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Encontre o (a) Santo (a), Beato (a), Venerável ou Servo (a) de Deus

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Beato Núncio Sulprízio, Jovem Leigo (modelo de conformação com a vontade de Deus no sofrimento e na doença).




Sua vida foi cheia de paciência e bondade. E isso, com o tratamento que recebeu de frieza e dureza foi tal que recorda a certos textos infantis nos quais um personagem vive sendo atormentado por uma espécie de “ogro” que o tem acorrentado. Obviamente, a diferença entre a ficção e a realidade é um fato incontornável. Diante de ambas cabe apenas uma comparação, nada mais. Desgraçadamente, o que acontece em certas ocasiões é infinitamente mais doloroso que o exposto em um simples relato. Paul VI, comovido pelas virtudes de Núncio, em 01 de dezembro de 1963, em pleno Vaticano II, o elevou aos altares chamando a atenção dos padres conciliares. Sugeriu-lhes estabeleceram uma amizade com ele, já que sua vida devia servir para refletir sobre o colóquio celestial que manteve e toma-lo como modelo a imitar na trajetória que levou na terra. Também São Gaetano Errico, que conheceu o Beato nos umbrais de sua fundação – os Missionários dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria –, esteve disposto a admiti-lo nela, apesar de suas péssimas condições de saúde. Despachou de imediato as críticas mal-intencionadas de quem julgaram sua decisão, deixando claro o essencial: “Este é um jovem santo e a mim me interessa que o primeiro que entre em minha Congregação seja um santo, não importa se está enfermo”.

Nasceu em Pescosansonesco, Itália, aos pés dos Apeninos, no dia 13 de abril de 1817. Seu pai, que era sapateiro, morreu em agosto de 1820. Embora sua mãe tenha tentado enfrentar a situação sozinha, a precariedade e insegurança da vida a atingiu. Dois anos mais tarde, contraiu novas núpcias com um vizinho da localidade de Corvara, que desde o primeiro momento, não ocultou seu desagrado com o pequeno. Este, alheio à sua animosidade e rejeição, era feliz na escola dirigida pelo pároco. Familiarizava-se com as verdades da fé e recebia noções de leitura e escritura. Porém, sobretudo, aprendia a contemplar o rosto de Cristo crucificado, morto para expiar os pecados da humanidade. Aborrecia a todo mal, todo pecado, e queria assemelhar-se a Ele. Além do mais, passou a ter vida de oração e a imitar os santos. Em 1823 faleceu sua mãe e ficou aos cuidados de sua avó Rosária, prolongando um pouco mais esse período amável de sua vida, embora tingida pela dor da perda sofrida. Ela continuou animando-o e acompanhando-o no caminho da virtude até sua morte, que ocorreu em abril de 1826.
Aos nove anos, Núncio ficou à mercê de um tio materno, Domenico, ferreiro de profissão, que lhe abriu as portas da eternidade. Vetou por completo sua educação e lhe pôs a trabalhar a seu serviço em condições subumanas. Sem descanso e, em numerosas ocasiões, sem alimento que pudesse levar à boca, com pouca roupa que pudesse vestir, levava pesadas cargas em seu pequeno e fraco corpo, enfrentando distâncias, inclemências meteorológicas e riscos diversos que podiam não somente tirar-lhe ainda mais a saúde, como a própria vida. Ao chegar, o recebiam com ignorância e exasperação. Obrigado a malhar na bigorna até quase ficar sem respiração, tudo oferecia a Cristo. Queria obter o paraíso com seus muitos sofrimentos. Somente aos domingos tinha um breve momento de descanso que o permitia ir à Missa.
Certo dia, no inverno, transitava pelas ladeiras de Rocca Tagliata com um insuportável fardo, em meio à gélida temperatura. Começou a notar no pé um grande “calor” que se estendeu pela perna como a pólvora. Encostou-se sem dizer nada, sem queixar-se. No dia seguinte, não era capaz de levantar-se. Seu tio não teve em conta nem a inflamação na perna e nem a febre que apresentava. Obrigou-o a trabalhar, como sempre, debaixo de ameaças. Os vizinhos apiedaram-se desta vez e deram-lhe algo para comer. Núncio não se queixava perante eles da conduta de seus familiares. Ao contrário, os desculpava. Quando podia, acorria à Missa e rezava diante do Santíssimo Sacramento. A lesão na perna o corroía. Domenico somente permitiu que deixasse a bigorna e se ocupasse do fole que mantinha o fogo. Novo suplício. Para tentar acalmar as dores atrozes e a supurante chaga, acorria a uma fonte pública da qual foi proibido de aproximar-se para evitar um possível contágio. Então, ele encontrou outra corrente de água em Riparossa, onde podia rezar rosários em honra da Virgem Maria, pela qual tinha grande devoção.
Em 1831, ingressou no hospital de L’Aquila (Santo Salvatore), porém lhe deram alta como “enfermo incurável”. Ali havia vivido da caridade, consolado pela oração. Ao retornar à casa de seu tio, este não mais o admitiu. Passou a viver da mendicância. Pensava consigo mesmo: “é muito pouco o que sofro, sempre que possa  salvar minha alma amando a Deus”.
Um viajante que tomou conhecimento de sua história, informou a seu tio paterno, Francesco, militar em Nápoles, da situação que o mesmo atravessava. Núncio tinha 15 anos. Seu tio o levou e o apresentou ao coronel Félix Wochinger, homem bom que auxiliava aos pobres, estabelecendo, de imediato, uma belíssima relação paterno-filial. Félix ocupou-se de que recebesse toda a assistência possível no Hospital dos Incuráveis, com o melhor tratamento conhecido na época. Os funcionários e pacientes do centro médico e os enfermos perceberam grandeza espiritual do jovem. Ali fez sua Primeira Comunhão e confiou a um sacerdote o sentimento de que tudo o que lhe sucedia era providência de Deus. 

