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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Santa Teresinha adota a alma do criminoso Pranzini


Henry Pranzini e Santa Teresinha quando criança.


A confiança da jovem Teresa de Lisieux na misericórdia divina lhe dava a certeza de que esse infeliz seria perdoado. Mas, pediu a Deus um sinal. E esse sinal lhe foi dado!

Adotar uma alma é sobrenatural: é de alma para alma. Quem sabe que no seu processo de conversão você humildemente não foi adotado por alguém? Adote uma alma!



Oração de Teresinha e a milagrosa conversão
 de Pranzini momentos antes de sua execução.
Em Henrique Pranzini, as qualidades naturais e os vícios disputavam a primazia. Falava na perfeição vários idiomas e viajara por muitos países. Aventureiro, alistara-se no Exército das Índias e foi lutar no Afeganistão. Depois ofereceu seus serviços ao Império russo para combater no Sudão.


Em 1887, ei-lo em Paris, onde se relacionou com a rica e tristemente célebre Regina de Montille. No intuito de, ao que consta, apoderar-se da fortuna dessa infeliz mulher, estrangulou-a a sangue frio, mais sua filha de doze anos e uma empregada.
Preso por esse tríplice assassinato, proclamou com cínica empáfia sua “inocência” e passou seus últimos dias lendo livros obscenos. Em vão vários sacerdotes o visitaram na prisão: não dava sinal algum de arrependimento e jactava-se de não temer a condenação eterna.
O fato repercutiu em toda a França e chegou ao conhecimento de uma graciosa jovem de quatorze anos, residente na pequena cidade de Lisieux: Teresa Martin, a futura Santa Teresinha.
Justamente nesses dias, Teresa sentia em sua alma um premente apelo de Jesus, que ela própria assim descreve: “Ele fez de mim uma pescadora de almas. Senti um grande desejo de trabalhar pela conversão dos pecadores. (…) Olhando uma fotografia de nosso Senhor crucificado, comoveu-me ver o sangue que corria de uma de suas mãos divinas e causou-me grande pena a consideração de que esse sangue caía por terra sem que ninguém procurasse recolhê-lo, e resolvi manter-me em espírito ao pé da Cruz para receber esse Divino Orvalho e distribuí-lo às almas (…) Eu ardia do desejo de arrancar das chamas do inferno as almas dos grandes pecadores”.
Henry Pranzini
Assim estava a santa “Pescadora de Almas” quando Pranzini foi condenado à morte. E ela se pôs a campo para livrá-lo da eterna condenação: rezou, fez sacrifícios e mandou celebrar uma Missa nessa intenção.
Sua confiança na misericórdia divina lhe dava a certeza de que esse infeliz seria perdoado, mesmo se ele não se confessasse nem sequer se mostrasse arrependido. Entretanto, diz ela, “pedi a Jesus apenas ‘um sinal’ de arrependimento, simplesmente para minha consolação”.
E esse sinal lhe foi dado!
No dia seguinte ao da execução, ela leu no jornal “La Croix” a descrição detalhada dos derradeiros minutos de vida do criminoso:
Às cinco horas menos dois minutos, enquanto os pássaros silvam nas árvores da praça e um murmúrio confuso se ergue da multidão (…) abre-se a porta da prisão e assoma pálido o assassino. O capelão, Pe. Faure, põe-se à sua frente, ele repele o padre e os carrascos. Ei-lo diante da guilhotina para onde o carrasco Deibler o empurra. Um ajudante, colocado do outro lado, agarra-lhe a cabeça, para mantê-la presa pelo cabelo embaixo da lâmina prestes a cair. Antes, porém, talvez um relâmpago de arrependimento tenha atravessado a consciência do criminoso. Pranzini pediu ao capelão o crucifixo e beijou-o duas vezes. Depois, o cutelo caiu, e quando um dos ajudantes agarrou pelas orelhas a cabeça cortada, concluímos que, se a justiça humana estava satisfeita, talvez este derradeiro ósculo tenha satisfeito também a Justiça Divina, a qual pede, sobretudo, o arrependimento”.
E a futura Padroeira das Missões deu graças a Deus por esse seu primeiro pecador convertido, “meu primeiro filho” – escreveu ela, emocionada, nos Manuscritos Autobiográficos.

