, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
Não demorou muito para que o povo começasse a contar histórias a respeito de ajudas recebidas depois de orações serem dirigidas à memória do padre. Os dias foram passando e cada vez aumentava mais o número de pessoas que se diziam auxiliadas pelo Padre Reus.
Iniciaram as romarias e procissões ao seu túmulo.


O Processo de Canonização
Seu processo de beatificação, iniciado em 1953, sofreu uma pausa em 74. Em parte, devido à resistência do cardeal Vicente Scherer, que enviou uma carta ao Papa Paulo VI desaconselhando a santificação. Mais tarde, dom Vicente mudou de ideia e acabou apoiando a carta que 26 bispos gaúchos escreveram em 1993, pedindo pela beatificação de Reus.
Mensalmente, os postuladores da causa no Brasil recebem cerca de 150 cartas com relatos de graças e milagres alcançados. (JORNAL DO BRASIL - Domingo, 7 de Abril de 1996, José Mitchell, de Porto Alegre)
O processo para Beatificação e Canonização do padre João Batista Reus foi iniciado em 25 de julho de 1953 e terminado a 13.11.1958 em Porto Alegre.
Em 1958 todos os documentos relativos ao processo foram entregues em Roma onde prossegue os trâmites exigidos pelas autoridades religiosas.
Em 24 de setembro de 2003 a edição nº 4.853 do jornal “Correio Rio-grandense”, de Caxias do Sul, trazia a seguinte nota:
Causa Padre Reus ganha novo impulso
Novo tribunal vai dar continuidade à causa de beatificação do jesuíta.
A causa de beatificação do Padre João Baptista Reus vive um novo e importante momento. Em julho deste ano foi constituído o Tribunal Eclesiástico para o “Processo Supletivo sobre a continuidade da fama de santidade do Pe. João Baptista Reus”. Dom Osvino José Both, bispo de Novo Hamburgo, presidiu a sessão de instalação.
Segundo o postulador geral de Roma, padre Paolo Molinari, sj, o “processo supletivo” significa um novo processo que deve completar aquele realizado nos anos 1954-1958, pela arquidiocese de Porto Alegre.
O novo Tribunal deve suprir o que falta, isto é, a prova de que a fama de santidade de Pe. Reus continuou deste o tempo do primeiro processo até os dias atuais. Como São Leopoldo pertence agora à jurisdição da diocese de Novo Hamburgo, dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre, transferiu o respectivo processo para essa diocese, em janeiro de 2003.

A Vida Mística do Padre Reus
Cena de um documentário que conta sobre a vida de Padre Reus.
A vida mística consiste nas relações espirituais da criatura com seu Criador, de caráter mais íntimo do que o comum, e que se manifesta de muitas maneiras, sobretudo com êxtase, arroubos, aparições, revelações de caráter particular, etc. Nesta união mais íntima com Deus a alma chega a conhecer coisas divinas, não só pela luz da fé, mas também pela experiência pessoal.
Além do conhecimento mais perfeito das coisas divinas, a alma mística sente maior aproximação de Deus, participando com maior intensidade da vida divina e progredindo mais rápido e solidamente no caminho da perfeição.
Essa íntima familiaridade da alma com Deus provoca necessariamente maiores frutos espirituais. Por exemplo o desapego completo das coisas terrenas, considerando-as vãs e efêmeras e um amor mais generoso a Deus, como suprema e perene realidade.
Por outro lado, as graças mais ou menos extraordinárias, próprias de vida mística, não dispensam a criatura da cooperação pessoal, generosa e constante, que se concretiza na prática das virtudes.
Quanto à vida mística do Padre Reus, sabe-se da existência de fenômenos místicos, narrados por ele mesmo no seu Diário espiritual e na Autobiografia. Esses escritos fazem parte integrante do Processo Informativo que se encontra em Roma desde dezembro de 1958. O exame da legitimidade dos fenômenos próprios da vida mística está reservado a Igreja, que é Mestra prudentíssima da vida espiritual.
Em sua Autobiografia o Padre Reus relata muitas êxtases, visões e aparições, principalmente durante a celebração da Santa Missa, e outras comunicações espirituais.
 Por outro lado, se esses fenômenos foram ou não reais, é questão secundária. O importante é que neles não haja algo contra a fé e os bons costumes. É precisamente na prática constante das virtudes heroicas que se baseia a santidade e se justifica a beatificação dos Servos de Deus.
Verdadeiros ou não, esses fenômenos na vida do Padre Reus, quase diários nos últimos decênios, eram para ele estímulo poderoso e constante para progredir nas virtudes e na generosidade para com Deus.
“Quero trabalhar com o auxílio da Vossa onipotente graça, a fim de me santificar para Vós. Os grandes Dons, que Vós houvestes por bem despender com a Vossa indigna criatura, não me fazem santo. Mas devem ser um aguilhão a ferir-me constantemente, levando-me a morrer para mim, a fim de que viva para Vós, vítima do Vosso amor”- assim escrevia o Padre Reus a quatro de fevereiro de 1929.

A autobiografia do Padre João Batista Réus
Por obediência a seus superiores que o viam narrar oralmente dezenas de graças místicas, foi compelido a escrever sua autobiografia onde narra de um modo claro e equilibrado todas as visões e êxtases de que foi alvo, embora jamais se julgasse digno de qualquer destas manifestações.
O Padre Reus fez tudo o que a prudência humana exige para não ser vítima de ilusões e enganos. Recorreu, sobretudo, ao meio infalível da obediência, comunicando aos Superiores humildemente tudo o que se passava em sua alma. Em obediência expressa aos Supervisores escreveu a Autobiografia. No seu Diário espiritual, escrito depois, registrou esta decisão: “Antes o coração se rasgue em mil pedaços do que admitir qualquer violação da obediência”. E a sinceridade, com que executou a ordem da obediência, aparece na seguinte frase: “Antes quisera morrer do que escrever alguma coisa que eu não tivesse percebido”.

