Vida
Frei Alberto Beretta nasceu no dia 28 de
agosto de 1916 na cidade de Milão, batizado com o nome de Enrico Beretta por
seus pais Alberto Beretta e Maria De Micheli. Passou os anos da infância,
adolescência e juventude recebendo uma educação cristã exemplar por parte dos
pais que o encaminharam juntamente com os demais filhos na pratica sincera do
amor a Deus e ao próximo, na oração frequente, na participação cotidiana da
Eucaristia, na reza do terço em família à noite, em experiências apostólicas de
acompanhamento de grupos juvenis paroquiais.
Enrico (Frei Alberto) no dia de sua formatura, 1942. |
Enrico era de temperamento um pouco
tímido, de poucas palavras, cuidadoso e muito estudioso. Ao longo dos anos fez
o liceu em Milão e buscou exaustivamente sua formação intelectual e acadêmica
até alcançar o doutorado em medicina em março de 1942. Os frequentes contatos
mantidos desde os treze anos de idade com os frades capuchinhos ao acompanhar
os pais na igreja de Monforte em Milão, pois eles eram fervorosos terceiros
franciscanos, e sucessivamente com os frades do convento de Lovere onde fazia
até retiros espirituais com os jovens, estão à raiz do desabrochar de sua
vocação sacerdotal, capuchinha e missionária na sequela de São Francisco. Ainda
jovem, Enrico encontra no convento dos padres capuchinos, frei Adriano de
Zânica, missionário em Barra do Corda, e fica impressionado com as narrações do
padre acerca das condições de abandono dos pobres, doentes e leprosos no estado
do Maranhão. Isso o leva a declarar a seu irmão, Giuseppe, no dia do enterro do
pai: "Quero ser capuchino missionário e médico em Grajaú, onde não há
médico algum numa vasta região".
Frei Alberto no dia de sua primeira Missa. 19 de março de 1948 |
Quando tinha 29 anos, ao mesmo tempo em
que exercia a profissão de médico e cirurgião, começou a estudar teologia
cursando os dois primeiros anos em Friburgo na Suíça e os outros dois anos na
casa de formação dos estudantes de teologia dos frades capuchinhos de Piazzale
Velasquez em Milão, Concluídos os estudos e desejoso de exercer o ministério de
padre e de médico na missão dos capuchinhos, no Brasil, na cidade de Grajau,
sede da Prelazia, procurou entrar em contato com o Bispo Prelado, Dom Emiliano
Lonati, o qual aceitou incardinar o jovem Enrico na sua Prelazia, e delegou o
arcebispo de Milão, o card. Schuster para que lhe conferisse a sagrada
ordenação, o que ocorreu no dia 13 de março de 1948 na igreja de São Bernardino
em Milão.
Brasil
No dia 12 de março de 1949 partiu para o
Brasil junto a Dom Lonati e chegou ao Rio de Janeiro no dia 6 de abril.
Permaneceram alguns meses no Rio resolvendo vários problemas burocráticos e
seguindo viagem para São Luís aonde chegou no dia 18 de junho. De lá, sempre na
companhia do bispo, prosseguiu para Grajau chegando à destinação no dia 2 de
agosto, recebido festivamente com foguetes e ao badalar dos sinos da catedral.
Pelo fato de as normas do Brasil não
contemplarem o reconhecimento dos títulos acadêmicos obtidos na Itália, o jovem
e fervoroso missionário aceitou pacientemente ter de repetir as provas de
numerosas disciplinas medicas nas quais já havia sido aprovado em sua pátria.
Esta determinação acarretou um reenvio para tempos futuros a sua vontade de
atuar logo no campo medico para o qual já trazia ciência, competência e
experiência e viajou para o Rio Grande do Sul. O que de início parecia um
penoso obstáculo a ser enfrentado converteu-se em vantagem, pois teve
oportunidade de cursar também outras especializações e adquirir preciosos
conhecimentos que lhe seriam uteis no seu trabalho no sertão maranhense.
Hospital São Francisco de Assis
Em 1950 com a ajuda de seus irmãos que
moravam na Itália, sobretudo Monsenhor Giuseppe o Engenheiro, deu início à
construção do Hospital São Francisco de Assis. Em 1957 a construção do Hospital
foi concluída, algo inacreditavelmente para a época, considerada a escassez dos
meios de transporte na época e a falta de estradas. Mais tarde próprio Frei
Alberto sentiu a necessidade de ampliar a estrutura e acrescentou outras
dependências.
