«A mensagem que a Beata
Liduina Meneguzzi traz hoje à Igreja e ao mundo, é uma mensagem de esperança e
de amor: uma esperança que resgata o homem do seu egoísmo e das formas
aberrantes de violência; um amor que se torna convite à solidariedade, à
partilha e ao serviço, conforme o exemplo de Jesus que veio não para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de todos». (Decreto sobre
a heroicidade das virtudes)

Revela um vivo espírito
de oração: participa todos os dias à santa Missa, não obstante tenha de
percorrer a pé dois quilômetros; frequenta a Catequese e, mais tarde, ela
também se torna Catequista. À noite, antes de dormir, reza com a família e se
sente feliz de falar de Deus aos irmãos.
Aos catorze anos, a fim
de ajudar economicamente os seus, inicia a trabalhar fora de casa, prestando
serviço nas famílias abastadas e nos hotéis de Ábano, onde numerosos hóspedes
procuram alívio nas águas termais.
De caráter manso, sempre
disponível, faz-se amar e estimar em toda a parte. Desejosa de consagrar toda a
vida ao Senhor, aos 5 de Março de 1926, entra na Congregação das Irmãs de São
Francisco de Sales— ou SALÉSIAS—, cuja Casa Mãe encontra-se em Pádua. Aqui ela
realiza o seu ideal de total oferta a Deus e continua a espalhar em volta de si
os tesouros do seu grande coração.

Em 1937, irmã Liduina vê
finalmente realizar-se o grande sonho, desde então cultivado no seu coração:
partir para a terra de missão e levar a fé, o amor de Cristo a tantos irmãos
que ainda não O conhecem.
Pelos Superiores, irmã
Liduina é enviada como missionária à Etiópia, em Dire Dawa, cidade cosmopolita
pela presença de povos de costumes, origens e língua diferentes. É aqui, em tal
semelhante mosaico de raças e de religiões, que a humilde freira se dedica, com
fervor, à sua tarefa missionária. Ela não tem uma profunda cultura teológica,
mas sim uma grande riqueza interior, alimentada do contato profundo com Deus.
Trabalha como enfermeira,
no hospital «Parini» que, durante a guerra, vem a tornar-se hospital militar,
onde são, portanto, acolhidos os militares feridos, para os quais irmã Liduina
é verdadeiramente «um Anjo de caridade». Com carinho e dedicação incansável,
trata os males físicos, pois vê, em cada irmão que sofre, a imagem de Cristo.

O seu doar-se não se
limita somente aos italianos, aos cristãos; mas com verdadeiro coração
ecumênico, ela vai em socorro dos brancos e negros, dos católicos e coptas, dos
muçulmanos e pagãos.
Irmã Liduina ama,
sobretudo, conversar sobre a bondade de Deus Pai, do bonito Paraíso, preparado
para todos nós, seus filhos. Os indígenas, na maioria muçulmanos, ficam
seduzidos e experimentam uma simpatia nova para com a religião católica.
A nossa Freira é também
chamada «chama ecumênica», porque, muito antes do Concílio Vaticano II, vive um
dos aspectos mais recomendados do Ecumenismo. As almas de Deus costumam
preceder os tempos; são como faróis luminosos que indicam a direção certa,
embora a estrada não esteja ainda muito clara.
No entanto, porém, o mal
incurável que ameaça há tempo a sua saúde, faz-se sentir mais forte. Ela acolhe
serenamente e com paz, a sua nova situação. Sofre e vai-se gastando exercendo
corajosamente, até ao fim, a sua preciosa obra de amor entre os irmãos doentes.
Aceita, enfim,
submeter-se a uma delicada e difícil intervenção cirúrgica que no início parece
bem sucedida, mas em seguida apresenta complicações e uma paralisia intestinal
que deu cabo da sua existência. Era o dia 2 de Dezembro de 1941.
Irmã Liduina morre
santamente, com 40 anos de idade, conscientemente abandonada à Vontade de Deus,
oferecendo a sua jovem vida, para a paz do mundo inteiro. Um médico presente
afirma: «Nunca me aconteceu de ver alguém morrer com tanta serenidade e
beatitude».
Os militares que a choram
como se fosse uma pessoa de família, desejam e obtém que seja sepultada na
parte do cemitério a eles reservado. Passados vinte anos, no mês de Julho de
1961, os restos mortais de irmã Liduina, são transportados para Pádua, numa
Capela da Casa Mãe, onde, devotos e amigos costumam visitá-la e invocar a sua
intercessão junto de Deus.
Beatificada em 20 de
outubro de 2002, Irmã Liduina Meneguzzi tornou-se um autêntico espelho de
humildade e caridade cristãs, manifestando a misericórdia de Deus com os
pobres, doentes e feridos.
“Famílias dos povos
aclamai ao Senhor! Aclamai a glória e o poder do Senhor!" (Sl 96, 7). As
palavras do Salmo responsorial exprimem muito bem a aspiração missionária, que
invadia a Irmã Liduina Meneguzzi, das Religiosas de São Francisco de Sales. No
breve mas intenso período da sua existência, a Irmã Liduina dedicou-se aos
irmãos mais pobres e vítimas do sofrimento, em particular no hospital da missão
de Dire-Dawa, na Etiópia.
Com ardente zelo
apostólico, procurava fazer com que todos conhecessem o nosso único Salvador,
Jesus Cristo. Na escola daquele que era ‘manso e humilde de coração’ (cf. Mt
11, 29), ela aprendeu a defender a caridade, que brota de um coração puro,
ultrapassando toda a mediocridade e a inércia interiores.” Homilia de
beatificação - Papa João Paulo II
Nenhum comentário:
Postar um comentário