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Encontre o (a) Santo (a), Beato (a), Venerável ou Servo (a) de Deus

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Venerável Servo de Deus André de Burgio, irmão capuchinho.



Nascido em Burgio, em 10 de setembro de 1705, filho de Domenico Sciortino e Ninfa Colletti, foi batizado no mesmo dia, como era usado na época, na Igreja Matriz e recebeu o nome de Nicolau. Quando criança, ele era admirado por sua suavidade e pureza de costumes e sabedoria prematura. Quando adolescente, ajudava o pai nos campos e levava o rebanho para pastar. Em seu tempo livre, entregou-se à oração e à penitência, tanto que as pessoas já notavam nele sinais de futura santidade.

Aos 30 anos de idade, vestiu o hábito dos capuchinhos no convento do Monte San Giuliano em 24 de abril de 1735. Foi um exemplo para todos durante o ano do noviciado. Homem de vida de oração profunda e grande penitência, passou a vida rezando e mortificando-se com cilícios. Ele escolheu ser um irmão leigo e foi muito diligente em seu serviço, com todas essas virtudes características dos santos irmãos leigos da Ordem, como: São Félix de Cantalício, São Félix de Nicósia e outros. Assim como esses santos, recebeu do Céu também dons místicos de contemplação e e visões celestes. A Virgem Maria e o Menino Jesus o presentearam com aparições. 

Foi enviado por sua Ordem ao Congo para trabalhar nas santas missões. Ao longo da viagem, precedido por sua reputação de santidade, foi recebido em todos os lugares com entusiasmo. Em Lisboa, os soberanos de Portugal o tinham em alta estima. Eles imploraram que ficasse com eles, mas, foi inútil. No Congo, Frei André de Burgio viveu por dezessete anos, suportando os trabalhos mais humildes e desagradáveis com resignação heroica.

Aparição da Virgem e do Menino Jesus ao
piedoso capuchinho. 
Em 1762 ele recebeu ordens para retornar à Europa. Na viagem de volta passou por Lisboa. Desta vez, no entanto, o rei, José I, obteve do papa que ele permanecesse no palácio e lhe fez grandes honras. Mas, o humilde frade capuchinho, avesso a confortos e honrarias, pediu para voltar à Sicília. Foi enviado para os Capuchinhos de Palermo, onde morreu em 16 de junho de 1772, na mesma cela que São Bernardo da Corleone faleceu cento e cinco anos antes. Meses após sua morte, em 27 de janeiro de 1773, na presença de dois médicos, autoridades e numerosos fiéis, foi realizado o reconhecimento do corpo que foi julgado emanar odor muito suave: o de musgo misturado um bálsamo. Ele foi sepultado em um túmulo escavado no chão da Capela do Crucifixo, onde o Beato Bernardo foi enterrado antes. Uma placa ainda nos lembra o lugar onde estão seus restos mortais.

Imediatamente após a sua morte, seus coirmãos, os frades capuchinhos começaram a reunir informações sobre o confrade que morreu com fama de santidade, com a intenção de abrir em breve um julgamento para sua beatificação e canonização. Mas, o primeiro processo ordinário em Palermo começou apenas 56 anos depois, em 1828, enquanto em Agrigento, sua diocese de origem, em 1829: ambos terminaram no mesmo ano de 1830. Em 1833, em Palermo, foi realizado um Processo Adicional, que durou alguns meses, e depois, passou para o Processo Apostólico, que durou de 1838 a 1857, mas foi concluído em 1873.

Em 9 de fevereiro de 1873, o Santo Padre Pio IX assinou e promulgou o decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, proclamando solenemente suas virtudes heroicas, declarando-o digno de veneração por suas virtudes teologais de fé, esperança e caridade a Deus e ao próximo, bem como pelas virtudes cardeais da prudência, justiça, fortaleza e temperança, exercidas sempre de maneira heroica. No início dos anos 30, era necessário remover o corpo da Venerável André do lugar onde ele estava enterrado e, na ocasião, eles tentaram dar um lugar melhor a seus restos mortais. A autorização necessária foi solicitada e imediatamente concedida.

