Em Aïn-Karem,
Palestina, Santa Maria Alfonsina Danil Ghattas, cofundadora da Congregação das
Irmãs Dominicanas do Santíssimo Rosário de Jerusalém. († 1927)
Desde pequena Maryam Soultaneh Danil
Ghattas, seu nome civil, que nasceu em Jerusalém em 04 de outubro de 1843,
sentia uma devoção especial pela Virgem Maria e a recitação do Rosário. “Que Mãe bela, Maria! Não a posso descrever;
nenhuma imagem se assemelha sequer um pouco a sua imensa beleza. Bem-aventurado
quem goza eternamente”, diz ela em um de seus escritos divulgados por sua
comunidade.
Foi batizada em 19 de novembro de 1843 e
recebeu o Sacramento da Confirmação das mãos do primeiro Patriarca latino de
Jerusalém, José Valerga, depois da restauração do patriarcado em 18 de julho de
1842.
Foi graças a seu estreito relacionamento
com Maria que pode ver com clareza, quando tinha apenas 14 anos, seu chamado
para a vida religiosa. Seu amor à Virgem ajudou-a também a enfrentar algumas
dificuldades, como a oposição de seu pai à sua vocação. Finalmente, em 1860,
vestiu o hábito no instituto das Irmãs de São José da Aparição, tomando o nome
de Maria Alfonsina.
“Sobressaia-se por sua profunda piedade e
firme adesão à fé católica. Fundou a associação das Filhas de Maria e também
outra orientada às mães cristãs. Continuou seu trabalho apostólico em Belém”,
assegura o postulador para sua causa, Pe. Vitor Tomás Gomez, OP.
A Irmã Maria Alfonsina era favorecida com várias aparições de
Nossa Senhora, que lhe revelou seu desejo de que ela fundasse a Congregação
do Santo Rosário de Jerusalém. Numa dessas visões, Alfonsina viu, em sonhos,
freiras portando um hábito azul, ao mesmo tempo em que ouvia a Virgem Maria
censurar-lhe a lentidão em responder ao seu apelo.
As aparições de
Nossa Senhora fizeram com que ela ficasse absolutamente sedenta, ansiosa para
se entregar totalmente a Deus. "Eu
sentia um grande desejo de suportar as dificuldades. Achava delicioso tudo o
que era amargo e doloroso. A solidão era o paraíso do meu coração e a
obediência, o céu do meu espírito. Achava as ordens das Superioras fáceis de
serem seguidas”, escreveu em seu diário.
Um dia, em
visão, a Virgem Maria lhe fala do Pe. José Tannus, um santo sacerdote do
patriarcado latino, sugerindo que ele seja seu diretor espiritual e
administrador da Congregação que desejava que fosse fundada . Foi ele que
encontrou em Jerusalém, não longe do patriarcado, a modesta casa na qual entram
as cinco primeiras postulantes, entre elas Irmã Maria Alfonsina, em 24 de julho
de 1880. O Patriarca Vicente Bracco impõe o hábito às postulantes em 15 de
dezembro de 1881.
A Irmã Maria Alfonsina teve que enfrentar
várias dificuldades para obter de Roma a dispensa do instituto das Irmãs de São
José da Aparição para se dedicar à Congregação do Santo Rosário. Esta permissão
ela obteve em 1880, depois de muitas dificuldades e com a ajuda do Pe. José Tannus
Yammin.
Em 06 de outubro de 1883, a Irmã Maria
Alfonsina, que quis conservar o mesmo nome na nova fundação, recebeu o hábito
da Congregação do Rosário. Em 1885, foi admitida à profissão e pronunciou seus
primeiros votos.
A 25 de julho de 1885 foi viver em uma
nova casa da Congregação, em Jaffa de Galileia, perto de Nazaré, com outra
Irmã, para dar apoio à paróquia local.
Foi ali que se deu um milagre: um dia,
Nathira I'd, uma menina, cai em um poço profundo cheio de água. Irmã Maria
Alfonsina teve então a inspiração de lançar o seu rosário no poço, e se dirigiu
em seguida à igreja para invocar Nossa Senhora e rezar o Rosário com outras
meninas. Passado um tempo, Nathira sai do poço são e salva, dizendo que viu uma
grande luz e uma escada em forma de rosário que a ajudou a sair.