Mais sobre o Processo de Beatificação
Iniciado em 1953, seis anos após sua morte, o processo de Beatificação do Servo de Deus se estende por mais de 50 anos, mas foi em 2010 que Dom Zeno Hastenteufel, bispo da Diocese de Novo Hamburgo, passou a olhar com maior atenção para a causa do santo popular.
Uma Comissão Postuladora Diocesana foi instalada para fins de aceleração do processo que é burocrático e minucioso. No momento em que se inicia um processo de beatificação o religioso passa a ser considerado um Servo de Deus, o que já acontece com o Pe. Reus, após este processo de início, o Papa, através da Congregação para a Causa dos Santos, avaliando suas virtudes heroicas o proclama Venerável. Para ser Beato é necessário que um milagre seja comprovado e para canonizá-lo, mais um. (Fonte: Wikipédia)






sábado, 25 de novembro de 2017

SERVO DE DEUS PADRE NAZARENO LANCIOTTI, Presbítero, Missionário e primeiro Mártir do Movimento Sacerdotal Mariano



Biografia

Nascido em 1940, em Roma, no berço de uma família humilde e cristã, Nazareno entrou muito jovem para um seminário, onde estudou filosofia e teologia. Em junho de 1966, aos 26 anos, foi ordenado padre. Chegou em Mato Grosso em 1972, onde foi pároco da Diocese de Cáceres e passou a trabalhar na evangelização na Operação de Mato Grosso. Em seguida, partiu para Jauru, onde fundou o Asilo “Coração Imaculado de Maria”, que ainda abriga cerca de 40 idosos da região.
Lá, dizem os conhecidos e devotos, que superou inúmeros obstáculos e que despertou a fé de jovens e adultos, por meio do Movimento Sacerdotal Mariano, do qual fazia parte como presidente Nacional. Todos os anos, durante os festejos de Carnaval e antes do dia 12 de outubro, que celebra a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, promovia retiros espirituais com membros do movimento, representando todos os Estados do Brasil.
Além do Asilo, em 1973, ficou responsável pelos trabalhos pastorais de Jauru e região e logo preparou um centro de catequese, facilitando o ensino da religião para as crianças. Em seguida, lutou para a construção de um hospital, pois se comovia com o número de crianças que morriam na região.
Na época, elaborou um plano de ampliação para o hospital local e pediu ajuda de amigos e de uma organização alemã de prevenção a fome e doenças, Misereor. O projeto só saiu do papel após três anos. Além dos pedreiros contratados, o pai do padre Nazareno, que trabalhava como pedreiro, se juntou à força tarefa durante os seis meses de obras do Hospital Patronato Nossa Senhora do Pilar.
Prestativo e sempre a frente de seu tempo, além dos feitos já citados, em 1974, foi a vez dele criar um grande espaço religioso para os mato-grossenses e católicos em geral. Deu início a construção de uma igreja, a Igreja Nossa Senhora do Pilar. A inauguração foi celebrada no ano seguinte com o Bispo Máximo Biennes. “A igreja era sofisticada para época, edificada graças à boa vontade do povo e, sobretudo ao esforço do nosso padre Nazareno”, conta o amigo Jorge.
Em razão do aumento dos fiéis e dos admiradores de Padre Nazareno, durante algumas missas e cerimônias era preciso utilizar os fundos da Igreja, mas para atender melhor a comunidade, Nazareno não se conteve e criou o Santuário Imaculado Coração de Maria.
Nesses locais, além das missas e eventos católicos, o religioso abrigou inúmeras famílias despejadas por posseiros, famílias que tiveram as casas destruídas, incendiadas, a maior parte delas era da região de “Mirassolzinho”, onde conflitos por terras eram constantes. “Crianças órfãs também foram acolhidas por ele, algumas até com poucos dias de vida”, lembra Cláudia secretária da paróquia. “Ele amava a todos sem querer nada em troca, foi um pai para muita gente”, completa.
Já em 1981, ajudou a fundar o Seminário Menor em Jauru colocando à disposição um centro de treinamento. O local começou com 14 jovens, mas calcula-se que pelo menos 300 seminaristas passaram por ali. Construiu a CNEC - Campanha Nacional de Escolas Comunitárias, que funcionou durante muitos anos, e hoje serve de alojamento para pessoas que vem para retiros.
Em 1985, recebeu a visita do arcebispo Carlos Furno, representante do Papa no Brasil. Três anos mais tarde, Nazareno foi nomeado pelo responsável nacional do Movimento Sacerdotal Mariano (MSM). Desde então, assumiu e passou a viver os três compromissos que caracterizam a espiritualidade do Movimento, a Consagração ao Imaculado Coração de Maria; a União ao Papa; à Igreja a ele unida e a condução dos fiéis a uma vida de entrega confiante a Nossa Senhora. “Acho que foram 30 anos da vida dele que se dedicou a Jauru. Não tem como não se emocionar ao lembrar desse homem que só nos fez bem e aumentou a nossa fé. Ele transformou a cidade de Jauru”, diz a devota e moradora do município, Eunice Vieira.
Ele parecia incansável, raramente o vi abatido e é com essa disposição que estamos dando seguimento a tudo que ele nos ensinou”, finaliza Jorge. A tradicional missa em homenagem ao pároco acontece nesta segunda, data em que completa 15 anos do seu falecimento. A cerimônia está marcada para as 19 horas e deve reunir centenas de fiéis.







O crime

Era noite do dia 11 de fevereiro de 2001, o padre Nazareno jantava na Casa Paroquial em companhia de alguns amigos quando a residência foi invadida por dois homens encapuzados. A dupla pediu para o padre abrir o cofre da igreja, e ele argumentou que sua paróquia não tinha cofre.
Insatisfeitos, os assaltantes fizeram “roleta-russa” com os amigos do religioso, mas não roubaram o dinheiro que eles tinham no bolso. Quando estavam deixando a Casa Paroquial, um dos assaltantes disparou na nuca do padre e a bala alojou-se na coluna cervical.
No dia seguinte ao crime, Nazareno foi removido de avião para um hospital em Cuiabá onde ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No dia 13, o padre foi transferido para a UTI do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde veio a falecer dez dias depois. O corpo de Nazareno foi sepultado em Jauru, cidade onde viveu por 29 anos.






