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quinta-feira, 11 de maio de 2017

SANTA CATARINA DE BOLONHA, Virgem Clarissa e Mística (dois textos biográficos)



Filha de Benvenuta Mamolim e de Giovanni Vigri, Catarina nasceu em Bolonha no ano de 1413. Foi educada na corte de Ferrara, como dama de companhia de Margarida, filha de Nicolau III, marquês D’Este, a serviço de quem estava seu pai como diplomata. Aos treze anos de idade, após ter ficado órfã de pai e depois do casamento de Margarida com Roberto Malatesta de Rimini, Catarina decide-se pela vida religiosa.

Foi exatamente na corte de Ferrara, num ambiente moralmente deturpado, que a semente da vocação religiosa germinou no coração de Catarina. Deixando a mãe, uma irmã e um irmão, ingressou num mosteiro de Terciárias Agostinianas (1427) aos catorze anos. Era uma comunidade fundada por uma grande dama de Ferrara, tia Lúcia Mascaroni que na época a dirigia. Durante sua permanência na corte de Ferrara, Catarina mantivera estreito contato com os Frades Menores da Observância no convento do Santo Espírito, onde recebia a orientação espiritual que solidificou o seu desejo de servir a Deus.

Percebendo que a comunidade na qual ingressara não vivia com radicalidade evangélica sua opção, sentia cada vez mais o anseio de que de comum acordo passassem a viver a Regra de Santa Clara, e que tivessem a orientação dos Observantes, cujo testemunho de vida sempre a impressionara. Com o apoio sincero e confiante da senhora Lúcia Mascaroni, depois de inúmeras dificuldades e vicissitudes motivadas por divisões internas do grupo de mulheres que viviam então no Mosteiro Corpus Christi, mas por influência decisiva de Catarina, adotam finalmente a Regra própria de Santa Clara.

O Papa Eugênio IV, em uma bula de abril de 1431, enviou algumas Clarissas de Mântua para que formassem as componentes da nova comunidade clariana, estimulando a exata observância da Regra no seu primitivo rigor, atendendo assim às santas aspirações de Catarina e das suas companheiras. Depois de algum tempo de aprofundamento neste estilo de vida – o que considerou como o seu noviciado – Catarina professou em 1432, com dezenove anos, a Regra de Santa Clara, pela qual tanto lutara.
Catarina era de saúde muito delicada, mas esquecia-se complemente de si mesma, impondo a si mesma os trabalhos mais pesados e difíceis para poupar as demais. Desempenhou muitas funções a serviço de sua comunidade, entre elas a de padeira e de enfermeira. Foi exemplar na humildade e na obediência, em meio a inúmeras tentações de rebelião e de desespero, durante boa parte de sua vida em Ferrara. Era sempre pródiga na caridade para com suas irmãs.

Dotada de uma inteligência e de uma sensibilidade e perspicácia únicas, destacou-se como grande escritora, poetisa, pintora e mística do renascimento italiano. Seu estilo literário é original, precioso para o estudo da própria língua italiana da época, no dialeto de sua região. Jamais quis aceitar o ofício de abadessa em Ferrara, mas foi longamente mestra de noviças. O seu livro “As Sete Armas Espirituais” é uma síntese belíssima de sua pedagogia espiritual.

Na perspectiva de realizar uma nova fundação em Bolonha, Catarina foi escolhida como abadessa, na véspera da partida das fundadoras, em cujo grupo ela já  se contava. O temor em relação à difícil missão que o Senhor lhe pedia fez com que adoecesse gravemente naquela noite, tanto que pensavam as Irmãs que não sobreviveria. Mas na manhã seguinte, como por um milagre, partia com quinze companheiras para Bolonha, numa viagem memorável, em carruagem adaptada como clausura, que o povo acompanhava ou aclamava com júbilo. É o ano de 1456. Em pouco tempo o número de Irmãs em Bolonha se vê multiplicado.
A fama de santidade de Catarina atrai muitas jovens. A própria mãe de Catarina e sua irmã se fazem clarissas. O Mosteiro Corpus Domini de Bolonha torna-se um verdadeiro centro espiritual naquela cidade de douta cultura. O número de Clarissas rapidamente chega a sessenta. Dentre as mais fiéis colaboradoras que Catarina teve no trabalho de implantação do ideal de Santa Clara, estão as Bem-aventuradas: Giovana Lambertini (+1476), Paula Mezzavaca (1426-1482) e Iluminata Bembo (+1496).

