József
Mindszenty nasceu com o nome József Pehm. Estudou no seminário de Szombathely,
sendo ordenado sacerdote em 12 de junho de 1915, quando passou a exercer seu
ministério em Szombathely, Hungria, como vigário auxiliar. Em seu trabalho
pastoral, demonstrou uma preferência pelos pobres e pelas almas simples, cuidou
pessoalmente da catequese e da assistência religiosa dos ciganos.
Foi preso durante a revolução comunista de
Bela Kun em 1919. Foi nomeado bispo de Veszprém em 3 de março, sendo ordenado
em 25 de março de 1944. Ficou
prisioneiro dos nazistas entre 1944 e 1945, depois de ter ajudado muitos
judeus a fugir.
Foi nomeado
arcebispo metropolitano de Esztergom em 2 de outubro de 1945, cargo em que
permaneceu até 18 de dezembro de 1973. Foi criado cardeal em 18 de fevereiro de
1946 pelo Papa Pio XII, recebendo por título a Basílica "Santo Stefano al
Celio".
Preso pelo regime comunista em 1949 e libertado por
ocasião da Revolução Húngara de 1956, conseguiu asilo na Embaixada dos Estados
Unidos até 1971.
Cardeal Mindszenty quando foi libertado, em 1956 |
A Carta do Papa
Pio XII 02 de janeiro de 1949, dirigida aos bispos da Hungria, era um protesto
pela sua prisão. As autoridades húngaras o impediram de participar dos
Conclaves de 1958 e 1963 que procederam à eleição dos Papas João XXIII e Paulo
VI, respectivamente.
Antes de deixar
a Embaixada dos Estados Unidos e o seu país – em 28 de setembro de 1971 – por
insistência do Papa Paulo VI, disse aos que foram despedir-se: "Logo virá o dia em que o tempo
presente será cancelado, por ter sido arrasado pela sua própria insipiência. A
pretensão de construir um mundo sem Deus será sempre ilusória; e isso levará
somente ao reforço a união da Igreja com o povo e com todos os que sofrem. Só
os que tem medo da verdade temem a Cristo".
Por ocasião de
sua saída da Hungria em obediência ao Papa escreveu a São Paulo VI:
"Após ter examinado em consciência os deveres
inerentes à minha dignidade de bispo e de cardeal, decidi, como prova do meu
amor ilimitado à Igreja, deixar a sede da Representação diplomática dos Estados
Unidos.
Desejo terminar a minha vida na Hungria, entre o
povo que tanto amo, sem que preocupem-me as circunstâncias externas que
esperam-me. Mas, se isto se deve revelar impossível devido às paixões que
suscitam a minha pessoa ou devido a considerações superiores por parte da
Igreja, aceitaria o que constituiria talvez a cruz mais pesada de toda a minha
vida.
Estou pronto para dizer adeus à minha cara pátria,
para prosseguir no exílio uma vida de oração e de penitência. Deposito
humildemente o meu sacrifício aos pés de Vossa Santidade, persuadido de que o
sacrifício mais grave pedido a uma pessoa torna-se pequeno quando trata-se do
serviço de Deus e do bem da Igreja."
O cardeal József
Mindszenty faleceu no exílio em Viena, em 06 de maio de 1975.
Na Audiência
Geral de 7 de maio de 1975, o Papa São Paulo VI assim falou ao referir-se ao
cardeal húngaro: "Singular figura de
padre e pastor o cardeal Mindszenty! Ardente na fé, confiante nos sentimentos,
inquebrantável no que parecia-lhe dever e direito. A Providência colocou-o no
número de atores de um dos períodos mais difíceis e mais complexos da
existência milenária da Igreja do seu nobre país. Foi e continuará certamente a
ser, sinal de contradição, como foi objeto de veneração e de ataques violentos,
de um tratamento que mergulhou numa emoção dolorosa a opinião pública e em
especial o mundo católico e que não poupou nem a sua santa pessoa, nem a sua
liberdade".
São João Paulo
II quando esteve na Hungria, rezou diante dos seus restos mortais. Por ocasião
da apresentação das credenciais do embaixador da Hungria junto à Santa Sé, em
24 de outubro de 2002, o Papa polonês referiu-se ao cardeal de "venerada
memória", como modelo a ser seguido pelos católicos húngaros, verdadeira
testemunha da fé durante a perseguição do regime comunista.
Em 1991 seu
corpo foi exumado e encontrado incorrupto, após 16 anos de sua morte. Em 1996 a
documentação para o processo de sua beatificação foi apresentada à Congregação
para a Causa dos Santos pelo postulador da causa Fr. Janos Szoke.
A fé vence o mundo: O legado de um Cardeal torturado
por comunistas
O Prefeito da
Congregação para o Clero, Cardeal Bienamino Stella, recordou o Cardeal húngaro
Jozsef Mindszenty, que no dia 2 de maio completou 43 anos de falecimento e
deixou um legado de fidelidade e a certeza de que “a perseverança da fé vence o
mundo”.
Segundo informa
L'Osservatore Romano, na Missa celebrada em 2 de maio, o Prefeito disse que o
Cardeal Mindszenty foi “um modelo
exemplar de vida sacerdotal e zelo apostólico”, ante a perseguição do
regime comunista na Hungria nas décadas de 1940 e 1950.
Depois de
recordar que ele e muitos outros “sofreram a violência e a hostilidade por
causa da sua fé”, o Prefeito sublinhou que o Cardeal Mindszenty “é uma testemunha viva de que a perseverança
da fé vence o mundo”, pois demonstrou “uma força especial para testemunhar
o Evangelho e servir ao povo de Deus, também nos momentos mais dramáticos e nas
páginas escuras da vida da Igreja na Hungria”.
Na antiga
basílica romana de Santo Stefano de Monte Celio, o Cardeal Stella disse que a
Eucaristia que celebrou “é como se eu
estivesse pagando uma dívida ao comemorar um pastor como o Cardeal Mindszenty,
por todo o bem que recebi do seu testemunho sacerdotal, especialmente durante a
minha juventude”.
São Paulo VI tinha grande veneração e respeito pelo Cardeal Mindszenty |
O Prefeito do
Clero recordou que “foram anos
turbulentos e difíceis, marcados pela perseguição à Igreja Católica, que nos
faziam olhar para estes pastores” com “admiração, respeito e veneração”.
O Cardeal
Mindszenty, continuou, “foi um simples e
bom pastor, disposto a dar a sua vida pela Igreja e pelo país”, que “ajudava
e acompanhava o povo de Deus, para salvá-lo da angústia da perseguição” e “promover com firmeza a fidelidade à Igreja
e à doutrina cristã, contra a opressão do regime”.
József
Mindszenty nasceu na Hungria em 1892. Foi ordenado sacerdote aos 23 anos e nomeado
Bispo de Verzprém em 1944. No ano seguinte, foi transferido para a sede da
Eztergom. Foi criado Cardeal em 1946.
Em 26 de
dezembro de 1948, Mindszenty foi preso por denunciar os abusos da invasão
soviética. Foi torturado para “confessar” seus crimes.
Em 1949, foi
condenado à prisão perpétua em um julgamento que foi uma farsa. Foi libertado em 1956 e se refugiou na embaixada dos Estados
Unidos.
József
Mindszenty se recusou várias vezes a deixar a Hungria enquanto o governo não
retirasse as acusações caluniosas e o reconhecesse como Primaz do país. Faleceu
em Viena, Áustria, em 06 de maio de 1975.
Em suas
memórias, escreveu: “Nas minhas
lembranças, a dor e a passividade forçada ocupam a maioria dos meus anos. Como
o paciente Jó, submetido a provas difíceis, durante um período terrível da
minha vida fui muito infeliz. Por isso, não vou relatar somente as coisas
edificantes e satisfatórias; contarei as coisas da vida, de tantas tristezas,
mas também de tantas consolações, falarei em breves palavras, da verdade”.
O Prefeito da
Congregação para o Clero disse em sua homilia que “o Cardeal Mindszenty morreu devido a algumas complicações durante uma
intervenção no coração”.
Depois de
receber anestesia, relatou o Cardeal Stella, o Purpurado húngaro deixou cair um
terço: “Assim terminou a sua
peregrinação: rezando até o final, confiando em Deus sem reservas,
entregando-lhe esse coração quebrado que estava consumido por toda a sua vida
entregue ao seu povo”.
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A visita, por bilocação, de São Pio de Pietrelcina
ao Cardeal Mindszenty.
O grande Cardeal ladeado por soldados comunistas em seu funesto e falso julgamento |
Cardeal
Mindszenty tinha sido preso pelas autoridades comunistas em dezembro de 1948 e
condenado à prisão perpétua na Hungria no ano seguinte, depois de um processo
falso em que o acusavam de conspirar contra o governo. Depois de oito anos
passados no cárcere e em prisão domiciliar, foi libertado durante a revolta
popular em 1956, e se refugiou na Embaixada dos EUA em Budapeste, onde
permaneceu até 1973, quando o Papa Paulo VI o liberou de sua liderança naquela
diocese.
Exatamente
naqueles anos mais difíceis na prisão é que teria acontecido o fenômeno da
bilocação, que teria transportado Padre Pio até lá para levar conforto ao
cardeal. Uma das testemunhas diante dos juízes do processo de beatificação de
Padre Pio é um dos homens que sempre esteve muito próximo ao frade, Angelo
Battisti, diretor da Casa Alívio do Sofrimento e datilógrafo da Secretaria de
Estado do Vaticano.
Eis como é
descrita a cena da visita do Padre Pio ao Cardeal Mindszenty no livro: “O
Capuchinho estigmatizado, enquanto se encontrava em San Giovanni Rotondo, foi
até ele para levar-lhe o pão e o vinho destinados a se tornarem o corpo e o
sangue de Cristo, isto é, a realidade do oitavo dia; nesse caso, a bilocação
adquire ainda mais o significado da antecipação do oitavo dia, ou seja, da
Ressurreição, quando o corpo é liberado dos limites do espaço e do tempo.
Simbólico é também o número de registro do detento impresso em seu pijama de
presidiário: 1956 é o ano da libertação do Cardeal.
“Como é sabido –
conta Battisti em seu testemunho nas atas do processo canônico –, o cardeal
Mindszenty foi preso, colocado na cadeia e vigiado o tempo todo. Com o passar
do tempo, crescia fortemente o seu desejo de poder celebrar a Santa Missa. Uma
certa manhã, apresentou-se diante dele o
Padre Pio, com tudo que ele precisava. O Cardeal celebra sua Missa e Padre
Pio lhe serve [como acólito]; depois se falaram e, no final, Padre Pio
desaparece com tudo que havia levado. Um padre vindo de Budapeste me falou
confidencialmente sobre o fato, perguntando se eu poderia obter uma confirmação
do Padre Pio. E eu disse a ele que se eu tivesse perguntado uma coisa dessas,
Padre Pio teria me expulsado aos xingos”.
Mas, numa noite
de março em 1965, no final de uma conversa, Battisti pergunta ao frade
estigmatizado: “Padre, o Cardeal Mindszenty reconheceu o senhor?” Depois de uma
primeira reação de irritação, o santo de Gargano respondeu: “Que diabos, nós nos encontramos e
conversamos, e você acha que não teria me reconhecido”? Confirmando assim a
bilocação ao cárcere que teria acontecido alguns anos antes. “Então —
acrescenta Battisti — ele tornou-se triste e acrescentou: O diabo é feio, mas o
haviam deixado mais feio que o diabo”.
O que demonstra
que o Padre o havia socorrido desde o início de sua prisão, porque não se pode
conceber, humanamente falando, como o Cardeal foi capaz de resistir a todo o
sofrimento a que foi submetido e que ele descreve em suas memórias. O Padre
então concluiu: “Lembre-se de orar por esse grande confessor da fé, que tanto sofreu
pela Igreja”.
Fontes:
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