O primeiro reconhecimento foi feito em julho de 1935. Em 18 de agosto de 1937, tendo sido escolhido e preparado o lugar em forma de capela que ainda pode ser admirado na igreja capuchinha em Palermo, na presença das autoridades e uma multidão de devotos, aconteceu o reconhecimento e deposição do corpo do Venerável André de Burgio. Na frente do monumento, lemos em uma inscrição escrita em latim o seguinte: "que os ossos e as cinzas da Venerável André de Burgio, religioso professo da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, sejam mantidos em um lugar mais digno, neste monumento construído pela piedade dos religiosos e dos fiéis. Em 18 de agosto de 1937, para aqui eles foram movidos”.


Os restos mortais do nosso venerável capuchinho, estão agora colocados um pouco mais acima que debaixo da terra, estão mais expostos à veneração dos fiéis, na esperança que muitos ainda lembrem com devoção do “santo analfabeto”, que se aproximem dele para o “escutar” novamente nos dias de hoje, do silêncio de seu túmulo, seus sábios conselhos e implorar sua intercessão junto a Deus. Esperamos, portanto, que a memória desses ossos, que seja abençoada por eles e floresça onde eles descansam, para que este monumento possa em breve tornar-se um altar. Temos grande esperança, que na fé se torna certeza, que do céu olha para nós e nos abençoa, e está pronto para interceder por aqueles que se voltam para ele com um coração simples e dedicado, procurando-o e invocando-o como ele é: um “santo” analfabeto.


Urna com os restos mortais reconhecidos canonicamente.



Fonte:   
Vito Di Leonardi, Da Burgio un fiore cappuccino: Il Venerabile Fra Andrea, Ed. Oratoriane, Burgio 1997.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Servo de Deus Darwin Ramos, jovem leigo. Modelo de alegria e paz na doença.



O cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, aprovou em 29 de maio a abertura da causa de canonização de Darwin Ramos, um jovem que, quando criança, trabalhava como lixeiro nas ruas de Pasay, nas Filipinas. A investigação sobre a vida de Ramos necessária para a canonização será realizada no Tribunal diocesano de Cubao pelo padre dominicano francês, Pe. Thomas de Gabory, que será o postulador da causa.

"O Vaticano nos deu ‘luz verde’ para investigar mais profundamente sua vida, como ele viveu sua fé e como deu testemunho de Jesus, de quem era muito próximo", disse o bispo de Cubao, Honesto Ongtioco, ao CBCPNews. "Darwin é um exemplo de santidade. Sendo um menino de rua, afetado pela miopatia, ele estava intimamente ligado a Cristo em seu sofrimento e alegria ", disse Dom Ongtioco, de acordo com a Asia News.

Darwin Ramos nasceu em Manila (Filipinas) em 1994 e passou seus primeiros anos de vida nas favelas da cidade de Pasay. Para ajudar sua família que era pobre, ele trabalhou junto com sua irmã mais nova como um lixeiro nas ruas da cidade.



Desde a infância, ele começou a sofrer os primeiros sintomas da distrofia muscular de Duchenne. Esta é uma doença genética degenerativa que reduz a mobilidade do paciente até que ela seja eliminada completamente.

Conforme especificado pela Obra Missionária Pontifícia (OMP) da Espanha, em 2006, Darwin conheceu um grupo de educadores de crianças de rua da instituição Tulay ng Kabataan (uma ponte para as crianças), e entrou em um de seus centros de ajuda.