Frei Alberto no jipe que utilizava para alcançar os lugares distantes onde curava os doentes e administrava os sacramentos. |
Vila
San Marino
Frei Alberto criou a Vila San Marino,
criada para o tratamento adequado de pessoas com hanseníase, extremamente numerosos
na região naquela época, e para onde Frei Alberto fazia questão de ir todos os
dias, dedicar-se aos doentes, como médico e como padre. Nessa Vila ele testa
uma prática que aprendeu com um médico russo, discípulo do russo/ucraniano
Volodimir Filatov, que lhe ensina uma técnica, até nos dias atuais,
revolucionária: o uso da placenta humana para tratamento das patologias mais
complexas utilizando Célula-tronco. O Hospital logo se torna uma referência em
todo o estado do Maranhão. Suas técnicas, sobretudo o tratamento à base de
placentas, diligente e cuidadosamente tratadas com uma autoclave feitas
especialmente para a esterilização, são de conhecimento de todo o Brasil. Por
isso, a cidade de Grajaú recebia pacientes com as mais diversas patologias
vindas das mais longínquas regiões do Brasil. Frei Alberto, com sua
extraordinária formação, poderia ter exercido sua profissão em qualquer país
desenvolvido do mundo, mas escolheu Grajaú e região, fazendo tal escolha
unicamente por saber que nesse pedaço do mundo não havia médico algum para
tantas almas.
Frei Alberto com alguns meninos moradores da Vila San Marino.
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Consagração
definitiva ao ideal franciscano-capuchinho
Em agosto de 1960 vestiu o habito
capuchinho em Guaramiranga no Ceará, adotando, em homenagem a seu pai Alberto,
o nome de Frei Alberto Enrico Beretta. La fez o seu ano de noviciado ao término
do qual emitiu os votos temporários, no dia 16 de agosto de 1961. Sua
consagração definitiva ao ideal franciscano-capuchinho se deu em Grajau no dia
16 de agosto de 1964. Nos anos intermédios se desdobrou numa atividade
fervorosa e difícil de resumir, pois ele não punha limites de espaço e de tempo
a sua doação. Entregou-se com o fervor de neófito e de santo para aliviar o
sofrimento dos pobres que não tinham como recompensá-lo, num tempo em que no
sertão o médico era artigo de luxo, pois somente quem possuía algum recurso
poderia permitir-se ir à capital em busca de tratamento. Naquela época, legiões
de grajauenses que precisavam de cuidados médicos, mas não tinham recursos,
eram simplesmente abandonados a sua própria sorte. Ele era, a um só tempo,
obstetra, pediatra, geriatra, cirurgião, oftalmologista, clínico geral e muitas
outras especialidades. Isso em pleno sertão. Com Frei Alberto, jamais um doente
deixou de ser atendido, tivesse o problema que tivesse. Isso fez com que
multidões de todas as comunidades próximas, como Alto Brasil, Arame, Amarante
do Maranhão, Sítio Novo, procurassem o hospital, transformando o lugar num
santuário de esperança e caridade.
Guaramiranga, Ceará, Brasil. Frei Alberto com os companheiros de noviciado. |
Frei Alberto para sua ambulância para atender a um doente no “sertão”. |
Morte
Em dezembro de 1981, após 33 anos no
Brasil, em um dia de vigília de Natal, após o atendimento a um pai de dez
filhos que sofreu um acidente que quase lhe amputou a mão, sem praticamente ter
tirado qualquer folga ou férias nesses anos todos, é acometido por uma AVC
(Acidente Vascular Cerebral), perdendo a fala e parte dos movimentos, que o
tira definitivamente de qualquer atividade médica ou apostólica. No início de
1982 foi transferido para São Luis onde tratou-se, logo depois foi para a
Clinica de Ponte San Pietro na Italia e finalmente na casa de seu irmão,
Monsenhor Giuseppe em Borgo Canale, onde viveu por mais vinte anos até sua
morte em 10 de agosto de 2001, seu enterro foi no Cemitério Monumentale Di
Bergamo em Bérgamo, Província de Bergamo, Lombardia, Itália.
Família
Frei Alberto Enrico Beretta foi o sétimo
dos treze filhos de Alberto Beretta e Maria De Micheli, dos quais três são,
Monsenhor Giuseppe um engenheiro, Madre Virginia uma missionária e médica
canossiana e Santa Gianna Beretta Molla que foi uma médica italiana casada e
mãe de família com quatro filhos, proclamada santa pela Igreja Católica.
Os
irmãos e as irmãs Beretta no dia da primeira S. Missa de padre José. De
esquerda: Enrico (frei Alberto), Gianna, Ferdinando, padre José, Virgínia,
Francisco, Zita.
Em 18 de junho de 2008, na Cúria em Bérgamo, o bispo diocesano de Bergamo, Itália,
Dom Roberto Amadei, deu início ao processo de beatificação de Frei Alberto
Beretta, italiano, sacerdote capuchinho, médico-missionário e irmão de Santa
Gianna Beretta Molla. Na ocasião, Dom Roberto afirmou: "ele foi uma grande testemunha de caridade no dia-a-dia, capaz de fazer com que a vida se torne ensinamento do evangelho. Uma testemunha grande e silenciosa". "Frei Alberto continuou a testemunhar Cristo por meio da oração e de sua serenidade”, disse o bispo. "Um testemunho importante na sociedade de hoje que considera como pessoas inúteis aqueles que não produzem", concluiu.