Em 1886 fundou uma escola feminina em Beit
Sahour, pequena localidade de pastores, perto de Belém, dando trabalho às
jovens pobres da cidade.
Em 1887, com três Irmãs, deixou Beit
Sahour e foi para Salt, a primeira missão na Transjordânia. Dois anos mais
tarde, foi enviada a Naplouse, porém voltou para a casa central de Jerusalém
por razões de saúde. Uma vez restabelecida, foi enviada para Zababdeh. Em 1892,
viaja a Nazaré onde cuida do Pe. Tannus até sua morte.
Em 1893, a Irmã Maria Afonsina abriu em
Belém uma oficina para dar trabalho às jovens pobres da cidade. Passou ali 15
anos de zelo e entusiasmo.
Em 1909 foi enviada a casa central de
Jerusalém, onde fundou um orfanato, permanecendo naquela cidade até 1917,
ocasião em que foi enviada para fundar um orfanato em Aïn-Karem. Ali pode
voltar a sua vida de oração e cumprir o desejo da Virgem Maria: que o Rosário
seja rezado perpetuamente. Ali permaneceu até sua morte, em 25 de março de
1927. Madre Maria Alfonsina exala o último suspiro rezando o rosário com sua
irmã, Hanneh Danil Ghattas.
“Ó
Senhor! É assim que te mostras generoso e consolas aos pecadores que não te
suplicam! Do que é feita tua caridade para com teus amigos e eleitos? Ó Maria,
minha mãe! Quem te pode compreender? Que pode dar-se conta de tua compaixão
para com as filhas de tua raça, especialmente aquelas que se sentem
desorientadas em sua vida?”, escreveu a Santa.
Irmã Maria Afonsina passou 42 anos a
serviço de seu instituto. Em todos os lugares onde morava concentrava sua ação
em ensinar a ler e a escrever, a fazer trabalhos manuais, fundava associações
para as mulheres, ensinava o catecismo, e, obviamente, difundia a recitação do
Rosário.
“A
mortificação de si mesmo atrai graças imensas, assim como a oração e a
modéstia”, repetia constantemente.
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Duas grandes santas da Terra Santa canonizadas no mesmo dia: Santa Maria de Jesus Crucificado e Santa Maria Alfonsina. |
Atualmente há cerca de 300 Irmãs da
Congregação do Santo Rosário presentes na Palestina e Israel, Jordânia, Líbano,
Síria, Emirados Árabes Unidos, Egito e Roma. A congregação apenas aceita moças
árabes e segue o rito latino.
“Dei-me
como uma oferenda total por tudo o que a Divina Providência queria de mim. Não
encontro nenhum mal naquilo que sofro, porque sou uma oferenda do Rosário”,
dizia Santa Maria Alfonsina.
Foi beatificada em 22 de novembro de 2009,
na Basílica da Anunciação de Nazaré; canonizada em 17 de maio de 2015 na
Basílica de São Pedro, pelo Papa Francisco.
Livramento da morte certa alcançado
por Santa Maria Alfonsina: o MARAVILHOSO relato do padre franciscano Abuna
(Frei) Nirwan, no Iraque.
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Abuna Nirwan, frade franciscano, miraculado e libertado graças à intercessão de Santa Maria Alfonsina (foto do site Aletéia) |
O Frei (Abuna,
em árabe) Nirwan (foto acima) é um franciscano que nasceu no Iraque e, antes de ser ordenado
sacerdote, estudou medicina. Foi destinado à Terra Santa e, em 2004, ganhou das
Irmãs Dominicanas do Rosário uma relíquia da sua fundadora e um terço usado por
ela. O padre passou a trazer a relíquia e o rosário sempre consigo.

Em 2004, a
relíquia e o rosário. Em 2009, a
exumação. E esses dois fatos extraordinários não foram os únicos que ligaram o
padre Nirwan àquela santa fundadora.
Dois anos antes
da aprovação do Papa Bento à beatificação da religiosa, mais um fato
simplesmente arrepiante envolvendo o pe. Nirwan e a madre Maria Alfonsina tinha
sido relatado pelo padre Santiago Quemada no seu blog “Un sacerdote en Tierra
Santa”.
Eis o relato:
A história que
vamos contar aconteceu em 14 de julho de 2007. Abuna Nirwan foi visitar a sua
família no Iraque e, para isso, precisou contratar um táxi. Ele mesmo relatou o
caso na homilia de uma missa que celebrou em Bet Yalla. O padre Nirwan contou:
Não havia
possibilidade de ir de avião para visitar a minha família. Era proibido. O meio
de transporte era o carro. Meu plano era chegar a Bagdá e ir de lá para Mossul,
onde viviam os meus pais.
O motorista
tinha medo por causa da situação no Iraque. Uma família, formada pelo pai, a
mãe e uma menininha de dois anos, pediu para viajar conosco. O taxista me falou
do pedido e eu não vi nenhum inconveniente. Eram muçulmanos. O motorista era
cristão. Ele disse que havia lugar no carro e que eles podiam ir conosco.
Paramos num posto de combustível e outro homem jovem, muçulmano, também pediu
para ir junto até Mossul. Como ainda restava um assento, ele também foi aceito.
A fronteira
entre a Jordânia e o Iraque só abre quando amanhece. Quando o sol se levantou,
uma fila de cinquenta ou sessenta carros foi avançando lentamente, todos
juntos.
Seguimos a
viagem. Depois de mais de uma hora, chegamos a um lugar onde estavam fazendo
uma inspeção. Preparamos os passaportes. O motorista nos disse: “Tenho medo
desse grupo”. Antes era um posto militar, mas uma organização terrorista
islâmica havia matado os militares e tomado o controle do local.
Quando chegamos,
eles nos pediram os passaportes sem nos fazer descer do carro. Levaram os
passaportes a um escritório. A pessoa voltou, se dirigiu a mim e disse: ‘Padre,
vamos continuar a investigação. Podem ir até o escritório mais à frente. Depois
já é o deserto”. “Muito bem”, respondi. Caminhamos uns quinze minutos até
chegar à cabana a que eles se referiam.
Quando chegamos
à cabana, saíram dois homens de rosto coberto. Um deles tinha uma câmera em uma
mão e um facão na outra. O outro era barbudo e estava segurando o alcorão.
Chegaram até nós e um deles perguntou: “Padre, de onde está vindo?”. Respondi
que vinha da Jordânia. Depois ele perguntou ao motorista.
Depois se
dirigiu ao rapaz que vinha conosco, o agarrou por trás com os braços e o matou
com o facão. Amarraram as minhas mãos por trás das costas e disseram:
“Estamos
gravando isto para a Al-Jazeera. Quer dizer algumas palavras? Tem menos de um
minuto”.
Eu respondi:
“Não, só quero
rezar”.
Eles me deram um
minuto para rezar.
Depois um deles
me empurrou pelo ombro para baixo até eu ficar de joelhos e me disse:
“Você é clérigo.
É proibido que o seu sangue caia no chão porque é sacrilégio”.
Por isso ele foi
pegar um balde e voltou com ele para me degolar. Não sei o que rezei naquele
momento. Senti muito medo e disse à Madre Maria Alfonsina:
“Não pode ser
por acaso que eu trago você comigo. Se é preciso que nosso Senhor me leve ainda
jovem, estou pronto. Mas, se não é, eu te peço que ninguém mais morra”.
Ele pegou a
minha cabeça, segurou meu ombro com força e levantou o facão. Uns instantes de
silêncio e de repente ele perguntou:
“Quem é você?”
Respondi:
“Um frade”.
“E por que eu não consigo mexer o facão?
Quem é você?”.
E, sem me deixar
responder, prosseguiu:
“Padre, você e
todos voltem para o carro”.
Fomos de volta
até o veículo.
Daquele momento
em diante, eu perdi o medo da morte. Sei que um dia morrerei, mas agora é mais
claro que vai ser só quando Deus quiser. Desde aquele momento, eu não tenho
medo de nada nem de ninguém. O que vier a me acontecer é porque é vontade de
Deus e Ele vai me dar a força para acolher a Sua cruz. O importante é ter fé.
Deus cuida dos que acreditam n’Ele”.
Fontes:
Blog Heroínas da Cristandade (http://heroinasdacristandade.blogspot.com.br/2017/03/santa-maria-alfonsina-religiosa-e.html?m=1) Com alguns enxertos no texto.
Site
Aletéia (https://pt.aleteia.org/2017/05/15/o-jihadista-nao-conseguiu-me-degolar-quem-e-voce-eu-nao-consigo-mexer-o-facao/)
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