Jesus uma pessoa
politraumatizada
INTRODUÇÃO
Os estudos
médicos que procuram explicar a causa da morte de Jesus Cristo tomam como
material de referência um corpo de literatura e não um corpo físico.
Publicações sobre os aspectos médicos de sua morte existem desde o século I.
Hoje em
dia, com apoio dos conhecimentos da fisiopatologia do paciente traumatizado,
pode-se chegar a inferir as mudanças fisiológicas padecidas por Jesus Cristo
durante sua paixão e morte. Os relatos bíblicos da crucificação descritos
através dos evangelhos e a documentação científica a respeito, descrevem que
padeceu e sofreu o mais cruel dos castigos. O mais desumano e inclemente dos
tratamentos que pode receber um ser humano.
Descobrimentos
arqueológicos relacionados com as práticas romanas da crucificação oferecem
informação valiosa que dá verdadeira força histórica à figura de Jesus e à sua
presença real na história do homem.
Historicamente
este acontecimento se inicia durante a celebração da páscoa judia, no ano 30 de
nossa era. A Última Ceia se realizou na quinta-feira 6 de abril (nisan 13). A
crucificação foi em 7 de abril (nisan 14). Os anos do nascimento e da morte de
Jesus permanecem em controvérsia.
HORTO DAS OLIVEIRAS (GETSEMANI)
Os
escritores sagrados descrevem a oração do GETSEMANI com enérgicas expressões. O
que foi vivido por Jesus antes de ser aprisionado é citado como uma mescla
inexprimível de tristeza, de espanto, de tédio e de fraqueza. Isto expressa uma
pena moral que chegou ao maior grau de sua intensidade.
Foi tal o
grau de sofrimento moral, que apresentou como manifestação somática, física,
suor de sangue (hematihidrosis ou hemohidrosis). “Suor de sangue, que lhe
cobriu todo o corpo e correu em grosas gotas até a terra”. (Lc 22, 43).
Trata-se de
caso incomum na prática médica. Quando se apresenta, está associado a desordens
sanguíneas. Fisiologicamente é devida à congestão vascular capilar e
hemorragias nas glândulas sudoríparas. A pele se torna frágil e tenra.
Depois
desta primeira situação ocasionada pela angústia intensa, é submetido a um
jejum que durará toda a noite durante o julgamento e persistirá até sua
crucificação.
FLAGELAÇÃO
A
flagelação era uma preliminar legal para toda execução Romana. Despiam a parte superior
do corpo da vítima, amarravam-na a um pilar pouco elevado, com as costas
encurvadas, de modo que ao descarregar os golpes sobre ela nada perdessem de
sua força. E golpeavam sem compaixão, sem misericórdia alguma.
O
instrumento usual era um açoite curto (flagrum
ou flagellum) com várias cordas ou
correias de couro, às quais se atavam pequenas bolas de ferro ou pedacinhos de
ossos de ovelhas a vários intervalos.
Quando os
soldados açoitavam repetidamente e com todas as suas forças as costas de sua vítima,
as bolas de ferro causavam profundas contusões e hematomas. As cordas de couro
com os ossos de ovelha rasgavam a pele e o tecido celular subcutâneo.
Ao
continuar os açoites, as lacerações cortavam até os músculos, produzindo tiras
sangrentas de carne rasgada. Criavam-se as condições para produzir perda
importante de líquidos (sangue e plasma).
Deve-se ter
em conta que a hematidrosis tinha
deixado a pele de Jesus muito sensível.
Depois da
flagelação, os soldados estavam acostumados a fazer gozações humilhantes com
suas vítimas. Por isso foi colocada sobre a cabeça de Jesus, como emblema
irônico de sua realeza, uma coroa de espinhos. Na Palestina abundam os arbustos
espinhosos, que puderam servir para este fim; utilizou-se o Zizyphus ou
Azufaifo, chamado Spina Christi, de espinhos agudos, longos e curvos.
Além disso,
foi colocada uma túnica sobre seus ombros (um velho manto de soldado, que fazia
às vezes da púrpura com que se revestiam os reis, "clámide
escarlate"), e uma cana, parecida com o junco do Chipre e da Espanha como
cetro em sua mão direita.
CRUCIFICAÇÃO
Representação realística de Jesus Crucificado, conforme o Santo Sudário de Turim |
O suplício
da cruz é de origem oriental. Foi recebido dos persas, assírios e caldeus pelos
gregos, egípcios e romanos. Modificou-se em várias formas no transcurso dos
tempos.
