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domingo, 24 de fevereiro de 2019

Venerável Servo de Deus József Mindszenty, cardeal e testemunha da fé católica, em meio ao terror comunista.


József Mindszenty nasceu com o nome József Pehm. Estudou no seminário de Szombathely, sendo ordenado sacerdote em 12 de junho de 1915, quando passou a exercer seu ministério em Szombathely, Hungria, como vigário auxiliar. Em seu trabalho pastoral, demonstrou uma preferência pelos pobres e pelas almas simples, cuidou pessoalmente da catequese e da assistência religiosa dos ciganos.

Foi preso durante a revolução comunista de Bela Kun em 1919. Foi nomeado bispo de Veszprém em 3 de março, sendo ordenado em 25 de março de 1944. Ficou prisioneiro dos nazistas entre 1944 e 1945, depois de ter ajudado muitos judeus a fugir.

Foi nomeado arcebispo metropolitano de Esztergom em 2 de outubro de 1945, cargo em que permaneceu até 18 de dezembro de 1973. Foi criado cardeal em 18 de fevereiro de 1946 pelo Papa Pio XII, recebendo por título a Basílica "Santo Stefano al Celio".

Preso pelo regime comunista em 1949 e libertado por ocasião da Revolução Húngara de 1956, conseguiu asilo na Embaixada dos Estados Unidos até 1971.

Cardeal Mindszenty quando foi libertado, em 1956


A Carta do Papa Pio XII 02 de janeiro de 1949, dirigida aos bispos da Hungria, era um protesto pela sua prisão. As autoridades húngaras o impediram de participar dos Conclaves de 1958 e 1963 que procederam à eleição dos Papas João XXIII e Paulo VI, respectivamente.

Antes de deixar a Embaixada dos Estados Unidos e o seu país – em 28 de setembro de 1971 – por insistência do Papa Paulo VI, disse aos que foram despedir-se: "Logo virá o dia em que o tempo presente será cancelado, por ter sido arrasado pela sua própria insipiência. A pretensão de construir um mundo sem Deus será sempre ilusória; e isso levará somente ao reforço a união da Igreja com o povo e com todos os que sofrem. Só os que tem medo da verdade temem a Cristo".





Por ocasião de sua saída da Hungria em obediência ao Papa escreveu a São Paulo VI:
"Após ter examinado em consciência os deveres inerentes à minha dignidade de bispo e de cardeal, decidi, como prova do meu amor ilimitado à Igreja, deixar a sede da Representação diplomática dos Estados Unidos.
Desejo terminar a minha vida na Hungria, entre o povo que tanto amo, sem que preocupem-me as circunstâncias externas que esperam-me. Mas, se isto se deve revelar impossível devido às paixões que suscitam a minha pessoa ou devido a considerações superiores por parte da Igreja, aceitaria o que constituiria talvez a cruz mais pesada de toda a minha vida.
Estou pronto para dizer adeus à minha cara pátria, para prosseguir no exílio uma vida de oração e de penitência. Deposito humildemente o meu sacrifício aos pés de Vossa Santidade, persuadido de que o sacrifício mais grave pedido a uma pessoa torna-se pequeno quando trata-se do serviço de Deus e do bem da Igreja."

O cardeal József Mindszenty faleceu no exílio em Viena, em 06 de maio de 1975.


Na Audiência Geral de 7 de maio de 1975, o Papa São Paulo VI assim falou ao referir-se ao cardeal húngaro: "Singular figura de padre e pastor o cardeal Mindszenty! Ardente na fé, confiante nos sentimentos, inquebrantável no que parecia-lhe dever e direito. A Providência colocou-o no número de atores de um dos períodos mais difíceis e mais complexos da existência milenária da Igreja do seu nobre país. Foi e continuará certamente a ser, sinal de contradição, como foi objeto de veneração e de ataques violentos, de um tratamento que mergulhou numa emoção dolorosa a opinião pública e em especial o mundo católico e que não poupou nem a sua santa pessoa, nem a sua liberdade".

