Júlio
Chevalier nasceu em Turene (França), no pequeno povoado de Richelieu
(Indre-et-loire), no dia 15 de março de 1824 e foi batizado no dia
seguinte, com o nome de João Júlio. Seus pais eram cristãos e
muito honestos, de uma família marcada por uma grande piedade. Sem
serem ricos, gozavam de um modesto bem-estar, e o trabalho, a
disciplina e a economia faziam prever dias ainda melhores. Já
sonhavam com um futuro promissor para os filhos, mas infelizmente não
contavam com a doença e os revezes. Deus, sem dúvida, tinha seus
planos, pois tudo é regido por sua divina Providência.
Ele
aprendeu muito com seus pais. Sua mãe era muito religiosa e o educou
com valores humanos e cristãos, aprendeu dela o bom humor; já do
pai herdou o gênio explosivo e impetuoso. Logo cedo começou a
trabalhar como aprendiz de sapateiro, mas seu maior interesse era
juntar dinheiro para seus estudos.
Ainda
menino, mas com a responsabilidade de um homem, enfrentou a dupla
tarefa de aprender um ofício e de se preparar para o sacerdócio.
Era aproximadamente 7 quilômetros que Júlio Chevalier tinha que
andar para poder frequentar as aulas. Aos 17 anos, um pouco tarde
para a época, entra para o seminário e vai conviver com rapazes
quatro ou cinco anos mais novos. Em seu tempo de seminário Júlio
Chevalier foi considerado um seminarista “virtuoso, sincero,
trabalhador e piedoso”.
A caridade expressada pela amabilidade foi
a característica de toda a vida de Chevalier, “tinha todo tempo
disponível para quem dele se aproximava”, seu inefável sorriso
iluminava todo seu semblante, cativava pelo encanto de sua pessoa e
pela convicção de suas palavras, pois tinha a alma de um apóstolo.
Um homem místico, com uma espiritualidade simples, atraído pelo
amor do Coração de Cristo, envolto de ternura, compreendia muito
bem a prática da caridade, e lucrava muito mais quando vinha
temperada com uma dose de humor.
Foi
um homem agradecido, não cessando nunca de dar graças à Divina
Providência, sem esta ele não teria entrado no seminário e seu
sonho em fundar os Missionários do Sagrado Coração não teria se
concretizado. Sentia-se constrangido quando alguém o elogiava,
preocupava-se muito pouco com a aparência, mesmo depois de um de
seus paroquianos ter deixado um pente e graxa de sapatos à porta de
seu confessionário (fato que ele relatava com muito humor). Em
grandes solenidades misturava-se com visitantes ilustres, tendo o
barrete sobre a orelha e vestido como simples pároco rural.
Tudo
começou no século XIX, no ano de 1854, na pequena cidade de
Issoudun, diocese de Bourges, na França, onde nasceu a Congregação
dos Missionários do Sagrado Coração, fundada pelo jovem sacerdote
de 30 anos, Padre Júlio Chevalier.
Quando
ele assumiu a Paróquia, percebeu que o povo estava abandonado e que
havia uma grande indiferença religiosa nas pessoas. Descobriu no
Coração misericordioso de Cristo a fonte inesgotável da verdadeira
felicidade. Quis, então, que o Sagrado Coração de Jesus fosse
amado por toda parte. Não mediu esforços para vencer todas as
dificuldades e conseguiu viabilizar a nova Congregação. Contou com
especial proteção de Nossa Senhora, a quem havia se consagrado
desde a infância. O título dado a Maria, Nossa Senhora do Sagrado
Coração é hoje conhecido no mundo inteiro.
Totalmente
entregue à sua missão por Cristo e pelos outros, era um homem
determinado e de uma extraordinária fortaleza que, baseado na
confiança em Deus, pôde enfrentar dificuldades aparentemente
insuperáveis Era muito mais que um simples homem de ação. Padre
Júlio Chevalier era um homem místico; depois que ele ultrapassou a
etapa de evidente esforço ascético, sua vida teve uma notável
transformação quando descobriu o mistério de Cristo vivo nele e
que amava e atuava através dele. Tinha profundamente presente o
Cristo ante seus olhos durante sua meditação, Cristo em seu
coração, em sua oração e na prática da caridade, estava
consciente da presença de Cristo em toda a sua atividade. Por isso,
escrevia nas Regras: “Os Missionários do Sagrado Coração terão
uma terna devoção ao Coração Adorável de Jesus; não esquecerão
de que ele é a fonte de todas as graças, uma fornalha de luz e de
amor, um abismo de misericórdia; recorrerão a ele com frequência
em suas provações, em suas tentações, desgostos e dificuldades”.
