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Encontre o (a) Santo (a), Beato (a), Venerável ou Servo (a) de Deus

domingo, 20 de novembro de 2016

Venerável Servo de Deus Faustino Pérez-Manglano Magro, Jovem Leigo da Família Marianista.


Faustino Pérez-Manglano Magro nasceu em Valência, em 04 de agosto de 1946, sendo o maior de quatro irmãos. Recebeu de seus pais, Faustino e Encarnación, uma sólida educação cristã.
Em 1952, ingressa no colégio marianista “Nuestra Señora del Pilar” (naquela época na praça do conde de Carlet). Em 1954 recebe a Primeira Comunhão e em 1955 a Confirmação. Em 1957 ingressa no segundo curso de bacharelado (espécie de “escola normal”) já no novo edifício colegial do Paseo de Valencia al Mar (hoje Avenida Blasco Ibañez). Sua vida se desenrolava como a de um menino comum: o encanta o desporte – a paixão pelo futebol – natação, montanhismo... Agrada-lhe o cinema, a televisão, ler romances (novelas) e fazer amigos.


Seu primeiro retiro

Fez aos treze anos fez seu primeiro retiro espiritual, uma experiência comum para os alunos do Pilar. Tem aí momentos de silêncio, de oração e conferências. Durante este retiro, Faustino comunica a seu capelão, Pe. José Maria Salaverri, sm, a promessa que fez: “prometi à Virgem Maria rezar o Rosário todos os dias, sobretudo quando foi sozinho ao colégio”. Escreveu mais tarde: “o maior esforço de minha vida, o fiz no retiro, quando tratei de mudar minha vida por completo”.


Seu Diário

Em 14 de setembro de 1960, escreveu a primeira página de seu Diário. Ter um diário foi uma ideia que lhe ocorreu depois de ler uma novela. De agora em diante, escreverá periodicamente, inclusive, mencionando os fatos que marcaram o dia. Este Diário é um indicador valioso de sua vida espiritual e dos acontecimentos de sua vida. O valor é sua espontaneidade, já que é o diário de um adolescente. Em 17 de outubro de 1960, escreve: “Rezei o rosário. Comunguei durante o recreio. Tive um exame de ciências naturais e respondi bem às questões. Falei durante 10 minutos com Cristo sobre as missões e sobre o empate entre o Zaragoza e Valência”. É neste Diário onde se menciona pela primeira vez a dor que anuncia sua enfermidade (14 de novembro de 1960).


“Talvez me fale Deus”

Em outubro de 1960, se uniu a uma fraternidade de jovens do colégio. Este grupo se reúne uma vez na semana. Em 22 de outubro ocorre algo muito importante para ele. Em um retiro, depois de reunir-se com seu capelão, escreveu nesse dia: “falamos a respeito de muitas coisas, porém, teve uma coisa que me chamou a atenção: ‘que vocação é a minha? Médico? Químico? Talvez a opção de ser sacerdote? Essa última possibilidade é o que mais me tem impressionado. Deus me escolheu? Ele mo dirá. Nas horas que tenho hoje de retiro, vou guardar completo silêncio. Talvez me fale Deus’”... Foi também durante este retiro que escreveu em forma de resolução: “vou tratar de viver a ‘ascese do sim’: dizer sim a tudo que é bom”. Mais tarde, quando lhe perguntaram quando sentiu a chamada do Senhor, dirá que : “naquela mesma noite, no jantar, em silêncio, vi com toda a claridade: o Senhor me quer religioso marianista”. A partir dessa data, sua amizade com o Senhor cresce dia após dia. Esta relação tão estreita e frequente com Cristo converte-se em amizade simples e profunda. Para ele, Jesus é um familiar, um amigo com quem se pode falar sobre tudo, inclusive sobre futebol.

A alegria da presença e do chamamento de Cristo

Eis aqui alguns textos extraídos de seu diário que mostram que, para Faustino, Cristo é alguém próximo: “que bem se está na companhia de Cristo” (21/10/1960)! “Ajuda-me, Jesus, para ser apóstolo. Já não guardo nada para mim. Que meu amor a Ti me faça dar-me aos outros” (22/06/61). “Trouxeram-me a comunhão. É maravilhoso receber o Corpo de Cristo!” (28/01/61). “Cristo está aqui, junto a mim, em mim...” (24/01/62). “Que bom que está aqui, perto de Cristo!” (25/01/62). “Sou muito feliz. Hoje é a primeira sexta feira de maio, um dia importante para mim. Senti o chamado de Deus como poucas vezes antes. Unido a Maria e a Jesus, eu estava transbordante de alegria. Como darei graças a Deus, por ser tão belo e maravilhoso viver perto de Cristo?” (04/05/62). “Me dei conta de que devo chegar a ser santo. Não se pode ser um cristão medíocre. Que os que me veem possam ver a Cristo em mim” (20/01/63). E a alegria de viver com Cristo não o impede, muito ao contrário, sua paixão pelo futebol, pela montanha, pela leitura e pelos amigos.