Durante anos teve momentos de ligeira melhora, resultado dos excelentes cuidados recebidos nas termas de Ischia. Sustentando-se em uma muleta, ensinava o catecismo e ajudava aos que sofriam no mesmo hospital no qual se encontrava. Dedicava a maior parte do tempo a rezar diante do Santíssimo e da Virgem Dolorosa. Em 1834 comunicou o desejo de consagra-se a Deus no momento que fosse conveniente para Ele. Entretanto, viveria com o sentimento de quem já havia feito de sua entrega algo efetivo: oração, estudo, meditação... O coronel o apoiou. Porém, em março de 1836 a doença recrudesceu. A perna estava infectada pela gangrena. Feliz, jubiloso, cheio de confiança em Deus, agradecendo ao Senhor sua dor, ofereceu-se pelos pecadores com o mesmo afã: se padecia, iria ao paraíso. “Jesus sofreu muito por mim. Por que não posso sofrer por Ele”? Estava disposto a morrer nem que fosse no intuito de converter apenar um pecador.
Em 05 de maio rogou a Félix que vivesse com alegria, assegurando-lhe que nunca lhe faltaria sua ajuda e intercessão lá do Céu. Pouco depois, como se estivesse em êxtase, com o semblante sereno e feliz, exclamou: “Ó, a Virgem Maria, como é bela! Não estão vendo”? E entregou sua puríssima alma. São Caetano Errico, que muito o estimava, o considerou um dileto filho, o primeiro que ingressava na vida eterna.

Devido a sua grande paciência no sofrimento, foi considerado um exemplo e logo se pensou no processo de beatificação deste humilde e pobre rapaz, órfão e provado pelo sofrimento, mas muito conformado com a vontade de Deus. 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Beatas Clotilde Paillot e companheiras, Mártires (assassinadas na Revolução Francesa).


   
As bem-aventuradas mártires sendo
conduzidas à guilhotina.
     No final do século XVIII, em 14 de julho de 1789, a França foi duramente golpeada pela Revolução. Foi um momento de importantes transformações para praticamente todas as sociedades ocidentais. Foi também um período conturbado, sangrento, em que profundas injustiças foram cometidas.
     No dia 30 de setembro de 1790, os comissários da municipalidade de Valenciennes, de acordo com o decreto da Constituinte, se apresentaram no convento das Ursulinas para inventariar os bens da comunidade e para questionar se as irmãs tinham a intenção de perseverar na sua vocação. Havia então 32 irmãs no convento e a superiora era Madre Clotilde Paillot (* 25/11/1739 - + 23/10/1794), que tinha sido eleita no dia 13 de fevereiro do mesmo ano. A resposta das irmãs foi unânime: pretendiam continuar Ursulinas, devotadas à educação das jovenzinhas da cidade.
     Em 13 de setembro de 1792, Valenciennes foi assediada pelas tropas inimigas e no dia 17, tendo sido solicitado seu convento para os defensores da cidade, as Ursulinas foram obrigadas a procurar hospedagem junto às coirmãs de Mons, Bélgica. No dia 6 de novembro as tropas francesas, tendo vencido a batalha de Jammapes, ocuparam Mons, o que obrigou as Ursulinas, algumas semanas depois, a se mudarem novamente.
     Mas a ocupação francesa em Mons durou pouco. Derrotadas na batalha de Neerwinden, as tropas francesas a evacuaram em 21 de março de 1793. As Ursulinas de Valenciennes podiam pensar em retornar à sua cidade, já que os austríacos, possuidores da cidade, encorajavam a reconstituição da comunidade.
     Quando as religiosas chegaram à sua casa, iniciaram logo os trabalhos de restauração, pois fora saqueada. As irmãs não tardaram em retomar com toda intensidade suas atividades, tanto que em 29 de abril de 1794 houve uma profissão e uma vestição em seu convento.
     Em 26 de julho as tropas francesas conseguiram uma grande vitória em Freurus e em 26 de agosto os austríacos se retiraram de Valenciennes. Algumas irmãs permaneceram no convento com Madre Clotilde e foram aprisionadas em 1º de setembro e mantidas encarceradas em suas próprias celas. As outras foram procuradas e aprisionadas com numerosos outros suspeitos.
     O representante da Convenção era então um certo João Batista Lacoste, um dos personagens mais repugnantes daquela época. A sua grande ânsia era poder dispor de uma guilhotina, o que se tornara para ele uma verdadeira obsessão. Ele recebeu uma somente no dia 13 de outubro.
     Naquela data, o golpe de Estado do 9 termidor (27 de julho de 1794) já ocorrera, mas ele não levou isto em conta e mandou instalar a máquina sinistra, e naquele mesmo dia cinco condenados foram guilhotinados.
     No dia 15 de outubro, às nove horas da noite, 116 suspeitos foram reunidos no município e colocados à disposição do tribunal constituído ilegalmente por Lacoste. Eram particularmente numerosos os padres e as religiosas. A razão para condená-los era ocultada sob a acusação de traição e emigração. Os prisioneiros se encontravam em condições higiênicas incríveis e em grande promiscuidade, mas muitas irmãs puderam aproveitar para confessar-se e comungar.
     As primeiras Ursulinas a comparecerem diante do tribunal no dia 17 de outubro, juntamente com os padres refratários, foram guilhotinadas naquele mesmo dia.
     O segundo grupo de religiosas foi martirizado no dia 23 de outubro de 1794: Madre Maria Clotilde de S. Francisco de Borja foi a primeira a ser guilhotinada; Irmã Maria Escolástica de S. Tiago (Margarida José Leroux), aprisionada no mesmo tempo que sua irmã Ana Josefa, chamada Josefina, professa nas Clarissas de Nuns, que fora obrigada a deixar a clausura por causa das leis emanadas durante a Revolução e se retirara entre as Ursulinas, junto à irmã; duas brigidinas: Maria Lívia Lacroix e Maria Agostinha Erraux; a última, uma conversa, Irmã Maria Cordola Josefa de S. Domingos (Joana Luísa Barré)
     É preciso salientar o aspecto do testemunho dado pelas 11 religiosas por ocasião do processo que as mandou para a morte. A priora, Madre Clotilde Paillot, deu aos juízes respostas dignas dos mártires da Igreja primitiva e manifestamente inspiradas pelo Espírito Santo.
     Condenadas, as irmãs cortaram, elas mesmas, seus cabelos e desguarnecerem seus hábitos em volta do pescoço para facilitar a obra da guilhotina. Ansiosas por dar a conhecer o perdão aos seus perseguidores, apressaram-se em beijar as mãos de seus algozes. Subiram o patíbulo recitando o "Te Deum" e as ladainhas da Virgem.
     As 11 religiosas guilhotinadas em Valenciennes foram beatificadas por Bento XV em 13 de junho de 1920, junto com 4 Filhas da Caridade de Arras.