Vejamos como Santa Teresinha narra esta passagem em seus escritos:
Ouvi falar de um grande criminoso que acabava de ser condenado à morte por crimes horríveis. Tudo fazia crer que morreria impenitente. Quis, a qualquer custo, impedi-lo de cair no inferno. Para conseguir, usei de todos os meios imagináveis: sentindo que, de mim mesma, nada poderia, ofereci a Deus os méritos infinitos de Nosso Senhor, os tesouros da santa Igreja, enfim, pedi a Celina para mandar celebrar uma missa nas minhas intenções, não ousando pedi-la eu mesma, temendo ser obrigada a dizer que era para Pranzini, o grande criminoso.
Não queria, tampouco, dizê-lo a Celina, mas insistiu com tanta ternura que lhe confiei meu segredo; longe de zombar de mim, pediu para ajudar a converter meu pecador. Aceitei com gratidão, pois teria desejado que todas as criaturas se unissem a mim para implorar a graça para o culpado. No fundo do meu coração, tinha certeza de que nossos desejos seriam atendidos. Mas, a fim de ter coragem para continuar a rezar pelos pecadores, disse a Deus estar segura de que Ele perdoaria o pobre infeliz Pranzini, que acreditaria mesmo que não se confessasse e não desse sinal nenhum, de arrependimento, enorme era minha confiança na misericórdia infinita de Jesus, mas lhe pedia apenas um sinal de arrependimento, para meu próprio consolo. Minha oração foi atendida ao pé da letra!
Apesar da proibição de papai de lermos jornais, não pensava desobedecer lendo as passagens que falavam de Pranzini. No dia seguinte à sua execução, cai-me às mãos o jornal La Croix. Abro-o apressada e o que vejo?… Ah! minhas lágrimas traíram minha emoção e fui obrigada a me esconder. Pranzini não se confessou, subiu ao cadafalso e preparava-se para colocar a cabeça no buraco lúgubre quando, numa inspiração repentina, virou-se, apanhou um Crucifixo que lhe apresentava o sacerdote e beijou por três vezes suas chagas sagradas!… Sua alma foi receber a sentença misericordiosa Daquele que declarou que no Céu haverá mais alegria por um só pecador arrependido do que por 99 justos que não precisam de arrependimento!…
Obtive o “sinal” pedido, e esse sinal era a reprodução fiel de graças que Jesus me fizera para atrair-me a rezar pelos pecadores. Não foi diante das chagas de Jesus, vendo cair seu sangue divino, que a sede de almas entrou em meu coração? Queria dar-lhes de beber esse sangue imaculado que devia purificá-las das suas sujeiras, e os lábios domeu primeiro filhoforam colar-se às chagas sagradas! Que resposta indizivelmente doce!… Ah! desde essa graça única, meu desejo de salvar as almas cresceu a cada dia. Parecia-me ouvir Jesus dizendo como para a samaritana: “Dê-me de beber!” Era uma verdadeira troca de amor; às almas, eu dava o sangue de Jesus; a Jesus, oferecia essas mesmas almas refrescadas pelo seu divino orvalho. Dessa forma, eu parecia desalterá-lo e mais lhe dava de beber, mais a sede da minha pequena alma aumentava e era essa sede ardente que Ele me dava como a mais deliciosa bebida do seu amor". 