A enfermidade

Em 20 de novembro de 1960, cai enfermo. Depois dos exames médicos, finalmente lhe diagnosticaram a enfermidade (Linfoma) de Hodgkin, uma doença incurável naquela época. Se lhe aplicam um tratamento agressivo e que esgota suas forças. Durante largos períodos, tem que permanecer em casa, porém, ele segue trabalhando duro com o intuito de não perder o curso. Nunca se queixou, porém, em seu diário, descobrem-se os momentos mais difíceis: “durante a tarde me doía o tempo inteiro” (06/02/61). “Às 8 horas, pedi à mamãe que me fizesse massagens para dormir sem dor em demasiado. Às 10 horas, acordei e nós fomos à Cruz Vermelha. Fizeram-me duas radiografias. Quando voltamos à casa ao meio dia, sentia ímpetos de chorar. Estava muito mal, com a moral baixa” (27/11/61).
Desde fevereiro, já não podia ir à classe. Porém, dedica muito tempo a seu trabalho escolar: ele não quer perder o ano letivo. Tem que limitar todos os desportos, porém, não se queixa: está satisfeito com o que pode fazer e escreve que ele é feliz e que tudo é “maravilhoso”: é a palavra favorita de Faustino. Diverte-se com as sessões de cine-fórum que tem lugar no colégio. Vê o filme “Os Quatrocentos Golpes”, de François Truffaut. Apesar de já não poder fazer desportes, está com seus companheiros, quando esses competem.

Em 1961, peregrina a Lourdes e passa temporadas alternando a vida no campo (recomendação dos médicos) e o curso escolar. Há meses nos quais se sente melhor, apesar de as sessões de radioterapia lhe causarem cansaço e mal estar físico.

O sentido do outro

Em janeiro de 1962, Faustino conta em seu diário uma história que mostra a preocupação que tem pelo outro: “este pequeno tem catorze anos. Vive em um quartinho, apenas tem o que comer, trabalha oito horas ao dia”. Quer ajudar a um amigo que passa necessidade. Este sentido “do outro” é um sinal importante de seu caráter e sensibilidade social. Seu caminho espiritual não é centrado em si mesmo, senão, nos outros: “ser útil aos demais é uma das minhas resoluções e quero pô-la em prática. Estarei muito atento com todos os que conheço e lhes vou ajudar” (26/06/61). “Temos que começar a trabalhar por eliminar de nós mesmos tudo o que Cristo não aprovaria. Isso significa trabalhar no meu entorno, em casa, no colégio, com meus companheiros de classe, na cidade, no mundo inteiro” (25/01/62). Para isso, não poupa nenhum esforço por viver cem por cento a vida cristã: “Hoje, a Igreja necessita de testemunhas. Devemos ser testemunhas de Cristo no século XX. Devemos mostrar que se pode viver uma santidade tão grande quanto durante os primeiros séculos da Igreja” (26/01/62).
Neste processo, Maria ocupa um lugar fundamental: “Maria, eu quero ser teu apóstolo. Temos que ganhar o mundo para ti, como fez o Padre Chaminade. Ter-te como  nossa guia e a Jesus como nosso modelo. Ajuda-me, Mãe, para amar-te mais e melhor” (16/05/62).


Seu último ano

Aos 15 anos, escreveu em seu diário, com data de 22 de junho de 1962: “Hoje faz vinte meses que Deus me disse que o seguisse. É maravilhoso pensar que estarei toda minha vida ao serviço de Jesus e de Maria. Ser um pescador de almas. Estava refletindo e gostaria muito de ir como religioso marianista à América do Sul, onde fazem falta tantos braços para salvar almas”.
Faustino é consequente: não esquece a decisão tomada vinte meses atrás. No verão de 1962, participa de um “camping” colegial pela França e Suíça. Em 23 de janeiro de 1963 escreve: “Tenho que ser verdadeiro cristão. Para lograr isso, tenho que limar lentamente minhas imperfeições, porque ser um bom cristão não é fácil. É ainda mais difícil que alguém possa imaginar. Maria, ajuda-me a ser outro Cristo”.


O final. Ou, melhor, o princípio...
Em 23 de janeiro de 1963 não se levanta da cama. Já não se recuperará. Não reage ao tratamento. Os médicos estão desanimados e sabem que não há esperança de recuperação. Em 11 de fevereiro de 1963 escreve: “anteontem, sábado, foi um dia muito feliz para mim, porque recebi o Sacramento dos Enfermos e renovei minhas promessas por um mês como membro da Fraternidade. Hoje é a festa de Nossa Senhora de Lourdes. Que nossa maravilhosa Mãe do Céu nos ajude a todos a sermos melhores. Ajuda-me, Mãe, a oferecer estas pequenas moléstias para o bem do mundo”.  
Três dias antes de sua morte, seu capelão o visita; parece sofrer  muito. “Como estás, Faustino”? “Bem, padre”. “Tens dores”? “Depende do ponto de vista”. “Como é isso”? “Bom, vamos ver, padre: neste momento, há muitos que estão sofrendo mais que eu”! Faustino mostra um grande domínio de si. Não se lhe ouve nem uma palavra de queixa. No dia 03 de março de 1963, pela tarde, seu capelão, o padre José Maria Salaverri, vem ver a Faustino que parece sofrer muito. Porém, no meio da conversação, perguntou: “Padre, sabe você se a partida desta noite vai ser televisionada? Porém, que tonto eu sou! Nem vou poder assistir... Estou muito cansado”!  Nessa mesma noite, já tarde, chama a sua mãe. Ao endireitar o corpo dolorido, cai de repente, sem nenhum gesto, em silêncio, com suavidade, e já permanece inconsciente nos braços de sua mãe. Assim, passou aos braços de Deus nosso Pai. Eram 23h e 20min.
Sua biografia: “Talvez me fale Deus”, do Pe. José Maria Salaverri foi traduzida para o italiano, francês, inglês, húngaro, polonês, alemão, português e japonês. Vários movimentos juvenis tem surgido em diversos países do mundo debaixo da inspiração de Faustino.
No dia 14 de janeiro de 2011, o Papa Bento XVI aprovou as virtudes heroicas de Faustino Pérez-Manglano, podendo, portanto, ser chamado de “Venerável”.