Em
princípio o instrumento de agonia foi um simples poste. Em seguida se fixou na
ponta uma forca (furca), na qual se suspendia o réu pelo pescoço. Depois se
adicionou um pau transversal (patibulum), tomando um novo aspecto. Segundo a
forma em que o pau transversal ficasse suspenso no pau vertical, originaram-se
três tipos de cruzes:
A crux
decussata. Conhecida como cruz de Santo André, tinha a forma de X.
A crux
commissata. Alguns a chamam cruz do Santo Antônio, parecia-se com a
letra T.
A crux
immisa. É a chamada cruz latina, que todos conhecemos.
Obrigou-se
Jesus, como era o costume, a carregar a cruz desde o poste de flagelação até o
lugar da crucificação. A cruz pesava mais de 300 libras (136 quilogramas).
Somente o patíbulo, que pesava entre 75 e 125 libras, foi colocado sobre sua
nuca e se balançava sobre seus dois ombros.
Com
esgotamento extremo e debilitado, teve que caminhar um pouco mais de meio
quilômetro (entre 600 a 650 metros) para chegar ao lugar do suplício. O nome em
aramaico é Golgotha, equivalente em hebreu a gulgolet que significa “lugar da
caveira”, já que era uma protuberância rochosa, que teria certa semelhança com
um crânio humano. Hoje se chama, pela tradução latina, calvário.
Antes de
começar o suplício da crucificação, era costume dar uma bebida narcótica (vinho
com mirra e incenso) aos condenados; com o fim de mitigar um pouco suas dores.
Quando apresentaram essa beberagem a Jesus, não quis bebê-la. O que poderia
mitigar uma dor moral e física tão intensa, quando seu corpo, todo poli
contundido, só esperava enfrentar seu último suplício, sem alívio algum, com
pleno domínio de si mesmo?
Com os
braços estendidos, mas não tensos, os pulsos eram cravados no patíbulo. Desta
forma, os pregos de um centímetro de diâmetro em sua cabeça e de 13 a 18
centímetros de comprimento, eram provavelmente postos entre o rádio e os
metacarpianos, ou entre as duas fileiras de ossos carpianos, ou seja, perto ou
através do forte flexor retinaculum e dos vários ligamentos intercarpais.
Nestes lugares seguravam o corpo.
Colocar os
pregos nas mãos fazia com que se rasgassem facilmente posto que não tinham um
suporte ósseo importante.
A
possibilidade de uma ferida perióssea dolorosa foi grande, bem como a lesão de
vasos arteriais tributários da artéria radial ou cubital. O cravo penetrado
destruía o nervo sensorial motor, ou comprometia o nervo médio, radial ou o
nervo cubital. A afecção de qualquer destes nervos produziu tremendas descargas
de dor em ambos os braços. O empalamento de vários ligamentos provocou fortes
contrações nas mãos.
Os pés eram
fixados à frente do estípede (pequena pirâmide truncada) por meio de um prego
de ferro, cravado através do primeiro ou do segundo espaço intermetatarsiano. O
nervo profundo perônio e ramificações dos nervos médios e laterais da planta do
pé foram feridos.
Foram
cravados ambos os pés com um só prego ou se empregou um prego para cada pé?
Também esta é uma questão controvertida. De acordo com os estudos do Santo Sudário de Turim, os pés foram pregados com um único cravo. Porém, São Cipriano
que, mais de uma vez tinha presenciado crucificações, fala em plural dos pregos
que transpassavam os pés.
São Militão
de Sardes escreveu: “os padecimentos
físicos já tão violentos ao fincar os pregos, em órgãos extremamente sensíveis
e delicados, faziam-se ainda mais intensos pelo peso do corpo suspenso pelos
pregos, pela forçada imobilidade do paciente, pela intensa febre que
sobrevinha, pela ardente sede produzida por esta febre, pelas convulsões e
espasmos, e também pelas moscas que o sangue e as chagas atraíam”.
Não faltou
quem dissesse que os pés do salvador não foram cravados, mas simplesmente
amarrados à cruz com cordas; mas tal hipótese tem em contra, tanto o testemunho
unânime da tradição, que vê em Jesus crucificado o cumprimento daquele célebre
vaticínio: "transpassaram minhas mãos e meus pés" (Sl 21); como nos
próprios evangelhos, pois lemos em São Lucas (Lc 24, 39-40) “vejam minhas mãos
e meus pés; sou eu mesmo; apalpem e vejam. E, dito isto, mostrou-lhes as mãos e
os pés”.
