Importante
testemunha no processo de canonização de Teresa, que aconteceu, para sua grande
alegria, em 1622.

Entrou no Carmelo de Toledo, onde tomou o hábito de Nossa Senhora
do Carmo. Começado o noviciado, caiu doente. Devido a esta doença, as irmãs não
lhe queriam dar a profissão, mas, a Santa Madre Teresa, que não conhecia a noviça,
escreveu à comunidade para que a deixassem professar. Tomou o nome de Maria de
Jesus. Quando a Santa Madre chegou a Toledo e conheceu Maria de Jesus, disse-lhe:
“Muito bem falaram de si, mas agora vejo que é muito mais do que todo o bem que
diziam”.
Santa Teresa dizia de Maria de Jesus que não seria santa, mas que
já o era e que era muito mais do que o que tinha imaginado dela.
Segundo alguém escreveu, a Irmã Maria de Jesus padeceu os trabalhos
do Céu, da terra e dos infernos, mas de todos saiu vencedora pela graça e pela
força de Deus. Na sua última doença, ouviu Cristo que lhe perguntava se não
queria já entrar na glória. Maria de Jesus respondeu que a prioresa a queria
viva e lhe ordenava que pedisse a Deus a vida. Ao que Cristo lhe respondeu:
“Pede-lhe licença para morrer e ela te dará”. Assim aconteceu. No dia 13 de
setembro de 1640, Maria de Jesus, tomando as mãos da prioresa, pediu-lhe
licença para morrer. Tendo respondido a priora: “Faça-se a vontade de Deus”. E
assim faleceu em seguida a Irmã Maria de Jesus.
Maria de Jesus, “o letradilho” (letrada) da Santa Madre, sua amiga,
discípula e confidente morreu com oitenta anos, dos quais 63 como carmelita descalça.
A Reforma Teresiana do Carmelo se
difundiu da Espanha para toda a Europa e depois para o mundo todo, graças a
numerosas personalidades, algumas injustamente pouco conhecidas. É o caso da
Beata Maria de Jesus, que Santa Teresa definiu como o seu "pequeno
teólogo".
Durante
oitenta anos de sua longa vida, a Espanha conheceu poder e esplendor, mas
também a decadência. Maria, do convento de Toledo, do qual não se afastou,
viveu os vários acontecimentos à luz da Fé, que olha além da realidade terrena.
Algumas autobiografias falam dela, bem como seus escritos e o testemunho de
contemporâneos e de santos que mantiveram com ela relacionamento, bem como a
própria Santa Teresa de Jesus.
Maria López de
Rivas nasceu numa nobre família de Tartanedo (Guadalajara) no dia 18 de agosto
de 1560. Seu pai morreu quando ela tinha somente quatro anos e como era a única
filha, herdou um patrimônio considerável. A mãe muito jovem tornou a se casar e
a pequena ficou com os avós e tios paternos em Molina de Argon, onde foi
educada nos princípios católicos.
De "rara
beleza", dos catorze aos dezessete anos travou uma luta consigo mesma e
com os familiares por causa do desejo que sentia de consagrar-se ao Senhor na
Ordem Carmelita, há pouco reformada.
Deixando
bem-estar e riqueza, entrou no convento de Toledo, introduzida pelo jesuíta
Padre Castro, em 12 de agosto de 1577. Ela foi recebida por Santa Teresa, que
nove anos antes havia fundado aquele convento. A Madre prognosticou a futura
santidade da postulante e às hesitações em aceitá-la devido à saúde precária
respondeu: "Deixemo-la professar, ainda que tivesse que ficar de cama todos
os dias da sua vida. Esta é a vontade de Deus".
Santa Teresa
propunha uma doação total de si ao Senhor o que correspondia ao desejo de
Maria, apesar de sua timidez se manifestar às vezes de modo "sanguíneo e
colérico".
Professou dia
8 de setembro de 1578. Os primeiros anos foram dedicados principalmente à
oração, começando a se manifestar os dons místicos como os estigmas nas mãos,
nos pés e na cabeça.