Chevalier
estava convicto de que fora chamado a compartilhar esta missão de
fazer com que o mundo conhecesse o amor de Deus. Três congregações
religiosas devem sua origem ou sua inspiração ao Pe. Chevalier: os
MSC (Missionários do Sagrado Coração), as FDNSC (Filhas de Nossa
Senhora do Sagrado Coração), e as Irs. MSC (Irmãs Missionárias do
Sagrado Coração). Há nestas congregações as mesmas linhas
convergentes, ainda que a importância dada a certos aspectos possa
variar, encontramos três constantes: – o amor pela humanidade; –
a confiança na soberana bondade de Deus revelada no Cristo; – o
apoio a tornar conhecido este amor e esta bondade em suas obras.
Os
primeiros documentos da Congregação dos Missionários do Sagrado
Coração, refletem a preocupação que sentia Chevalier pelos “males
de nossa época”, (correntes que atingiam as pessoas, oferecendo
falsos valores). Chevalier viu na devoção ao Sagrado Coração “um
remédio para os males de nosso tempo”, propondo combater o egoísmo
e a indiferença em relação a Deus e aos direitos humanos.
Foi
ele próprio que escolheu o termo dos “Missionários do Sagrado
Coração”, num sentido muito mais amplo do que missão junto aos
que desconhecem o Evangelho ou junto às Igrejas estrangeiras, tudo
isso também, mas ia muito além: no sentido de serem enviados aos
mais necessitados, para levar-lhes “os tesouros do amor e da
misericórdia do Coração de Jesus”. Para ele a profissão
religiosa é “uma consagração para a missão”. Ele queria
companheiros que fossem mais que homens de ação, queria homens que
se deixassem atrair pelo Cristo, para partilhar de seu amor pelos
homens.
Nossa Senhora do Sagrado Coração |
Pe.
Júlio Chevalier faleceu no dia 21 de outubro de 1907, sendo
confortado com os últimos sacramentos da Igreja, com seus amigos e
irmãos e uma multidão de paroquianos que choravam por ele, como se
chora por um pai, e rogavam a ele como a um santo. No ano de 2011 foi
aberto oficialmente “o reconhecimento pela Santa Sé de que não há
impedimento na Causa de beatificação e canonização do Servo de
Deus Padre Júlio Chevalier”.
No
dia 8 de dezembro de 1854, dia em que o Papa Pio IX declarava
solenemente o dogma da Imaculada Conceição, nascia a Congregação
dos Missionários do Sagrado Coração, que teria que levar aos mais
sofridos, espiritual e materialmente, o Amor revelado no Coração do
Verbo de Deus, Jesus Cristo. Hoje, os Missionários do Sagrado
Coração trabalham nos cinco continentes, em diversos países e nas
mais diferentes frentes de ação missionária: colégios,
santuários, paróquias, meios de comunicação, rádio, TV, obras
sociais… sempre fazendo valer o seu lema:
“Amado
seja por toda parte o Sagrado Coração de Jesus”.
ORAÇÃO
PARA OBTER A BEATIFICAÇÃO DO PADRE JÚLIO CHEVALIER
Deus,
nosso Pai, Vós que nos amastes até entregar o vosso Filho pela
salvação do mundo, nós vos agradecemos por terdes dado a vossa
Igreja o Padre Júlio Chevalier para levar remédio aos males do seu
tempo.
Contemplando
com Nossa Senhora “Aquele que foi traspassado”, ele foi o
apóstolo apaixonado do Sagrado Coração e do seu amor
misericordioso que ele queria que fosse espalhado por toda parte!
Para
levar remédio aos males do nosso tempo, as nossas violências,
injustiças e rejeições, permiti, Senhor, que seja proposto à
Igreja de hoje tal exemplo de amor para com o Cristo e de paixão
pela salvação de todos.
Dai-nos,
Senhor, o Padre Chevalier por intercessor junto de Vós, e
companheiro pelos caminhos do mundo a fim de que chegue em toda parte
o Reino de vossa justiça, de vosso amor e de vossa paz, e que o
Coração de vosso Filho seja o Coração de um mundo novo. Amém.
Mensagens
do Padre Júlio Chevalier
"...
ninguém é estranho nem forasteiro, pelo contrário, todos somos
irmãos no Coração de Cristo. Na comunidade, há de imperar grande
caridade. Que uns e outros se respeitem; se tratem com bondade e
cordialidade; evitem, o quanto possível, o que recenda à afetação
e à auto-suficiência ; nunca procurem ser dominadores e
espalhafatosos; esmerem-se em praticar as virtudes do Coração de
Jesus: sua mansidão e sua humildade".
"Quando
Deus quer uma obra, para ele os obstáculos são meios".
"Sem
oração a aliança vira contrato. Sem oração é impossível viver
o celibato, pois ele supõe uma solidão que só pode ser preenchida
pelo amor de Cristo. Sem oração a solidão vira isolamento e a
comunidade um clube. Sem oração a missão é apenas uma propaganda
empresarial e a fidelidade se torna um rito vazio".
"Um
carvalho leva muitos anos para atingir a perfeição. Por isso, não
devemos nos admirar de nossas imperfeições".
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