![]() |
Os gloriosos Mártires Passionistas de Daimiel |
Hoje, 19 de outubro, memória litúrgica de São Paulo da Cruz, presbítero e fundador, trago a história destes ilustres "filhos da Paixão do Senhor", que deram sua vida por causa de sua fidelidade ao Cristo, durante a terrível perseguição impetrada pelos comunistas na Guerra Civil Espanhola de 1936.
A Congregação da
Paixão de Jesus Cristo, fundada no século XVIII por São Paulo da Cruz, nasceu
para anunciar o Evangelho da Paixão aos homens. O convento Passionista de
Daimiel (Cidade Real), casa de formação de futuros passionistas, foi viveiro do
qual saíram gerações de jovens para as missões da Espanha e América.
A Comunidade
Passionista de Daimiel foi violentamente expulsa de seu convento às doze horas
da noite do dia 21 de julho de 1936. Vinte seis de seus trinta e um religiosos
foram martirizados.
O Padre Nicéforo
de Jesus e Maria, superior provincial (Nicéforo significa: “aquele que leva à
vitória”) reuniu os religiosos na igreja, junto ao Cristo da Luz e à Virgem
Dolorosa. Deu-lhes a comunhão e os exortou assim ao martírio:
“Meus filhos, este é nosso Getsêmani; nossa
natureza, em sua parte débil, desfalece e se acovarda; porém, Cristo está
conosco. Eu vos dou Aquele que é a fortaleza dos débeis. A Jesus lhe confortou
um anjo; a nós, Ele mesmo, Jesus, é quem nos conforta e sustenta. Dentro em
poucos momentos estaremos com Ele. Ânimo, moradores do Calvário, para morrer
por Cristo! A mim me toca animá-los e eu mesmo me estimulo com vosso exemplo”.
Recebida a
comunhão, se dispuseram todos para o martírio, fazendo realidade o ideal de sua
vida: serem outros “cristos crucificados”. Padre Nicéforo, antes de abrir as
portas da igreja insistiu-lhes que aquela era a hora de provar com sua vida que
eram sincer’os passionistas. As abriu de par em par. Fora e envoltos na
obscuridade da noite, lhes esperavam uns duzentos milicianos armados e
apinhados próximos à entrada. Um deles, com a arma na mão, lhes exigiu,
ameaçador, que abandonassem o convento e a igreja.
Pe. Nicéforo
lhes contestou tranquilamente: “se querem
matar-nos, façam-no aqui, na igreja”. O miliciano, confuso, balbuciou:
“quem foi que disse que queremos mata-los? O que queremos é que vão embora
daqui de uma vez por todas”.
Escoltados como
malfeitores, os passionistas saíram da igreja e caminharam para a escuridão e
para o desconhecido. Ninguém intentou fugir ante a morte. Onde lhes levavam na
noite cerrada aqueles inimigos armados?
Caminhavam em
filas, dois a dois, escoltados por milicianos de olhar obscuro e debaixo de
ordem de silêncio. Rezavam calados meditando os mistérios dolorosos: a prisão
no Horto, o caminho do Calvário, que viviam em pessoa, atualizados.
Se Deus o quer, nos encontraremos em Madrid; se não,
no Céu.
Se lhes disseram
que os levariam à estação e alguns pensaram que ali lhes deixariam tomar um
trem e alojarem-se, porém, a coluna dos presos mudou de rumo e tomou outra
direção: à das cercanias do cemitério.
Pensaram que ali
seriam fuzilados. Porém, não. Ao chegarem à porta do mesmo, deixaram-lhe em
“liberdade”, com a ordem de seguirem adiante e de não retornarem mais a
Daimiel, sob pena de perderem a vida.
Os religiosos
deram um suspiro de alívio e empreenderam seu êxodo. Ao chegarem à bifurcação
da estrada de Cidade Real a Bolaños, detiveram-se na negritude da noite a
deliberar: o que fazer? Trinta e um homens juntos não passariam despercebidos
às linhas de frente vermelhas, por isso, decidiriam dividirem-se em grupos. O
superior os abençoou. Abraçaram-se todos despedindo-se e cada grupo tomou seu
caminho. Como lhes disse o Padre Nicéforo, se Deus o quisesse, encontrar-se-iam
de novo em Madrid; caso contrário, no Céu.