        Segunda Biografia

Pe. Nazareno Lanciotti
1º Mártir do Movimento Sacerdotal Mariano
Coração Imaculado de Maria, Confiança, Saúde e Vitória minha”
Nascido em Roma, 03/03/1940
Pais: Sr. Giacomo e Sra. Antonieta
Ordenação Sacerdotal: Roma (Itália) em 29 / 06/1966
Martírio: 11 a 22 de fevereiro de 2001

Pe. Nazareno deu uma resposta de generosidade total ao dizer NÃO para o mundo e SIM a Cristo, ao se dispor a sair do seu país como missionário, atendendo ao chamado: “deixa sua terra e vai ao lugar que eu mostrarei”, deixando seus parentes e amigos, saindo para viver num país estranho, sempre cumpridor dos mandamentos de Deus e dos preceitos da Igreja.
Pertencia ao clero de Subiaco, pequena diocese, perto de Roma. Destacou-se no clero em Roma, onde trabalhou durante cinco anos. Quando veio para o Brasil, ficou alguns meses em Poxoréu.
Chegou em Jauru dia 12 de janeiros de 1972, com um grupo de jovens da Operação Mato Grosso. Ao chegar, não houve nenhuma recepção, mas Maria Santíssima, na imagem da Virgem Mãe do Pilar, o acolheu e o confortou, assim como fez com São Tiago, dizendo: “Meu filho, não desanime não”. E ele não desanimou. Superou inúmeros obstáculos postos em seu caminho pelo adversário e tornou Jauru, esta pequena e longínqua cidade, conhecida pela fé que ele despertou em cada um de nós, devido ao Movimento Sacerdotal Mariano, do qual fazia parte como presidente Nacional. Todos os anos no Carnaval e antes da festa do dia 12 de outubro, fazia retiros espirituais com membros do Movimento, representando todos os estados do Brasil.
Foram 29 anos de vida, dedicada à pequena paróquia de Jauru, estado de Mato Grosso. Sofreu muito, sofreu por amor a Cristo, por seu evangelho. Quando aqui chegou, teve que se adaptar a um lugar que era praticamente o oposto de sua terra: Roma (Itália), a começar pela língua (Português) que mal sabia falar, os costumes e a falta de conforto. Jauru oferecia muito pouco para alguém que vinha do primeiro mundo, que vivia no berço da civilização. Faltava energia, faltavam meios de comunicação, faltava até Casa Paroquial, tanto que ficou hospedado em um pequeno hotel de madeira, onde pessoas ficavam conversando até altas horas da noite. Além disso, ainda haviam uns porquinhos que ficavam se roçando na parede, atrapalhando-o dormir.
Com tanto contraste, era mais fácil desistir, mas ele persistiu. Sofria ainda nas estradas, quando ia para as comunidades, junto com o Pe. Riva em um jeep, pois as estradas eram péssimas e conforme o local que passavam, ele dizia que parecia balanças até o cérebro.
Entretanto, a oração era a sua rota, a luz que lhe indicava o caminho, a estrela polar, segundo a qual navegava. Graças à oração, tinha se tornado um só com Deus, assim tudo o que fazia, estava em perfeita sintonia com Deus.
Em 1973, ficou encarregado dos trabalhos pastorais de Jauru e região. Preparou logo um centro de catequese, para facilitar o ensino da religião às crianças.
Foi um governante inteligente, dirigia cada trabalho com interesse, sendo enérgico e exigente, ao mesmo tempo bondoso caridoso. Soube interpretar e viver os dons da sabedoria. Como bom pastor, conduzia leigos, nomeou muitos ministros. Seu poder não para por aí. Pe. Nazareno transformou Jauru, podemos até dizer que o construiu.
Tinha intenção de preparar um pequeno centro de atendimento à saúde, comovido com o número de crianças que aqui morriam. Pe. Nazareno elaborou um projeto de ampliação para um pequeno hospital, para responder às solicitações locais. Foi auxiliado por um amigo arquiteto, Carlos Augusto Mattei Facini, que conheceu durante seu vicariato em Roma.
Tal projeto foi preparado junto com o bispo D. Máximo, para solicitar à Misereor, organização alemã de prevenção contra a fome e a doença. Durante três anos o processo não caminhou, porque estimavam que um posto de saúde era suficiente, visto que os casos mais graves e críticos podiam ser encaminhados para o Hospital de Cáceres, esquecendo o grande número de habitantes, os acidentes de trabalho nas derrubadas (das matas), a malária, e, sobretudo os 200 km de terra praticamente intransitáveis para um doente. Com a visita de autoridades médicas de fama mundial, resolveu a questão e a verba foi liberada.
Os pedreiros trabalharam e o próprio pai do Pe. Nazareno, pedreiro de profissão, veio se juntar a eles durante seis meses. Pouco tempo depois, o hospital interiorano mereceu a melhor classificação dada pela INPS (Instituto Nacional de Previdência Social).
Franca Pini, também italiana consagrada a Deus, que veio com a Operação Mato Grosso, tornou-se companheira e amiga do Pe. Nazareno e hoje ocupa a direção administrativa do Hospital Patronato Nossa Senhora do Pilar.
Em 1974, iniciou a construção de uma igreja paroquial, sendo apoiado pelo seu amigo Vitório, pela cooperação do povo e pelo trabalho de uns membros da Operação Mato Grosso. A inauguração foi celebrada no ano seguinte com o Bispo D. Máximo Biennes presidindo a solenidade de consagração da Igreja Nossa Senhora do Pilar, tendo a presença de nove sacerdotes. A cerimônia foi no dia 11 de outubro de 1975. Uma igreja sofisticada, edificada graças à boa vontade do povo e, sobretudo ao esforço do nosso Pe. Nazareno.
A partir de então, a Igreja tornou-se o lugar mais querido de nossa paróquia: Nossa Senhora fez dela sua casa, onde nos recebe, nos anima e nos consola e de onde distribui suas graças a todos os seus filhos.
Em 12 de outubro de 1976, foi criada a paróquia Nossa Senhora do Pilar em Jauru e o primeiro pároco foi Pe. Nazareno Lanciotti.
A igreja foi tornando-se pequena, foi necessário utilizar um anfiteatro natural nos fundos da igreja, mas devido à falta de conforto, foi construído o Santuário Imaculado Coração de Maria.
A missa e a confissão foram os dois polos de sua missão. A confissão feita a ele, passava a ser o ponto de partida para uma nova vida espiritual.
Quando houve o conflito sangrento da mirassolzinho, Pe. Nazareno acolheu, nas capelas das comunidades, famílias despejadas, onde muitos posseiros morreram, tiveram suas casas queimadas por um grupo de policiais que vieram para despejá-las. O medo ainda dominava, via-se claramente o pavor nos olhos das crianças, algumas delas órfãs de poucos dias.
Pe. Nazareno foi como uma abelha, que produz mel para saciar a fome das abelhinhas. Ensinou a esta gente viver os mandamentos, representando a imagem e semelhança de Cristo vivo.
Saciou a fome de muitas pessoas, amou a todos sem querer nada. Foi um pai para as famílias, seu plano de vida, foi acima de tudo, o amor.
No início de 1981, Pe. Armando e Pe. Nazareno se animaram para fundar o Seminário Menor em Jauru. Pe. Nazareno colocou à disposição um centro de treinamento que estava construindo para que ali funcionasse o seminário. Com o acordo do bispo D. Máximo e outros padres, foi aberto o seminário menor em 01 de Março de 1981, com 14 jovens. No decorrer dos anos, passaram pelo seminário mais ou menos 300 seminaristas. Hoje já se formaram vários sacerdotes que passaram pelo seminário menor de Jauru, dentre eles o Pe. Benedito Correa de Lima, que foi pároco de Jauru logo após o Pe. Nazareno.
Construiu a CNEC - Campanha Nacional de Escolas Comunitárias, que funcionou durante muitos anos, e hoje serve de alojamento para pessoas que vem para retiros.
Para as comunidades, construiu igrejas e nomeou ministros, pensando na Eucaristia diária para todos. Para os que chegam e saem de Jauru, o Painel do Imaculado Coração de Maria e o Cruzeiro com a imagem de Nossa Senhora Aparecida. No bosque, onde conservou muitas árvores, construiu várias salas de catequese, que forma criança desde o pré a jovens e adultos da escola da fé. Construiu um Salão Paroquial para reuniões, no qual, durante alguns anos tivemos aulas de Teologia, ministradas pelo próprio Pe. Nazareno. Fez ainda uma cozinha, que é utilizada no preparo de refeições para grande quantidade de pessoas que participam dos retiros e das festas da paróquia.
Construiu o abrigo de idosos Imaculado Coração de Maria, onde os idosos recebem todos os cuidados necessários para uma vida digna, além dos cuidados físicos, materiais, recebem ainda cuidados espirituais, estendendo os benefícios à mente, pondo-as em contato com Deus, através do diálogo do amor e da graça.
No dia 13 de setembro de 1985, recebemos a visita do arcebispo D. Carlos Furno, representante do Papa no Brasil. Foi entregue ao Núncio Apostólico a chave da cidade e concelebrou à noite com Pe. Nazareno e o bispo D. Máximo.
No dia 06 de julho de 1988, Pe. Nazareno foi nomeado pelo Pe. Stefano Gobbi, responsável nacional do Movimento Sacerdotal Mariano (MSM). Desde então, colocou-se à inteira disposição do Movimento, assumindo e vivendo os 3 compromissos que caracterizam a espiritualidade do MSM, que são:

- Consagração ao Imaculado Coração de Maria;
- União ao Papa a à Igreja a ele unida;
- Conduzir os fiéis a uma vida de entrega confiante a Nossa Senhora.

Pe. Nazareno viveu o espírito do Movimento, se empenhando com entusiasmo na paróquia e no Brasil, dando força e impulso à espiritualidade. Foi exemplo de amor e união ao Papa, rezando e sofrendo com ele, executando e difundindo seus ensinamentos e especialmente obedecendo-lhe sempre em tudo, pois o Papa recebeu de Jeus a missão de apascentar o seu rebanho, de presidir na caridade, de ser fundamento de toda a Igreja e de mantê-la na segurança da fé e da verdade. Seguindo Maria, que é a Mãe da unidade e foi o meio de que Jesus se serviu para vir até nós e que, portanto deverá ser o meio de que devemos nos servir para irmos a Ele. Sua confiança na Virgem Maria, o ajudava a permanecer fiel nesse mundo tão corrompido, no meio desta torrente impetuosa sem ser arrastado.
Quanto mais se reza e se entrega à ação de Maria, tanto mais se sente crescer o amor recíproco entre nós. Maria é o canal, por onde o amor misericordioso de Jesus pode chegar a todos.
O Movimento Sacerdotal Mariano originou-se em 1972, portanto, no mesmo ano que Pe. Nazareno chegou a Jauru.
Uma força interior impeliu o Pe. Stefano Gobbi a confiar em Maria, numa peregrinação a Fátima em 08 de Mario de 1972. Servindo-se dele como de um humilde e pobre instrumento, Nossa Senhora acolhe todos os sacerdotes que aceitarem o convite para consagrarem a seu Imaculado Coração, para permanecerem fortemente ligados ao Papa e à Igreja a ele unida e conduzirem os fiéis ao seguro refúgio de seu Coração Materno.
Começou com um tímido encontro de oração e fraternidade e quase sem perceberem, tornou-se uma falange numerosa.
Nossa Senhora, através dos Cenáculos de oração e fraternidade, faz com que todos se conheçam, se ajudem e se amem como irmãos. Apraz-nos lembrar que a característica peculiar do Movimento é a fidelidade à Igreja e a obediência aos legítimos superiores.
Percebe-se a presença vigilante e iluminadora de Nossa Senhora, sobretudo como guia de seu Movimento. Ela conforta nas dificuldades, freia toda euforia, ensina a usar corajosamente a liberdade dos filhos de Deus e, ao mesmo tempo, impede de assumir atitudes contrárias ou rebeldes com os superiores.
Pe. Stefano Gobbi, foi o instrumento escolhido nesta obra de Nossa Senhora, e a explicação, encontramos em uma página do livro do Movimento Sacerdotal Mariano: “Escolhi-te, por seres o instrumento menos apto. Assim, ninguém dirá que esta obra é tua. O Movimento Sacerdotal Mariano deve ser obra somente minha. Através de sua fraqueza,manifestarei a minha força, através de seu nada, manifestarei o meu poder.” (16/07/1973).
Pe. Nazareno esteve sempre unido ao Pe. Stefano Gobbi, em conseqüência a Maria que significa tomar maior consciência da própria consagração a Deus no dia do Santo Batismo e da Ordenação Sacerdotal.
E, sendo responsável nacional do MSM, Pe. Nazareno viajava constantemente por diversas cidades do Brasil difundindo os cenáculos de oração, nos quais teve grande êxito, pois se tornaram numerosos os grupos de Cenáculo.
Pe. Gobbi veio a Jauru nove vezes (até 2001) para realizar cenáculos, junto ao o Pe. Nazareno.
Cenáculos de crianças que dão alegria ao Coração Imaculado de Maria e formaram força de intercessão e de reparação junto ao Coração Eucarístico de Jesus; Cenáculos de jovens que se recolhem para rezar, meditar e conservar a graça santificante procurando viver docemente o Evangelho de Jesus; Cenáculos de famílias que se consagram a Maria Santíssima e resistem à doenças da divisão e do divórcio e são preservadas do câncer do aborto e meios para impedir a vida.
Pe. Nazareno semeou a semente da fé em muitos corações e durante sua vida pôde ver alguns frutos de seu trabalho. Pedia confiança total na Mãe e a reza diária do Santo Terço. Tais frutos não foram colhidos apenas em Jauru, pois seu trabalho se estendia por todo o mundo. Foram inúmeras as conversões dos fiéis, o abandono dos prazeres mundanos e a unidade dos casais. Constantemente ouvíamos testemunhos de pessoas de diversas cidades, não somente do Brasil, mas de outros países, que partilhavam com todos, durante retiros, suas experiências de vida consagrada a Deus.
Parecia incansável, raramente o víamos abatido. Permanecia com disposição hora e horas no confessionário, ajudando a nos aproximarmos cada vez mais de Cristo no sacramento da Eucaristia, através de Maria Santíssima, em cenáculos de oração. Nosso coração nem sempre foi terreno fértil, pois somos humanos e caímos constantemente nas armadilhas do inimigo, mas o Pe. Nazareno sempre tinha uma palavra amiga, um conselho, que nos ajudava a levantar e continuar caminhando. Foi um amigo certo para todos os momentos, com seu ombro amigo e hospitaleiro. Ele nos conhecia até melhor que nossos pais, foi um verdadeiro pastor, buscando cada ovelha perdida e ajudando particularmente cada uma a seguir o caminho do amor, da reconciliação.