Cerca de 125 anos depois da execução de Pranzini, algumas pessoas afirmam ter sido respondida depois de pedir a intercessão de Pranzini! Isto pode parecer incrível, mas não impossível. Podemos nos referir à história de Jacques Fesch (guilhotinado após o assassinato de um policial durante um assalto), cuja beatificação está aberta.
Enquanto Santa Teresinha permaneceu no século, utilizava o dinheiro que ajuntara no seu cofrezinho para encomendar Missas pela alma de Pranzini a cada dia 31 de agosto, aniversário da execução do condenado. Hábito este que, com a devida licença da superiora, conservou também no Carmelo.
A santa de Lisieux não pleiteava por uma pena mais branda, nem pregava que Pranzini era “vítima da sociedade”. Ela tinha somente a clara noção de que era urgente lutar pela salvação das almas – de todas elas. Mas depois de tudo o que fez, Pranzini terá sido premiado com o Paraíso? É possível; mas não sem antes penar no Purgatório, onde as almas são purificadas pelo sofrimento. Todos pagam pelo mal que praticaram e por todo o bem que deixaram de fazer; uns no fogo santo do Purgatório, outros no fogo eterno.
O nosso dever, como cristãos, é orar e trabalhar pela nossa própria santificação, e levar a Boa Nova a todos. A TODOS! Isso inclui assassinos, traficantes e até ladrões, como São Dimas. É... Jesus também “adotou” um bandido. Tanta gente boa pra prestigiar, e Ele foi logo dar moral pra um meliante? Isso só pode indicar uma coisa: tem algo muito errado com essa gente que vai à Missa todo o domingo, mas não reconhece os criminosos como filhos de Deus, e quer mais que todos eles vão queimar no inferno.




pranzini-police-news
Capa de jornal britânico da época, 
com fotos de Pranzini e desenhos da cena do crime 
e do estado dos corpos das vítimas. 


Fonte: 
http://www.arautos.org/secoes/artigos/doutrina/espiritualidade/o-assassino-e-a-inocente-140838 (Revista Arautos do Evangelho, Jan/2007, n. 61, p. 32-33)


domingo, 24 de fevereiro de 2019

Venerável Servo de Deus József Mindszenty, cardeal e testemunha da fé católica, em meio ao terror comunista.


József Mindszenty nasceu com o nome József Pehm. Estudou no seminário de Szombathely, sendo ordenado sacerdote em 12 de junho de 1915, quando passou a exercer seu ministério em Szombathely, Hungria, como vigário auxiliar. Em seu trabalho pastoral, demonstrou uma preferência pelos pobres e pelas almas simples, cuidou pessoalmente da catequese e da assistência religiosa dos ciganos.

Foi preso durante a revolução comunista de Bela Kun em 1919. Foi nomeado bispo de Veszprém em 3 de março, sendo ordenado em 25 de março de 1944. Ficou prisioneiro dos nazistas entre 1944 e 1945, depois de ter ajudado muitos judeus a fugir.

Foi nomeado arcebispo metropolitano de Esztergom em 2 de outubro de 1945, cargo em que permaneceu até 18 de dezembro de 1973. Foi criado cardeal em 18 de fevereiro de 1946 pelo Papa Pio XII, recebendo por título a Basílica "Santo Stefano al Celio".

Preso pelo regime comunista em 1949 e libertado por ocasião da Revolução Húngara de 1956, conseguiu asilo na Embaixada dos Estados Unidos até 1971.

Cardeal Mindszenty quando foi libertado, em 1956


A Carta do Papa Pio XII 02 de janeiro de 1949, dirigida aos bispos da Hungria, era um protesto pela sua prisão. As autoridades húngaras o impediram de participar dos Conclaves de 1958 e 1963 que procederam à eleição dos Papas João XXIII e Paulo VI, respectivamente.

Antes de deixar a Embaixada dos Estados Unidos e o seu país – em 28 de setembro de 1971 – por insistência do Papa Paulo VI, disse aos que foram despedir-se: "Logo virá o dia em que o tempo presente será cancelado, por ter sido arrasado pela sua própria insipiência. A pretensão de construir um mundo sem Deus será sempre ilusória; e isso levará somente ao reforço a união da Igreja com o povo e com todos os que sofrem. Só os que tem medo da verdade temem a Cristo".