     As religiosas guilhotinadas no dia 23 de outubro têm sua festa litúrgica neste dia.

(fonte: blog Heroínas da Cristandade, com permissão da autora)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Beato Lourenço Salvi, Presbítero e Missionário Passionista. Apóstolo da Devoção ao Menino Jesus.




Coube a Lourenço Maria Salvi viver tempos conturbados, na sua Itália. Menino ainda, pois nascera em 1782, assistiu à campanha de Napoleão Bonaparte que invadiu e agitou a sua pátria e, mais tarde, pôde ser testemunha da prisão de Pio VII e padecer, pois já era religioso passionista, na sua própria carne, o encerramento das casas de ordens religiosas e institutos eclesiais e a proibição do uso de hábitos fradescos ou monásticos.

Seus pais eram muito piedosos. Deram-lhe, por isso, uma educação esmerada. Frequentou, quando jovem, o Colégio Romano dos Jesuítas até aos 17 anos, onde teve como professor particular o religioso camaldulence, Mauro Cappellari, eleito papa com o nome de Gregório XVI, em 1831.

Ao ouvir uma exortação de Vicente Maria Strambi, grande orador passionista, dirigida a uma grande multidão enfurecida, aquando de um levantamento popular, ficou de tal maneira impressionado que quis ingressar na Congregação dele.

Houve de convencer o pai que punha muitas reticências aos seus desejos, por causa do ambiente anticlerical, já então divulgado, mesmo pelos Estados Pontifícios.

Depois de ter feito os votos, na Congregação da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (Passionistas), e ter recebido o nome de Lourenço Maroa de São Francisco Xavier, estudou filosofia e teologia, sendo ordenado sacerdote, a 29 de Dezembro de 1805.

Quando eclodiu a perseguição aos conventos e mosteiros, deixou Roma, sua terra natal, com suma prudência, e continuou, através das aldeias e terras pequenas da Província, a exercer o ministério de pregador das missões ao povo, nas quais exortava os fiéis à confiança no amor misericordioso de Cristo Redentor, sempre mergulhado o seu espírito na oração e no estudo e sempre pronto para atender os fiéis. Tornou-se um verdadeiro mestre na direção às consciências, no atendimento no confessionário e no impulso estimulante para a santidade, através de tantas exortações públicas.

Depois da prisão de Napoleão Bonaparte e do regresso do Papa à sua cátedra, voltou à atividade missionária, segundo o carisma de sua congregação, percorrendo grande parte da Itália. Conta-se que, por essa altura, tendo adoecido gravemente, lhe apareceu o Menino Jesus a quem começou a dedicar uma profunda devoção, tornando-O centro dos seus sermões e até dos seus livros. Habituou-se até a esculpir pequenas imagens do Deus Infante que distribuía pelos seus ouvintes juntamente com pagelas e orações. Realmente, foi grande apóstolo da devoção à Santíssima Infância de Jesus.

O Beato Lourenço encontrou-se um dia, era 26 de Agosto, Domingo da Mãe de Deus, com o Beato Domingos Barberi prestes a partir para a Inglaterra, a fim de começar o diálogo ecumênico com a Igreja Anglicana. Entusiasmado com este projeto pediu aos superiores licença para nele se integrar, acompanhando assim o seu grande amigo. Não tendo conseguido a tão desejada permissão, prontamente obedeceu aos superiores, crucificando em Cristo os seus anseios, convencido que valeria mais a obediência do que as vítimas.