Durante sua estada no centro, ele descobriu a fé católica e pediu para ser batizado. No ano de 2007, com 13 anos, recebeu a Primeira Comunhão e o Sacramento da Confirmação. Sua capacidade de movimento foi reduzida muito rapidamente pela doença, mas, como relatado pela OMP, “impactava a todos, tanto à equipe como às outras crianças no centro, o modo como ele vivia a doença que o afligia”.

Darwin conquistou a equipe e as crianças da Fundação pelo modo como ele convivia com sua doença. A todos: companheiros e educadores, causava respeito e admiração por causa de sua conduta. As palavras que ele repetia frequentemente eram: "Obrigado" e "eu te amo".



Além disso, ele desenvolveu um profundo relacionamento pessoal com Cristo e não se passava nenhum dia que ele não tivesse tempo para rezar”. Ele estava atento a todos e mostrou seu apoio a outras crianças quando tinham problemas. Nunca reclamava e sempre sorria, mesmo em tempos difíceis. Quando falava sobre sua doença, ele chamava de "sua missão no mundo".

Em 2012, aos 17 anos, sua saúde piorou drasticamente e ele sentia dores terríveis até ao respirar. Mesmo nesses momentos de grande sofrimento e apesar do fato de que sua hora estava prestes a chegar, ele continuou a manter uma atitude amistosa, agradecendo a todos pelos serviços que lhe estavam sendo prestados.

Quinta-feira, 20 de setembro de 2012, Darwin viveu uma terrível batalha espiritual. Ele disse: "Eu estou lutando contra o diabo." Sexta-feira, Darwin parecia em paz e tinha um grande sorriso. Ele agradeceu àqueles que cuidaram dele e expressou sua alegria na esperança de logo encontrar o Senhor escrevendo “Um grande obrigado” e “Estou muito feliz”. Sábado, Darwin entrou em um grande silêncio enquanto permanecia consciente. Darwin entrega a alma a Deus no PCMC (Centro Médico Infantil das Filipinas, Quezon City), no domingo, dia 23 de setembro de 2012.


 Aqueles que o conheciam consideram-no "o mestre filipino da alegria".Com a abertura do processo de canonização, Darwin Ramos é agora Servo de Deus. Uma vez que a fase diocesana da investigação termine, o processo vai para o Vaticano, onde se estudará se o jovem viveu as virtudes cristãs de forma heroica, assim como a fama de santidade e as possíveis graças que podem ter sido feitas por sua intercessão.





Ao centro, lápide do túmulo do servo de Deus. Sua vida e
testemunho já atraem a devoção dos fiéis. 


Fonte:


sábado, 13 de julho de 2019

Venerável Servo de Deus Moisés Lira Serafín, presbítero e fundador.



O Venerável Servo de Deus Moisés Lira Serafín nasceu no dia 16 de setembro de 1893 em Tlatempa, Zacatlán, Puebla (México); no seio de uma família profundamente cristã, filho de Pedro Lira e de Juliana Serafín, os quais tiveram seis filhos.

Sua primeira infância se desenvolveu no ambiente tranquilo de Tlatempa, gozando da alegre presença de seus pais. Em 14 de setembro de 1898, quando ia completar cinco anos, morre sua mãe e isto deu uma reviravolta em sua vida, que começou a ser difícil e itinerante, pois Pedro, seu pai, era mestre e diretor da escola paroquial e, quando trasladavam o pároco a outro lugar, este costumava levar o mestre Pedro consigo, para que assumisse seu cargo no colégio.

Por sua parte, Pedro também levava consigo a seus filhos Moisés (ainda pequeno) e a Hermelinda, sua irmã, para que cuidasse do pequeno irmão. Pedro contraiu matrimônio, pela segunda vez, deixando a Moisés com o cura Francisco Hernández, pois, Hermelinda, sua irmã, havia se casado em Amozoc. O adolescente conheceu a Madre Victoria Ortega, religiosa Josefina, que se interessou por ele, ao ver sua especial inteligência, simplicidade, ingenuidade, candura e grande amor à Eucaristia, virtudes que davam indícios de uma boa vocação ao sacerdócio.