Por ocasião de sua saída da Hungria em obediência ao Papa escreveu a São Paulo VI:
"Após ter examinado em consciência os deveres inerentes à minha dignidade de bispo e de cardeal, decidi, como prova do meu amor ilimitado à Igreja, deixar a sede da Representação diplomática dos Estados Unidos.
Desejo terminar a minha vida na Hungria, entre o povo que tanto amo, sem que preocupem-me as circunstâncias externas que esperam-me. Mas, se isto se deve revelar impossível devido às paixões que suscitam a minha pessoa ou devido a considerações superiores por parte da Igreja, aceitaria o que constituiria talvez a cruz mais pesada de toda a minha vida.
Estou pronto para dizer adeus à minha cara pátria, para prosseguir no exílio uma vida de oração e de penitência. Deposito humildemente o meu sacrifício aos pés de Vossa Santidade, persuadido de que o sacrifício mais grave pedido a uma pessoa torna-se pequeno quando trata-se do serviço de Deus e do bem da Igreja."

O cardeal József Mindszenty faleceu no exílio em Viena, em 06 de maio de 1975.


Na Audiência Geral de 7 de maio de 1975, o Papa São Paulo VI assim falou ao referir-se ao cardeal húngaro: "Singular figura de padre e pastor o cardeal Mindszenty! Ardente na fé, confiante nos sentimentos, inquebrantável no que parecia-lhe dever e direito. A Providência colocou-o no número de atores de um dos períodos mais difíceis e mais complexos da existência milenária da Igreja do seu nobre país. Foi e continuará certamente a ser, sinal de contradição, como foi objeto de veneração e de ataques violentos, de um tratamento que mergulhou numa emoção dolorosa a opinião pública e em especial o mundo católico e que não poupou nem a sua santa pessoa, nem a sua liberdade".

São João Paulo II quando esteve na Hungria, rezou diante dos seus restos mortais. Por ocasião da apresentação das credenciais do embaixador da Hungria junto à Santa Sé, em 24 de outubro de 2002, o Papa polonês referiu-se ao cardeal de "venerada memória", como modelo a ser seguido pelos católicos húngaros, verdadeira testemunha da fé durante a perseguição do regime comunista.

Em 1991 seu corpo foi exumado e encontrado incorrupto, após 16 anos de sua morte. Em 1996 a documentação para o processo de sua beatificação foi apresentada à Congregação para a Causa dos Santos pelo postulador da causa Fr. Janos Szoke.




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A fé vence o mundo: O legado de um Cardeal torturado por comunistas

O Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Bienamino Stella, recordou o Cardeal húngaro Jozsef Mindszenty, que no dia 2 de maio completou 43 anos de falecimento e deixou um legado de fidelidade e a certeza de que “a perseverança da fé vence o mundo”.

Segundo informa L'Osservatore Romano, na Missa celebrada em 2 de maio, o Prefeito disse que o Cardeal Mindszenty foi “um modelo exemplar de vida sacerdotal e zelo apostólico”, ante a perseguição do regime comunista na Hungria nas décadas de 1940 e 1950.

Depois de recordar que ele e muitos outros “sofreram a violência e a hostilidade por causa da sua fé”, o Prefeito sublinhou que o Cardeal Mindszenty “é uma testemunha viva de que a perseverança da fé vence o mundo”, pois demonstrou “uma força especial para testemunhar o Evangelho e servir ao povo de Deus, também nos momentos mais dramáticos e nas páginas escuras da vida da Igreja na Hungria”.

Na antiga basílica romana de Santo Stefano de Monte Celio, o Cardeal Stella disse que a Eucaristia que celebrou “é como se eu estivesse pagando uma dívida ao comemorar um pastor como o Cardeal Mindszenty, por todo o bem que recebi do seu testemunho sacerdotal, especialmente durante a minha juventude”.


São Paulo VI tinha grande veneração e respeito pelo Cardeal Mindszenty



O Prefeito do Clero recordou que “foram anos turbulentos e difíceis, marcados pela perseguição à Igreja Católica, que nos faziam olhar para estes pastores” com “admiração, respeito e veneração”.