Encontrando-se em Capranica, em casa de uma família conhecida e grande benfeitora da sua Congregação, aproximaram-se os dias da sua morte e partiu para Deus, a 12 de Junho de 1856. Já nessa altura, era proclamado por muitas pessoas como um verdadeiro santo.


Foi beatificado, a 1 de Outubro de 1989, por São João Paulo II.

domingo, 25 de outubro de 2015

O "Cego" Bartimeu, miraculado por Jesus e seu discípulo... (Marcos 10, 46 - 52)







A Sagrada Escritura não fala mais nada sobre ele... Não diz se ele se tornou um dos discípulos de Jesus. Mas, creio que sim. Ocupa um lugar de destaque entre as curas milagrosas que o Senhor operou. A confiança que demonstrou em Jesus e sua determinação certamente são sinais de que continuou crendo no Mestre e que o seguiu. Excepcionalmente, coloco o texto abaixo neste Blog, de autoria do Padre Dennys, de Recife, que presta uma linda homenagem a este homem que acredito ser um dos santos Discípulos do Senhor e que reina no Céu. 


Meu bom Bartimeu, quão feliz és tu!
Tu entraste para a história, ó bom Bartimeu, por conta da tua ousadia, da tua fé ardente, da tua confiança admirável em Jesus!
Tu, Bartimeu, deixaste um exemplo a ser seguido, pois ele se nos apresenta como um caminho seguro para chegar a Jesus.
Tu, cego e mendigo, perambulavas pelas ruas à procura de mãos generosas que pudessem minorar tua dor, teus infortúnios. Tu, Bartimeu, vivias marginalizado, à beira da estrada. Tu vivias triste e sozinho, sem esperança e sem perspectiva. Jamais poderias imaginar que irias encontrar o Senhor Jesus, o Messias esperado, e que Ele faria um grande milagre em tua vida. Sim, tu não podias imaginar que a tua vida tomaria outro rumo a partir do teu encontro com Jesus.
Quando estavas sozinho e triste, o Mestre Jesus irrompeu em tua vida e te mostrou o que não vias; Jesus te fez sair da escuridão, das trevas e te concedeu a luz. Mas, tudo aconteceu porque tua fé foi imensa! Bela foi a tua conduta, Bartimeu, quando Jesus passou bem perto de ti!
Sim, teu coração não aguentou, pobre irmão, quando percebeste que Jesus estava perto de ti. Tu gritaste com tanta força, que o teu grito despertou o Amor, que o teu grito despertou Jesus.
Tu gritaste com tanta força, que Jesus te ouviu e te chamou, mesmo sendo grande a multidão que se apertava para ficar perto de Jesus. Feliz és tu, Bartimeu! Grandioso é o teu coração! Ardente é a tua fé!
Jesus escutou os teus gritos, Bartimeu, e recompensou a tua coragem, a tua determinação.
Deus muito se alegra quando encontra uma pessoa determinada, corajosa, destemida, ousada.
Tu és assim, Bartimeu! Tu não te intimidaste diante da multidão que mandava que tu te calasses. Não! Tu gritaste ainda mais: "Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!".
Bravo, Bartimeu! Bravo! Tu conquistaste o coração de Jesus pela tua confiança nele. Tu acreditaste com todo o coração que Jesus podia te curar. Tu és feliz, pois carregas a fé dentro do teu peito! Tu és bem-aventurado! Infeliz é aquele que não tem fé! Triste e pobre é aquele que não se importa com Deus, que não crê na eternidade, que despreza os ensinamentos do Mestre, que não se importa com o inferno, que desdenha das verdades da fé!
Tu alcançaste o coração de Deus pela tua confiança, por isso, tu és feliz!
A tua alegria foi tão grande quando Jesus mandou te chamar, que largaste o teu pobre manto, indicando-nos como devemos ir ao encontro de Jesus: com confiança e livres de tudo o que pode nos atrapalhar na corrida para o Senhor.
Obrigado, Bartimeu, pelo teu exemplo! Obrigado por nos mostrares como devemos ser!
Esperamos que aconteça conosco o que aconteceu contigo: que vejamos, que saiamos da escuridão! Que tenhamos a graça de ouvir dos lábios de Jesus: "a tua fé te curou!"
Amém!

sábado, 24 de outubro de 2015

SÃO VICENTE GROSSI, Presbítero e Fundador (das Filhas do Oratório).



O Martirológio conta com excelsos modelos de santidade encarnados em modestos e humildes sacerdotes rurais que iluminaram a fé de incontáveis pessoas com uma vida humilde, silenciosa e entregue a Deus que, por vezes, esconderam aos olhos dos outros o martírio cotidiano no qual viviam, como aconteceu ao santo Cura d’Ars e tantos outros santos.
Apesar de sua aparentemente modesta vida, Padre Vicente Grossi representa todo um exército de humildes sacerdotes dedicados à cura de almas, sem maiores pretensões do que se santificarem, santificando as pessoas a eles confiadas.


