Hoje trazemos um santo espanhol que foi canonizado no mesmo dia dos nossos santos mártires de Cunhaú e Uruaçú, 15/10/2017, pelo Papa Francisco na Praça de São Pedro.
Esse novo santo, pertencente à família religiosa de São José de Calasanz, foi sensível aos apelos de seu tempo, dando atenção aos mais necessitados e especialmente à situação das mulheres, pelas quais fundou uma família religiosa, para que lhes promovesse a vida cristã e cidadã, de maneira mais digna para a mulher daquele tempo.
Ainda hoje a missão de São Faustino Míguez se faz muito necessária, para resgatar a dignidade e valor da mulher em sua feminilidade, característica única desse belo ser criado por Deus.
Além disso, o Pe. Faustino da Encarnação, seu nome de religioso, dedicou-se muito aos estudos, destacando-se no conhecimento de plantas medicinais, com o qual muito ajudou as pessoas em suas enfermidades. Sua vida de oração foi intensa, louvando sempre ao mistério que acompanha seu nome, a Encarnação do Verbo de Deus.
BIOGRAFIA
FAUSTINO MÍGUEZ nasceu em
Xamirás, uma aldeia de Acebedo del Rio, Celanova, na província de Orense
(Espanha), a 24 de março de 1831, sendo o quarto filho
do casal Benito Miguez e Maria Gonzalez, agricultores pobres e cristãos. A sua
família era profundamente cristã e trabalhadora, propiciando-lhe um ambiente de
fé, onde aprendeu a oração e o amor a Maria, a solidariedade com os
necessitados e a responsabilidade no trabalho. Foi batizado com o nome de
Miguel e assumiu o nome de Faustino da Encarnação ao ser consagrado sacerdote.
A sua vida transcorreu como a de todos da sua idade, dividida entre os estudos,
o trabalho rural, o encontro com os amigos, a família e as orações. Na
escola de S. José de Calasanz seguiu Cristo, dedicando-se à educação. Como
Padre das Escolas Pias aplicou-se todos os dias ao serviço da infância e da
juventude.
Estudou latim e ciências
humanas no Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, em Orense, no qual se
sentiu chamado por Deus para se tornar sacerdote e professor segundo o espírito
de São José Calazans. No ano de 1850 ingressou no Noviciado das Escolas Pias de
São Fernando, em Madrid, onde tomou o hábito, professou os seus votos perpétuos
e se ordenou sacerdote, em 1856.
Durante alguns anos,
padre Miguez desenvolveu seu apostolado em Cuba, no Colégio de Guanabacoa, onde
começou a se entusiasmar pelos estudos de Botânica e a se dedicar a uma
atividade que, com o tempo, viria a se constituir em uma de suas ocupações
prediletas: a produção e distribuição de ervas medicinais, que curavam
múltiplas doenças e com as quais recuperou importantes personalidades da sua
época.
Sempre atento às
necessidades das pessoas, tomou contato com a realidade vital do povo,
participou nos seus problemas, sofrimentos e enfermidades, e respondeu-lhes na
medida das suas forças. Dada a sua vocação científica, procurou também com este
seu talento socorrer a humanidade abatida por tantos sofrimentos físicos e, a
exemplo do Mestre divino, preocupou-se da saúde tanto da alma como do corpo.
Depois, retornou à
Espanha, e como padre escolápio (religiosos e leigos de São José Calasanz),
lecionou em muitas escolas das mais variadas dioceses do país. Nos cinquenta
anos de magistério, quis sempre ocupar o lugar comum de professor, sem cargos
de destaque, para se dedicar diretamente na formação e instrução das crianças e
jovens. Em algumas ocasiões chegou a ser o diretor dos alunos internos, para os
quais foi amigo, pai, companheiro e conselheiro. Escreveu vários livros de
fácil compreensão, sobre ciências naturais e botânica. Como sacerdote escolheu
o ministério do confessionário se tornando diretor espiritual de muitos
paroquianos.
Ao mesmo tempo, para
ajudar os doentes se dedicou à preparação de produtos fitoterapêuticos, com os
quais obteve curas surpreendentes. Enfrentou muitos opositores, entretanto,
muitos o procuravam porque já haviam sido curados pelas propriedades das ervas
que ele indicara. Após as polêmicas e oposições, doze medicamentos foram
aprovados pela Diretoria Geral da Sanidade Pública e vendidos nas farmácias.
