Outro "desconhecido" do público católico em nosso país é este grande Servo de Deus: o recentemente proclamado Venerável Frei João Pedro de Sexto São João, presbítero capuchinho, missionário e fundador.
Dedicou-se incansavelmente às missões na região do Pará, em aldeias, povoados, locais de dificílimo acesso, tudo fazendo, empreendendo todos os esforços possíveis para levar Cristo, a presença da Igreja e dos sacramentos às almas.
Roguemos ao Senhor que um dia seja beatificado e, se possível, canonizado, e sua memória não se extinga jamais.
Nascimento.
O Venerável Servo de Deus
Frei João Pedro de Sexto São João (Clemente Recalcati) nasceu e foi batizado no
dia 09 de setembro de 1868, em Sexto São João, Itália. Naquela época, Sexto São
João era uma pequenina vila, povoada por agricultores e que distava seis milhas
de Milão.
Filiação.
foram seus pais
Carlos Recalcati e Giudita Strada, que eram pobres e humildes, mas, profundamente
cristãos. Jamais descuidaram o dever de educadores da fé e plasmadores da
personalidade dos filhos que Deus lhes confiava.
Infância e Adolescência.
Foi uma criança
que, precocemente, demonstrou sentimentos de amor a Deus. Gostava de rezar e
era misericordioso, especialmente, com os pobres. Na escola, chegava a repartir
sua merenda com quem não tinha nada.
Era piedoso e,
por várias vezes, foi descoberto rezando diante de Nossa Senhora, em seu
quarto. Tinha uma devoção especial e um amor ardente a Jesus Sacramentado e
quando era mandado fazer uma pequena compra, ele não voltava para casa sem
antes entrar na Igreja.
A mãe,
percebendo a demora, quis segui-lo e acabou surpreendendo-o em oração diante do
altar.
Foi também um
jovem sincero, aplicado, cumpridor do dever, amante do estudo, dócil e
tranquilo, dado à piedade e apaixonado pela Missão.
Homem maduro,
preparado para o sacrifício, trabalhador, humano e compreensivo no
relacionamento com os outros. Possuía um caráter amável e paterno.
Bastavam poucas
palavras para incentivá-lo ao zelo, à coragem cotidiana, ao sacrifício, ao
serviço generoso de Deus e do próximo.
Inteligência,
vontade, energia, entusiasmo apostólico, tudo nele visava a realizar uma grande
obra, com coração grande e generoso, com plena confiança na Providência Divina
e na bondade fundamental dos homens.
Pe. Debois disse
que até o rosto e os olhos de Frei João Pedro tinham uma transparência de paz,
bondade, certeza de Deus; era um íntegro homem do evangelho.
Missionário
Frei João Pedro
fez-se frade capuchinho para ser missionário. Cristo e seu Reino eram o centro
de sua vida. Impulsionado pelo ideal missionário, enfrentou florestas, sertões,
áreas pantanosas, viagens perigosas e enfadonhas; a fé e o amor a deus eram sua
alegria. Quando se referia a essas viagens dizia: “as duras, mas gostosas fadigas das missões”…
Sobre os ideias
e fundamento da Missão fundou a CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS MISSIONÁRIAS CAPUCHINHAS
para ocupar-se da Educação da Juventude feminina no Prata (PA).

SUA
ESPIRITUALIDADE
Seguindo o seu
exemplo, as Irmãs Missionárias Capuchinhas realizam seu trabalho na Educação,
nas Obras Sociais, no meio dos pobres e na Missão da gentes como um serviço
missionário para o Reino de Deus, em fidelidade ao Dom recebido de seu
Fundador: “Ide com CORAGEM e santa
ALEGRIA evangelizar os povos, ide instruir e catequizar todas as gentes e
derramar sobre elas a infinita MISERICÓRDIA divina”.
Perfil do Servo
de Deus traçado pelos
bispos e padres que conheceram frei João Pedro de Sexto e pelos frades que
viveram com ele.
Frei Marcelino escreve:
“Tipo perfeito
de Missionário modelo, religioso moldado no mais puro espírito seráfico, a sua
vida foi a de um santo, assim o testemunham seus contemporâneos”.
Difícil tarefa
traçar-lhe o perfil. Entretanto, seus escritos refletem a beleza de sua alma de
escol. A confiança na Divina Providência, a caridade fraterna, o zelo pela
observância regular, a abnegação e o desprendimento, o amor aos pequeninos e
aos pobres – falam as substanciosas Circulares dirigidas a seus Religiosos.