Diz
Bosssuet: "como descrever os padecimentos morais que nosso Senhor Jesus Cristo
suportou durante sua horrorosa agonia, quando uma multidão saciava seus olhos
com o espetáculo daquela agonia, acompanhando-o com todo tipo de ultrajes que
lhe encheram até o último momento? Além disso, sofria ao ver o olhar abnegado
de sua mãe e de seus amigos, a quem suas dores tinham prostrado em profunda
tristeza. Todo Ele era, digamos assim, um tormento em seus membros, em seu
espírito, em seu coração e em sua alma".
De todas as
mortes, a da cruz era a mais desumana, suplício infame, que no império romano
se reservava aos escravos (servile suppliciun).
Depois das
palavras no Getsêmani vêm as pronunciadas no Gólgota, que testemunham esta
profundidade, única na história do mundo: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"
Suas palavras não são só expressão daquele abandono, são palavras que repetia
em oração e que encontramos no salmo 22.
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INTERPRETAÇÃO FISIOPATOLÓGICA DA MORTE DE JESUS
CRISTO
Na morte de
Jesus vários fatores puderam contribuir. É importante ter em conta que foi uma
pessoa poli traumatizada e poli contundida; desde o momento da flagelação até
sua crucificação.
O efeito
principal da crucificação, além da tremenda dor, que apresentava em seus braços
e pernas, era a marcada interferência com a respiração normal, particularmente
na exalação.
O peso do
corpo pendurado para baixo e os braços e ombros estendidos, tendiam a fixar os
músculos intercostais em um estado de inalação, afetando, por conseguinte, a
exalação passiva. Desta maneira, a exalação era principalmente diafragmática e
a respiração muito leve. Esta forma de respiração não era suficiente e logo
produziria retenção de CO2 (hipercapnia).
Para poder
respirar e ganhar ar, Jesus tinha que apoiar-se em seus pés, tentar flexionar
seus braços e depois deixar-se desabar para que a exalação ocorresse. Mas ao
deixar-se desabar, produzia-se, igualmente, uma série de dores em todo o seu
corpo.
O
desenvolvimento de cãibras musculares ou contratura tetânicas devido à fadiga e
a hipercapnia afetaram ainda mais a respiração. Uma exalação adequada requeria
que se erguesse o corpo, empurrando-o para cima com os pés e flexionando os
cotovelos, endireitando os ombros.
Esta
manobra colocaria o peso total do corpo nos tarsais e causaria tremenda dor.
A somatória de torturas da crucifixão causavam dores e sofrimentos atrozes aos condenados. Foi assim que nosso Deus e Senhor condenado por causa de nossos pecados. |
Mais ainda,
a flexão dos cotovelos causaria rotação nos pulsos em torno dos pregos de ferro
e provocaria enorme dor através dos nervos lacerados. O levantar do corpo
rasparia dolorosamente as costas contra a trave. Como resultado disso, cada
esforço de respiração se tornaria agonizante e fatigante, eventualmente levaria
à asfixia e finalmente a seu falecimento.
Era costume
dos romanos que os corpos dos crucificados permanecessem longas horas pendentes
da cruz; às vezes até que entrassem em putrefação ou as feras e as aves de
rapina os devorassem.
Portanto
antes que Jesus morresse, os príncipes dos sacerdotes e seus colegas do
Sinédrio pediram a Pilatos que, segundo o costume Romano, mandasse dar fim aos
justiçados, fazendo com que lhe quebrassem suas pernas a golpes. Esta bárbara
operação se chamava em latim crurifragium (Jo 20, 27).
As pernas
dos ladrões foram quebradas, mais ao chegar a Jesus e observar que já estava
morto, deixaram de golpeá-lo; mas um dos soldados, para maior segurança, quis
dar-lhe o que se chamava o "golpe de misericórdia" e transpassou-lhe
o peito com uma lança.
Modelo da lança romada usada para perfurar o Santo Lado de Cristo |
Neste
sangue e nesta água que saíram do flanco, os médicos concluíram que o
pericárdio, (saco membranoso que envolve o coração), deve ter sido alcançado
pela lança, ou que se pôde ocasionar perfuração do ventrículo direito ou talvez
havia um hemopericárdio pós-traumático, ou, representava fluido de pleura e
pericárdio, de onde teria procedido a efusão de sangue.