Alguns pensamentos de Faustino:
"Estou disposto a receber de Deus todos os pequenos sofrimentos que Ele queira mandar-me. São tão insignificantes e os recebo com tanto gosto que são felicidades".

"Jesus, faça com que eu ame a Maria, não somente porque é pura, bela, boa e compassiva, nem porque é minha Mãe, mas, principalmente, porque é Tua Mãe e Tu a amas infinitamente. Ó Jesus, faça-me participar do Teu amor a Maria. Faça com que eu a ame como Tu".

"Sou muito feliz. Não sei o que se passa comigo. Sinto algo diferente dentro de mim. Um amor tão grande em direção a Ele, que me conduz sempre pela mão e que jamais permite que eu caia, nem uma única vez, em pecado mortal. Não sei o que são os problemas. Obrigado, Senhor Jesus, por dar-me este bem-estar interior tão maravilhoso. Estou muito agradecido a Vós".

"É maravilhoso pensar que estarei durante toda a vida a serviço de Jesus e de Maria. Serei um pescador de almas. Tenho pensado muito e gostaria de ir, como religioso mariano, à América do Sul, onde faltam pessoas para ajudar na salvação das almas.


Oração para pedir graças por intercessão de Faustino:

Senhor, Tu nos deu em Faustino um exemplo admirável de fidelidade às exigências do Teu divino amor. Imploramos a Vós para que, se for da Tua vontade, Faustino seja glorificado diante da Tua Igreja e que se manifeste concedendo-nos a graça que desejamos alcançar. (pede-se a graça)
Isso nós Vos pedimos por intercessão de Maria, Vossa Mãe, a quem Faustino tanto amou na terra. Amém.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.





ALGUNS TESTEMUNHOS

De Saint-Germain (França) nos chega uma carta muito emotiva, de uma pessoa de fé, de um autêntico cristão, do Almirante François de P.
“A Providência me permitiu ler este livrinho maravilhoso Talvez Deus me fale, que descreve o itinerário espiritual desse menino, Faustino, que na terra foi quase meu contemporâneo... Essa leitura me tocou fundo; as reflexões de Faustino são, sem embargo, muito simples, breves; mas quando uma alma em contato com Deus nos fala, inevitavelmente a nossa se deixa vibrar, como se tentasse se colocar em uníssono, sintonizar na mesma frequência. Por que não?
O testemunho de Faustino me emocionou muito porque vivi recentemente, em 1994 e 1995, a fatalidade de uma enfermidade que levou a minha esposa; passei pelo mesmo tipo de prova da família de Pérez-Manglano. Deus convidou a minha esposa a aceitar seus sofrimentos e a oferecê-los. Ela compreendeu o que o Senhor lhe pedia e entendeu o quanto os seus sofrimentos oferecidos podiam ajudar outras almas. Seus sofrimentos eram cada vez mais terríveis, que somente a morfina podia aliviar, com injeções atrás de injeções, como o ocorrido a Faustino. E lendo seu livro, eis que volto a reviver muitos momentos passados com meus filhos, ao lado do leito da mãe deles e minha esposa.
Muito obrigado por ter escrito este livro, obrigado por ter colocado Faustino em nosso caminho; pois um encontro, um único, ainda que breve, com essa alma cristã basta para nos colocar no bom caminho, para nos encorajar a oferecer todos os pequenos sofrimentos que temos e para nos confirmar a Fé, a Esperança e a Caridade. Que felicidade”!

Da Argentina
"Providencialmente, chegou até mim uma estampa de Faustino. Desde então, me ofereço a ele, peço a sua ajuda. (...) Tenho 27 anos e estou num momento muito especial da minha vida. Sinto que o Senhor me chama para entregar minha vida a seu serviço e com o auxílio de um sacerdote estou entendendo". (A.R.)

De Cuba
"Muito obrigado pelos três livros de "Faustinito", como aqui começamos a chamá-lo. Estão me ajudando muito em meu trabalho missionário com os idosos – aos quais levo o Senhor –, com as crianças da catequese e com os paroquianos". (J.P. N.)

Da Bélgica
"Ouvi falar de Faustino num acampamento de escoteiros. O padre nos falou dele (....) Sou professora de religião e organizo um retiro de fim de semana para crianças e adolescentes e me simpatizo com Faustino. Consegui o livro Talvez Deus me fale e a leitura me despertou a vontade de conhecê-lo ainda mais". (M. J.)

De San Luis (Argentina)
"Sou religiosa do Instituto Mãe de Deus (...). Faustino deu novos impulsos à minha vida espiritual e isso já é uma graça recebida sendo que – um mês antes da renovação dos meus votos – já havia feito esse pedido. E o Senhor, admirável com seus santos, quer e pede mais de mim e assim Ele vai me dizendo e mostrando o caminho". (P. S.)

Da França
"Querido Faustino, devolveu a esperança a meu coração. Faz com que te siga pelo mesmo caminho de sofrimento e de alegria que foi o teu, o mesmo caminho que Jesus e Maria (...). Obrigada por ter escrito esse livro". (C. B.)


SANTA SENHORINHA DA VIEIRA, Virgem e Abadessa beneditina.