O Cardeal Mindszenty, continuou, “foi um simples e bom pastor, disposto a dar a sua vida pela Igreja e pelo país”, que “ajudava e acompanhava o povo de Deus, para salvá-lo da angústia da perseguição” e “promover com firmeza a fidelidade à Igreja e à doutrina cristã, contra a opressão do regime”.

József Mindszenty nasceu na Hungria em 1892. Foi ordenado sacerdote aos 23 anos e nomeado Bispo de Verzprém em 1944. No ano seguinte, foi transferido para a sede da Eztergom. Foi criado Cardeal em 1946.

Em 26 de dezembro de 1948, Mindszenty foi preso por denunciar os abusos da invasão soviética. Foi torturado para “confessar” seus crimes.

Em 1949, foi condenado à prisão perpétua em um julgamento que foi uma farsa. Foi libertado em 1956 e se refugiou na embaixada dos Estados Unidos.

József Mindszenty se recusou várias vezes a deixar a Hungria enquanto o governo não retirasse as acusações caluniosas e o reconhecesse como Primaz do país. Faleceu em Viena, Áustria, em 06 de maio de 1975.

Em suas memórias, escreveu: “Nas minhas lembranças, a dor e a passividade forçada ocupam a maioria dos meus anos. Como o paciente Jó, submetido a provas difíceis, durante um período terrível da minha vida fui muito infeliz. Por isso, não vou relatar somente as coisas edificantes e satisfatórias; contarei as coisas da vida, de tantas tristezas, mas também de tantas consolações, falarei em breves palavras, da verdade”.

O Prefeito da Congregação para o Clero disse em sua homilia que “o Cardeal Mindszenty morreu devido a algumas complicações durante uma intervenção no coração”.

Depois de receber anestesia, relatou o Cardeal Stella, o Purpurado húngaro deixou cair um terço: “Assim terminou a sua peregrinação: rezando até o final, confiando em Deus sem reservas, entregando-lhe esse coração quebrado que estava consumido por toda a sua vida entregue ao seu povo”.



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A visita, por bilocação, de São Pio de Pietrelcina ao Cardeal Mindszenty.

O grande Cardeal ladeado por soldados
comunistas em seu funesto e falso
julgamento
Cardeal Mindszenty tinha sido preso pelas autoridades comunistas em dezembro de 1948 e condenado à prisão perpétua na Hungria no ano seguinte, depois de um processo falso em que o acusavam de conspirar contra o governo. Depois de oito anos passados no cárcere e em prisão domiciliar, foi libertado durante a revolta popular em 1956, e se refugiou na Embaixada dos EUA em Budapeste, onde permaneceu até 1973, quando o Papa Paulo VI o liberou de sua liderança naquela diocese.

Exatamente naqueles anos mais difíceis ​na prisão é que teria acontecido o fenômeno da bilocação, que teria transportado Padre Pio até lá para levar conforto ao cardeal. Uma das testemunhas diante dos juízes do processo de beatificação de Padre Pio é um dos homens que sempre esteve muito próximo ao frade, Angelo Battisti, diretor da Casa Alívio do Sofrimento e datilógrafo da Secretaria de Estado do Vaticano.

Eis como é descrita a cena da visita do Padre Pio ao Cardeal Mindszenty no livro: “O Capuchinho estigmatizado, enquanto se encontrava em San Giovanni Rotondo, foi até ele para levar-lhe o pão e o vinho destinados a se tornarem o corpo e o sangue de Cristo, isto é, a realidade do oitavo dia; nesse caso, a bilocação adquire ainda mais o significado da antecipação do oitavo dia, ou seja, da Ressurreição, quando o corpo é liberado dos limites do espaço e do tempo. Simbólico é também o número de registro do detento impresso em seu pijama de presidiário: 1956 é o ano da libertação do Cardeal.