Transferido para a diocese
de Getafe, padre Faustino fundou para o bem da humanidade, o Instituto Miguez,
com a aprovação do Vaticano, passando a cultivar e a produzir os medicamentos
aprovados. Com isto, trouxe muitas divisas para a Ordem. Em Sanlúcar de
Barrameda, na Galiza, constatou a ignorância e o abandono em que vivia a mulher
e a marginalização que existia no campo educativo. Convicto da importância da
mulher na família e na sociedade, e animado do mesmo espírito que tinha
impelido S. José de Calasanz, fundou em 1875 o Instituto Calasanziano das
Filhas da Divina Pastora, dedicado à promoção humana e cristã das meninas,
especialmente das mais pobres, a fim de que, guiadas desde a mais tenra idade,
chegassem a ser, dizia, boas cristãs, boas filhas, boas esposas e boas mães e
membros úteis para a sociedade, da qual devem formar a parte mais interessante.
Morreu em Getafe, aos 94
anos de idade, no dia 8 de março de 1925. A sua longa vida consagrada
totalmente ao Senhor, a quem amou sobre todas as coisas, foi um contínuo ato de
fé e de aceitação da Sua vontade em todos os momentos. Deixou-se modelar por
Deus e só procurou a Sua glória. Amou o Instituto das Escolas Pias e procurou
viver com radicalidade e autenticidade a sua vida religiosa. Padre Faustino
Miguez, foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 1998. A sua festa litúrgica
ocorre no dia de sua morte. Sua canonização se deu no dia 15 de outubro
de 2017, junto com os santos mártires de Cunhaú e Uruaçú, Brasil.
«Quem se humilha será
exaltado» (Lc 18, 14). Ao elevar à glória dos altares o sacerdote escolápio
Faustino Míguez, cumprem-se estas palavras de Jesus que escutamos no Evangelho.
O novo Beato, renunciando às próprias ambições, seguiu Jesus Mestre e consagrou
a sua vida à educação das crianças e dos jovens, conforme o estilo de São José
de Calasanz. Como educador, a sua meta foi a formação integral da pessoa. Como
sacerdote, buscou sem cessar a santidade das almas. Como cientista, quis
aliviar a enfermidade libertando a humanidade que sofre no corpo. Na escola e
na rua, no confessionário e no laboratório, o Padre Faustino Míguez foi sempre
transparência de Cristo, que acolhe, perdoa e anima.
Trecho da Homilia de
Beatificação – Papa São João Paulo II – 25 de outubro de 1998
«Homem do povo e para o
povo», nada nem ninguém lhe esteve alheio. Constatou a situação de ignorância e
marginalização em que vivia a mulher, a quem considerava a «alma da família e a
parte mais interessante da sociedade ». Com a finalidade de a guiar desde a
infância pelo caminho da promoção humana e cristã, fundou o Instituto
Calasanziano das Filhas da Divina Pastora, dirigido para a educação das meninas
na piedade e nas letras.
O seu exemplo luminoso,
entretecido de oração, estudo e apostolado, prolonga-se hoje no testemunho das
suas filhas e de tantos educadores que trabalham com denodo e alegria, para
gravar a imagem de Jesus na inteligência e no coração da juventude.
Sobre
a celebração de sua canonização
Um dos momentos mais emocionantes da celebração para quase dois mil peregrinos calasâncios foi a leitura do Breve Pontifício por meio do qual o Papa inscreve oficialmente no Catálogo dos Santos o Pe. Faustino:
"Em homenagem à
Santíssima Trindade, para exaltar a fé católica e o crescimento da vida cristã,
com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, os Santos Apóstolos Pedro e
Paulo e a Virgem, depois de ter refletido longamente, invocando, muitas vezes,
a ajuda divina e ouvindo o parecer de inúmeros irmãos no Episcopado, declaramos
e definimos Santos os Beatos Faustino Míguez (...) e os inscrevemos no catálogo
dos Santos, e estabelecemos que, em toda a Igreja, sejam devidamente honrados
entre eles. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo."
Com a benção final, os
peregrinos da Praça de São Pedro explodiram, exultando de alegria, em aplausos
e cantos. Agora podemos dizer: SÃO FAUSTINO MÍGUEZ, ROGAI POR NÓS!
Sugestões de Vídeo sobre São Faustino Míguez: