As bem-aventuradas mártires sendo conduzidas à guilhotina. |
No final do século XVIII, em 14 de julho
de 1789, a França foi duramente golpeada pela Revolução. Foi um momento de
importantes transformações para praticamente todas as sociedades ocidentais.
Foi também um período conturbado, sangrento, em que profundas injustiças foram
cometidas.
No dia 30 de setembro de 1790, os
comissários da municipalidade de Valenciennes, de acordo com o decreto da
Constituinte, se apresentaram no convento das Ursulinas para inventariar os
bens da comunidade e para questionar se as irmãs tinham a intenção de
perseverar na sua vocação. Havia então 32 irmãs no convento e a superiora era
Madre Clotilde Paillot (* 25/11/1739 - + 23/10/1794), que tinha sido eleita no
dia 13 de fevereiro do mesmo ano. A resposta das irmãs foi unânime: pretendiam
continuar Ursulinas, devotadas à educação das jovenzinhas da cidade.
Em 13 de setembro de 1792, Valenciennes
foi assediada pelas tropas inimigas e no dia 17, tendo sido solicitado seu
convento para os defensores da cidade, as Ursulinas foram obrigadas a procurar
hospedagem junto às coirmãs de Mons, Bélgica. No dia 6 de novembro as tropas
francesas, tendo vencido a batalha de Jammapes, ocuparam Mons, o que obrigou as
Ursulinas, algumas semanas depois, a se mudarem novamente.
Mas a ocupação francesa em Mons durou
pouco. Derrotadas na batalha de Neerwinden, as tropas francesas a evacuaram em
21 de março de 1793. As Ursulinas de Valenciennes podiam pensar em retornar à
sua cidade, já que os austríacos, possuidores da cidade, encorajavam a
reconstituição da comunidade.
Quando as religiosas chegaram à sua casa,
iniciaram logo os trabalhos de restauração, pois fora saqueada. As irmãs não
tardaram em retomar com toda intensidade suas atividades, tanto que em 29 de
abril de 1794 houve uma profissão e uma vestição em seu convento.
Em 26 de julho as tropas francesas
conseguiram uma grande vitória em Freurus e em 26 de agosto os austríacos se
retiraram de Valenciennes. Algumas irmãs permaneceram no convento com Madre
Clotilde e foram aprisionadas em 1º de setembro e mantidas encarceradas em suas
próprias celas. As outras foram procuradas e aprisionadas com numerosos outros
suspeitos.
O representante da Convenção era então um
certo João Batista Lacoste, um dos personagens mais repugnantes daquela época.
A sua grande ânsia era poder dispor de uma guilhotina, o que se tornara para
ele uma verdadeira obsessão. Ele recebeu uma somente no dia 13 de outubro.
Naquela data, o golpe de Estado do 9
termidor (27 de julho de 1794) já ocorrera, mas ele não levou isto em conta e
mandou instalar a máquina sinistra, e naquele mesmo dia cinco condenados foram
guilhotinados.
No dia 15 de outubro, às nove horas da
noite, 116 suspeitos foram reunidos no município e colocados à disposição do
tribunal constituído ilegalmente por Lacoste. Eram particularmente numerosos os
padres e as religiosas. A razão para condená-los era ocultada sob a acusação de
traição e emigração. Os prisioneiros se encontravam em condições higiênicas
incríveis e em grande promiscuidade, mas muitas irmãs puderam aproveitar para
confessar-se e comungar.
As primeiras Ursulinas a comparecerem
diante do tribunal no dia 17 de outubro, juntamente com os padres refratários,
foram guilhotinadas naquele mesmo dia.
O segundo grupo de religiosas foi
martirizado no dia 23 de outubro de 1794: Madre Maria Clotilde de S. Francisco
de Borja foi a primeira a ser guilhotinada; Irmã Maria Escolástica de S. Tiago
(Margarida José Leroux), aprisionada no mesmo tempo que sua irmã Ana Josefa,
chamada Josefina, professa nas Clarissas de Nuns, que fora obrigada a deixar a
clausura por causa das leis emanadas durante a Revolução e se retirara entre as
Ursulinas, junto à irmã; duas brigidinas: Maria Lívia Lacroix e Maria Agostinha
Erraux; a última, uma conversa, Irmã Maria Cordola Josefa de S. Domingos (Joana
Luísa Barré)
É preciso salientar o aspecto do
testemunho dado pelas 11 religiosas por ocasião do processo que as mandou para
a morte. A priora, Madre Clotilde
Paillot, deu aos juízes respostas dignas
dos mártires da Igreja primitiva e manifestamente inspiradas pelo Espírito
Santo.
Condenadas, as irmãs cortaram, elas
mesmas, seus cabelos e desguarnecerem seus hábitos em volta do pescoço para
facilitar a obra da guilhotina. Ansiosas por dar a conhecer o perdão aos seus
perseguidores, apressaram-se em beijar as mãos de seus algozes. Subiram o
patíbulo recitando o "Te Deum" e as ladainhas da Virgem.
As 11 religiosas guilhotinadas em
Valenciennes foram beatificadas por Bento XV em 13 de junho de 1920, junto com
4 Filhas da Caridade de Arras.
As religiosas guilhotinadas no dia 23 de
outubro têm sua festa litúrgica neste dia.
(fonte: blog Heroínas da Cristandade, com permissão da autora)
(fonte: blog Heroínas da Cristandade, com permissão da autora)
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