O esplendor de
suas belas qualidades era realçado pela humildade verdadeiramente franciscana
que servia de sólido pedestal à justa fama que atraía para ele as multidões.
Verdadeiro
sacerdote fazia de si mesmo uma ponte para Deus, um veículo de sua graça e de
sua luz.
Pobre de bens
materiais era riquíssimo de espírito e de coração. E desta plenitude distribuía
de mãos largas com todos que se lhe acercavam. Muitos foram os que receberam
dele guia, conforto e orientação.
Suas mãos
ungidas semearam o bem, derramaram o balsamo do perdão em corações angustiados.
Seus pés evangelizaram a paz, percorreram longos e ásperos caminhos.
De suas mãos
benfazejas junto às almas bem se poderia dizer: onde havia o ódio colocava o
amor, onde a dúvida fazia brilhar a fé, onde o erro punha a verdade.
Como já se
disse, era um homem de critério certo e seguro em resolver os mais difíceis
problemas. Homem de bom senso, que atinava o sentido das coisas, sabia colocar
a mão sobre o ponto vital de uma questão e colocar os pés sobre o terreno
sólido dos fatos. Homem de pulso firme que desprezava a acidentalidade para ir
à essência das coisas, dando jatos de luz e jatos de energia; se impunha a
todos, mas de uma caridade e de uma brandura diante do arrependido, do sofrido,
do perseguido, que chegava a roubar-lhe o coração, conseguindo a amizade,
levantando o ânimo e ganhando-o para sempre. Ao lado de tudo isso, um grande
amor ao hábito e uma afeição radical à Missão.
Frei João Pedro
era um verdadeiro consultor junto às Autoridades eclesial e civil. Os bispos de
Manaus, do Maranhão, do Ceará e, especialmente, o Arcebispo do Pará, o
estimavam, pediam seu conselho e, muitas vezes, era chamado para dar sua
opinião sobre delicadas questões. O Governador do Pará, Doutor Augusto
Montenegro, e outras autoridades paraenses o chamavam: homem de valor, pelo
critério, retidão de ideia e integridade de caráter.
Sua vida, se
excetuarmos as poucas excursões apostólicas, passou sempre no comando da
mística barca que dirigia. Parecia que fosse indicado por Deus para governar
homens e coisas.
Tudo isso,
evidentemente, supõe a existência de um acúmulo de virtudes não comuns: aquele
espírito de Capuchinho e aquela linha característica de Frade Menor, que sem
esta rica bagagem dos dotes que possuía bem pouco valor teria e, muito pouco
teria conseguido fazer, daquilo que realmente fez.
Frei João Pedro
de Sexto nos parecia como o tipo perfeito de Missionário modelo, de
administrador exímio e consciencioso, do Superior manso, conforme o Coração de
Jesus, moldado no mais puro espírito Seráfico. E, enquanto existir um de nós
que com ele haja convivido, tal há de ser a impressão pessoal do nosso
inesquecível Superior, perpetua há de ser a sua memória, gloriosa nos anais da
nossa Missão, cujos alicerces ele ajudou a implantar e a que deu um magnífico
desenvolvimento, não só pelo alargamento material do nosso campo de ação, como
pela sabedoria com que a soube dirigir e governar, por tantos anos, dando-lhe o
realce de tantos trabalhos maravilhosos, de tantas utilíssimas instituições
introduzidas”.
Frei Alfredo de
Martinengo,
vigário da Missão afirmava: “Alma cheia de bondade, santo e modelo de
sacerdote, Frei João Pedro passou por esta terra como verdadeiro apóstolo do
bem, como destinado aos grandes sacrifícios […]. Perdemos um amigo sincero, um
guia seguro, um pai amoroso […], foi homem bom, justo, sincero lutador pela
causa do bem, foi modelo de verdadeiro Missionário Capuchinho”.
Santinho Maria
Coutinho,
Arcebispo em Belém, entre outras coisas disse: “Seu grande amor pelos pobres,
não morrerá jamais! Frei João Pedro permanecerá uma imagem puríssima, doce e
paterna do bom operário evangélico que entregou tudo para a salvação e a
felicidade dos outros. Foi seu amor extraordinário à Igreja que o impeliu para
o serviço generoso e desinteressado dos irmãos. O fundamento sólido do seu
espírito, imbuído e cimentado de fé vivíssima, tornou-o forte nas dificuldades
e nas provações e afinou sua alma a ponto de dar-lhe aquela transparência
sublime através da qual se enxerga o além. O seu zelo apostólico foi realmente
extraordinário”.
