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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Santa Teresinha adota a alma do criminoso Pranzini


Henry Pranzini e Santa Teresinha quando criança.


A confiança da jovem Teresa de Lisieux na misericórdia divina lhe dava a certeza de que esse infeliz seria perdoado. Mas, pediu a Deus um sinal. E esse sinal lhe foi dado!

Adotar uma alma é sobrenatural: é de alma para alma. Quem sabe que no seu processo de conversão você humildemente não foi adotado por alguém? Adote uma alma!



Oração de Teresinha e a milagrosa conversão
 de Pranzini momentos antes de sua execução.
Em Henrique Pranzini, as qualidades naturais e os vícios disputavam a primazia. Falava na perfeição vários idiomas e viajara por muitos países. Aventureiro, alistara-se no Exército das Índias e foi lutar no Afeganistão. Depois ofereceu seus serviços ao Império russo para combater no Sudão.


Em 1887, ei-lo em Paris, onde se relacionou com a rica e tristemente célebre Regina de Montille. No intuito de, ao que consta, apoderar-se da fortuna dessa infeliz mulher, estrangulou-a a sangue frio, mais sua filha de doze anos e uma empregada.
Preso por esse tríplice assassinato, proclamou com cínica empáfia sua “inocência” e passou seus últimos dias lendo livros obscenos. Em vão vários sacerdotes o visitaram na prisão: não dava sinal algum de arrependimento e jactava-se de não temer a condenação eterna.
O fato repercutiu em toda a França e chegou ao conhecimento de uma graciosa jovem de quatorze anos, residente na pequena cidade de Lisieux: Teresa Martin, a futura Santa Teresinha.
Justamente nesses dias, Teresa sentia em sua alma um premente apelo de Jesus, que ela própria assim descreve: “Ele fez de mim uma pescadora de almas. Senti um grande desejo de trabalhar pela conversão dos pecadores. (…) Olhando uma fotografia de nosso Senhor crucificado, comoveu-me ver o sangue que corria de uma de suas mãos divinas e causou-me grande pena a consideração de que esse sangue caía por terra sem que ninguém procurasse recolhê-lo, e resolvi manter-me em espírito ao pé da Cruz para receber esse Divino Orvalho e distribuí-lo às almas (…) Eu ardia do desejo de arrancar das chamas do inferno as almas dos grandes pecadores”.
Henry Pranzini
Assim estava a santa “Pescadora de Almas” quando Pranzini foi condenado à morte. E ela se pôs a campo para livrá-lo da eterna condenação: rezou, fez sacrifícios e mandou celebrar uma Missa nessa intenção.
Sua confiança na misericórdia divina lhe dava a certeza de que esse infeliz seria perdoado, mesmo se ele não se confessasse nem sequer se mostrasse arrependido. Entretanto, diz ela, “pedi a Jesus apenas ‘um sinal’ de arrependimento, simplesmente para minha consolação”.
E esse sinal lhe foi dado!
No dia seguinte ao da execução, ela leu no jornal “La Croix” a descrição detalhada dos derradeiros minutos de vida do criminoso:
Às cinco horas menos dois minutos, enquanto os pássaros silvam nas árvores da praça e um murmúrio confuso se ergue da multidão (…) abre-se a porta da prisão e assoma pálido o assassino. O capelão, Pe. Faure, põe-se à sua frente, ele repele o padre e os carrascos. Ei-lo diante da guilhotina para onde o carrasco Deibler o empurra. Um ajudante, colocado do outro lado, agarra-lhe a cabeça, para mantê-la presa pelo cabelo embaixo da lâmina prestes a cair. Antes, porém, talvez um relâmpago de arrependimento tenha atravessado a consciência do criminoso. Pranzini pediu ao capelão o crucifixo e beijou-o duas vezes. Depois, o cutelo caiu, e quando um dos ajudantes agarrou pelas orelhas a cabeça cortada, concluímos que, se a justiça humana estava satisfeita, talvez este derradeiro ósculo tenha satisfeito também a Justiça Divina, a qual pede, sobretudo, o arrependimento”.
E a futura Padroeira das Missões deu graças a Deus por esse seu primeiro pecador convertido, “meu primeiro filho” – escreveu ela, emocionada, nos Manuscritos Autobiográficos.

Vejamos como Santa Teresinha narra esta passagem em seus escritos:
Ouvi falar de um grande criminoso que acabava de ser condenado à morte por crimes horríveis. Tudo fazia crer que morreria impenitente. Quis, a qualquer custo, impedi-lo de cair no inferno. Para conseguir, usei de todos os meios imagináveis: sentindo que, de mim mesma, nada poderia, ofereci a Deus os méritos infinitos de Nosso Senhor, os tesouros da santa Igreja, enfim, pedi a Celina para mandar celebrar uma missa nas minhas intenções, não ousando pedi-la eu mesma, temendo ser obrigada a dizer que era para Pranzini, o grande criminoso.
Não queria, tampouco, dizê-lo a Celina, mas insistiu com tanta ternura que lhe confiei meu segredo; longe de zombar de mim, pediu para ajudar a converter meu pecador. Aceitei com gratidão, pois teria desejado que todas as criaturas se unissem a mim para implorar a graça para o culpado. No fundo do meu coração, tinha certeza de que nossos desejos seriam atendidos. Mas, a fim de ter coragem para continuar a rezar pelos pecadores, disse a Deus estar segura de que Ele perdoaria o pobre infeliz Pranzini, que acreditaria mesmo que não se confessasse e não desse sinal nenhum, de arrependimento, enorme era minha confiança na misericórdia infinita de Jesus, mas lhe pedia apenas um sinal de arrependimento, para meu próprio consolo. Minha oração foi atendida ao pé da letra!
Apesar da proibição de papai de lermos jornais, não pensava desobedecer lendo as passagens que falavam de Pranzini. No dia seguinte à sua execução, cai-me às mãos o jornal La Croix. Abro-o apressada e o que vejo?… Ah! minhas lágrimas traíram minha emoção e fui obrigada a me esconder. Pranzini não se confessou, subiu ao cadafalso e preparava-se para colocar a cabeça no buraco lúgubre quando, numa inspiração repentina, virou-se, apanhou um Crucifixo que lhe apresentava o sacerdote e beijou por três vezes suas chagas sagradas!… Sua alma foi receber a sentença misericordiosa Daquele que declarou que no Céu haverá mais alegria por um só pecador arrependido do que por 99 justos que não precisam de arrependimento!…
Obtive o “sinal” pedido, e esse sinal era a reprodução fiel de graças que Jesus me fizera para atrair-me a rezar pelos pecadores. Não foi diante das chagas de Jesus, vendo cair seu sangue divino, que a sede de almas entrou em meu coração? Queria dar-lhes de beber esse sangue imaculado que devia purificá-las das suas sujeiras, e os lábios domeu primeiro filhoforam colar-se às chagas sagradas! Que resposta indizivelmente doce!… Ah! desde essa graça única, meu desejo de salvar as almas cresceu a cada dia. Parecia-me ouvir Jesus dizendo como para a samaritana: “Dê-me de beber!” Era uma verdadeira troca de amor; às almas, eu dava o sangue de Jesus; a Jesus, oferecia essas mesmas almas refrescadas pelo seu divino orvalho. Dessa forma, eu parecia desalterá-lo e mais lhe dava de beber, mais a sede da minha pequena alma aumentava e era essa sede ardente que Ele me dava como a mais deliciosa bebida do seu amor". 






Cerca de 125 anos depois da execução de Pranzini, algumas pessoas afirmam ter sido respondida depois de pedir a intercessão de Pranzini! Isto pode parecer incrível, mas não impossível. Podemos nos referir à história de Jacques Fesch (guilhotinado após o assassinato de um policial durante um assalto), cuja beatificação está aberta.
Enquanto Santa Teresinha permaneceu no século, utilizava o dinheiro que ajuntara no seu cofrezinho para encomendar Missas pela alma de Pranzini a cada dia 31 de agosto, aniversário da execução do condenado. Hábito este que, com a devida licença da superiora, conservou também no Carmelo.
A santa de Lisieux não pleiteava por uma pena mais branda, nem pregava que Pranzini era “vítima da sociedade”. Ela tinha somente a clara noção de que era urgente lutar pela salvação das almas – de todas elas. Mas depois de tudo o que fez, Pranzini terá sido premiado com o Paraíso? É possível; mas não sem antes penar no Purgatório, onde as almas são purificadas pelo sofrimento. Todos pagam pelo mal que praticaram e por todo o bem que deixaram de fazer; uns no fogo santo do Purgatório, outros no fogo eterno.
O nosso dever, como cristãos, é orar e trabalhar pela nossa própria santificação, e levar a Boa Nova a todos. A TODOS! Isso inclui assassinos, traficantes e até ladrões, como São Dimas. É... Jesus também “adotou” um bandido. Tanta gente boa pra prestigiar, e Ele foi logo dar moral pra um meliante? Isso só pode indicar uma coisa: tem algo muito errado com essa gente que vai à Missa todo o domingo, mas não reconhece os criminosos como filhos de Deus, e quer mais que todos eles vão queimar no inferno.




pranzini-police-news
Capa de jornal britânico da época, 
com fotos de Pranzini e desenhos da cena do crime 
e do estado dos corpos das vítimas. 


Fonte: 
http://www.arautos.org/secoes/artigos/doutrina/espiritualidade/o-assassino-e-a-inocente-140838 (Revista Arautos do Evangelho, Jan/2007, n. 61, p. 32-33)


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