Tendo em vista os tempos difíceis que estamos vivendo, nos convidava constantemente a serrar fileiras, criando uma verdadeira unidade e de ação, através da oração, para que pudéssemos viver na confiança e na esperança filial, os momentos dolorosos da purificação.
Nos ajudou a enxergar e a seguir a estrada simples da consagração a Nossa Senhora, por meio da obediência e união ao Papa, confiando plenamente na intercessão de Maria Santíssima, a amá-la com um amor sincero, lembrando-nos que Cristo no-la deu por mãe, enquanto estava no alto da cruz.
É ela quem nos leva Jesus. Quanto mais nos confiarmos a Maria, mais ela nos entrega a Jesus, que é o Perfeito Amor. O amor humano está sujeito a falhas, mas podemos sempre contar com o amor de Jesus Eucarístico, que nos consola, nos reanima, nos dá forças para continuar e seguir amando, apesar dos sofrimentos. Jesus impede o egoísmo, e abre-nos ao amor que vem dele, de modo que possamos dizer sempre: “O amor de Cristo no uniu”.
Com seu esforço e confiança na Santíssima Virgem Maria, fez com que a Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar, o Santuário do Imaculado Coração de Maria e o Abrigo de Idosos Imaculado Coração de Maria se tornassem centros jubilares, onde tivemos a oportunidade de receber a cada dia do ano jubileu a indulgência plenária, que através da nossa participação, tirou muitas almas do purgatório e levou ao paraíso. Este ano jubilar (ano 2000) foi caracterizado pelo pedido de perdão, para que nossos olhos pudessem ficar mais puros. A presença real de Cristo na Eucaristia foi o Centro deste ano “intensamente Eucarístico”, lembrando-nos ainda da Mãe, ao recordarmos o nascimento de seu Filho, confiando em sua solicitude materna em nossas vidas.
Somos convidados a ter o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora, para isso, podemos contar com a força do mesmo Espírito que foi derramado no Pentecostes.
A fé cristã ensina que cada ser humano é único e irrepetível. Portanto, na história da criação, não haverá ninguém iguala ele.
Foi um exemplo de cristão, aquele que doou serviço a vida inteira, que “completou em sua carne, o que faltou na paixão de Cristo”. Com esse gesto, conquistou a confiança e o respeito de muitos em vários lugares. Foi um pai espiritual muito especial e marcou para sempre nossas vidas, cumpriu sua missão com amor, sendo fiel ao Cristo ressuscitado.
Presenteou Jauru com Jesus exposto solenemente no Santíssimo Sacramento durante o dia inteiro, todos os dias da semana, nos mostrando a necessidade de rezar cada vez mais, pois a oração é a chave dos tesouros de Deus, é a arma do combate e da vitória, e de cada luta a favor do bem contra o mal.
Diante do Tabernáculo, nossa presença deve ser uma comunhão de vida com Jesus. Quando lhe dizemos alguma coisa, ele sempre nos atende. Mesmo quando não atende do jeito que queremos, porque não nos convém, atende de maneira mais perfeita.
Com a mesma naturalidade com que procurais um amigo, com que confiais nas pessoas queridas, sentis necessidade de pessoas que vos ajudem, ide diante do Tabernáculo para procurar Jesus. Fazei dele a pessoas mais procurada, mais desejada e mais amada, porque é só isso que o faz imensamente feliz”.
Pe. Nazareno trabalho além, das possibilidades, conservou em todos momentos de sabedoria, a humildade, a fé e a caridade. Ouviu o chamado de Cristo e foi até o fim, deixando muitos rastros de saudade. Assumiu sua vocação de corpo e alma. Foi um instrumento e imitador de Cristo, aceitou carregar sua cruz no silêncio, assumindo o compromisso com amor.
Empenhava em atrair os jovens para Cristo, fazia constantemente retiros espirituais, em Jauru e em outras paróquias. Promovia gincanas bíblicas, jantares... Tudo para que os jovens se sentissem atraídos por Jesus e Maria. Fazia o possível para participar dos encontros de jovens realizados aos sábados após a missa. Dentre esses jovens, Pe. Nazareno nomeou 10 ministros.
Os grupos de cenáculos de jovens e de famílias no Brasil, se transformaram numa multidão silenciosa. A oração foi o fundamento de sua obra a favor dos doentes, de modo a aliviar os sofrimentos físicos, não só através da ciência, mas também da medicina espiritual, que é a oração.
Porque os demônios, que são ladrões muito finos, querem nos apanhar de improviso, para nos roubar e despojar. Para isso espreitam noite e dia o momento favorável. Rondam incessantemente, prontos para nos devorar e nos arrebatar num só momento, por um único pecado, tudo o que ganhamos em graças e méritos durante muitos anos. Nunca falta a ninguém a ajuda de Deus, mas o que pode faltar é a nossa colaboração com essa ajuda.” (Trata da Verdadeira Devoção á Santíssima Virgem)