Na ponta da seta, mancha causada pelo extravazamento de sangue e plasma do Santo Lado de Cristo. |
Com esta
análise, ainda que seja conjectura, aproximamo-nos mais da causa real de sua
morte: um possível infarto agudo do miocárdio, com perfuração da parede do
ventrículo direito, hemopericárdio e tamponamento cardíaco.
Interpretações que se encontram dentro de um rigor científico quanto a sua
parte teórica, mas não são demonstráveis com análise nem estudos
complementares.
As mudanças
sofridas na humanidade de Jesus Cristo foram vistas à luz da medicina, com o
fim de encontrar realmente o caráter humano, em um homem que é chamado o filho
de Deus, e que voluntariamente aceitou este suplício, convencido do efeito
redentor e salvador para os que criam nEle e em seu evangelho.
REFERÊNCIAS
1. Sermo de
Passione
2. São
Justiniano, Dial, c, Tryph, 97,98,104, e apol, 135; Tertuliano, adv. Marc,
3. Camargo
Rubén. Jornal El Heraldo. B/quilla, Col 1990
4. Rev.
Med. Jama 1986;255;1455-1463
5. Fragm,
16
6. Tractac
in Joan, 36,4 - De obitu Theodos, 47 e 49
7.
Séneca,Epist,101; Petronio, Sat 3,6; Eusebio, Hist,eccl,8,8
8. Carta
Apostólica Salvifici Doloris 1984
9. Louis
Claude Fillion. Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tomo III
FONTE:
Detalhes da crucificação de Jesus
Cravos: tinham de
13 a 18 centímetros de comprimento por 1 centímetro de diâmetro.
Mãos:
perfurações no antebraço, entre o rádio e o cúbito, ou nas palmas, entre os
metacarpos.
Feridas: o chicote
romano (flagrum) tinha pedaços de ossos ou de metal nas pontas de suas três
tiras, o que chegava a arrancar pedaços de pele e ferir órgãos internos. Cristo
sofreu duas séries de 39 chicotadas. Ou seja, contando-se as três tiras, Ele
levou 234 açoites.
Sofrimento espiritual e emocional: maior do
que as dores físicas de Cristo foi Sua agonia espiritual. Um com o Pai desde a
eternidade, sofreu Seu completo afastamento. Jesus foi misteriosamente feito
“maldição” (Gl 3, 13) em nosso lugar, levando sobre Si os pecados de todos.
Roupas:
provavelmente Jesus foi exposto completamente nu perante a multidão.
Pés: foram
pregados juntos ou separados. Os cravos e o peso do corpo castigavam os
sensíveis nervos plantares.
Via Dolorosa:
calcula-se que o trajeto que Cristo carregou a parte horizontal da cruz, de
cerca de 50 a 100 quilos, foi entre 900 e 1.500 metros, até o Calvário. Em
parte desse trajeto, a cruz foi levada por Simão, cireneu.
Escuridão: ao
meio-dia, surgiu uma escuridão inexplicável em volta da cruz. Nela, Deus
escondeu a agonia final de Seu Filho.
Multidão: assim
como os líderes religiosos, a multidão era uma massa de manobra das forças do
mal. Todos zombavam de Cristo, mas, com a escuridão, o terremoto e as palavras
de Cristo, foram tomados pelo medo.
Calvário:
localizava-se possivelmente onde hoje é a Igreja do Santo Sepulcro ou no Jardim
de Gordon; uma elevação de quase 5 metros, que lembra uma caveira. O Jardim de
Gordon é o local mais provável, pois se encontra fora dos muros da Jerusalém
antiga.
Mãe: Cristo
sofreu por Sua Mãe, que acompanhava pia e corajosamente a Sua crucificação, e a
entregou aos cuidados do discípulo amado João.
Placa:
geralmente continha o nome e a condenação dos crucificados.
Coroa:
provavelmente feita do espinheiro de Jerusalém (Paliurus spina christi) ou do
espinheiro-de-cristo sírio, foi fixada e batida repetidamente sobre a cabeça de
Cristo, ferindo o nervo trigêmeo, causando uma dor que nem a morfina é capaz de
amenizar.
Sede: Jesus
também sofreu ardente sede, pois não havia bebido nada desde a noite anterior,
carregou a cruz, perdeu muito sangue e sofreu intensa febre, devido às
inflamações.