Nasceu no ano de 924, mais provavelmente em Vieira do Minho. Era a filha mais nova de Avulfo, Conde e Senhor de Vieira e de Basto, e de Da. Teresa, irmã do Conde Gonçalo Soares. Chamou-se primeiro Domitila, mas o pai, regressando já viúvo de guerras, começou a chamar à filha queridíssima sua senhorinha e este passou a ser o seu nome.

       Ficando órfã muito cedo, o pai confiou-a a Da. Godinha, tia materna da Santa, abadessa no Mosteiro de S. João, de Vieira do Minho, da Ordem de S. Bento.

       Narram velhos códices que Senhorinha, tão bem acompanhada, se exercitou desde a mais tenra idade em jejuns, cilícios e disciplinas, consumindo o melhor do seu tempo na oração e em ouvir a palavra de Deus. Resistiu com energia a um nobre pretendente para matrimônio, pessoa que encontrava em Avulfo o melhor apoio. Mas o pai compreendeu esses desejos de perfeição.

       Ela professou aos 15 anos, segundo os costumes monásticos peninsulares. E Avulfo doou à filha, para que se sustentassem, ela e as companheiras que aparecessem, os direitos que possuía, como padroeiro, nas igrejas de São João de Vieira, São Jorge de Basto e de Atei. Assim parece ter-se originado o Mosteiro de Vieira.

     Dizem-nos que a Santa lia assiduamente a regra do Convento, os escritos de Santo Ambrósio, a Vida dos Santos e, muito naturalmente, a Escritura Sagrada. Teve grandíssimos desejos de martírio, que a tia lhe fez compreender estar na observância monástica. Mas Godinha não durou muito e a sobrinha mandou dar-lhe honrosa sepultura na sua Igreja de São Jorge de Basto.

     E, para ocupar o seu lugar no governo do mosteiro, foi eleita Senhorinha. Teria então uns 36 anos de idade e aproximadamente 20 de professa. A partir desta data, falam os velhos textos de numerosos milagres seus: fazer que aparecesse o pão necessário, transformar água em vinho (ver os azulejos da Igreja de São Vítor em Braga, do séc. XVII), e outros prodígios ainda.

     Vivia então em Celanova (junto a Orense, na Galiza), onde fundara um notabilíssimo mosteiro, o ex-bispo de Dume, São Rosendo, primo de Santa Senhorinha. Era visitador e reformador dos mosteiros de todo o Minho e Douro. Como tal vinha de vez em quando a Vieira.

     Não se sabe porquê, Santa Senhorinha transferiu-se, com as suas religiosas, para a terra que hoje tem o nome da Santa, no município de Cabeceiras de Basto. Essa freguesia chamava-se então São Jorge de Basto. Nela, ao lado da atual igreja paroquial seiscentista, ainda se encontra o chamado campo da feira, em cujo subsolo se descobrem sinais do que deve ter sido o mosteiro.

     Gervásio, irmão da santa, levava vida mundana e por orações da Santa converteu-se e santificou-se. Senhorinha, segundo um testemunho igualmente antigo, teve conhecimento, ao rezar no coro, da entrada de São Rosendo no céu. Estando também a orar, ela ouviu uma voz que lhe dizia: "Vem, minha escolhida, porque desejou o Rei a tua beleza". Percebeu logo de que se tratava, pediu os sacramentos e exortou as religiosas a perseverarem no amor de Deus e do próximo.


     Deu a sua alma a Deus com 58 anos de idade, a 22 de abril do ano 982. Ficou sepultada na igreja do mosteiro, entre os túmulos da tia e do irmão: Santa Godinha e São Gervásio.

     Havendo por ela muita devoção, o Arcebispo de Braga, D. Paio Mendes (1118-1138), veio visitar o sepulcro da Santa em ordem à canonização, pois se dizia que ela  estava na sepultura "inteirinha, incorrupta, como que dormindo".

     Deslocara-se pois até à igreja onde se encontrava o venerado túmulo, e - diz a crônica - tendo convocado o povo, que acorrera em massa, dispunha-se a exumar o corpo santo, sepultado em campa rasa, junto do altar-mor, quando, inesperadamente, um homem cego de nascença começou a bradar: "Vejo as mãos do Arcebispo e vejo o Arcebispo".

     Grande alvoroço da multidão, espanto enorme do Prelado; interroga-se o miraculado que responde: "Eu fui sempre cego, desde o nascimento, senti uma mão que tocou nos meus olhos e agora vejo o Arcebispo e a sepultura de Santa Senhorinha".


     Desistiu então o Arcebispo de abrir a sepultura, crendo piamente na santidade de Senhorinha e na verdade dos milagres. Mas depois, no ano de 1130, mandou-o levantar da terra e apor-lhe uma inscrição que fala da virgem consagrada, Senhorinha, e dos seus milagres inumeráveis em vida e numerosos depois da morte.

     Constituiu esta lápide uma verdadeira canonização, que estava nessa altura nas atribuições dos bispos locais. Mais tarde, o Papa Alexandre III (1159-1181) reservou as canonizações aos Papas.

     Com a visita e o epitáfio de D. Paio Mendes começou uma época de mais intensa devoção à Santa, com peregrinos de Portugal inteiro, da Galiza, de Leão, etc.