Quem reza pouco, alcança pouco,
quem reza muito, alcança muito,
quem reza muitíssimo, se torna santo.” (Santo Agostinho)

Pe. Nazareno respondeu um “SIM” com sabor de sal, luz, vida e amor. Foi sal, porque durante sua vida soube temperar a vida dos desesperados e sem solução. Foi luz porque sua passagem pela terra deixou raios resplandecentes de paz, exemplo de luz para todos os trabalhos da comunidade. Sabia dirigir todos com uma luz recebida do Cristo. Foi vida e amor porque, além de transformar sua vida, conseguiu transformar a vida de muitas pessoas não somente em nossa cidade, ma por todas as cidades por onde passou.
Cristo incomodou por dizer a verdade, fazer o bem, evangelizar, converter povos e conduzi-los ao céu. O mesmo aconteceu com o Pe. Nazareno. O inimigo, incomodado, atentou contra sua vida. No dia 11 de fevereiro de 2001, foi baleado na presença de 8 pessoas na Casa Paroquial enquanto jantava. Viveu dias de terrível agonia e a cidade fazia vigílias de oração. O Pe. Stefano Gobbi, se preparava para vir a Jauru e disse para Nossa Senhora que sem o Pe. Nazareno não viria. O Pe. Nazareno veio com ele, mas morto. Jauru chorou, e não somente Jauru, mas todo o Brasil, bem como diversos outros países.
No período do seu martírio, não queríamos nem imaginar a perda física do Pe. Nazareno, parecíamos querer arrancar da Misericórdia de Deus, a saúde dele, mas segundo o seu desígnio, Nossa Senhora, que tantas vezes ele coroou, havia lhe preparado uma coroa vermelha, a coroa do martírio.
Em Tor Vergata, na XV Jornada Mundial da Juventude, o Papa disse: “Também hoje, caríssimos amigos, crer em Jesus, seguir Jesus pelas pegadas de Pedro, de Tomé, dos primeiros apóstolos e testemunhas, implica uma tomada de posição a favor d’ele e, não raro, quase um novo martírio, o martírio de quem hoje como ontem é chamado a ir contra a corrente para seguir o Cordeiro, onde quer que vá. Talvez não vos seja pedido o sangue , mas a fidelidade, é certo que sim.”
Ao nosso querido Pe. Nazareno, foi pedido o sangue, e ele, não hesitou em doar, testemunhando a própria disponibilidade para se sacrificar por todos, como Cristo se sacrificou.
Derramou seu sangue pela Igreja, trabalhou a fim de ver seus “filhos” salvos. Mostrou-nos o caminho da salvação e do bem. Nos fez entender que Deus nos dá graça suficiente para nos salvar. Se nos perdermos é por falta de nossa colaboração.
Hoje, sabemos que não valorizamos como deveríamos, percebemos o quanto significou em nossas vidas. Mas sabemos, que morrendo mártir, se encontra na glória do paraíso e esta certeza nos conforta, pois ele nos dizia que é um lugar lindo, preparado com todo carinho para os filhos de Deus.
Pe. Nazareno foi sepultado na igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar e apesar de não podermos mais ouvir sua voz que nos guiava no caminho de Cristo, continuaremos a sentir sua presença.
Muita honra e valor que devemos a esse nosso pai e mestre, que terminou sua carreira aqui na terra, mas conservou sua carreira aqui na terra, conservou sua fé, como espelho de vida para todos nós, especialmente para os sacerdotes.