Corpo: sofreu
cãibras, espasmos, desidratação, poli contusões e exalação insuficiente com
retenção de gás carbônico no sangue e nos pulmões (hipercapnia).
Vinagre: desde que
chegou ao Calvário, durante a crucifixão e ao fim dela, os soldados
ofereceram-Lhe vinagre, vinho azedo misturado com água e vinho com mirra, para
aliviar Sua dor, mas Cristo recusou-Se a bebê-las, para manter-Se consciente e
não fugir à Sua missão.
Lança: quando a
morte na cruz precisava ser adiantada, dava-se um “golpe de misericórdia”,
chamado crucifragium, quebrando-se a
tíbia (osso da canela). Mas isso não foi preciso, pois Jesus morreu antes. Para
assegurarem Sua morte, Ele foi ferido com uma lança.
Sangue e água: a lança
provavelmente atingiu o pericárdio e a pleura pulmonar, e fez jorrar sangue e “água”
(na verdade, plasma sanguíneo), fruto de acúmulo de sangue no espaço pleural
(pela flagelação) e no pericárdio (por perfuração espontânea da musculatura, no
infarto). Supõe-se que foi por essa razão que jorrou sangue e água da ferida. Com a morte de Cristo, o sangue coagulou,
separando os componentes celulares do plasma sanguíneo.
Vitória: ao gritar
“está consumado” (em grego tetelestai, que pode significar “está pago”), Jesus
não morreu como uma vítima frágil, mas como um herói. Cumpriu Sua missão,
salvou a humanidade.
Morte:
provavelmente por parada cardiorrespiratória. Além dos sofrimentos físicos, o
coração de Cristo não suportou o peso dos pecados da humanidade.
Terremoto: às 15
horas, após Cristo gritar duas vezes e dar Seu último suspiro, ocorreu um
terremoto com tremor que fendeu rochas e abriu túmulos.
Tempo na cruz: os
crucificados permaneciam vivos de 18 horas a alguns dias. Jesus ficou na cruz
entre as 9 horas e as 15 horas (segundo relato de São Marcos) ou das 12 às 15
horas (segundo os demais evangelistas). Seus graves ferimentos e o sofrimento
espiritual foram determinantes para Sua morte rápida.
Getsêmani: o
sofrimento de Cristo começou pelo menos dez horas antes da cruz quando começou
a sentir o peso dos pecados humanos. Seu sofrimento psicológico foi tão grande
que O fez suar gotas de sangue. Esse fenômeno raro na literatura médica é
conhecido como hematidrose.
Cruz: a pena de
morte por crucificação já era praticada desde o século 6 a.C. por persas e
babilônios, até que foi proibida pelo imperador Constantino, em 337 d.C. Há
quatro tipos conhecidos de cruz: decussata (em forma de X), quadrata
(em forma de +), comissa
(em forma de T) e imissa (em forma da cruz, como a conhecemos). Certamente, a
cruz de Cristo foi do tipo comissa ou
imissa, pois, a própria palavra para
crucificar no Novo Testamento é stauros, que significa colocar em um
tau (nome da letra T em grego). Se considerarmos a necessidade de se pregar uma
placa, é possível que a cruz como a conhecemos possa ter sido a utilizada.
Partes da cruz: as cruzes
romanas eram compostas de duas partes: stipes e patibulum. A stipes era o
poste, que geralmente permanecia no local de suplício e tinha cerca de 5 metros
de altura e 70 quilos. O patibulum era a parte horizontal, geralmente carregada
pelo condenado até o local de execução. Tinha cerca de 2,5 a 3,0 metros e por
volta de 50 a 100 quilos. Possivelmente, o encaixe entre as duas partes era
feito no chão, onde o crucificado era pregado, para depois ser erguido e a cruz
ser encaixada no buraco previamente feito.
Assento: algumas
cruzes tinham uma sedicula, pedaço de
madeira fixado à altura do quadril para apoiar o corpo, facilitar a respiração
e aumentar o tempo de suplício.
Embalsamamento: o ritual
judaico de sepultamento durava entre cinco e seis horas, pois envolvia lavar o
cadáver, perfumá-lo com aromas frescos, embalsamá-lo e envolvê-lo em faixas.
Para se evitar esse trabalho no sábado, o ritual foi adiado para a manhã de
domingo.