Vicente Grossi é um destes sacerdotes que tem dado glória a Deus e à Igreja com um exemplar zelo apostólico e louvável criatividade. Nasceu em 09 de março de 1845 na localidade italiana de Pizzighettone, pertencente a Cremona, na região da Lombardia. Foi um dos sete filhos, o penúltimo, do humilde lar formado por Baldassare Grossi e Maddalena Capellini. Novamente, foi uma figura feminina, a sua mãe, como tem sucedido a outros santos e beatos, quem teve um peso capital em sua vida. Ela se ocupou de inculcar-lhe o amor à oração, educando-o na fé cristã, ainda que seu pai, trabalhador e honesto, também tenha sido para ele modelo de integridade de vida.  Soube aproveitar o tempo do qual dispunha para entrega-lo aos demais. O ambiente no qual cresceu lhe servirá depois em sua missão.
Era muito jovem quando se sentiu chamado ao sacerdócio, porém seu progenitor julgou oportuno que adiasse um pouco seu ingresso no seminário. De certa forma, e ainda que também pesasse as necessidades familiares que requeriam sua presença, ele quis constatar que não se tratava de uma simples ideia que estava na mente de seu filho, senão que estava enraizada no mais íntimo de seu ser. Assim era. Em 04 de novembro de 1864, aos 19 anos, Vicente converteu-se em seminarista em Cremona e foi ordenado sacerdote na catedral da cidade em 22 de maio de 1869. Inicialmente, foi vigário em distintas paróquias, até que, em 1873 se lhe encomendou a de Regona. Dez anos mais tarde o prelado Bonomelli pôs debaixo de sua responsabilidade a de Vicobellignano, isso em 1882, e ali permaneceu por trinta e quatro anos, até o fim de sua vida, vida que havia sido, na realidade, a de Cristo.
Era uma paróquia complicada, bastião do protestantismo. O bispo o advertiu e a pôs debaixo de seu amparo com a certeza de que faria dela uma fonte de bênçãos. Sabia que se em todas era necessária a presença de sacerdotes generosos, prudentes, pastores cheios de zelo apostólico e de caridade, tinha no Santo uma imagem certeira de uma pessoa que encarnava todas essas virtudes.
Por isso lhe distinguiu com sua confiança, dizendo-lhe que em torno de dez anos esperava que tivesse dado um “toque” à paróquia, contribuindo para o desaparecimento do erro. Dom Bonomelli não se equivocou. Padre Grossi ocupava-se com os paroquianos que amava entranhadamente. E eles também o faziam objeto de sua atenção: viam em seu pároco um homem bom, fiel ao Santo Padre, abnegado, austero, obediente a seu bispo, com a sabedoria de Deus em seus lábios, forjada em sua oração, e um senso de humor que punha em manifesto seu gozo espiritual, com uma entrega exemplar a cada um dos fiéis. A coluna vertebral de sua vida era a Santa Missa. Dela extraía a fortaleza que nutria seu zelo apostólico. A seus paroquianos ele alentou um dia dizendo-lhes: “quando nosso coração está cheio de amor por Deus, não persegue outros amores, entendido? Portanto, ao trabalho”!
Era humilde em sua forma de vida. É suficiente dizer que a sua bagagem, extremamente leve, consistia de uma mala de viagem modesta com o breviário e um relógio. Tanto as homilias como a própria Missa eram fruto de sua oração e de uma intensa preparação, e isso os fiéis o percebiam.
Fez tudo o que estava em suas mãos para leva-los ao regaço misericordioso do Pai. Sonhou com eles e orou por eles. Por isso, e porque sabia por própria experiência o que significava a pobreza e a carência, não somente dos bens materiais senão também dos espirituais, se deixou guiar pela inspiração e tomou como ponto principal para sua missão a atenção aos jovens. Eram o futuro e sempre o serão. Padre Grossi tinha isso constantemente em mente.
Em seu coração apostólico, também as crianças, junto aos jovens, ocupavam um lugar preponderante. Via com claridade evangélica a importância de contar com um núcleo de formadores em cada paróquia (uma visão bem avançada para época). Foi o germe de sua fundação: o Instituto das Filhas do Oratório, que iniciou em 1885, com a ajuda de Ledovina Maria Scaglioni, com o objetivo de proporcionar orientação moral e religiosa às meninas que frequentavam sua igreja paroquial.
As religiosas dedicavam-se a colaborar na pastoral de outras paróquias, promovendo catequeses, apoiadas por uma rede de jardins da infância, centros assistenciais e escolas primárias que, pouco a pouco, foram surgindo. As Regras que o fundador escreveu de joelhos diante do sacrário foram inspiradas na espiritualidade de São Felipe Néri, o santo da alegria espiritual. E esse espírito animou e fortaleceu a fundação, que tinha como modo de ser e agir a humildade, a caridade, a alegria no serviço, assim como o sacrifício e a imitação de Cristo.

Esse grande sacerdote que tão delicadamente tutelou sua vida espiritual, consolando e assistindo material e humanamente a seus paroquianos, pouco antes de morrer indicou à mestra de noviças: “Procurem não queixarem-se nunca; buscando, ao contrário, alegrar-se quando as coisas vão de contra a seus desejos”. Em 07 de novembro de 1917 entregou sua alma a Deus, vítima de uma peritonite fulminante, dizendo: “o caminho está aberto; tendes que percorrê-lo. Foi beatificado por Paulo VI em 01 de novembro de 1975. Na ocasião, o pontífice destacou desse ato “a solidez de suas generosas virtudes, ocultas no silêncio, purificadas pelo sacrifício e pela mortificação e refinadas pela obediência”, afirmando que havia deixado “uma profunda marca na Igreja”. Foi canonizado pelo Papa Francisco em 17 de outubro de 2015. 