“Como é sabido – conta Battisti em seu testemunho nas atas do processo canônico –, o cardeal Mindszenty foi preso, colocado na cadeia e vigiado o tempo todo. Com o passar do tempo, crescia fortemente o seu desejo de poder celebrar a Santa Missa. Uma certa manhã, apresentou-se diante dele o Padre Pio, com tudo que ele precisava. O Cardeal celebra sua Missa e Padre Pio lhe serve [como acólito]; depois se falaram e, no final, Padre Pio desaparece com tudo que havia levado. Um padre vindo de Budapeste me falou confidencialmente sobre o fato, perguntando se eu poderia obter uma confirmação do Padre Pio. E eu disse a ele que se eu tivesse perguntado uma coisa dessas, Padre Pio teria me expulsado aos xingos”.


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Mas, numa noite de março em 1965, no final de uma conversa, Battisti pergunta ao frade estigmatizado: “Padre, o Cardeal Mindszenty reconheceu o senhor?” Depois de uma primeira reação de irritação, o santo de Gargano respondeu: “Que diabos, nós nos encontramos e conversamos, e você acha que não teria me reconhecido”? Confirmando assim a bilocação ao cárcere que teria acontecido alguns anos antes. “Então — acrescenta Battisti — ele tornou-se triste e acrescentou: O diabo é feio, mas o haviam deixado mais feio que o diabo”.

O que demonstra que o Padre o havia socorrido desde o início de sua prisão, porque não se pode conceber, humanamente falando, como o Cardeal foi capaz de resistir a todo o sofrimento a que foi submetido e que ele descreve em suas memórias. O Padre então concluiu: “Lembre-se de orar por esse grande confessor da fé, que tanto sofreu pela  Igreja”.

Fontes:

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Serva de Deus Madre Clara Maria de Jesús Quirós, Mãe de Família e Fundadora das Carmelitas de São José



A fundadora das Carmelitas de São José é salvadorenha, de San Miguel, onde nasce em 1857. No nome que lhe impõem no dia de seu batismo, em 31 de outubro de 1857: Clara del Carmen, haveria lido qualquer “vidente” mediano o seu porvir. Será fundadora, como Clara de Assis, em cujo dia abriu os olhos para este mundo, e de um Instituto Carmelitano, as Carmelitas de São José.

Ela – Clara – envolta em uma pobreza efetiva e afetiva, particularmente foi abandonada por seu próprio pai, Daniel Quirós, quando tinha apenas três anos. Se sabe que sua mãe – Carmen López – a casa com um homem que frequentava a casa – Félix Alvarado – que se afirma “professor de ciências e letras”, porém, que resulta em um incompetente para a vida. Com apenas quinze anos “Clarita” desconhece por completo a “psicologia” varonil. Foram aquelas bodas uma ideia fracassada de sua mãe e uma irresponsabilidade de Félix. Passa a vida em Nueva San Salvador. Chegaram-lhe seus seis filhos. Os dois últimos voaram logo para o céu.

Os outros três primeiros são recordados, todavia, na história de El Salvador: Carmen, casada com Recaredo Gallardo, ministro da fazenda do presidente Romero Bosque; Gertrudis, casada com Godofredo Arrieta Rossi, governador e grande médico e cirurgião; e Alfredo.

Clarita, com aproximadamente 13 a 14 anos
Apenas Cipriano, que herda o “pouco juízo” de seu avô Daniel e de seu pai Félix, motivou dias muito amargos para sua mãe.

O que engrandece esta mulher é que, abandonada por seu esposo, se inclina para seu Deus, que é Amor, por seu Filho Jesus Cristo, presente na terra na Eucaristia, o Sacramento do Amor, e pela Mãe de Jesus, debaixo da terna invocação de Nossa Senhora das Dores, que secaria suas lágrimas, e também Nossa Senhora do Carmo, a Mãe que a recebe no dia de seu batismo.

É um grande acerto voltar a encontrar o AMOR, com maiúsculas, em Deus e em sua Mãe, ao invés de procurar amores humanos, especialmente ela, uma mulher sensível, nascida para ser amada.