São João Paulo II quando esteve na Hungria, rezou diante dos seus restos mortais. Por ocasião da apresentação das credenciais do embaixador da Hungria junto à Santa Sé, em 24 de outubro de 2002, o Papa polonês referiu-se ao cardeal de "venerada memória", como modelo a ser seguido pelos católicos húngaros, verdadeira testemunha da fé durante a perseguição do regime comunista.

Em 1991 seu corpo foi exumado e encontrado incorrupto, após 16 anos de sua morte. Em 1996 a documentação para o processo de sua beatificação foi apresentada à Congregação para a Causa dos Santos pelo postulador da causa Fr. Janos Szoke.




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A fé vence o mundo: O legado de um Cardeal torturado por comunistas

O Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Bienamino Stella, recordou o Cardeal húngaro Jozsef Mindszenty, que no dia 2 de maio completou 43 anos de falecimento e deixou um legado de fidelidade e a certeza de que “a perseverança da fé vence o mundo”.

Segundo informa L'Osservatore Romano, na Missa celebrada em 2 de maio, o Prefeito disse que o Cardeal Mindszenty foi “um modelo exemplar de vida sacerdotal e zelo apostólico”, ante a perseguição do regime comunista na Hungria nas décadas de 1940 e 1950.

Depois de recordar que ele e muitos outros “sofreram a violência e a hostilidade por causa da sua fé”, o Prefeito sublinhou que o Cardeal Mindszenty “é uma testemunha viva de que a perseverança da fé vence o mundo”, pois demonstrou “uma força especial para testemunhar o Evangelho e servir ao povo de Deus, também nos momentos mais dramáticos e nas páginas escuras da vida da Igreja na Hungria”.

Na antiga basílica romana de Santo Stefano de Monte Celio, o Cardeal Stella disse que a Eucaristia que celebrou “é como se eu estivesse pagando uma dívida ao comemorar um pastor como o Cardeal Mindszenty, por todo o bem que recebi do seu testemunho sacerdotal, especialmente durante a minha juventude”.


São Paulo VI tinha grande veneração e respeito pelo Cardeal Mindszenty



O Prefeito do Clero recordou que “foram anos turbulentos e difíceis, marcados pela perseguição à Igreja Católica, que nos faziam olhar para estes pastores” com “admiração, respeito e veneração”.

O Cardeal Mindszenty, continuou, “foi um simples e bom pastor, disposto a dar a sua vida pela Igreja e pelo país”, que “ajudava e acompanhava o povo de Deus, para salvá-lo da angústia da perseguição” e “promover com firmeza a fidelidade à Igreja e à doutrina cristã, contra a opressão do regime”.

József Mindszenty nasceu na Hungria em 1892. Foi ordenado sacerdote aos 23 anos e nomeado Bispo de Verzprém em 1944. No ano seguinte, foi transferido para a sede da Eztergom. Foi criado Cardeal em 1946.

Em 26 de dezembro de 1948, Mindszenty foi preso por denunciar os abusos da invasão soviética. Foi torturado para “confessar” seus crimes.

Em 1949, foi condenado à prisão perpétua em um julgamento que foi uma farsa. Foi libertado em 1956 e se refugiou na embaixada dos Estados Unidos.

József Mindszenty se recusou várias vezes a deixar a Hungria enquanto o governo não retirasse as acusações caluniosas e o reconhecesse como Primaz do país. Faleceu em Viena, Áustria, em 06 de maio de 1975.

Em suas memórias, escreveu: “Nas minhas lembranças, a dor e a passividade forçada ocupam a maioria dos meus anos. Como o paciente Jó, submetido a provas difíceis, durante um período terrível da minha vida fui muito infeliz. Por isso, não vou relatar somente as coisas edificantes e satisfatórias; contarei as coisas da vida, de tantas tristezas, mas também de tantas consolações, falarei em breves palavras, da verdade”.