Todas elas ingressaram em Ferrara, antes da observância da Regra de Santa Clara; participaram do grupo que fundou o Mosteiro de Bolonha e foram exemplares em seu testemunho de vida. Iluminata foi a primeira biógrafa de Santa Catarina. Seu manuscrito “Espelho de Iluminação” conserva-se atualmente no Mosteiro Corpus Domini de Bolonha, com as obras pessoais de Catarina: As Armas necessárias às batalhas espirituais, Breviário, Tratado sobre o modo de comportar-se nas tentações, Regras de vida religiosa, Louvores e Devoções, Cartas, Louvores espirituais e poesias, todos manuscritos autógrafos, alguns inéditos.


A partir de 1461, Catarina passa por períodos sucessivos de grave doença, até sua morte a 9 de março de 1463. Foi beatificada pelo Papa Clemente VII. Em 1712, Clemente XI declarou-a santa. Seu corpo se conserva incorrupto, em perfeito estado de conservação e flexível, na Igreja do Mosteiro Corpus Domini. Está sentada, com a Regra de Santa Clara nas mãos. É um dos casos mais interessantes na história!  A festa de Santa Catarina se celebra no dia 9 de maio.

(site: http://www.capuchinhos.org.br)




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Segundo texto biográfico: 

Catarina nasceu no dia 8 de Setembro de 1413, em Bolonha, na Itália. Era filha de Giovanni Vigri, advogado, lente da Universidade de Bolonha, e de Benvenuta Mamellini.

Nossa Senhora, um dia, aparecendo a Giovanni Vigri, disse-lhe:

- Tua filha será um grande e luminoso farol para o mundo!

Com nove anos, a jovenzinha foi levada à corte do marquês de Ferrara, e ali, educou-se com a princesa Margarida. Catarina era vista como menina de rara prudência e de modéstia fora do comum. Vivendo para as coisas de Deus, quando completou treze anos, filiou-se a uma associação religiosa. Ciente da miséria humana. Da fraqueza do homem, constantemente assediado pelo demônio, porque foi a Santa, já naquela altura, terrivelmente tentada, capacitou-se da grandeza de Deus, que lhe dera armas, conseguidas pela oração e pelos jejuns, para vencer o tentador.

A mandado de Jesus, escreveu, então, um tratado sobre as sete armas espirituais, trabalho que conservou cuidadosamente oculto de olhos alheios, e o qual só deu a conhecer, perto da morte, ao confessor. Eis que a princesa de Verde pensava em fundar um mosteiro sob a invocação do Santíssimo Sacramento, casa que se destinava a receber os membros daquela associação a que a santa virgem se filiara. Grande foi a alegria de Catarina de Vigri.

Depois de algum tempo, em que se pendeu para a regra de Santo Agostinho, depois para a de Santa Clara, ficou assentado que se adotaria a das clarissas. Era em 1432, e Catarina estava com vinte e um anos, quando o provincial dos irmãos menores da Observância conferia à fundação a primeira regra da doce seguidora de São Francisco de Assis. Grandes progressos no caminho da perfeição fez a jovem filha de Giovanni Vigri.

Favorecida com o dom dos milagres, tendo divinas visões, anunciou uma grande queda: a do império do Oriente e a tomada de Constantinopla pelos turcos. Humilde, que desejou Santa Catarina no convento, ela que era tão grande aos olhos de Deus? Quis, para satisfazer o desejo de penitência, tratar da padaria, vivendo apagadamente.

As altas virtudes, porém, um dia, levá-la-iam a ser mestra das noviças. Deus recompensou-a com imensa delicadeza. Contam de Santa Catarina de Bolonha que, certa vez, quando então era porteira e com alegria atendia os pobres que batiam à porta do convento, um venerável velho apareceu-lhe para uma esmola. A santa deu-lha, e ele, a olhá-la com grande doçura, retirou-se, sem dizer uma palavra, agradecendo tão somente com os olhos que falavam.

No dia seguinte, tornou a aparecer. Recebeu humildemente o que a santa lhe oferecia e se retirou, silencioso, agradecendo-lhe a esmola só com o olhar, como já o havia feito anteriormente. No terceiro dia, o suave velho tornou a surgir, à mesma hora, Trazia nas mãos uma escudela muito singela, mas muito transparente, que estendeu à santa porteira, dizendo:

- Toma para ti. Era a pequena taça em que Maria dava de beber ao Menino Jesus.