Porém, ainda que
deixados, aparentemente, em liberdade, seus “libertadores” os seguiam e iam
informando a seus comparsas de seus possíveis itinerários até a capital da
Espanha com dicas como esta: “vão passar por aí os passionistas de Daimiel. São
‘carne fresca’! Não a deixeis escapar...”. No dia seguinte seriam já fuzilados
próximos à povoação de Manzanares os primeiros mártires. Cinco, entre eles o
Padre Nicéforo, morreram ali mesmo; outros sete lograram sobreviver aos
balaços, porém, três meses mais tarde e depois de muito sofrimento por causa
das feridas sofridas, morriam também fuzilados pela segunda vez. Os
passionistas dos demais grupos alcançariam também a glória do martírio em
distintos lugares e datas, igualmente fuzilados em Carabanchel Bajo (Madrid),
em Carrión de Calavatra (Ciudad Real) e em Urda (Toledo).
Testemunhas
presenciais contaram na “positio” do processo que o Padre Nicéforo, apesar de
receber vários disparos, já mortalmente ferido e próximo de morrer, levantou os
olhos ao Céu, volveu o rosto para seus assassinos e lhes ofereceu um doce sorriso, o que lhes desconcertou. Um deles,
mais enfurecido ainda, lhe recriminou: “como, todavia, ainda sorris”? E
disparou outro tiro à queima roupa, que pôs fim à sua vida aqui na terra.
Segundo confessaram mais tarde os mesmos assassinos, Padre Juan Pedro e o Irmão
Paulo Maria morreram com o crucifixo entre as mãos gritando: “Viva Cristo Rei”!
Os 26 Beatos
Passionistas do convento do Santo Cristo da Luz, de Daimiel, que deram sua vida
por sua fidelidade ao Cristo e à Igreja são:
Nicéforo Díez
Tejerina, Superior Provincial.
Germán Pérez
Jiménez, Superior da comunidade
Juan Pedro Bengoa
Aranguren, presb.
Felipe Valcobado
Granado, presb.
Ildefonso García
Nozal, presb.
Pedro Largo
Redondo, presb.
Justiniano
Cuesta Redondo, presb.
Pablo María Leoz
Portillo, presb.
Benito Solana
Ruiz, presb.
Anacario Benito
Lozal, irmão coadjutor.
Felipe Ruiz
Fraile, irmão coadjutor;
Eufrasio de
Celis Santos, estudante.
Maurilio Macho
Rodríguez, estudante.
Tomás Cuartero
Gascón, estudante.
José María
Cuartero Gascón, estudante (irmão de Tomás)
José Estalayo
García, estudante
José Osés Sáinz,
estudante.
Julio Mediavilla
Concejero, estudante.
Félix Ugalde
Ururzun, estudante.
José María Ruiz
Martínez, estudante.
Fulgencio Calvo
Sánchez, estudante.
Honorino
Carracedo Ramos, estudante.
Laurino Proaño
Cuesta, estudante.
Epifanio Sierra
Conde, estudante.
Abilio Ramos
Ramos, estudante.
Zacarías
Fernández Crespo, estudante.
Em 01 de outubro
de 1989, todos foram Beatificados pelo Papa São João Paulo II na Praça de São
Pedro, no Vaticano. Na cripta da Ermida de Cristo da Luz de Daimiel repousam
suas relíquias esperando a gloriosa ressurreição.
Suas almas estão
presentes diante do Trono do Cordeiro, Rei dos Mártires, intercedendo por nós,
para que a Fé Católica da Espanha, pela qual deram sua vida, não desfaleça
diante desta atual, mas, sutil perseguição.
(Nota: texto traduzido do espanhol por mim)
Beatos Mártires Passionistas de Daimiel, rogai pela Espanha e por todos nós! |
Nenhum comentário:
Postar um comentário