     D. Sancho I (1185-1211), vendo o filho e herdeiro D. Afonso em perigo de morte, veio a Santa Senhorinha (nome do lugar que sucedeu a S. Jorge de Basto) pedir a saúde dele e prometer, se obtivesse a graça, constituir um refúgio à volta da igreja; obteve-a e andou a pé a indicar o sítio dos marcos que D. Gonçalo Mendes, senhor da terra, mandou pôr.

     O rei D. Pedro I firmou, a 15 de setembro de 1360, a doação do padroado de Santa Maria de Basto, com os seus frutos e rendas, à Igreja de Santa Senhorinha, sob a condição, entre outras, de que este templo tivesse três lâmpadas com azeite, uma diante do crucifixo, outra diante do corpo de Santa Senhorinha e a terceira na capela em que jaz o corpo de São Gervásio. E explica o rei que esta capela foi mandada construir por D. Inês de Castro - terá sido entre 1340 e 1357. Conclui-se que, por essa altura, o túmulo de Santa Senhorinha estava no corpo da igreja.

     Apesar de só no século XVIII ter entrado o oficio litúrgico de Santa Senhorinha no Breviário Bracarense, deve datar do século XIII a introdução da festa da mesma nos calendários da Igreja ou de Ordens monásticas.

     A festa de Santa Senhorinha foi introduzida no Breviário Bracarense de D. Rodrigo de Moura Teles (1724). Temos indícios de que desta Santa se rezava liturgicamente em todo o país a 22 de abril até ao fim do século passado; assim em almanaques de 1854 e 1898. De Santa Godinha, fora da Diocese de Braga, nada se encontra; de São Gervásio rezou a Sé Patriarcal de Lisboa de 1322 até 1761, pelo menos.

     Com solenidade, celebrou-se em Santa Senhorinha de Basto o milenário da morte da Santa em 1982.

Fonte: blog Heroínas da Cristandade 

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

SÃO NICOLAU DE FLÜE, Leigo e Místico. Pai da nação Suíça.



Guerreiro indomável, de ardentíssima devoção a Nossa Senhora, com arma numa das mãos e rosário na outra, salvou a Suíça de grave crise e marcou os rumos de seu país nas vias de Deus


Nicolau de Flüe, ou Bruder Klaus (irmão Klaus), como é conhecido em sua pátria, nasceu em Sachseln, no cantão de Unterwald, na Suíça, em 1417.

Os biógrafos não são concordes quanto à sua origem: “De uma família de bons e piedosos pastores”, dizem os Bolandistas.(1) “De uma das mais nobres e antigas famílias do país”, diz outro biógrafo.(2) O que prevalece é que ele pertencia a uma abastada família, muito influente no povoado natal.(3)

Seja como for, seus biógrafos afirmam que Nicolau era um “jovem casto, bom, virtuoso, piedoso e sincero, dado à oração, mortificado, e que cumpria conscienciosamente seus deveres”.

Diz um seu biógrafo: “Nicolau deixou de ser criança tão cedo, que parecia ter-se antecipado nele a piedade à razão, assim como a razão à idade. Notou-se desde logo nele um juízo tão maduro, um entendimento tão claro e uma prudência tão superior a seus anos, que se creu que havia alcançado o uso da razão antes de sair do berço, contra as regras ordinárias da natureza”.(4)

Outra nota dominante nesse privilegiado santo é a constância no humor, bondade de coração e suavidade de trato, que atraíam todos seus concidadãos.


Uma arma numa das mãos e o terço na outra

Em 1446, aos 29 anos, Nicolau foi defender seu cantão na batalha de Ragaz. Participou de outras campanhas, inclusive a de 1460, chamada guerra de Thurgau. Demonstrou tanta bravura nessa guerra, que recebeu uma medalha de ouro. Por sua influência, salvou do furor dos confederados o convento dominicano de Santa Catarina, onde os austríacos se haviam refugiado. “Irmãos, disse-lhes, não mancheis com a crueldade a vitória que Deus nos deu”.

Na guerra Nicolau levava a espada numa das mãos e o terço na outra. Mostrou-se sempre um guerreiro corajoso e um cristão misericordioso.



Modelar família de dez filhos
Para obedecer aos pais, casou-se com uma conterrânea virtuosa, Dorotéia Wyss. Tiveram dez filhos, cinco homens e cinco mulheres. Nicolau dedicou-se inteiramente à educação da numerosa prole, tanto religiosa quanto civil. Dois de seus filhos chegaram a ser sucessivamente governadores do cantão, desincumbindo-se do cargo com honra e eficiência. Um terceiro, que ele fez estudar em Bâle e Paris, tornou-se piedoso sacerdote, doutor em teologia.

Em sua vida matrimonial, Nicolau não só não arrefeceu na prática da virtude, mas cresceu ainda em devoção. Para satisfazê-la, segundo seu filho João de Flüe, “meu pai ia sempre se deitar na mesma hora que seus filhos e domésticos; mas todas as noites eu o via levantar-se de novo e rezar em seu quarto até a manhã”.(5) Muitas vezes ele ia também, no silêncio da noite, rezar na vizinha igreja de São Nicolau ou caminhar pelos bosques circunvizinhos. Essas caminhadas noturnas, em que ele se sentia mais perto de Deus, eram para ele as melhores horas.

Nicolau tinha uma profunda devoção à Santíssima Virgem, terna e inflamada, e não havia conversa em que ele não entremeasse frases sobre as excelências, o poder e a bondade dessa terníssima Mãe. Ele fazia periodicamente peregrinações aos seus inúmeros santuários.

Mesmo trabalhando no campo, o santo não deixava seu rosário, que aproveitava para rezar em qualquer tempo livre.

