1.Breve
perfil da vida
a) A infância, a educação e a conversão.
Irmã Emanuela
Maria Magdalena (Chaje) Kalb nasceu em 26 de agosto de 1899 em Jarosław próximo
a Przemyśl, na região sudeste da Polônia (Galícia Oriental), sujeita então a
dominação austríaca, em uma família hebreia, de muita fé, filha de Schie
(Osias) Kalb e Jütte (Ida) Friedwald. Logo após seu nascimento, a família Kalb
mudou-se para Rzeszów, cerca de 60 km da Jarosław. Chaje (seu nome na versão polonesa: Helena) foi a primogênita de
seis filhos.
Seus pais eram
de confissão hebraica; o pai era comerciante; a mãe era dona de casa e,
naturalmente, a ela cabia em grande parte a educação dos filhos. Chaje e os seus irmãos tiveram uma
atenta educação na religião de seus pais. A mãe, à noite, frequentemente lia as
Sagradas Escrituras (para os judeus há somente a Torá/Lei, os Profetas, os
Salmos e os Livros Sapienciais) a seus filhos e lhes contava sobre a vinda do Messias
esperado. Desde o início, foi instilado no coração de Chaje um imenso desejo de
encontrar a Verdade, de conhecê-La, de amá-La; e, ao mesmo tempo, o amor do
próximo, a sensibilidade às suas necessidades e a preocupação pelo bem dos
outros.
Ao longo do
tempo, a família sofreu provas muito dolorosas: o pai, antes da guerra mundial
de 1914, partiu para a América em busca de trabalho (Chaje não o encontrou
mais) e morreu ali nos anos 20. Em 1916, morreu Jütte, sua mãe, que durante a
epidemia de tifo tinha cuidado dos enfermos e foi contagiada. Esta morte feriu
profundamente o coração dos filhos e influiu decisivamente sobre os
acontecimentos de sua vida no futuro. Os mais velhos, desde então, tiveram que,
eles mesmos, ganharem seu sustento cotidiano. O cuidado dos menores (Natan e Rachel)
coube aos parentes, que, depois de um breve período de tempo, decidiram
entregar-lhes a um orfanato mantido por hebreus.
Chaje, entre os
anos 1905-1915, recebeu a instrução base nas escolas elementares publicas em
Rzeszów e continuou sua educação no ginásio do local. O caminho até a fé, por
ela percorrido, a fez passar por meio do esforço de buscar pela única Verdade,
de reconhecer em Cristo o Messias esperado e da escolha radical por Jesus, seu
Mestre e Esposo. Depois da morte de sua mãe, aos dezessete anos, adoeceu e em
um hospital encontrou umas religiosas.
Fascinada por sua atitude de serviço desinteressado ao próximo, começou
a se relacionar com elas; durante os colóquios conheceu melhor a figura de
Cristo e acreditou firmemente que Ele era o Messias prometido. Não se
importando com as dificuldades postas da parte da família, decidiu passar ao
catolicismo e, de fato, em 18 de janeiro
de 1919 recebeu o Santo Batismo na Basílica Catedral de Przemyśl, assumindo
o nome de Maria Magdalena. Esta
escolha na sua vida foi acompanhada não somente pelo abandono da própria
família, mas, também, pelo seu assíduo empenho de levar a Cristo seus irmãos
menores que permaneciam no orfanato: Natan e Rachel.
Em outubro de
1919, junto a eles chega a Miejsce Piastowe. Ficou em uma comunidade nascente,
que trabalhava no internato do Instituto “Trabalho e Temperança” (em 1928 foi
aprovado como Congregação de São Miguel Arcanjo) e permaneceu ali por alguns
anos. Seguindo seu conselho, os irmãos menores da Serva de Deus decidiram,
também eles, passarem ao Catolicismo e receberam, em 1921, o Batismo na Igreja
Católica. Maria Magdalena completou a sua instrução no Instituto Estatal de
Magistério de Krosno, e, em 1923, passou no exame que lhe dava o direito de
ensinar nas escolas públicas. Em 1925, desejando uma vida de clausura, deixou
Miejsce Piastowe.
Na memória, seja
das Irmãs de São Miguel Arcanjo como também na dos cidadãos de Miejsce
Piastowe, deixou um testemunho inesquecível de fidelidade nos cumprimentos dos
deveres cotidianos, sejam aqueles da construção da futura casa generalícia da
Congregação religiosa, sejam aqueles do ensinamento na escola; como também sua
atitude de oração, de recolhimento e de bondade para com todos que lhe eram
próximos.
Após ter deixado
Miejsce Piastowe e depois de um breve período vivido em Łomna, próximo a Turla
(agora Ucrânia), onde ajudou no Instituto mantido pelas Irmãs Franciscanas da
Família de Maria, seguindo um profundo desejo de dar-se ao Senhor na vida
religiosa, Maria Magdalena ingressou, em 1927, na Congregação das Irmãs Cônegas do Espírito Santo, em Cracóvia.
Admitida ao noviciado em agosto de 1928, recebeu o nome de Irmã Emanuela. Depois do
noviciado de dois anos, em 1930, fez a primeira profissão religiosa e, em
seguida, em 1933, a perpétua.
Na Congregação,
trabalhou como professora nas Escolas Elementares e nos Jardins de Infância
mantidos pelas irmãs. Sente-se responsável não somente por transmitir às
crianças as noções fundamentais definidas no programa, mas, também, por sua
educação religiosa, seu crescer no amor de Deus.
Além do
apostolado, gozando de plena confiança dos superiores, ocupou diversos postos
de responsabilidade no seio da própria congregação: foi por duas vezes mestra
de noviças, algumas vezes desempenhou o encargo de superiora local, assim como
de vigária em diversas casas.
De 1957 até o
fim de sua vida, viveu na comunidade de Cracóvia, edificando as irmãs com seu
dar-se totalmente a Deus, com sua fidelidade nos deveres de cada dia na vida
religiosa, com a sua oração, simplicidade, disponibilidade e amor ao próximo.
Não deixou nunca de se dedicar àqueles que tinham necessidade dela.
Morreu na sua
cela no convento de Cracóvia, cercada pelas Irmãs em oração, em 18 de janeiro
de 1986, aos 87 anos.
Levava uma vida
interior muito profunda. O confirmam os apontamentos escritos por ela todos os
anos, desde seu ingresso na Congregação até os últimos anos de sua vida, enquanto
fazia os exercícios espirituais. Além disto, por ordem do confessor e dos
superiores, escreveu o Diário. Nesse apresentou o seu caminho à fé católica,
anotou algumas experiências interiores, as graças da oração e a experiência da
união muito íntima com Cristo.
Sua nota
distintiva é a sua solicitude pela salvação dos outros. Escreveu no Diário: “Vivo a união ao Crucificado. Gerar, no
sofrimento, as almas! Sobre a terra, além disso, não desejo um amor diverso”.
Em espírito de
reparação e de sacrifício se ofereceu totalmente a Deus. Fez atos de oferta
pela conversão de Israel: “para que
conheça a Luz da Verdade, que é Cristo”. Durante a II Guerra mundial,
preparou os hebreus para o Batismo na Igreja Católica colocando em risco a
própria vida.
Sentia também um
chamado particular de Cristo para rezar pelos sacerdotes, e, de modo particular,
por aqueles que viviam uma crise de fidelidade, sobretudo no período depois do
Concílio Vaticano II. Com essas intenções suportou as dores, as provas de fé,
os sofrimentos físicos (40 anos com a perda de audição). Dedicava-se à oração,
fazia penitência, aceitava penitência no lugar dos outros, para salvar aqueles
que estavam em perigo de pecar.
A sua profunda
humildade, o reconhecimento da própria nulidade, a doação a Deus e a união
íntima com Cristo Salvador, a introduziram em uma profunda compreensão do
Mistério do Sacrifício Eucarístico, por ela revivido interiormente. Escreve no
seu Diário: “Deus meu, que coisa
significa as mais sublimes graças da oração, diante de uma só Comunhão
Eucarística! Aqui há tal união, o nosso ser é tão absorvido por Deus, que nos
tornamos um com Ele, inseparavelmente”.
Participava
sempre da Santa Missa com extraordinário recolhimento e, quando era possível, assistia
e participava mais vezes durante um mesmo dia.
Passara horas inteiras em adoração diante do Santíssimo Sacramento.
Unida ao Crucificado, vive o seu amor a Ele no caminho da fidelidade, pedindo: “Jesus, escutai-me, porque desejo com toda a
alma ser uma santa heroica; amar-Te com o Teu próprio amor. Dá-me a graça para
fazê-lo e toma-me como oferta pela conversão das almas”.
A verdade fundamental de que devemos ter consciência
é aquela de que somos guiados pelo amor. O amor nos acompanha e nutre propósitos
cheios de bondade em relação a nós. Devemos submeter-nos com docilidade e com
total confiança
(Notas, 10).
Como posso exprimir aquele esplendor que às vezes Tu
me concedes experimentar. É um mistério que se pode viver, mas exprimi-lo com
palavras me é impossível. Fascina-me aquilo que em Ti é indescritível; Adoro-te
porque És Aquele que É. (Diário, 1933).
Aqui, é preciso tornar-se Jesus Crucificado. O Pai
Celeste nos reconhece como seus filhos, quando ele vê, reconhece em nós, Jesus
Crucificado, o próprio Filho morto na Cruz, que diz: “Tudo está consumado!” (Jo 19,30). (Diário
1982).
Senhor meu, se me manténs junto a Ti, completamente
em Ti, poderei pedir-Te tudo, em particular, quando Te peço constantemente,
fortemente pelos sacerdotes que te abandonaram, para que retornem (Diário 1983).
É graça maior poder sofrer com Jesus no silêncio
total, do que receber os mais altos dons místicos. Eis porque nos são dadas as
graças da oração: afim que sejamos capazes de sofrer junto a Ele, por Ele e
pelo bem das almas. Deus realiza a Sua obra maior sobre a Cruz… (Exercícios
espirituais, 1969).
Ser santa não
significa realizar milagres. Consiste somente em amar a Jesus com todo o
coração. Deus quis que
tudo o que acontece, todas as criaturas, tudo possa me ajudar a louvá-Lo e a
sustentar-me para alcançar a santidade. – “Te amo, meu Deus. Transforma-me à
Tua semelhança. Purifica-me do meu amor próprio. Toma posse da minha mente, da
vontade e todas as potências. Viva em mim Tu somente”. (Exercícios
Espirituais, 1932)
A santidade consiste na fadiga de sacrificar a vida
inteira. Não desanimes. Quem não desanima, mas segue o caminho com
perseverança, estes realizarão grandes coisas. É preciso tender firmemente a
Deus.
(Exercícios Espirituais, 1938)
Dizia ao Senhor: “Oh Senhor, me cansa tanto viver,
desejo voltar já para Ti”.
– Sabes quantas almas se podem salvar por meio da
oração e dos sacrifícios? Não queres me ajudar na salvação das almas?
Deus meu, eu quero, quero viver mesmo até o fim dos
tempos, para poder conquistar-Te as almas, que Tu amas tanto assim. (Notas, 2º)
Que coisa podemos dar ao Senhor? É Ele mesmo a nossa
propriedade. Portanto, também o seu Sangue derramado pela salvação do mundo nos
pertence. No amor tudo se torna comum. Portanto, à imensidade do seu Amor, uno
uma migalha do meu eu. Assim, será um grande dom e se poderá obter muito. (Carta a
Josefina, 1981).
Esforçar-se para que todos compreendam que Deus é
Amor e que de Seu Amor brota a Misericórdia. Podemos obter tantas graças de
Deus se somente soubermos unir o nosso ’nada’ à Oferta de Jesus; em particular,
se o fazemos durante a Santa Missa, em que Ele se oferece ao Pai por nossa
salvação. Está aqui a certeza, e nosso
tesouro maior, de onde conseguiremos [a graça]. Certo, as nossas obras de
penitência é preciso uni-las aos sofrimentos do Salvador e assim essas
alcançaram um grande valor. É
importante, e o deverias saber: as nossas obras têm valor somente enquanto
unidas a Ele.
(Carta a Josefina, 1981)
De verdade vale à pena sofrer, vale à pena oferecer
a própria vida por uma causa maior que a própria vida e que merece, portanto,
gastar por essa todas as forças. (Diário, 1946).
Deus Onipotente e Misericordioso, que chamastes a tua serva
Irmã Emanuela à união mais íntima com Teu Filho Jesus Cristo, derramando no seu
coração o espírito de contemplação e de zelo pela salvação das almas, por sua
intercessão, escutai minha oração e concedei-me a graça…
Acendei em mim o espírito de amor, de penitência e de expiação, para que eu, seguindo seu exemplo, cumpra na minha vida a Tua Vontade, até o fim. Amém.
Pai Nosso, Ave
Maria, Glória.
Fonte:
Site polonês das
Cônegas do Espírito Santo: http://www.kanoniczki.pl/
Um comentário:
Emanuela Kalb, intercedei por nós. Amém!
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