Com 24 anos
foi nomeada mestra de noviças, cargo que ocupou por oito vezes, alternado com o
de sacristã, enfermeira e sub-priora. Ausentou-se de Toledo por cinco meses em
1585, para a fundação de um novo convento em Cuerva. Pela primeira vez, aos 31
anos, foi nomeada priora.
Em 1600,
quando faltava um ano para o término do segundo triênio de priorado, durante
uma visita canônica, o superior, dando crédito às acusações infundadas de uma
religiosa, depôs a Beata do cargo. Irmã Maria aceitou a prova sem
ressentimento, conservando o bom humor inalterado. Por 20 anos suportou
humildemente as calúnias, algumas doenças e aflições espirituais com as quais o
Senhor provou a sua santidade.

No dia da
Epifania de 1629, o Senhor lhe disse: "Maria, tu me pedes para ser
libertada da prisão do corpo; saibas que ainda não é hora, porque se até agora
tu viveste para ti, agora deves viver para outros; para o teu repouso uma
eternidade se espera". E ela verdadeiramente se deu toda para o bem da
comunidade e do próximo.
Naqueles anos
a nova capela do convento estava sendo construída e ela se dedicou ao bom êxito
da obra, valendo-se até das boas amizades para recolher os fundos necessários.
Apesar de muito idosa e com diversas enfermidades causadas em parte pelas
penitências, participava da vida de oração da comunidade, causando admiração
dos fieis que frequentavam a igreja aos quais ela acolhia no parlatório.
No dia 13 de
setembro de 1640, no extremo das forças, pediu à superiora a permissão para
morrer. Após ter recebido Jesus Eucarístico, expirou. Eram as 10 h da manhã;
tinha oitenta anos, dos quais sessenta e três consagrados ao Senhor.
Circundava-a
uma aura de santidade. Irmã Maria tinha respondido plenamente ao que o Senhor
havia pedido: "Filha, o teu amor é tão veemente, que ninguém o merece além
de Mim".
O melhor
elogio é dado a ela pela Santa Madre Teresa, que a teve por colaboradora também
na feitura dos seus escritos. Maria, por sua vez, foi uma importante testemunha
no processo de canonização de Teresa, que aconteceu, para sua grande alegria,
em 1622.
A Beata
conheceu São João da Cruz (o primeiro encontro foi em 17 de agosto de 1578) e
quando o Santo escapou da prisão e se refugiou no convento de Toledo, Maria foi
uma das suas mais atentas ouvintes. A confiança entre os dois durou muitos anos
e o místico doutor teve sempre por ela uma grande consideração
O primeiro
Provincial do Carmelo Reformado, Padre Jerônimo Gracián da Mãe de Deus, refere
haver constatado os estigmas da Paixão do Senhor em Maria, misticamente
impressos em seu corpo.
Suas grandes
devoções eram: o Menino Jesus, que definia "doutor da enfermidade de
amor"; o Sagrado Coração, Maria, a Eucaristia. Repetia as Irmãs: "Só
aquele que tem a grande sorte de tornar Cristo Senhor do seu próprio ser sabe
conhecer a Deus Divino e Humano; só ele envereda por caminho seguro".
Às suas
religiosas repetia com um tom que tocava o coração: "Filhas, sabem que
somos de casa com o Ssmo. Sacramento, que vivemos com sua Majestade sob o mesmo
teto? Se os religiosos fossem conscientes de tal privilégio, nenhum julgaria
adquiri-lo a preço demasiado caro, ainda que fosse à custa de lágrimas e de
sangue".
Beatificada no
dia 14 de novembro de 1976 por Paulo VI, a sua festa é celebrada dia 12 de
setembro.
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Santa Teresa de Jesus (sentada) e a Beata Maria de Jesus, sua fidelíssima discípula e imitadora de suas arcanas virtudes. |
Oração
Ó Deus que
concedestes à beata Maria de Jesus o dom da contemplação dos mistérios de vosso
Filho até tornar-se imagem viva de seu amor, concedei-nos, por sua intercessão,
o ardor da fé que vê Jesus em todos e a caridade operosa que em nós revela sua
presença. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
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