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

SÃO JOÃO DE CAPISTRANO, Presbítero Franciscano, grande pregador e taumaturgo.



João nasceu no ano de 1385 em Capistrano, pequena cidade dos Abruzos no reino de Nápoles. Seu pai era um fidalgo angevino que tinha ido para a região na comitiva do duque de Anjou, e lá se havia fixado. Nada se sabe da infância e adolescência de João, a não ser que estudou humanidades em sua terra natal, indo depois para Perúsia estudar direito civil e canônico. Doutorou-se nestes com sucesso. Assinalou-se tanto, por sua honestidade e prudência e por seus costumes puros, que lhe foi oferecido um posto na magistratura na própria Perúsia. Naqueles felizes tempos, ao contrário de hoje, a virtude era premiada. Um dos principais personagens da cidade lhe ofereceu a mão de sua filha única. O que mais poderia desejar João? Tudo para ele eram flores e louvores. Mas essa felicidade sem nuvens não duraria muito, pois a Divina Providência tinha altos desígnios em relação ao jovem jurista.

Nesse tempo a orgulhosa Perúsia levantou-se em armas contra o rei Ladislau, da Sicília. Na batalha que se seguiu, os perusinos foram vitoriosos. João, que tentara ser moderador entre as duas forças, teve sua atitude mal interpretada –– foi acusado de favorecer o partido de Ladislau e de estar em comunicação com o exército inimigo. Isso bastou para pô-lo no cárcere. Defendeu-se brilhantemente, mas os homens eram surdos aos seus argumentos. Ele esperava que o rei Ladislau se interessasse por sua sorte; ou que o fizesse algum dos magistrados de Perúsia, que tão devotados tinham se mostrado antes. Mas ninguém se interessou por ele, que ficou esquecido na prisão. Para ele, era a hora da Providência.

Nas longas e monótonas horas de recolhimento forçado, João começou a considerar a inconstância da amizade humana, o falacioso das glórias deste mundo, e como não se podia fiar senão em Deus. A graça começou a trabalhar sua alma. Aos poucos começou a pensar em entregar-se a Deus.

E Deus secundava seus planos: nesse tempo faleceu sua jovem esposa, com quem não tivera filhos. Esse fato determinou-o a romper radical e totalmente com o mundo. Por sua ordem, seus bens foram vendidos e seu resgate pago, sendo ele posto em liberdade. Liquidou suas dívidas e doou o resto de sua boa fortuna aos pobres. Dirigiu-se depois ao convento franciscano do Monte, perto de Perúsia, da estrita observância, e pediu admissão. Tinha ele 30 anos de idade.

Humilhações para formar um santo
João vinha precedido da sua boa fama no mundo. O mestre de noviços quis então experimentar sua vocação por meio das humilhações. Para começar, fê-lo desfilar pela cidade onde antes triunfara, montado num burrico, vestido com um velho hábito, tendo na cabeça uma mitra de papel na qual estavam escritos alguns pecados. Suportou com espírito sobrenatural não só essa humilhação, mas todas que Deus Nosso Senhor permitiu que sofresse, a fim de fazê-lo caminhar mais rapidamente no caminho da perfeição. Por duas vezes foi expulso do convento como inapto para a vida religiosa, e por duas vezes foi readmitido. Enfim, fez a profissão religiosa e foi ordenado sacerdote.

Para controlar seus impulsos ardentes e sua natureza viva, entregou-se com empenho à mortificação, flagelando-se duramente, reduzindo as horas de sono para três por noite e alimentando-se uma só vez por dia. Rezava diariamente inúmeras preces, entre elas o Ofício de Nossa Senhora, o Ofício dos Mortos, os Sete Salmos Penitenciais. Dedicava-se com empenho à meditação das verdades eternas e à leitura espiritual. Durante a celebração do santo sacrifício da Missa, chamava atenção sua profunda piedade.

João de Capistrano, como ficou seu nome depois da profissão religiosa, foi designado para trabalhar nos hospitais da cidade e para a pregação.


Devoto de Nossa Senhora e prodigioso pregador
Os santos se atraem entre si, assim como acontece com os maus. Estreita amizade logo uniu Frei João com São Bernardino de Siena, do qual se fez discípulo. E quando se levantou uma campanha de calúnias contra o mestre –– por causa da reforma da Ordem, que levava a efeito, e da propagação da devoção ao nome de Jesus, que empreendia –– João de Capistrano foi a Roma defendê-lo diante do Papa e da Corte romana. Foi tal o brilho com que o fez, chamando sobre si a atenção da Santa Sé, que esta passou então a empregá-lo em várias missões difíceis, tornando-lhe impossível entregar-se à vida retirada e contemplativa que pretendia. Frei João manteve também profunda amizade em relação a São Lourenço Justiniano, outro reformador.