Catarina, assombrada e maravilhada, tomou-a nas mãos que tremiam. E, a pensar se as teria tão puras que pudessem tocar tão pura beleza - quando percebeu, já o venerável e suave velho desaparecera misteriosamente.

Era São José? Era. Deus, à serva fiel, fizera-o saber, depois, por uma revelação.

Quando a superiora da comunidade faleceu, era ela a boa Mãe Tadéia, Catarina foi olhada como a sucessora da abadessa desaparecida. Nada, porém, levou-a a aceitar aquela dignidade, e outra ocupou a vaga deixada. Catarina, todavia, estava fadada a ser abadessa. Anos mais tarde, Bolonha reclamava de Ferrara idêntica fundação em sua cidade. E a santa virgem foi designada para governá-la.

- Não! Dizia ela, muito humildemente. Impossível! Eu sou incapaz, nada faria de bom! Não posso! Sou indigna do que me querem conceder!

Na noite daquele dia em que se escusou do que lhe haviam de impor, adoeceu repentina e estranhamente. E, altas horas da madrugada, numa visão viu Jesus que lhe aparecia. Curou-a, e disse-lhe, brandamente:

- Minha filha, tu serás a abadessa de Bolonha, porque esta é a vontade de meu Pai celeste!

Ora, Bolonha estava a par das altas virtudes daquela filha insigne, e, pois, recebeu-a com grande alegria. Era a 22 de Julho de 1456, e o cardeal Bessarion legado da Santa Sé. Mais o cardeal-arcebispo de Bolonha, com o clero, foram-lhe ao encontro, seguidos do povo, que exultava, recebê-la condignamente.

Bolonha, naqueles dias, vivia turbada por questões políticas, inquieta, desassossegada e dividida. Foi um milagre! Com a chegada de Catarina, tudo serenou - cessaram as arruaças, os discursos inflamados e a união e a paz que constrói sobre todos desceu calmamente, clareando o céu borrascoso e espantado negras nuvens ameaçadoras.

E o mosteiro, denominado do Santíssimo Sacramento (ou Corpus Christi) floresceu. Sob tal abadessa, tudo era progresso, tanto temporal como espiritual.

Papa Pio II, em 1458, ia com uma bula, alegrar a grande abadessa. Dizia a bula que, entre as clarissas, a abadessa seria superiora somente por três anos. Catarina exultou: teria agora oportunidade de não ser nada. Grande engano! Findos que foram os três anos de governo, efetuada a eleição, novamente sobre ela recaiu a escolha das religiosas - e a santa, até o fim de seus dias, ocupou-se da administração do convento da cidade em que nascera. E docemente em  1463, faleceu, exclamando em meio às religiosas que a assistiam:

- Jesus! Jesus! Jesus!

Estava com quarenta e nove anos, e o corpo foi enterrado no cemitério da comunidade. Muitos milagres foram realizados à beira do túmulo da santa abadessa, que, dezoito dias depois, foi desenterrada e encontrada sem qualquer corrupção. A descoberto, ficou ela exposta no coro da igreja. E dois grandes prodígios se deram.



Às religiosas que a rodeavam saudou-a por três vezes com suaves sorrisos. E, tendo vindo uma menina venerá-la, chamava-se Leonor Poggi, Catarina, como se fora viva, abriu os olhos e fez-lhe sinal para que mais se aproximasse. A menina sem se espantar, calmamente, achegou-se do corpo. E a comunidade toda, maravilhadíssima, ouviu-a dizer à jovem, com muita clareza:

- Leonor, sê boazinha, que eu quero que sejas religiosa neste convento, que sejas minha filha e guarda de meu corpo.
E assim foi, alguns anos mais tarde.

Santa Catarina de Bolonha foi canonizada pelo Papa Clemente XI em 1712.

(Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume IV, p. 293 à 297)

2 comentários:

Suzana Solis disse...

http://www.santosebeatoscatolicos.com/2017/05/santa-catarina-de-bolonha-virgem.html

Maria Eugénia Carvalho e Branco disse...

Santa Catarina de Bolonha: Peça, no Céu, a Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, pelo Papa Francisco e por toda a Igreja! Pelo Baptismo de jovens por quem há tanto tempo suplico. Pela minha conversão. Obrigada!

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