Chamado a uma dedicação total a Deus
Nicolau apareceu diante dos parentes e amigos descalço, com longa túnica de peregrino, pedindo perdão por alguma falta involuntária. O amor às coisas celestes e algumas visões que teve fizeram reavivar em Nicolau o desejo de se dedicar exclusivamente a Deus. Estava chegando aos 50 anos, os filhos estavam praticamente criados, e não havia mais tempo a perder. Procurou sua virtuosa esposa e explicou-lhe a vocação que Deus tão prementemente lhe dava, suplicando-lhe liberdade para segui-la. Estavam casados havia 20 anos, tinham numerosa prole com alguns filhos ainda pequenos. Mas a heroica mulher, conhecendo bem seu marido e sabendo que não se tratava de um fervor passageiro ou fantasia, com uma resignação tranquila consentiu, prometendo terminar de educar os filhos no temor e amor de Deus.

Com exceção da abnegada Dorotéia, todos os parentes foram contra essa ideia que lhes pareceu estapafúrdia, inclusive os dois filhos mais velhos, se bem que só momentaneamente.

No dia 16 de outubro de 1467, tendo posto em ordem seus negócios e dividido seus bens, Nicolau apareceu diante dos parentes e amigos descalço, com longa túnica de peregrino, bastão numa das mãos e o terço na outra. Agradeceu o bem deles recebido e pediu perdão por alguma falta involuntária. Exortou a todos a temerem a Deus e a jamais esquecerem seus mandamentos. Depois, dando a bênção a todos, partiu, com o coração dilacerado pela afeição ao que deixava.


Por 20 anos, seu único alimento foi a Eucaristia.
Nicolau pensou em ir para outro país para estar mais longe daquilo que amava. Mas depois, por uma inspiração do alto, voltou para uma sua propriedade, onde construiu pequena cabana para nela viver entregue à oração e à contemplação. Seu irmão Pedro foi procurá-lo, resolvido a levá-lo de volta para casa, alegando que poderia morrer de frio ou fome, isolado no terrível inverno suíço. Nicolau respondeu-lhe: “Saiba, meu irmão, que não morrerei de fome, pois já fazem onze dias que não como e não sinto necessidade de alimento. Tampouco morrerei de frio, pois Deus me sustém”.

E aqui está o mais impressionante milagre da vida de São Nicolau de Flüe, raro mesmo nos anais da santidade: durante os últimos 20 anos de sua vida, ele não comeu nem bebeu, mas viveu só da Sagrada Eucaristia!

Mas ele não fez isso sem aconselhamento, para não tentar a Deus. Um venerável sacerdote, o Pe. Osvaldo Isner, pároco de Kerns, deixou este relato no livro de sua paróquia, em 1488: “Quando Nicolau começou a se abster de alimentos naturais, e havia assim passado onze dias, mandou procurar-me e me perguntou secretamente se devia tomar algum alimento [...]. Em seus membros não restava senão pouca carne, pois tudo estava dessecado até a pele. Quando vi e compreendi que isso não podia provir senão da boa fonte do amor divino, aconselhei ao irmão Nicolau que persistisse na prova tão longamente quanto lhe fosse possível suportar sem perigo de morte [...]. Foi o que fez: desde esse momento até sua morte — quer dizer, por volta de vinte anos e meio — continuou a se abster de qualquer alimento corporal [...]. Ele me confessou que, quando assistia à Missa e o padre comungava, recebia uma força que lhe permitia permanecer sem comer e sem beber, pois de outro modo não poderia resistir”.(6) “Se durante 20 anos — diz o Papa Pio XII — ele se alimentou unicamente do pão dos anjos, este carisma foi o complemento e a paga duma longa vida de domínio de si mesmo e de mortificação por amor de Cristo”.(7)

Grandes conversões seguidas de maravilhas
 A cela do santo em Ranft, à qual foi anexada uma capela, conservada com rendas dos arquiduques Quando começou a se propalar esse fato prodigioso, uma multidão crescente passou a acorrer de todos os cantos para ver o homem a quem Deus dava tal graça. Os magistrados da cidade enviaram guardas, que ocuparam durante um mês, dia e noite, as redondezas da cabana do irmão Nicolau e comprovaram que o piedoso eremita não tomava mesmo outro alimento que a Sagrada Eucaristia.

O bispo de Ascalão foi à própria cela de Nicolau, obrigando-o, em virtude da obediência, que comesse o alimento e tomasse o vinho que havia levado. Tentou fazê-lo, mas imediatamente começou a sentir tão violentas dores de estômago, que se temeu por sua vida. E não se insistiu mais sobre isso.

Continuando a crescer o número de peregrinos que vinham ver o irmão Nicolau, seus concidadãos lhe edificaram uma cela de pedra, com uma capela anexa, à qual a piedade dos arquiduques da Áustria assinalou as rendas necessárias para sua conservação e manutenção, com um capelão para servi-la. Assim Nicolau pôde assistir diariamente ao Santo Sacrifício sem sair de sua cela.

Aumentando ainda o afluxo dos fiéis, o irmão Nicolau, para lhes fazer algum bem, começou a fazer-lhes uma prática espiritual. Com isso reformaram-se os costumes, houve grandes conversões seguidas de muitas maravilhas. Ele tinha o dom dos milagres e da profecia.

