Andrônico
e Anastásia viveram no Egito no fim do século IV, no tempo do imperador
Teodósio. Uma história fantástica. Verdadeira ou fantasiosa? Bem, não temos como saber com absoluta certeza. Porém, é plausível que tenha acontecido. A "religiosidade" da época permitia sim que esposos, por penitência e/ou devoção, se separassem e cada um fosse viver como religioso e religiosa em algum mosteiro. Apesar de isso não ser possível hoje em dia, não deixa de ser interessante que naqueles tempos Deus inspirasse tal atitude em muitos de seus filhos e filhas...
Andrônico era um alexandrino que se
estabeleceu na Antioquia como ferreiro. Vivia muito feliz com sua esposa
Atanásia e seus dois filhinhos, João e Maria, e seu negócio prosperava. Porém,
quando completaram 12 anos de casados, subitamente seus dois filhos morreram no
mesmo dia. Desde então, Atanásia passava a maior parte do tempo chorando junto
ao túmulo e rezando na igreja vizinha.
Um dia, ela viu de repente junto a si um
forasteiro que lhe assegurou que seus filhos gozavam da felicidade celeste e
desapareceu. Atanásia reconheceu nele São Julião mártir, patrono da igreja em
que ela costumava rezar. Cheia de alegria, dirigiu-se imediatamente à oficina
de seu esposo e lhe disse que já era tempo de abandonarem o mundo, ao que
Andrônico aquiesceu.
Ao partirem de sua casa, cuja porta
deixaram aberta, Atanásia invocou para si e para seu marido a bênção que Deus
havia concedido a Abraão e Sara, dizendo: "Já
que por amor a Ti deixamos aberta a porta de nossa casa, abri-nos Tu as portas
de teu Reino". Os dois foram juntos para o Egito, sua terra natal e se
dirigiram para o deserto de Esqueta em busca de São Daniel o Taumaturgo. O
santo enviou Santo Andrônico para o Mosteiro de Tabena e aconselhou Santa
Atanásia a disfarça-se de homem e a ir viver como anacoreta na solidão.
Após 12 anos, Santo Andrônico se encontrou com
um monge imberbe, que lhe disse que se chamava “Atanásio” (era Santa Atanásia, na verdade) e que ia para
Jerusalém. Ambos fizeram a viagem, juntos visitaram os lugares santos e juntos
voltaram ao deserto. Eram então muito amigos e não querendo impor-se o
sacrifício da separação, se dirigiram ao Mosteiro “Dezoito” (assim chamado
porque ficava a uma distância de 18 léguas de Alexandria), onde o superior lhes
designou duas celas contíguas.
Pouco antes de morrer, “Atanásio” se pôs a
chorar. Um monge perguntou a causa de seu pranto e ele respondeu: "Quando eu estiver morto, entrega ao irmão
Andrônico a carta que encontrareis sob meu travesseiro". Quando
Andrônico leu a carta, ficou sabendo que o morto era sua própria esposa e que
ela o havia reconhecido desde o momento em que se encontraram.
Vestidos de branco e levando em suas mãos
ramos de palma os monges sepultaram Santa Atanásia. Um monge ficou com Santo Andrônico até o sétimo dia depois da morte de sua esposa e então lhe rogou que
partisse com ele. Como o santo se negasse a partir, o monge foi sozinho. Porém,
um mensageiro alcançou-o e disse-lhe que o irmão Andrônico agonizava. O monge
reuniu todos os seus irmãos, e juntos chegaram à cela de Santo Andrônico, que
morreu suavemente, assistido por eles e foi sepultado junto a sua esposa.
O Cardeal Barônio introduziu seus nomes no
Martirológio Romano e acrescentou que haviam morrido em Jerusalém.
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