Mons. João
Ferreira Muniz
(Regente arquidiocesano de Belém) declarou: “Eu conheci poucos homens zelosos,
sinceros e humanos, dedicados ao serviço da Igreja e dos irmãos como Frei João
Pedro. Missionário incrivelmente afável, compreensivo, modesto. Nunca recorri a
ele pedindo ajuda de pessoal, ou implorando que quisesse assumir compromissos
de paróquias, desobrigas e pregações, sem ser atendido. E às vezes dava para
perceber a sua dificuldade real e insuperável. A minha estima e a minha
veneração por ele foram aumentando à medida que ia descobrindo as riquezas do
seu espírito”.
Pe. Dubois afirmou: “Até o
rosto e os olhos de Frei João Pedro tinham uma transparência de paz, bondade,
certeza de Deus; era um íntegro homem do Evangelho”.
– Existe uma
carta do Prata (PA), que alguém escreveu, mas quis ficar no anonimato: “Ele vai
viver no coração de muitos pela sua bondade, pelo seu amor aos pobres,
humildes, doentes e marginalizados, e a todos aqueles que, passando
necessidades, recorriam a ele que os escutava, consolava e ajudava. O seu
exemplo permanece luminoso”.
– D.
Francisco de Paula e Silva, arcebispo de São Luís, conheceu Frei João
Pedro pessoalmente: “inteligência, vontade, energias, entusiasmo apostólico,
tudo nele visava realizar uma grande obra de bem, com coração grande e
generoso, com plena confiança na Providência e na bondade fundamental dos
homens”.
– Mons.
Vicente Ferreira Galvão (governou a diocese na vacância entre D. Xisto
Albano e D. Francisco) disse de Frei João Pedro: “era um dever e uma honra
servir aos bispos e ajudá-los, através de um esforço incansável por parte de si
mesmo e dos missionários, para cumprirem o seu compromisso pastoral. O espírito
de Deus estava nele, a sua obra viverá duradoura. As bênçãos do povo para os
missionários e para o seu superior serão um testemunho constante e luminoso de
que o bem tem o seu esplendor neste mundo”.
– Dr. Holanda referindo-se a
ele como um homem de coração grande e misericordioso, principalmente para a
juventude pobre falou: “Pai e benfeitor exímio que, quando tomava a peito um
empreendimento para o bem no nome de Deus, sabia conduzi-lo a termo custasse o
que custasse”.
– D.
Joaquim Vieira, bispo de Fortaleza, chamou-o de apóstolo extraordinário
ao serviço de Deus e da Igreja, “homem prudente, sábio e consagrado ao bem de
todos, que se entregou até o sacrifício de si”.
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Buscar a Deus é
a maior experiência que uma pessoa pode ter. A paixão por Deus é o grande
incentivo para sermos santos. A santidade é algo concreto e tem um perfil
definido: ser como Jesus, agir como Jesus agiria. O apóstolo Pedro nos fala
sobre isso: “Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar
de vocês, deixando-lhes o exemplo, para que sigam seus passos” (1Ped 2, 21).
Santidade não
diz respeito apenas ao espiritual. A santidade diz também respeito ao corpo.
Deus criou o ser humano com parte material, o pó da terra, e imaterial, o sopro
de vida (Gen 2,7). Seu desejo é que tenhamos uma santidade integral, que
envolva o corpo, a alma e o espírito. Santidade é algo que não se adquire em um
único momento, ela se desenvolve em um processo, é aperfeiçoada à medida que
eliminamos todo o mal: inveja, competição, concorrência, individualismo,
elementos destruidores da vida.
Santidade é uma
estrada que devemos percorrer em obediência a Deus: “Sede santos, porque eu, o
Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2).
(Fonte: site a vida do Servo de Deus João Pedro de
Sexto São João, sacerdote capuchinho)
Observação, o decreto da venerabilidade saiu no dia 21 de maio de 2022, juntamente com a feliz notícia da canonização dos Beatos João Batista Scalabrini e Artemide Zatti.
Vide em: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2022-05/joao-batista-scalabrini-canonizado-santo-causa-dos-santos.html
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