A madre lhe propõe entrar no seminário, debaixo do cuidado de uma benfeitora, a senhora Petra Munive, que apoiava às vocações religiosas até chegarem ao sacerdócio. Ela o aceita como se fosse membro de sua família e, a partir desse momento, assume para si o cuidado por ele.

O Venerável e seu fundador, o Padre Félix Rougier. 


O venerável servo de Deus ingressa no Seminário Palafoxiano de Puebla, onde cursou quatro anos de latim, como aluno externo. Em 1912, fez seus primeiros exercícios espirituais, sendo decisivos em sua vida. Convidado pelo padre Félix de Jesús Rougier, entra a tomar parte da recém-fundada Congregação dos Missionários do Espírito Santo (cuja mãe espiritual da obra é a Beata Maria de La Concepción Cabrera de Armida), sendo o primeiro noviço. Professou no dia 04 de fevereiro de 1917. Foi ordenado sacerdote no dia 14 de maio de 1922 e, no dia 25 do mesmo mês, faz sua profissão perpétua. Seus primeiros anos de ministério foram marcados pela perseguição religiosa (a famigerada perseguição movida pelo próprio governo maçônico – comunista do presidente Plutarco Calles), fato que não impediu seu zelo apostólico: visitava aos enfermos nos hospitais, ia aos cárceres levando o consolo de Jesus Eucarístico; celebrava, confessava, era generoso e valente: se expunha à prisão, ao desterro e, inclusive, à morte.



Após seu regresso de Roma, em 1928, continua seu apostolado no confessionário, onde passava largas horas aconselhando e orientando. Seu método: a exigência, a ternura, a ação de Deus, a compreensão, a lembrança, propiciar a união com Deus, despertar a inquietude por um compromisso apostólico. Desejava fazer o bem em todas as suas formas. O seu zelo apostólico levou-o a formar grupos de acólitos e catequistas, acompanhou com entusiasmo as associações que lhe foram confiadas e estabeleceu grupos de jovens senhoras cujo objetivo era promover o crescimento espiritual e o exercício do apostolado.

Movido por seu desejo de fazer o bem e de demonstrar amor filial ao Pai do Céu, em 29 de março de 1934 fundou a Congregação das Missionárias da Caridade de Maria Imaculada, cuja missão é ajudar todos os homens a viverem como filhos amados de Deus. Viveu com autenticidade o espírito das Obras da Cruz, tornando sua vida uma oferta alegre ao Pai em amor, pureza e sacrifício; Seu lema foi o mesmo de Jesus: "faço sempre o que é do agrado de meu Pai".

O Servo de Deus morreu com uma fama de santidade em 25 de junho de 1950, na Cidade do México. Sua causa de beatificação e de canonização foi introduzida no ano 2000. A fase diocesana ocorreu de 04 de fevereiro a 18 de setembro de 2001; A fase na cúria romana começou em 25 de outubro de 2001.

Na Quinta-feira Santa de 2013, o Papa Francisco autorizou a Sagrada Congregação para a Causa dos Santos a promulgar o decreto pelo qual as "virtudes heroicas" do servo de Deus eram reconhecidas, concedendo-lhe o título de "Venerável". Agora, é esperar que seja aprovado um milagre para a beatificação e, posteriormente, um segundo milagre para a canonização, se Deus quiser.






Fonte: 





sexta-feira, 5 de julho de 2019

Beato Henri Vergés, Religioso Missionário na Argélia e Mártir



Acostumamo-nos a ver, junto aos santos, as insígnias do seu martírio ou algo da sua vida: um livro, uma espada, pobres, etc.. Mas o Ir. Henri veste um sorriso bem aberto, endossa um avental, avança tendo na mão uma romã e, à sua frente-lado, veem-se quatro jarros. Combina com que o Papa Francisco diria (aderindo a ele de imediato as ordens e institutos religiosos, entre eles os Maristas) da “Igreja em saída”, “Igreja do avental” ou “Igreja Mariana”. Como os outros mártires da Argélia, o Ir. Henri era um homem comum e corrente que não escolheu ser mártir nem herói, mas, simplesmente, cristão. Com ele, podemos descobrir a dimensão espiritual na vida quotidiana. Permaneceu na Argélia por 25 anos, a serviço dos jovens.