“Retirar-se do mundo não marcou todavia, para São Nicolau, o fim duma obra histórico-política. Foi antes um princípio de mais pronunciada fase. Nicolau fora juiz e conselheiro do seu cantão. Fora também deputado na Dieta federal de 1462 e recusara o cargo de chefe de Estado. O seu influxo nos assuntos federais mostra-se já evidente no tratado de paz perpétua com a Áustria em 1473. Evitando a guerra civil, fez renascer a unidade da Suíça, o que lhe valeu o título de ‘Pai da Pátria’. Em 1481, quando Unterwald estava decidido a separar-se de Lucerna e de Zurique, o que poria fim à existência da Confederação, um emissário da Assembleia, que se dispunha a homologar a ruptura, correu a trazer a notícia ao ermitão de Ranft. Nicolau passou a noite a redigir um projeto de constituição que, no dia seguinte, foi aprovado por unanimidade pela mesma Assembleia, o que restabeleceu para sempre a unidade e a paz”.(8)

* * *


Uma das mais terríveis profecias feitas por São Nicolau foi a respeito da pseudo-reforma protestante, que haveria de dividir também seu país. Predisse que, após sua morte, “vão chegar infelizes tempos de revolta e de dissensões na Igreja. Ó meus filhos — disse ele com lágrimas nos olhos — não vos deixeis seduzir por nenhuma inovação! Uni-vos e mantende-vos firmes. Permanecei na mesma via, nos mesmos caminhos que nossos piedosos ancestrais, conservai e mantende o que nos foi ensinado. É assim que resistireis aos ataques, aos furacões, às tempestades que se elevarão com tanta violência”.(9)

São Nicolau de Flüe faleceu no dia 21 de março de 1487, aos 70 anos, sendo canonizado por Pio XII em maio de 1947.


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Notas:

1. Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo 4º, pp. 83-84.

2. Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1947, tomo II, p. 311.

3. Por exemplo, The Catholic Encyclopedia, Volume XI, Copyright © 1911 by Robert Appleton Company, Online Edition Copyright © 2003 by Kevin Knight.
4. Edelvives, id. Ib.

5. Les Petits Bollandistes, op. cit., p. 85.

6. Id., p. 87.

7. In Pe. José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1993, vol. I, p. 363.

8. Id. , p. 363.

9. Guido Goerres, Le Bienheureux Nicolas de Flue, traduit de l’allemand. In Les Bollandistes, op. cit., p. 91.


(Fonte: site Catolicismo, de Plínio Maria Solimeo)


terça-feira, 15 de novembro de 2016

SANTO ALBERTO MAGNO, Bispo e Doutor da Igreja.



Neste dia 15 de novembro, celebra-se Santo Alberto Magno, Doutor da Igreja e padroeiro dos estudantes de ciências naturais. Era considerado um grande especialista e um dos homens mais inteligentes da história da humanidade. Mas, a sua memória prodigiosa e seu notável espírito científico se devem a um acordo com a Virgem Maria.

Santo Alberto nasceu em Lauingen (Alemanha), por volta de 1206. Aos 16 anos, começou a estudar na Universidade de Pádua (Itália), onde conheceu o Beato Jordão da Saxônia, da Ordem de São Domingos, que o acompanhou em seu processo para ingressar nos dominicanos. Mais tarde, ocupou altos cargos como professor na Alemanha.

Em Paris, centro intelectual da Europa Ocidental naquela época, obteve o grau de professor e, diz-se que eram tantos os estudantes que frequentam suas aulas, que teve que ensinar em praça pública. Este lugar leva o seu nome, é a Praça “Maubert”, que vem de “Magnus Albert”.

 
Foi eleito superior provincial da Alemanha e, posteriormente, nomeado reitor de uma nova universidade em Colônia, onde teve como discípulo outro grande nome da Igreja, Santo Tomás de Aquino.

Foi uma grande autoridade em filosofia, física, geografia, astronomia, mineralogia, alquimia (química), biologia etc., assim como no que diz respeito à Bíblia e à Teologia. É o iniciador do sistema escolástico. No entanto, mantinha-se humilde e nunca deixou a oração e os sacramentos.

Em Roma, chegou a ser teólogo e canonista pessoal do Papa. Depois, foi ordenado Bispo de Regensburg, serviço ao qual renunciou tempos depois para se dedicar a formar e ensinar. Em 1274, participou ativamente no II Concílio de Lyon.

Até aqui, não cabia dúvida de que se tratava de um intelectual fora do comum. Porém, em 1278, enquanto dava aulas, subitamente sua memória falou e perdeu a agudeza do entendimento. Então, compreendeu que seu fim estava chegando.

Santo Alberto contou que, quando era jovem, os estudos eram difíceis para ele e, certa noite, tentou fugir do colégio onde estudava. Quando chegou ao topo de uma escada encostada na parede, encontrou a Virgem Maria.

“Alberto, por que em vez de fugir do colégio não reza para mim, que sou ‘Casa da Sabedoria’? Se tem fé em mim e confiança, eu te darei uma memória prodigiosa”, disse-lhe a Mãe de Deus.

“E para que saiba que fui eu que te concedi, quando for morrer, esquecerá tudo o que sabia”, acrescentou a Virgem. Isto se cumpriu. Dois anos mais tarde, o Santo partiu para o Céu muito pacificamente, sem doenças e enquanto conversava com seus irmãos em Colônia.


“Santo Alberto Magno – disse o Papa Vento XVI em 2010 – recorda-nos que entre ciência e fé existe amizade, e que os homens de ciência podem percorrer, através da sua vocação para o estudo da natureza, um autêntico e fascinante percurso de santidade”.