Deus,
anjos:
Deus Pai certamente estava junto a Cristo, na escuridão misteriosa,
compartilhando de Seu sofrimento, acompanhado de anjos celestiais. Todos,
porém, não podiam confortá-Lo. Cristo teria que levar sozinho o peso dos nossos
pecados.
Satanás, demônios: estavam
presentes e ativos entre a multidão. O inimigo torturava a Jesus, tentando
levá-Lo ao desespero e a desistir de Sua missão. Paradoxalmente, contra seus
próprios interesses, o inimigo não conseguia resistir ao prazer sádico de matar
o Filho de Deus.
O templo e as profecias: os
sacrifícios realizados no Templo apontavam para Cristo, o “Cordeiro de Deus”
(Is 53, 5- 6, 10). O início da crucifixão foi exatamente no horário do
sacrifício da manhã e o fim dela, no horário do sacrifício da tarde. Com a
morte de Cristo, o antigo sistema sacrifical perdeu a validade, e o véu do
Templo foi rasgado de cima a baixo (Mt 27, 51). De acordo com a profecia das 70
semanas de Daniel (Dn 9, 24-27), Cristo morreu no ano 31 d.C. Ou seja, a morte
de Cristo teve data e hora marcadas.
Caifás: na casa
desse sumo sacerdote, Jesus foi julgado. Em 1990, foi achado um ossuário,
contendo a inscrição em hebraico: “José, filho de Caifás”.
Pilatos:
arqueólogos italianos que escavavam um teatro romano em Jerusalém encontraram
uma pedra com a inscrição latina: “Pôncio Pilatos, prefeito da Judeia”.
Julgamento: o
julgamento de Cristo ocorreu durante a madrugada e à véspera de um sábado e de
uma grande festa religiosa – três infrações do registro escrito das tradições
judaicas, a Mishná, de acordo com o Sanhedrin 4,1.
Pretório: casa do
governador romano da Judeia. Em seu pátio, Jesus foi julgado, castigado e
condenado. Em 1930, escavações identificaram plataformas maciças do pátio da
fortaleza Antônia. Nessas plataformas, estavam gravados alguns desenhos de
jogos que soldados romanos faziam para passar tempo. As descrições desse
pavimento (lithóstotos) são muito semelhantes ao que se relata em João 19, 13.
Ressurreição: o anjo do
mais alto posto celestial, revestido de luz, foi comissionado a chamá-Lo e
rolou a pedra do sepulcro. Os guardas caíram ao chão. Posteriormente, os
discípulos O viram, tocaram nEle, compartilharam uma refeição e conversaram com
Ele.
Ressurreições: quando
Jesus ressurgiu, outras pessoas ressuscitaram das sepulturas abertas no
terremoto que ocorreu no momento de Sua morte (Mt 27, 51-53).
A verdade: os
discípulos mantiveram a versão de que Jesus ressuscitou, mesmo em face da morte
e sem ganhar qualquer vantagem. Se isso não fosse verdade, pelo menos um deles
negaria o fato.
Profecias: as
circunstâncias ligadas à morte de Cristo foram preditas séculos antes, no
Antigo Testamento. Confira algumas: julgamento fraudulento (Is 53, 8; Mt 26, 59);
abandono dos discípulos (Zc 13, 7; Mc 14, 27); sofrimento em silêncio (Is 53,
7; Mt 27, 12-14); morte substitutiva (Is 53, 5; 1Jo 2, 2); mãos e pés
traspassados (Sl 2, 16; Jo 20, 25-27); intercessão pelos transgressores (Is 53,
12; Lc 23, 34); morte junto a malfeitores (Is 53, 12;Lc 23, 34); zombaria (Sl
22, 7, 8; Mt 27, 41-43); roupas sorteadas (Sl 22, 18; Jo 19, 23s); separação de
Deus (Sl 22, 1; Mt 27, 46); traspassado pela lança (Zc 12, 10; Jo 19, 34);
sepultamento em túmulo de rico (Is 53, 9; Mt 27, 57-60).
Fontes:
Rubén Dario Camargo (Fisiopatologia da morte de Cristo); Rodrigo Cardoso (Como
Jesus foi crucificado? IstoÉ, de 1/4/2010); Rodrigo Silva (Escavando a Verdade,
CPB, 2007 e A Arqueologia e Jesus, Perspectiva, 2006); Frederick Zugibe (A
Crucificação de Jesus, Matrix, 2010). Postado
por Angelo Repetto