Esta
santa mártir do século III da Era Cristã, como veremos adiante, possui uma história polêmica e que
suscitou discussões. Quanto ao seu martírio, na fogueira, existem duas versões:
uma diz que, a princípio, teria escapado ilesa das chamas e que teria sido
decapitada. Outra versão diz que seu corpo foi consumido pelas chamas da
fogueira. Bem, de uma forma ou de outra, o que se sabe é que esta santa existiu
de verdade e que realmente testemunhou com a vida sua fé e seu amor por Cristo
Jesus. É a padroeira dos cirurgiões dentistas.
Primeiro Relato Biográfico
Registros históricos
Santa Apolônia
viveu no tempo do império romano por volta do ano 249. Era o tempo do imperador
Felipe, que foi derrotado por Décio. Este tornou-se um dos mais cruéis perseguidores dos cristãos.
Apolônia era filha de um rico magistrado de Alexandria, cidade importante do
Egito, então sob o domínio do império Romano. Apolônia teve sua história
contada pelo então Bispo de Alexandria, São Dionísio, em cartas ao Bispo Fabio
de Antioquia.
Perseguição
Na sétima
investida do Imperador Décio contra os cristãos, ela foi capturada. Como Décio
sempre fazia, Apolônia foi obrigada a renunciar a sua fé cristã pelas forças do
império. Além disso, foi obrigada a prestar culto aos deuses romanos e a
obedecer o Imperador. Santa Apolônia, porém, firme na fé e tomada por uma
coragem impressionante, negou-se a obedecer. Por isso, ela passou a sofrer
terríveis torturas em praça pública, diante de todo o povo, que se
impressionava com tudo o que via.
Padroeira dos dentistas
Em meio às
grandes torturas que sofreu sem negar sua fé, Santa Apolônia teve seus dentes
arrancados por pedras afiadas. Mesmo sofrendo a dor lancinante de ter seus
dentes quebrados, ela não renunciou à sua fé em Jesus Cristo. Ao ver sua
firmeza na fé, os carrascos quebraram sua face com pancadas. Em seguida, foi
condenada a morrer queimada. Depois de sua morte, seus dentes foram recolhidos
e levados para vários mosteiros. Existe um dente e um pedaço de sua mandíbula no
Mosteiro de Santa Apolônia em Florença, Itália.
Morte de Santa Apolônia
Depois de todos
os sofrimentos pelos quais tinha passado, Santa Apolônia ainda reunia forças
para mostrar a todos sua fé inabalável. Assim, mesmo amarrada, ela própria se
jogou na fogueira onde morreria, dizendo que preferia a morte a renunciar sua
fé em Cristo Jesus. Deus, porém, protegeu Santa Apolônia e ela escapou ilesa da
fogueira. Muitos dos presentes se converteram ao presenciar este fato. Então os
algozes lhe deram vários golpes de espada e lhe deceparam a cabeça. Santa
Apolônia faleceu no ano de 249.
Reverência de Santo Agostinho
Mais tarde Santo
Agostinho explicou que esse ato de Santa Apolônia não foi um “suicídio”, mas
uma atitude inspirada pelo Espírito Santo, como um ato de coragem ao enfrentar
todas as forças da época em nome de Jesus Cristo.
Um suicida tira
a própria vida por angústia, medo ou covardia diante de uma situação ou
problema. Santa Apolônia, pelo contrário, não teve medo de seus algozes e da
morte, mas, “correu para ela” com coragem e força heroica, desvencilhando-se
das mãos daqueles que a arrastavam para o suplício.
Canonização e festa
Santa Apolônia
foi canonizada no ano 300. Seu culto é mais conhecido e divulgado na Europa,
principalmente na Alemanha, França e Itália. Sua festa litúrgica é realizada no
dia 9 de fevereiro. Ela é padroeira da Odontologia e dos cirurgiões-dentistas,
dos que sofrem de dores na boca e problemas nos dentes.
Representação
Por ter tido os
seus dentes arrancados ela é representada por uma imagem de uma senhora com
vestes simples, adornada de um véu. Tem a seus pés uma palma e um fórceps na
mão segurando um dente.
Oração a Santa Apolônia
"Ó, bom Deus. Rogamos que a intercessão da
gloriosa mártir de Alexandria, Santa Apolônia, nos livre de todas as
enfermidades do rosto e da boca. Lembrai-vos principalmente das criaturas
inocentes e indefesas. Afastai, se possível, a amargura das dores de dente.