(Fonte: ACI digital)















quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Beato Manuel Lozano Garrido – “Lolo”, Leigo da Ação Católica.



Fiel leigo que soube irradiar em seu exemplo e seus escritos o amor a Deus, inclusive entre as enfermidades que o sujeitaram a uma cadeira de rodas durante quase 25 anos. Ao final de sua vida perdeu também a vista, mas continuou ganhando os corações para Cristo com sua alegria serena e sua fé inquebrantável. Os jornalistas poderão encontrar nele um testemunho eloquente do bem que se pode fazer quando a pena reflete a grandeza da alma e se coloca a serviço da verdade e das causas nobres (Papa Bento XVI – 13 de junho de 2010).

 Manuel Lozano Garrido, Lolo, nasceu em Linares – Espanha – em 1920. Aos 22 anos ele ficou numa cadeira de rodas devido a uma paralisia progressiva. A sua imobilidade foi total. Em seus últimos nove anos ficou cego.

Lolo foi um jovem secular, um cristão que levou a sério o Evangelho. Manteve sempre a alegria no seu constante sorriso. Homem do sofrimento,foi semeador da alegria nas centenas de jovens e adultos que se aproximavam dele em busca de um conselho.

Beato Manuel Lozano e sua irmã e cuidadora
Lúcia. O beato, mesmo em meio às dores, mantinha-se
sempre feliz, sorridente e sereno. 
O Segredo de Lolo para viver o sofrimento com alegria
Lolo foi um jovem amante dos esportes e da natureza, muito alegre nas suas travessuras infantis e, na sua juventude, transbordava de alegria. Formou-se apóstolo na Ação Católica.
Na Ação Católica aprendeu a amar com loucura a Virgem Maria e, ao longo dos seus vinte e oito anos de escritor e jornalista inválido, escreveu-lhe belíssimas páginas cheias de amor e ternura filial.
Na Ação Católica adquiriu seu fervor eucarístico que vai acompanhá-lo por toda a vida.
Um dia, estando já paralítico, na varanda de sua casa que ficava em frente à Igreja que estava com as portas abertas, parou de escrever e disse: “Agora, frente a frente com o sacrário, vou escrever, com Ele, um parágrafo”.


A experiência eucarística de Lolo

Na adolescência ele levava a Eucaristia clandestinamente aos prisioneiros durante a Guerra Civil Espanhola. Passou a noite inteira de quinta-feira Santa na prisão adorando o Santíssimo Sacramento na Eucaristia que lhe tinham dado escondido num ramo de flores.
A Eucaristia é para Lolo fortaleza na sua debilidade, alegria no seu sofrimento, fonte na sua inquietação apostólica e manancial para a sua escrita.


Apóstolo
Numa época de perseguição religiosa, percorre os bairros com a propaganda da Ação Católica e evangeliza através da rádio. Este Lolo inquieto e mensageiro recebe a visita do sofrimento: “Aparentemente o sofrimento mudou o meu destino de um modo radical. Deixei as aulas, desfiz-me do meu título e fiquei reduzido à solidão e ao silêncio. O jornalista que eu quis ser não ingressou na escola; o pequeno apóstolo que sonhava a ser deixou de ir aos bairros; mas o meu ideal e a minha vocação tenho-os ainda agora diante, como a plenitude que nunca pudera sonhar”. Este apóstolo da Ação Católica recebe de Deus a “vocação” do doente: “minha profissão: inválido”.

E é tal a sua invalidez que no dia a dia vai perdendo todos os seus movimentos. O seu corpo converte-se numa massa retorcida de ossos doloridos, mas nunca se queixa nem fala de si mesmo. No entanto, quando perde o movimento da mão direita, aprende a escrever com a mão esquerda. Quando também a mão esquerda se paralisa, fala e dita para um gravador, convertendo-se assim, num escritor e jornalista a partir da cadeira de rodas.
Quando ainda podia mexer os dedos deram-lhe uma máquina de escrever. A primeira frase que escreveu:

“Senhor, obrigado por esta máquina. Que o Teu Nome seja sempre a força da alma desta máquina... que a Tua Luz e transparência esteja sempre na mente e no coração de todos aqueles que trabalharem com ela, para que o que se faça com ela seja nobre, limpo e transmita esperança”.

Imóvel a partir de sua cadeira de rodas, Lolo funda o Sinai – grupos de oração através da imprensa. Cada grupo de 12 doentes e um convento de clausura tomam sobre si o “cuidado espiritual” da imprensa. Ao todo, chegou a reunir cerca de 300 doentes graves que, em "parceria" com alguns conventos de clausura, ofereciam seus sofrimentos e orações pela imprensa católica. 
Como Moisés, que orava de braços levantados no monte Sinai para ajudar Israel, todos os doentes, que não podiam levantar os seus braços nem andar com seus pés, convertem-se em apoio para os jornalistas.

Devido a complicações de seu próprio estado de imobilidade (grande propensão a doenças respiratórias), morreu no dia 3 de novembro de 1971. O milagre para sua beatificação: a cura instantânea e inexplicável de um menino gravemente enfermo, com a imposição do crucifixo que o Beato trazia em suas mãos na hora da morte) foi aprovado pelo Papa Bento XVI em 2009.  No dia 12 de junho de 2010, celebrou-se a sua Beatificação, tendo presentes as suas irmãs: Lucia (que também foi sua cuidadora) e Expectacion.



O crucifixo do milagre para a Beatificação.