O Beato Henri Vergès nasceu em 15 de julho de 1930, em Matemale, na França, na região dos Pireneus Orientais, aldeia do Capcir, na encosta de Aude, a 1500 metros de altitude. Era o primogênito dos seis filhos da família de José Vergès e de Matilde Bournet, modestos camponeses. O pai foi eleito prefeito do povoado. A mãe, totalmente votada ao lar, sabia dar atenção aos vizinhos pobres. Dessas raízes humanas ele colheu o sentido do trabalho, da simplicidade, da retidão, da resistência moral e da partilha.


Henri Vergès ladeado por seu pai, José, e por sua mãe, Matilde.

Aos 12 anos, deixou os pais para iniciar o aprendizado da vida marista, primeiro em Espira de l’Agly, perto de Perpignan, depois em Saint-Paul-Trois-Châteaux, na região provençal Drôme. Fez a primeira profissão religiosa em 1946, seguida de um ano preparatório ao exame do diploma elementar, em Notre-Dame de l’Hermitage, perto de Saint-Chamond, Loire, na casa construída por São Marcelino Champagnat, fundador dos Irmãos.


Henrique começou o apostolado de Irmão professor em outubro de 1947, em Saint-Geniez-d’Olt, no Aveyron. A saúde não resistiu a um trabalho intenso e a uma alimentação demasiado frugal. Ele festejou os 20 anos em Osseja, sanatório perto da sua terra natal. Foi um tempo de aprofundamento de sua vida religiosa.

Em 26 de agosto, Henri emitiu os votos perpétuos como Pequeno Irmão de Maria. Começou uma nova etapa de educador e professor em diversas escolas do Ardèche, em Cheylard e Aubenas. De 1958 a 1966, foi vice-mestre dos noviços, em Notre-Dame de Lacabane, em Corrèze. Com tenacidade de campônio, continuou a formação até licenciar-se em Filosofia.

Após o Capítulo Geral de 1967-68, do qual participou como delegado de sua província de origem, o superior lhe pediu que fosse à Argélia. Henri aceitou de bom grado: há muito tempo que desejava ir às missões. Empenhou-se resolutamente em estudar o árabe durante as férias de verão em família e desembarcou em Argel, em 06 de agosto de 1969, festa da Transfiguração.

A sua presença na Argélia, durante 25 anos, conheceu três etapas principais:

1969-1976: Escola São Boaventura, em Argel. Henri assume a direção durante seis anos, até a nacionalização.

1976-1988: Em Sour-El-Ghoziane, sobretudo como professor de Matemática.

1988-1994: Argel, Rua Ben Cheneb, no quarteirão da Casbah, como responsável pela biblioteca frequentada por mais de mil estudantes do Liceu. No seu gabinete de trabalho, foi assassinado, em 8 de maio de 1994, pouco depois do meio-dia, com a irmã Paul-Hélène, do Instituto das Irmãs da Assunção. 


“O caríssimo Irmão Henri foi testemunha autêntica do amor de Cristo, do seu despojamento em favor da Igreja e da fidelidade ao povo argelino” (palavras do Cardeal Duval, nas exéquias, em Nossa Senhora da África, em 12 de maio de 1994, festa da Ascensão do Senhor). 


Os amigos e irmãos de missão, a Beata Paul-Hélène e
Beato Henri Vergès, foram martirizados juntos.


Os dezenove Beatos Mártires da Argélia. 