Iluminai, fortificai e protegei os cirurgiões-dentistas, para que sempre se
dediquem ao próximo com o amor que de vós emana, e nos seja dado usufruir de
vosso reino. Santa Apolônia, intercedei a Deus por nós. Amém."
Segundo Relato Biográfico
O martírio de Santa Apolônia é
relatado pelo historiador Eusébio de Cesareia (265-340), que na sua Historia
Ecclesiastica, escrita no terceiro século, transcreve um trecho da carta do
bispo São Dionísio de Alexandria († 264), endereçada a Fábio de Antioquia, na
qual ele narra alguns episódios de que fora testemunha.
O governo de Felipe o Árabe (243-249) foi
um período em que praticamente houve uma trégua nas perseguições anticristãs,
mas, em 248, eclodiu em Alexandria do Egito uma sublevação popular contra os
cristãos instigada por um adivinho alexandrino.
Muitos seguidores de Nosso Senhor Jesus
Cristo foram flagelados e lapidados; nem os mais débeis escaparam do massacre.
Os pagãos entravam em suas casas saqueando tudo e devastando a habitação.
Durante este furor sanguinário dos pagãos,
foi aprisionada a virgem Apolônia, já anciã, definida por Eusébio “parthenos presbytès”, mas que na
iconografia sagrada, como todas as santas virgens, é apresentada como uma
jovem.
Os perseguidores arrancaram seus dentes
com uma tenaz. Depois, levaram-na fora da cidade, acenderam uma fogueira e
ameaçaram lançá-la viva nela se não pronunciasse uma palavra de impiedade
contra Deus. Apolônia pediu para deixaram-na livre por um momento e, obtido
isto, se lançou rapidamente no fogo, sendo reduzida a cinzas.
O fato ocorreu no fim do ano 248 e início
de 249. Na sua carta São Dionísio afirma que sua vida fora digna de toda
admiração e, devido sua conduta exemplar e pelo apostolado que desenvolvia, a
fúria dos pagãos caíra sobre ela com uma crueldade particular.
O gesto de Apolônia de lançar-se no fogo a
fim de não cometer um pecado grave, suscitou entre os cristãos e os pagãos de
então uma grande admiração e nos séculos seguintes foi objeto de considerações
doutrinárias.
Eusébio e Dionísio não acenam com nenhuma
reprovação ao seu gesto, que pode ser considerado suicídio, mas de fato a
virgem estava condenada de qualquer forma ao fogo se não abjurasse a Fé. Quiçá,
ela quis livrar-se de torturas posteriores que poderiam quebrantar sua vontade
e que isto a fez decidir por se lançar nas chamas.
Santo Agostinho, na sua De civitate Dei, se põe perguntas sobre
o problema se é lícito dar-se voluntariamente a morte para não renegar a Fé e
diz: “Não é melhor fazer uma ação
vergonhosa da qual é possível se livrar com o arrependimento, do que um delito
que não deixa espaço a um arrependimento que salva?” Mas o suicídio
voluntário de algumas santas mulheres que em “tempo de perseguição se jogavam
em um rio para fugir de quem tentava corromper a sua castidade” o deixava
perplexo: e se não fora Deus mesmo que inspirara o gesto? Então não teria sido
um erro, mas uma obediência. Santo Agostinho não se decide por uma posição
sobre o argumento.
Seja como for, o culto pela mártir da
Alexandria se difundiu primeiro no Oriente e depois no Ocidente. Em várias
cidades europeias surgiram igrejas dedicadas a ela; em Roma havia uma, hoje
desaparecida, perto de Santa Maria em Trastevere. A sua festa, desde a
Antiguidade, é celebrada no dia 9 de fevereiro.
Na Idade Média era tão grande a devoção a
esta santa mártir, protetora dos dentes e das doenças a eles relacionadas, que
se multiplicaram os dentes-relíquia milagrosos, o que fez com que o Papa Pio VI
(1775-1799), que era muito rígido nestas formas de culto, mandasse recolher
todos os dentes que eram venerados na Itália. Este episódio nos ajuda a
compreender quanta impressão e admiração o martírio desta santa suscitava no
mundo cristão.
Fonte:
www.santiebeati.it e blog "Heroínas da Cristandade" (com permissão da autora).
Um comentário:
Santa Apolônia, intercedei á Deus por todos que querem se suicidar.Abençoa á eles, dê-lhes inspiração e força para suportar seu sofrimento.Amém.
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