PADRE NAZARENO LANCIOTTI - UM MÁRTIR DO TERCEIRO MILÊNIO

Era um Padre missionário, da Diocese de Roma (Itália), que tinha se dedicado totalmente para missão no Mato Grosso (Brasil), na paróquia missionária de Jauru.
Nasceu em Roma de uma família humilde, mas cristã, aos 3 de março/ 1940; seu pai Giacomo Lanciotti, era pedreiro e sua mãe Antonietta dona de casa; tinha duas irmãs: Franca e Ana Maria.
Entrou no Seminário Menor ainda criança, na cidade de Subiaco (Roma). Cursou as faculdades de Filosofia e Teologia no Seminário Maior de Subiaco. Foi ordenado Padre no dia 29 de junho de 1966 e trabalho como Vigário Paroquial de S. Giovanni Crisóstomo, no centro de Roma.
O seu apostolado era, sobretudo devotado para os jovens. Tendo chegado a conhecer a Associação “Operazione Mato Grosso”, engajou-se nela com outros jovens e tendo conseguido a licença do seu Bispo, veio para Mato Grosso, em 1971, no ano seguinte, ou seja, em janeiro de 1972, estabeleceu-se num “lugarejo” (naquela época) chamado Jauru, no extremo noroeste do Brasil.
Aqui o Pe. Nazareno dedicou-se generosamente com todas as energias para o trabalho missionário, doando-se totalmente a todos, se interessando pelo bem espiritual e material de todo o povo. Foi com ele que surgiu a “Paróquia de Jauru”, solicitada por ele próprio, ao Bispo de Cáceres Dom Máximo Bienés; surgiu do “nada” uma Comunidade Cristã viva e fervorosa; foram trinta anos de trabalho missionário, sem descanso, porém, com muita alegria e entusiasmo, sem poupar sacrifícios e sustentado somente pelos dois amores: a Eucaristia e Nossa Senhora.
Tinha escolhido Jauru porque era o lugar pobre e abandonado da região; construiu para seus fiéis uma bela Igreja Matriz, um Hospital com 50 (cinquenta) leitos um Asilo para os Idosos, uma escola Comunitária, um Seminário que preparou para a Igreja uma dezena de sacerdotes. Em 1988 assumiu a responsabilidade de animador do Movimento Sacerdotal Mariano do Brasil, foi um apóstolo incansável e entusiasta, percorreu todos os Estados do Brasil, fundado e celebrando Cenáculos de Maria entre os Padres e as Famílias. Em sua paróquia muito vasta com mais de 20.000 (vinte mil) fiéis, instituiu 57 (cinquenta e sete) comunidade eclesiais rurais, instituiu a Adoração Solene ao Santíssimo Sacramento todos os dias na Igreja Matriz; nas comunidades instituiu 200 (duzentos) Ministros de Cultos Eucarísticos, que guardam o Santíssimo Sacramento e promove todos os dias com sua comunidade, o Cenáculo de Maria e distribuem a Santa Comunhão. Os grandes cenáculos de Maria e Pe. Nazareno realizava nas grandes cidades brasileiras, juntando dezenas e dezenas de milhares de devotos de cada vez, fizeram reflorescer a prática frequente do Sacramento da Penitência e reavivaram a devoção a Santa Eucaristia e a Nossa Senhora.
Foi aqui em Jauru que Pe. Nazareno conquistou a palma gloriosa do Martírio.
Na noite do dia 11 de fevereiro de 2001, em sua casa, cercado pelos seus colaboradores leigos, depois de um dia cheio de trabalho apostólico com os jovens, caía no chão, atingindo por um tiro de um killer, que depois de ter-lhe cochichado ao ouvido “que tinha vindo para matá-lo porque atrapalhava alguém”, o ferira gravemente na nuca. Era um crime por mandato por forças ocultas que encontravam no trabalho apostólico do Pe. Nazareno, o maior obstáculo para seus planos. Pe. Nazareno morreu mártir pelo amor de seu povo. Pe. Nazareno teve tempo para oferecer sua vida ao Senhor Jesus e a Nossa Senhora: inclinou a cabeça docemente, recebendo diante de seus colaboradores o tiro fatal.
Aceitou consciente e generoso o martírio, selando uma vida de fé e de incansável trabalho missionário, durante 30 (trinta) anos, no recanto mato-grossense de Jauru.
Poucas horas depois do atentado, recebendo a absolvição sacramental, o Pe. Nazareno dava seu perdão aos seus matadores e oferecia sua vida pela Igreja, pelo Papa, pela sua Comunidade e pelo Movimento Sacerdotal Mariano e renovava a sua consagração a Nossa Senhora, sua mãe querida.
Durante 10 (dez) dias, o Pe. Nazareno viveu em plena lucidez, sofreu com serenidade e encerrou sua vida aos 22 dias do mês de fevereiro de 2001. Seu corpo repousa na Igreja Matriz, ao lado do Sacrário e do trono de Nossa Senhora do Pilar, amado e venerado pelos seus paroquianos e por muitos outros irmãos e irmãs que aprenderam com ele a viver a Consagração ao Imaculado Coração de Maria.
Seu lema era “Coração Imaculado de Maria, confiança, saúde e vitória minha”. A vida de Pe. Nazareno nos ensina a olhar para o futuro, cheios de confiança e generosidade, dispostos a enfrentar tudo por amor de Cristo, por Nossa Senhora e pela Igreja.
O martírio do Pe. Nazareno e a pronta resposta ao apelo do Santo Padre João Paulo II de “Ir Avante”, na certeza da vitória: o amor, a justiça e a paz hão sempre de vencer. (Testemunhas dos que estiveram junto do Pe. Nazareno).