O processo diocesano ficou a cargo do Monsenhor Giuseppe Martinelli na qualidade de juiz, Padre Eugênio Zanetti como juiz suplente, Monsenhor Umberto Midali como promotor de justiça e Mariângela Tosi e Silvia Deho, como notários.
Estavam presentes na cerimônia de abertura do processo de beatificação o Postulador Geral e o vice-postulador dos Frades Capuchinhos, Frei Florio Tessari e Frei Claudio Resmini, além de numerosos confrades capuchinhos. Da família de Frei Alberto, marcaram presença seus irmãos, Monsenhor Giuseppe e Irmã Virgínia, alguns sobrinhos e parentes. O Bispo Emérito de Grajaú, Dom Serafim Spreafico, representou a Diocese de Grajaú.
A pós a entrega dos encargos e o juramento feito pela comissão que conduzirá o processo, dom Amadei completou dizendo: "É um dia de alegria para nossa Igreja de Bergamo, que o processo de beatificação, se torne uma ocasião para que todos conheçam frei Alberto Beretta e possam aprender e seguir seu exemplo de fé e caridade", sublinhou.
Seus testemunhos foram colhidos e seus escritos foram examinados. A documentação foi enviada à Santa Sé a fim de obter a necessária autorização para dar início ao processo de beatificação.
Para o frade capuchinho italiano, Frei Luis Spelgatti, pároco da sede da diocese de Grajaú, a presença de 31 anos de Frei Alberto em Grajaú marcou e continua a marcar' profundamente o povo grajauense por ter tido em seu meio alguém que viveu intensamente os ensinamentos do evangelho, pessoa que foi autêntico homem de Deus e que viveu a santidade no amor e no serviço aos irmãos.
O processo diocesano ficou a cargo do Monsenhor Giuseppe Martinelli na qualidade de juiz, Padre Eugênio Zanetti como juiz suplente, Monsenhor Umberto Midali como promotor de justiça e Mariângela Tosi e Silvia Deho, como notários.
Estavam presentes na cerimônia de abertura do processo de beatificação o Postulador Geral e o vice-postulador dos Frades Capuchinhos, Frei Florio Tessari e Frei Claudio Resmini, além de numerosos confrades capuchinhos. Da família de Frei Alberto, marcaram presença seus irmãos, Monsenhor Giuseppe e Irmã Virgínia, alguns sobrinhos e parentes. O Bispo Emérito de Grajaú, Dom Serafim Spreafico, representou a Diocese de Grajaú.
A
Seus testemunhos foram colhidos e seus escritos foram examinados. A documentação foi enviada à Santa Sé a fim de obter a necessária autorização para dar início ao processo de beatificação.
Para o frade capuchinho italiano, Frei Luis Spelgatti, pároco da sede da diocese de Grajaú, a presença de 31 anos de Frei Alberto em Grajaú marcou e continua a marcar' profundamente o povo grajauense por ter tido em seu meio alguém que viveu intensamente os ensinamentos do evangelho, pessoa que foi autêntico homem de Deus e que viveu a santidade no amor e no serviço aos irmãos.
Testemunho,
mesmo na doença
Na ocasião foram lembrados a vida e o
amor de Frei Alberto pelos irmãos mais sofridos, suas atividades no Brasil, na
diocese de Grajaú e seu retorno à Itália após sofrer um derrame, vindo a falecer na casa
do seu irmão sacerdote em Borgo Canale, em Bergamo, após 20 anos de sua doença,
Referências
Frei Alberto Beretta -
http://freialbertoberetta.com/biografia.html. Consultado em 7 de abril de 2018
indagrave - https://www.findagrave.com/memorial/50859532/alberto-beretta
- Consultado em 7 de abril de 2018
cancaonova -
https://noticias.cancaonova.com/mundo/igreja-abre-processo-de-beatificacao-de-frei-que-viveu-no-brasil/
- Consultado em 7 de abril de 2018
Livro Frei Alberto Beretta - O Herói Santo de
Grajaú de Hilario Cristofolini
4 comentários:
Frei Alberto Beretta, foi meu primeiro médico q a conheci,no municipio de grajaú, isso em 81 . Foi uma resposta boa da obra missionaria,ter enviado esse anjo como médico e como sacerdote de Deus.
VICE-POSTULAÇÃO DA CAUSA DE FREI ALBERTO BERETTA
Convento do Carmo – Frades Capuchinhos
Pça João Lisboa, 350 CEP: 65010-310 São Luís-MA
Tel: (98)3301-7759 E-mail: albertoberetta2021@gmail.com
Santo logo o que estão esperando,??
http://www.santosebeatoscatolicos.com/2019/03/servo-de-deus-frei-alberto-beretta.html?m=1
Não permite compartilhamento. Qual o problema ? Agradecemos.
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