Alguns textos de Henri Vergès

A pedido do Ir. Basílio Rueda, Superior Geral, Henri escreveu uma autobiografia, datada do 1.° domingo do Advento de 1978. A seguir consta a conclusão dela.

“HISTÓRIA DE AMOR”
Deus e a Virgem Maria sejam louvados por me terem chamado, por me terem dado a graça da fidelidade muito simples, à qual procuro responder do melhor modo possível. Obrigado aos meus Irmãos que me permitiram, pela sua própria fidelidade, às vezes pela sua fraqueza, que eu respondesse melhor ao apelo de Deus, incluindo alguns que deixaram o Instituto e continuam, para mim, muito queridos. Mistério... Obrigado aos meus pais, à minha família, a tantos amigos, sobretudo sacerdotes e religiosos, que me treinaram neste caminho do Amor. História de Amor que continua: que o Deus fiel nos conserve fiéis. FIAT, MAGNIFICAT.
  
Uns dez anos depois, Henri aceitou escrever o seu caminho espiritual “na casa do Islão”. Termina assim:

Em resumo, foi meu compromisso marista que me permitiu, apesar de minhas limitações, inserir-me harmoniosamente em meio muçulmano; a minha vida neste meio, na sua vez, me realizou mais profundamente, como cristão marista. Deus seja louvado! (Argel, Natal de 1989).

  

Por ocasião do Centenário da chegada dos primeiros Irmãos Maristas à Argélia, em março de 1891, Henri havia desfiado a Maria sua dezena argelina. Seguem algumas passagens:

Este ano cumpre-se nova etapa: Bab-el-Oued, Casbah. Discretamente perdidos no meio da multidão, eis-nos aqui, contigo, Maria, junto aos pobres, junto aos jovens, como presença humilde, sempre querendo estar disponível em prol da irradiação do teu Filho. E já temos encontros de visitação. Cante-se o Magnificat.

Não falemos da biblioteca. Já acolhemos mil e tantos jovens. Cercam-nos dezenas de milhares. Veja-se essa multidão ainda impregnada de fé, mas que ainda duvida de seu futuro. É uma juventude muitas vezes desamparada do que se apelida “terceiro mundo”. Mãe nossa, dai que logremos acender nesses jovens corações a esperança.

O Ribat é um elo de paz. Esse grupo nos acolhe; todos desejam uma aproximação mais espiritual do Islã e dos muçulmanos, na vivência cotidiana. Maria, vós caminhais conosco, às vezes na exaltação dessas maravilhas que se realizam na base, sinal profético, no espírito da fraternidade de Assis, ao qual se abre a Igreja do vosso Filho. 

Alguns apontamentos de Henri que traduzem a sua caminhada espiritual na última etapa.

Velar sobre esse dom que Deus me faz na singeleza de um olhar de adesão total, no mais fundo do meu ser, ao que ele quer a todo o momento, em toda a circunstância: devo ser simples e verdadeiro no amor, na sua presença. Com a Virgem Maria, eu me restauro e irradio a Eucaristia. (Tibhirine, 17-12-1983.)

Três critérios de apostolado para o Instituto: direcionamento aos mais pobres, educação marial, apelos da Igreja. (3-4-1984.)

Devo fixar o meu coração em Deus com Maria.

Senhor Jesus, entrego-me a ti para ser oferecido em ti e contigo totalmente ao Pai, no amor do Espírito Santo. Que a minha vontade seja a do Pai sobre mim e que ela possa cumprir-se cada dia até o fim. (Varennes-sur-Allier, julho de 1985.)

A Virgem Maria constitui a mais bela expressão do amor divino. A Virgem Maria é a mais bela resposta humana ao amor divino. Depois da encarnação tudo nos vem por meio de Maria, já que ela nos deu Jesus. Agora ela o dá e o faz crescer em cada uma das nossas almas, no seu papel insubstituível de Mãe.