O Prefeito da Congregação para o Clero disse em sua homilia que “o Cardeal Mindszenty morreu devido a algumas complicações durante uma intervenção no coração”.

Depois de receber anestesia, relatou o Cardeal Stella, o Purpurado húngaro deixou cair um terço: “Assim terminou a sua peregrinação: rezando até o final, confiando em Deus sem reservas, entregando-lhe esse coração quebrado que estava consumido por toda a sua vida entregue ao seu povo”.



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A visita, por bilocação, de São Pio de Pietrelcina ao Cardeal Mindszenty.

O grande Cardeal ladeado por soldados
comunistas em seu funesto e falso
julgamento
Cardeal Mindszenty tinha sido preso pelas autoridades comunistas em dezembro de 1948 e condenado à prisão perpétua na Hungria no ano seguinte, depois de um processo falso em que o acusavam de conspirar contra o governo. Depois de oito anos passados no cárcere e em prisão domiciliar, foi libertado durante a revolta popular em 1956, e se refugiou na Embaixada dos EUA em Budapeste, onde permaneceu até 1973, quando o Papa Paulo VI o liberou de sua liderança naquela diocese.

Exatamente naqueles anos mais difíceis ​na prisão é que teria acontecido o fenômeno da bilocação, que teria transportado Padre Pio até lá para levar conforto ao cardeal. Uma das testemunhas diante dos juízes do processo de beatificação de Padre Pio é um dos homens que sempre esteve muito próximo ao frade, Angelo Battisti, diretor da Casa Alívio do Sofrimento e datilógrafo da Secretaria de Estado do Vaticano.

Eis como é descrita a cena da visita do Padre Pio ao Cardeal Mindszenty no livro: “O Capuchinho estigmatizado, enquanto se encontrava em San Giovanni Rotondo, foi até ele para levar-lhe o pão e o vinho destinados a se tornarem o corpo e o sangue de Cristo, isto é, a realidade do oitavo dia; nesse caso, a bilocação adquire ainda mais o significado da antecipação do oitavo dia, ou seja, da Ressurreição, quando o corpo é liberado dos limites do espaço e do tempo. Simbólico é também o número de registro do detento impresso em seu pijama de presidiário: 1956 é o ano da libertação do Cardeal.

“Como é sabido – conta Battisti em seu testemunho nas atas do processo canônico –, o cardeal Mindszenty foi preso, colocado na cadeia e vigiado o tempo todo. Com o passar do tempo, crescia fortemente o seu desejo de poder celebrar a Santa Missa. Uma certa manhã, apresentou-se diante dele o Padre Pio, com tudo que ele precisava. O Cardeal celebra sua Missa e Padre Pio lhe serve [como acólito]; depois se falaram e, no final, Padre Pio desaparece com tudo que havia levado. Um padre vindo de Budapeste me falou confidencialmente sobre o fato, perguntando se eu poderia obter uma confirmação do Padre Pio. E eu disse a ele que se eu tivesse perguntado uma coisa dessas, Padre Pio teria me expulsado aos xingos”.


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Mas, numa noite de março em 1965, no final de uma conversa, Battisti pergunta ao frade estigmatizado: “Padre, o Cardeal Mindszenty reconheceu o senhor?” Depois de uma primeira reação de irritação, o santo de Gargano respondeu: “Que diabos, nós nos encontramos e conversamos, e você acha que não teria me reconhecido”? Confirmando assim a bilocação ao cárcere que teria acontecido alguns anos antes. “Então — acrescenta Battisti — ele tornou-se triste e acrescentou: O diabo é feio, mas o haviam deixado mais feio que o diabo”.

O que demonstra que o Padre o havia socorrido desde o início de sua prisão, porque não se pode conceber, humanamente falando, como o Cardeal foi capaz de resistir a todo o sofrimento a que foi submetido e que ele descreve em suas memórias. O Padre então concluiu: “Lembre-se de orar por esse grande confessor da fé, que tanto sofreu pela  Igreja”.

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