O Santo que agora trazemos à memória já foi muito venerado antes do Concílio Vaticano II, especialmente pelos descendentes dos negros vindos da África e escravizados no Brasil. É muito comum, em igrejas dedicadas a Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, especialmente presentes em cidades mineiras e paulistas, encontrarmos suas imagens, bem como as de outros santos e santas de raça negra, como: Santa Ifigênia, São Benedito, Santo Antônio de Categeró e, agora, mais recentemente canonizada, Santa Josefina Bakhita, de origem sudanesa. Conheçamos um pouco quem foi Santo Elesbão, rei da Etiópia, que por amor a Cristo, renunciou a tudo que tinha para ganhar o Tudo, isto é: Deus.
Memória em 27 de outubro.
No século VI, a
nação etíope, situada a oeste do Mar Vermelho, era um vasto reino que incluía
outros povos além dos etíopes. O soberano era Elesbão, rei católico,
contemporâneo do imperador romano Justiniano, muito estimado por todos os
súditos e seu reino era uma fonte de propagação da fé cristã.
O reino vizinho,
formado pelos hameritas, era chefiado por Dunaan, que renegara a fé
convertendo-se ao judaísmo. Na ocasião, mandou matar todos os integrantes do
clero e transformou as igrejas em sinagogas, tornando-se temido e famoso por
seu ódio declarado aos cristãos.
Por isso, muitos
deles, até o arcebispo Tonfar, buscaram abrigo e proteção nas terras do rei
Elesbão, pois até a própria esposa de Dunaan, chamada Duna, foi morta por ele,
juntamente com as filhas, por ser cristã. Os registros indicam que houve um
verdadeiro massacre, no qual morreram cerca de quatro mil cristãos.
Elesbão decidiu
reagir àquela verdadeira matança imposta aos irmãos católicos e declarou guerra
a Dunaan. Liderando seu povo na fé e na luta, ganhou a guerra e a vizinhança
passou a ser governada pelo rei Ariato, um cristão fervoroso.
Mas, ele teve de
vencer outra batalha ainda maior além dessa travada contra o inimigo: aquela
contra si mesmo. Depois de um curto período de muita oração e penitência,
aceitou o chamado de Deus. Abdicou do trono em favor do filho, seu sucessor
natural, e dividiu seus tesouros entre os súditos pobres. Assim, Elesbão partiu
para Jerusalém, onde depositou sua coroa real na igreja do Santo Sepulcro, e
retirou-se para o deserto, vivendo como anacoreta até morrer em 555.
No Brasil, a
partir dos escravos, foi muito difundida a devoção a santo Elesbão, o rei negro
da Etiópia. Sua memória é celebrada em todo o mundo cristão, do Ocidente e do
Oriente, no dia 27 de outubro, considerado o dia de sua morte.
Santo Elesbão,
rogai por nós!