Senhor Jesus, entrego-me a ti para ser entregue por inteiro, em ti e por ti, ao Pai, no amor do Espírito Santo. A minha vontade seja aquela do Pai sobre mim e que ela possa cumprir-se no suceder dos dias até o escopo final. (Escrito em julho de 1985, em Varennes-sur-Allier).

A medida do nosso sofrimento constitui a medida da nossa ação nas almas. Aos amigos, Jesus oferece a sua cruz. A cruz nos identifica com ele. Assim, vive-se de tal modo nele e com ele, que as almas, entrando em contato conosco, vão encontrar-se com Cristo (nota pessoal: aqui se vê que a alma do irmão marista já se encontra em um caminho de grande perfeição e compreensão do que é ser, verdadeiramente, discípulo de Cristo).

Jesus-Hóstia, centro da minha vida, prolonga a minha ação de graças em toda a manhã e, na tarde, ele prepara a minha comunhão do dia seguinte. Cumpre que faça de Jesus o meu amigo, o meu Irmão para a minha santidade de toda a minha vida. Ele deve ser a minha respiração, a minha força. Assim, as almas de que me encarreguei vão encontrá-lo mais segura e facilmente.

Deixar a paz de Cristo invadir-me sempre mais, no mais íntimo do meu ser: devo ter paciência, bondade comigo, bondade com todos, em particular com os jovens que o Senhor me confia. Virgem Maria, fazei-me instrumento de paz para o mundo.” “Esforço particular, neste ano, para uma atenção mais especial aos mais 'desfavorecidos' dos meus alunos. Desde o começo, procurar conhecer cada um pelo seu nome. Adaptar melhor as minhas aulas, sobretudo aos mais 'carentes', como me pede Marcelino Champagnat. (Notre-Dame de l’Hermitage, julho de 1987.)


Oração
Ó Pai, o Irmão Henri Vergès deu a sua vida, no seguimento de Jesus, na paciência do quotidiano, sempre disponível à vossa vontade. No meio dos jovens, ele foi homem de fé e de bondade, servo dos mais pobres e excluídos, testemunha autêntica do amor de Cristo. A seu exemplo, fazei de nós homens e mulheres de diálogo com os nossos irmãos do Islã, na discrição e no respeito.
Que a alegria pacificada e toda simples que ele manifestava, fruto da sua simplicidade de vida e da sua proximidade a Maria, habite em nós e atraia para o Vosso Reino muitos dos que pondes no nosso caminho. Nós vo-lo pedimos por Jesus, Vosso Filho, Nosso Senhor e Nosso Irmão. Amém.



Quem quiser assistir a um belo vídeo sobre o Beato, tem um, com legendas em português, no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=NuUsib21uwc

quarta-feira, 3 de julho de 2019

SANTA MARIA TERESA CHIRAMEL MANKIDIYAN, Virgem e Fundadora, Índia 1876-1926


Teresa Chiramel Mankidiyan nasceu em 26 de abril de 1876, em Puthenchira, no estado de Kerala (Índia). O nome de Maria foi adicionado anos depois, após ter uma visão da Mãe de Deus que lhe disse que também deveria ter esse nome.

Como escrevia na autobiografia, redigida por obediência ao seu diretor espiritual, desde a mais tenra idade sentiu um intenso desejo de amar a Deus, que a levava a ir à Missa diariamente com a sua mãe, a jejuar quatro vezes por semana e a recitar o Santo Rosário várias vezes por dia. Costumava deixar as brincadeiras de criança para rezar e fazer uma série de sacrifícios, orações, vigílias e jejuns que preocupavam sua mãe porque afetavam sua saúde. A sua mãe procurava dissuadi-la desses severos jejuns, mas ela persistiu neste gesto a fim de se assemelhar cada vez mais a Cristo sofredor, e chegou a consagrar a sua virgindade quando tinha apenas dez anos.