Sua devoção para com a Virgem Maria era terna e profunda. Quando pregava sobre Ela, o auditório chorava de emoção. Certo dia em que aludiu num sermão às palavras do Apocalipse: signum magnum apparuit in coelo (um sinal admirável apareceu no céu), os assistentes puderam contemplar brilhante estrela que apareceu sobre o auditório, lançando raios sobre a face do pregador. Em outra ocasião, fez parar no ar a chuva que prejudicava seu sermão e silenciarem os passarinhos que chilreavam muito forte. Com ele repetiu-se o milagre ocorrido com alguns outros santos: negando-se um barqueiro a levá-lo à outra margem do rio Pó, atravessou-o a pé enxuto sobre seu manto, que lhe serviu de barco. No fim de um sermão sobre as vaidades e perigos do mundo, em Áquila, as mulheres da cidade trouxeram seus ornamentos e os queimaram em grande fogueira na praça pública. O mesmo sucedeu em vários outros lugares. Em Praga, depois de um sermão que fez sobre o Juízo Final, mais de cem jovens abraçaram a vida religiosa. Na Moravia, converteu quatro mil hussitas e deixou um livro no qual refutava ponto por ponto a doutrina dessa seita herética. Também converteu bom número de judeus.

Inquisidor, diplomata e reformador
No final do século XIII, surgira na comarca de Ancona, na Itália, uma seita religiosa muito perniciosa de monges vagabundos, quase todos apóstatas, com o nome de Fraticelli, que escandalizavam a Igreja e a Cristandade. Apesar de condenada várias vezes a seita, restos dela ainda existiam na Itália no tempo do santo. O papa Eugênio IV nomeou então Frei João de Capistrano inquisidor contra a seita, para exterminá-la de vez. Ele agiu com decisão e sucesso, logrando livrar a Itália do flagelo e confirmando que faz parte da caridade combater o mal. O papa Eugênio IV nomeou-o seu núncio na Sicília e enviado especial no Concílio de Florença, para procurar estabelecer a união entre gregos e latinos. Enviou-o depois para afastar os duques de Bolonha e Milão de sua adesão ao antipapa Félix V. Em missão junto ao rei da França, Carlos VII, desempenhou-se também Frei João a contento do Papa. Os sucessores do Pontífice continuaram a servir-se dos bons ofícios do santo, que desse modo tornou-se enviado apostólico na Alemanha, Boêmia, Caríntia, Saxônia, Morávia, Polônia e Hungria.

Frei João de Capistrano tinha uma graça particular para reconciliar inimigos. Apaziguou uma sedição em Riete, ressuscitando um homem que tinha tido a cabeça partida em dois durante o tumulto. Reconciliou também a cidade de Áquila com Afonso de Aragão, e várias famílias divididas entre si.

Contrário a toda forma de relaxamento, ao mesmo tempo trabalhava para a reforma de sua Ordem, da qual foi Geral duas vezes, vendo-se florescer a disciplina e o fervor em todos os conventos por onde ele passava.


Na Batalha de Belgrado, salva a Cristandade
Pode-se dizer que a grande missão da vida de São João Capistrano foi a luta contra o temível Maomé II. Este sultão, tendo se apoderado de Constantinopla no ano de 1453, havia jurado hastear o estandarte otomano no Capitólio, de Roma, ameaçando assim toda a Cristandade. Era necessária uma reação imediata e eficaz. O Papa Nicolau V convocou então uma Cruzada e nomeou São João de Capistrano seu pregador e chefe religioso.

Por suas exortações cheias de fogo, animou os presentes a pegarem as armas contra os turcos, que ameaçavam o nome cristão. Essa guerra, entretanto, foi adiada devido à morte do Papa Nicolau V. Subindo ao trono pontifício, Calixto III fez voto de empregar todas suas forças e até a última gota de seu sangue nessa guerra.

Como todo verdadeiro santo, João de Capistrano era também um combatente. Em 1455, participou da Dieta que se realizava em Neustadt. Com o fervor de suas pregações e dom de persuasão, conseguiu ele reunir um exército de quarenta mil homens, entre franceses, italianos, alemães, boêmios, poloneses e húngaros. Chefiados por Ladislau, rei da Hungria, João Uniade, senhor da Transilvânia, e George, príncipe da Rússia, tiveram que enfrentar o exército muito maior e mais bem armado dos muçulmanos, que cercava Belgrado.

Conta-se que, quando estava a caminho de Belgrado, o santo foi alertado por uma flecha caída do céu, que revelava a vitória cristã. O Céu queria aquela guerra santa. Nessa flecha estava escrito: “Não temas; triunfarás sobre os turcos pela virtude de meu Nome e da Santa Cruz, que tu portas”.

Armado assim com a cruz, João de Capistrano animava a todos, aparecendo nos lugares em que os cristãos pareciam fraquejar, animando-os em nome de Jesus Cristo. O exército cristão, tomado por um fervor sobrenatural, avançou irresistivelmente contra as linhas islâmicas, rompendo o cerco. Foi tal o ímpeto, que o próprio Maomé foi ferido, e seu exército desbaratado. A Cristandade estava salva. Diz-se que na batalha morreram mais de 40 mil turcos, sendo relativamente pequenas as perdas dos cristãos. Apesar de São João de Capistrano estar sempre no local mais perigoso da batalha, não sofreu o mais leve arranhão, o que foi considerado como fato milagroso.
Toda a Cristandade reconheceu que a vitória fora concedida pelo Céu, devido às orações e ação de presença do santo. Apenas três meses depois da vitória ele falecia, em 1456, na Hungria, aos 71 anos de idade.