Ato do Martírio Do Pe. Nazareno Lanciotti

No dia 11 de fevereiro de 2001, no recinto da sala de jantar da casa paroquial, um total de nove pessoas, a saber:
Dr. Antônio Ferdinando Aurélio de Magalhães, Dr. Laerte Petrônio de Figueiredo, Giancarlo Della Chiesa, Isaura de Brito Giancarlo, Jorge Moreira, Simone Coelho Filho, Alair Davi, Franca Pini e Padre Lazareno Lanciotti.
No final do jantar às 21h40min, deu a entrada no recinto, dois homens encapuzados (ambos com o capuz da cor cinza escuro), e camisa de manga longa cor preta. Um deles aparentava ter aproximadamente 1.67 de altura, de pele morena escura, vestindo calça jeans nova, cor verde escuro, sapato kildare, armado com uma pistola tipo 765 cromada, e o outro tinha aproximadamente 1,70 de altura, magro, de pele moreno claro, vestindo uma calça de brim, cor verde-escuro, sapato de camurça preto, este empunhava um revólver cano médio calibre 38, de cor cobre envelhecido. Imediatamente ao entrar, um deles disse que aquilo não era nenhuma brincadeira e que eles estavam ali para um trabalho, por isso mandou que todos cooperassem e ficassem tranquilos que ninguém se feriria. Pediu que fossem fechadas as duas janelas que davam visão para a rua.
Depois, o segundo indivíduos mencionados, perguntou quem era o Padre, e o próprio se identificou, e queria saber ainda, quem era a dama que veio de longe, e Franca Pini se identificou como tal, este indivíduo era quem se pronunciava o tempo todo, enquanto o outro, posicionado perto da porta, vigia a todos.
Ele queria saber onde o Padre dormia. O Padre respondeu que dormia ali naquela mesa casa e também no seminário. O indivíduo pediu que ele apontasse onde era o quarto e foi rapidamente verificar. Voltando ele disse que o Padre estava mentindo, e que ele não dormia ali, porque lá não havia roupa dele. Em seguida o indivíduo afirmou que o padre dormia no seminário, pois na noite anterior (10/02/01), eles estiveram no local e sabiam que o quarto dele era ali, e disse ainda: “nos íamos te pegar ontem, mas descobrimos que você tem um guarda, pois ele funcionou uma motocicleta dentro do seminário no momento que estávamos lá”. O Padre explicou que no sábado, por causa de uma reunião, alguns jovens guardavam sua moto ali, e que no seminário não tinha nenhum guarda. Logo após o individua afirmava que o Padre tinha dois cofres onde guardava seus valores, e afirmava também que um estava no hospital e o outro no quarto do Padre. A Sra. Franca e o Padre Nazareno confirmaram a afirmação. O Padre dizia que o cofre realmente existia, mas há cerca de vinte anos, ele não sabia mais a senha, pois um seminarista fechou o cofre com a senha dentro, e que lá só tinham cédulas de cruzeiro e papéis sem valor. O indivíduo se irritou dizendo que o Padre estava mentindo.
O Padre disse a ele que como no cofre não tinha nada, ele daria um cheque de quatro mil reais e não o sustaria, e ainda que levasse o carro.
Nesse instante o telefone tocou que era sem fio, o indivíduo se posicionou atrás do Padre, apontando o revólver na cabeça da Franca que estava ao seu lado e disse: “Não faça gracinha, senão acontece alguma coisa com ela”. Na mesma hora o Padre devolveu o, dizendo que alinha tinha caído. Em seguida o indivíduo se algumas pessoas que estavam jantando, tinham seus quartos ali, e foi afirmado que sim. Pegaram então as chaves dos quartos e os revistaram, voltando novamente ao recinto, sabendo que um deles era médico, e que morava ali próximo ao recinto, o indivíduo pegou a chave do quarto do medico para verificá-lo, e quatro minutos depois voltou dizendo que não conseguiu abrir a porta do quarto, e então o Dr. Laerte propôs ir junto no quarto, de onde voltaram com cerca de mil reais.
Nesse interesse, o segundo homem (moreno escuro) ficava no recinto fazendo a guarda dos outros.
Depois disso, voltando ao recinto, o outro perguntou se alguém mais tinha dinheiro, foram oferecidos 240 reais pela Franca, e a chave do quarto do Sr. Giancarlo, Della Chiesa, e declarou que lá havia 800 reais dentro do guarda-roupa. O indivíduo foi ao quarto, e voltou sem ele, afirma o casal Giancarlo e Isaura, que pois de todo o ocorrido, constataram que o dinheiro não foi levado. Irritado, ele dizia que não era ladrão de pequena importância, mas sim ladrão de banco, e em seguida jogou na mesa todo o dinheiro arrecadado. Em seguida, ele pediu novamente a senha do cofre, dizendo ao Padre que cooperasse dando a senha, senão ele colocaria a vida dos outros em risco. Nessa hora o Padre levantou-se e pediu misericórdia, pois ele não sabia a senha, e não ia colocar a vida dos outros em risco, e que se fosse matar ou ferir alguém, que essa pessoa fosse ele.
Nesse momento o indivíduo percebeu o volume no bolso da camisa do Padre, e o pegou perguntando-lhe o que era pedindo que o padre abrisse. O Padre abriu a “teca” (pequeno objeto onde se guardava a Eucaristia), e mostrou que era a Hóstia Consagrada que sobrou da visita aos doentes. O indivíduo viu e disse que aquilo não o interessava.
Então foi proposto aos indivíduos, que levassem o cofre inteiro dentro de qualquer um dos carros ali disponíveis, podendo ser o carro do Padre Nazareno, o Dr. Laerte, ou do Sr. Giancarlo, e ainda levar o cheque do Padre e todo o dinheiro arrecadado.
Após o fato o indivíduo disse que como o Padre não cooperava, estava decidido a ferir alguém, praticando a roleta russa.
Mandou que todos ficassem sentados. Nesse momento o Padre disse ser um Sacerdote, e que não mentia, e o indivíduo se aproximou do ouvido esquerdo do Padre e cochichou em voz muito baixa que ninguém dos presentes pôde ouvir.
Nesse momento o Dr. Laerte, a Franca, a Isaura, a Simone, a Alair e o Jorge, puderam ver a atitude e a feição do Padre se transformar, demonstrando medo e desespero, levando as mãos ao rosto, abaixou a cabeça.
O indivíduo se afastou, cochichou rapidamente com seu companheiro e começou a retirar algumas balas do tambor do revolver.
A roleta russa iniciou pela Simone, que estava sentada no meio da mesa, depois de se deslocar para a esquerda, clicou na Alair e em seguida, voltando para a direita, deu a volta na cabeceira da mesa, chegando ao lado oposto onde estava o Padre na primeira cadeira, que ao perceber o revolver em sua têmpora (visto pelo Dr. Laerte que estava em sua frente), inclinou sua cabeça para a direita deslocando a ponta do revolver para o pescoço onde se efetuou o disparo.
Todo o ocorrido durou aproximadamente quarenta minutos.
Atestamos e damos fé de que neste documento consta somente a verdade.
Os dois bandidos fugiram e todos se precipitaram para socorrer o Pe. Nazareno que havia tombado à direita, amparado pela Franquina, que estava ao seu lado.
O Padre foi rapidamente levado ao hospital, a poucos metros da casa, com a assistência dos médicos. De lá foi transportado para Cuiabá em um pequeno avião. Chegou a Cuiabá as duas da madrugada, depois de sofre duas paradas cardíacas durante a viagem sendo prontamente reanimado pelos médicos que o acompanhavam.
As seis da manhã, Pe. Celso Duca, pároco da Araputanga, ciente do acontecido chegava de carro ao hospital. Pe. Nazareno o reconheceu e pediu-lhe a absolvição sacramental. A convite do Pe. Celso renovou sua consagração a Nossa Senhora, ofereceu sua vida pela paróquia, pela Igreja, pelo Papa, pelo Movimento Sacerdotal Mariano e perdoou aos seus assassinos.
No mesmo dia doze de fevereiro foi transportado para São Paulo, onde ficou ate dia 22 de fevereiro. Foi assistido com muito amor pelo Bispo de Cacéres, pelo Pe. Estefano Gobbi, pelo Otávio Piva de Albuquerque e por todos os fiéis do Movimento Sacerdotal Mariano em São Paulo.
Não perdeu a consciência, mas ficou paralisado. Revelou ao Padre Gobbi que o bandido, antes de atirar, havia sussurrado ao seu ouvido estas palavras: “eu sou o demônio... vim te matar porque você nos incomoda muito”.
O Pe. Nazareno morreu às seis da manhã de 22 de fevereiro de 2001.
O féretro foi trazido de São Paulo a Jauru. Fez uma parada em Cuiabá onde, às quatro da manhã de 22 de fevereiro, foi celebrada uma Santa Missa de sufrágio, na Catedral, com a presença de muitos sacerdotes e uma multidão de fiéis. Presidia a cerimônia Dom Bonifácio Piccininni, Arcebispo Metropolitano de Cuiabá.
Às oito da manhã chegaram a Catedral de Cáceres, onde Dom José Vieira de Lima celebrou outra Missa, com alguns sacerdotes e os fiéis que lotaram a Igreja.
Às doze horas o féretro chegara de avião a Jauru onde foi recebido com tristeza e amor pelo seu povo, que o velou em oração durante o dia e a noite.
No dia 24 às dez da manhã, celebraram-se os funerais. Monsenhor José Vieira de Lima presidiu a cerimônia, concelebrada por trinta sacerdotes.
O féretro, depois de um cortejo pela avenida em frente à Igreja, foi conduzido a Matriz e sepultado ao lado direito do tabernáculo e do trono de Nossa Senhora do Pilar.