Como consequência da morte de sua mãe, interrompeu o estudo escolar, mas, continuou muito interessada no discernimento da sua vocação. Queria uma vida escondida para se dedicar à oração. Em 1891, decidiu sair de casa para levar uma vida eremítica e de penitência, mas, o seu projeto fracassou.

Intensificou então a sua colaboração na paróquia, juntamente com três companheiras, dedicando-se aos pobres, aos doentes, às pessoas abandonadas e aos órfãos. Orava pelos pecadores, fazendo contínuos jejuns pela conversão deles. Esse apostolado era demasiado revolucionário para os moralistas do seu tempo e por isso sofreu fortes críticas, inclusive nos ambientes eclesiásticos.

Recebeu muitos favores místicos de Deus, como ter visões de Nossa Senhora e dos Santos, assim como os estigmas de Cristo que recebeu em 1909 e que sempre manteve em segredo. Sofreu terrivelmente, também, ataques do demônio. Mas, permaneceu sempre no caminho da humildade e do escondimento. O seu bispo, duvidando da autenticidade de tais fenômenos místicos, mandou-a submeter-se várias vezes a exorcismos.
Em 1903, explicou ao Vigário Apostólico de Trichur o seu desejo de fundar uma casa de retiro e oração, mas, foi-lhe sugerido entrar no convento das Clarissas Franciscanas. Depois, tendo sido enviada ao convento das Carmelitas de Ollur, também ali Maria Teresa percebeu que não era essa a sua vocação.

Finalmente, o bispo compreendeu que Deus desejava uma nova congregação religiosa ao serviço da família. No dia 14 de Maio de 1914 foi erigida canonicamente a nova congregação, que se denominou Congregação da Sagrada Família. Durante e após os difíceis anos da Primeira Guerra Mundial, com indômita energia e total confiança na Providência divina, ela deu vida a três novos conventos, duas escolas, uma casa de estudos e um orfanato.

Após doze anos de muito trabalho, teve uma queda que lhe causou uma ferida, que não pôde ser controlada devido a diabetes que sofria. Morreu com fama de santidade no dia 8 de junho de 1926.



Foi beatificada por São João Paulo II em 9 de abril de 2000. Em sua homilia, o Papa peregrino disse:
“Desde a infância, Maria Teresa Mankidiyan sabia instintivamente que o amor de Deus por ela exigia uma profunda purificação pessoal. Comprometida numa vida de oração e de penitência, a disponibilidade da Irmã Maria Teresa em abraçar a Cruz de Cristo permitiu-lhe permanecer firme diante dos frequentes mal-entendidos e das árduas provações espirituais. Convicta de que ‘Deus dará a vida eterna àqueles que convertem os pecadores e os orientam pelo caminho reto’, a Irmã Maria consagrou-se a esta tarefa mediante visitas, conselhos, orações e a prática penitencial. Por intercessão da Beata Maria Teresa, todos os consagrados e consagradas sejam fortalecidos na própria vocação de rezar pelos pecadores e de atrair os outros a Cristo através de palavras e exemplos”.

Foi proclamada Santa da Igreja Católica, junto com outros quatro Beatos (entre eles nossa querida Irmã Dulce), no dia 13 de outubro de 2019, pelo Papa Francisco.

Sobre essa religiosa, o bispo indiano James Pazhayattil, falecido em 2016, disse que “se parece com Madre Teresa de Calcutá. Além de compartilharem o mesmo nome, têm em comum não só ter fundado uma congregação religiosa – uma, as Missionárias da Caridade, a outra, as Irmãs da Sagrada Família –, mas, sobretudo, as duas se caracterizam pelo serviço a favor dos marginalizados, dos pobres, dos doentes e dos moribundos”.

A congregação das Irmãs da Sagrada Família conta atualmente com cerca de duas mil religiosas que atendem escolas, hospitais, enfermarias, casas para pessoas com deficiência mental e física, centros sociais entre outras obras.