Seu corpo, que se livrara da barbárie dos turcos, foi vítima da impiedade dos luteranos. Esses inimigos da verdadeira fé, tomando a cidade, desenterraram seus restos mortais e os lançaram no rio Danúbio. Felizmente os católicos os reencontraram e levaram para Elloc, perto de Viena, onde até hoje são venerados pelos fiéis, enquanto aguardam o dia da ressurreição final.

SÃO MACÁRIO DO EGITO, Eremita, dito "O Grande".




Macário do Egito (ca. 300 - 391 d.C.) foi um monge cristão egípcio e um eremita. Ele também é conhecido como Macário, o Velho, Macário, o Grande e Luz do Deserto.

Macário nasceu no Alto Egito. Uma antiga tradição afirma que o seu nascimento ocorreu no vilarejo de Shabsheer (Shanshour), em Al Minufiyah, por volta de 300 d.C. Algum tempo antes de iniciar sua vida ascética, Macário ganhava a vida contrabandeando natrão nas redondezas de Nítria, uma vocação que o ensinou como sobreviver e como viajar através da vastidão desolada da região.

Ainda jovem, Macário foi forçado a se casar contra a sua vontade. Assim, ele fingiu estar doente e pediu aos seus pais a permissão para ir até as regiões selvagens para relaxar. Quando retornou, ele descobriu que sua esposa tinha morrido e, logo em seguida, seus pais também partiram. Macário então distribuiu todo seu dinheiro entre os pobres e necessitados. Admirando suas virtudes, o povo da vila acabou levando-o até o bispo de Ashmoun, que o ordenou padre.

Um tempo depois, uma mulher grávida o acusou de tê-la atacado. Macário não tentou se defender e aceitou a acusação em silêncio. Porém, quando o parto se aproximou, o trabalho de parto ficou muito difícil. Ela não conseguiu dar à luz até que confessou que Macário era inocente. Uma multidão então clamou por sua inocência, mas ele preferiu fugir para o deserto da Nítria (Wadi El Natrun) para escapar de todas as glórias do mundo.

Por um breve período, Macário foi banido para uma ilha no Nilo pelo imperador Valente, juntamente com São Macário de Alexandria, por conta de uma disputa sobre o Credo de Niceia. Ao retornar, em 13 Paremhat (= 4 de abril), eles foram recebidos por uma multidão de monges do deserto da Nítria, alegadamente cinquenta mil, entre os quais São Pichoi e São João Anão.


Morte e relíquias
Macário morreu no ano de 391 d.C. Após sua morte, os nativos da vila de Shabsheer roubaram seu corpo e construíram uma grande igreja para ele na vila. Durante o papado do Papa Miguel V de Alexandria, as relíquias de São Macário foram trazidas de volta ao deserto da Nítria no dia 19 Mesori. Hoje em dia, o corpo de São Macário encontra-se em seu mosteiro, o Mosteiro de São Macário, o Grande, em Scetes, no Egito.


Legado e o mosteiro
Macário é um santo para a Igreja Católica Romana e para a Igreja Católica Oriental, para a Igreja Ortodoxa e a Igreja Ortodoxa Oriental. São Macário do Egito fundou um mosteiro que ainda hoje tem o seu nome, o Mosteiro de São Macário, o Grande, que vem continuamente sendo habitado por monges desde a sua fundação, no século IV d.C. Hoje, ele pertence à Igreja Ortodoxa Copta. Todo o deserto da Nítria é, às vezes, chamado de "Deserto de Macário", pois ele foi o monge pioneiro na região. As ruínas de diversos mosteiros na região quase confirma a tradição local de que os claustros de Macário eram iguais, em número, aos dias do ano.


Obras
Genádio de Marselha reconhece apenas uma carta como sendo genuinamente de Macário, endereçada aos monges mais jovens. Embora cinquenta Homilias espirituais terem sido atribuídas à Macário umas poucas gerações após sua morte, os estudiosos patrísticos modernos estabeleceram que Macário não teria como ser o autor. Exatamente quem o autor delas seria não foi definitivamente estabelecido, embora seja evidente a partir das afirmações contidas neles, o autor seria da Mesopotâmia superior, onde o Império Romano fazia fronteira com o Império Sassânida, e que elas teriam sido escritas antes de 534 d.C. Além das homilias, algumas cartas foram atribuídas a ele. A primeira, chamada "Ad filios Dei", podem de fato serem as cartas genuínas de Macário mencionadas por Genádio, mas as outras provavelmente não são dele. A segunda, chamada "Grande Carta", utilizou a De instituto christiana, de Gregório de Nissa, que foi escrita em 390 d.C. O estilo e conteúdo da "Grande Carta" sugere que seu autor é o mesmo mesopotâmio anônimo que escreveu as cinquenta Homilias espirituais.

Os ensinamentos de Macário são caracterizados por uma forte ênfase pneumática que inter-relaciona o trabalho de salvação de Jesus Cristo (como o 'Espírito de Cristo') com as obras sobrenaturais do Espírito Santo. Esta iniciativa 'pneumática' nas "Homílias espirituais" é geralmente chamada de mística e, assim, é uma forma de pensamento espiritual que tem encantado os místicos cristãos de todas as eras, ainda que, por outro lado, em sua antropologia e soteriologia, ele frequentemente se aproxime do ponto de vista de Santo Agostinho.

(Fonte: Wikipedia)