Em 1873, se alista na Confraria de Nossa Senhora do Carmo; em 1887, toma o hábito da Ordem Terceira; em 1889 professa como irmã. Emite a profissão carmelitana com plena consciência de sua seriedade e responsabilidade. Ela assume a altura dos ideais e da santidade da Ordem Terceira e se consagra radicalmente. Seu futuro carmelitano se projeta no horizonte.

Não falta em sua alma um amor entranhado à Mãe Dolorosa, diante de cujo Coração destroçado necessita recolher-se. Em diferentes anos aparece como a tesoureira da confraria fundada em 1884 em Nueva San Salvador.

Seu amado Cristo Sacramentado a atrai irresistivelmente, desde que experimenta a instabilidade do amor humano e, durante anos, a partir de 1889, trabalha como secretária da Guarda de Honra do Santíssimo Sacramento. Consequentemente, seu respeito pelos bispos e sacerdotes se deixa notar nas paróquias da Conceição e do Carmo de Nueva San Salvador e no seminário, com os salesianos e jesuítas.

Clara aparece em primeira linha em toda obra apostólica, paroquial e diocesana. É a impulsora e a alma, a promotora dos exercícios espirituais, sócia ativa da Sociedade Católica de São Vicente de Paulo e da Irmandade do Carmo. Está sempre ao lado da hierarquia eclesiástica nos piores conflitos sociais e da Escola Católica. Ela é uma grande apóstola social feminina.

Para solucionar suas carências econômicas, abre uma agência de “Bens e Raízes” – detalhe o mais original de sua vida, pelo que será – não duvidamos – declarada a patrona perante Deus daqueles que se dedicam a semelhante serviço na sociedade. 

Sempre alegre, serena e jovial, apesar das duras provas, não duvida em ceder ante as insinuações do arcebispo Antonio Adolfo Pérez y Aguilar, para que ceda sua casa aos jesuítas, que chegaram já com “a mesa posta”, desconhecendo, estes e aquele, a galanteria com uma dama, porque a pobre Clara consegue, de benfeitores, uma boa quantia de dinheiro para refazer, ela mesma, o convento de Belém, enquanto a ínclita e poderosa Companhia de Jesus encontrava a casa e igreja do Carmo reformadas e bem compostas.

Na véspera de Santa Teresa de Jesus, 14 de outubro de 1916, começa a fundação de sua Congregação Carmelitana e, em meio a mil privações, se dedica com suas filhas às meninas pobres, órfãs e marginalizadas, às senhoras viúvas e/ou abandonadas, aos enfermos que vivem sozinhos em seus domicílios.

Madre Clarita (mais acima) e crianças pobre e abandonadas
acolhidas pela congregação por ela fundada. 


A interessante experiência de solidão e de abandono, que sente ao longo de sua vida secular, a impulsiona a minorar esta marca social da mulher tratada em segundo plano pelos homens.

Em meio a estas meritórias tarefas apostólicas, recebe o chamado de partir para Deus  precisamente no dia da Imaculada Conceição: 08 de dezembro de 1928. A suas numerosas filhas lhes há deixado o desafio de sua espiritualidade e de sua missão na Igreja. Sabemos que a autoridade eclesiástica salvadorenha quer estudar oficialmente a grande personalidade cristã de Madre Clarita, mediante a abertura do processo de sua beatificação/canonização.

O processo diocesano de sua vida, virtudes heroicas e fama de santidade da Serva de Deus Madre Clara Maria de Jesús Quirós transcorreu em El Salvador do dia 04 de novembro de 2004 a 13 de dezembro de 2005. Toda a documentação do processo foi enviada a Roma através da Nunciatura Apostólica em El Salvador, em 16 de janeiro de 2006. Já a Sagrada Congregação para a Causa dos Santos emitiu o decreto de validade do processo diocesano no dia 31 de outubro de 2008.


Autor do artigo em espanhol:
Padre Alberto Barrios Moneo, claretiano.
(traduzido por mim, Giovani Carvalho)