Religioso professo da Ordem Franciscana, de quem cabe destacar a
grande bondade e a fina sensibilidade para a arte, em especial, a escultura.
Dócil à ação do Espírito, se converteu, de jovem operário, em
modelo para os religiosos em sua entrega total ao amor do Senhor; para os
artistas, em sua busca da beleza de Deus; e para os enfermos, em sua adesão
amorosa ao Crucificado. O beatificou São João Paulo II em 20 de novembro de
1994.
Cláudio
nasceu em 23 de agosto de 1900 em Santa Lucía di Piave (Treviso, Itália). Sua
família era economicamente modesta, porém, muito cristã. A natureza o dotou de
uma vontade tenaz e de uma requintada bondade, que o fazia amável a todos. O
duro trabalho no campo e, posteriormente, os ofícios de carpinteiro e de
pedreiro temperaram seu caráter e o talharam no sacrifício e na generosidade.
Aos
quinze anos sentiu repentinamente a paixão pela arte, especialmente, pela escultura,
a qual se converteu rapidamente no maior sonho de sua vida.
Em
02 de abril de 1918 se viu forçado a partir para o “front” militar e, durante
um período de quatro anos transcorridos em Roma, Forli, Nápoles, Sant’Arcangelo
di Romagna y Albania, na idade de 22 anos, graças à ajuda de seu pároco, Mons.
Morando, ingressou, com grandes sacrifícios e admirável perseverança, na
Academia de Belas Artes de Veneza, onde, aos 29 anos, obteve com a máxima nota
o diploma de professor de escultura.
Quando
diante do olhar do jovem e apreciado professor brilhava um esplêndido futuro, o
Senhor o chamou à vida franciscana, enxertando seu ideal artístico no ideal
ainda mais sublime da santidade.
Em
07 de setembro de 1933 ingressou na Ordem dos Frades Menores, em São Francisco
do Deserto, na região dos lagos venezianos. Ao apresenta-lo ao Ministro
Provincial dos Frades Menores de Veneza, o arcipreste de Santa Lucía di Piave
escrevia: “A Ordem consegue não somente
um artista, senão também um santo”.
Começa
sua subida ao monte santo de Deus. É uma viagem marcada por um imenso amor a
Deus; um total abandono em suas mãos; uma oração feita vida e que leva com
frequência Frei Cláudio à adoração diante do sacrário; ao amor a todos,
especialmente aos pobres e enfermos; a uma extraordinária e suave humildade;
uma obediência pronta e generosa; e a uma radiante castidade.
Sua
prática heroica de todas as virtudes se alimenta de uma piedade eminentemente
eucarística e reparadora e uma devoção filial a Maria Imaculada. Amou de coração
à Mãe do Senhor até o ponto de poder afirmar: “Sou escravo da Virgem! A Virgem quer minha salvação, porque desde há
muito tempo estou consagrado a seu Coração Imaculado, cujo escravo me
considero”.
Beato Cláudio Granzotto em ação caritativa para com os pobres. Seu amor e paciência para com os necessitados eram notórios. |
Por
amor à Virgem Maria, construiu quatro grutas de Lourdes, uma das quais, a de
Chiampo, é de proporções idênticas às da Gruta de Massabielle, na França.
Frei
Cláudio que havia escrito: “Senhor, quando me concederes o dom dos espinhos,
terei a certeza de que aceitastes o sacrifício de minha vida”, não recusou o
dom conclusivo com que Cristo quis mostrar-lhe sua predileção.
Atacado
por um tumor cerebral, em 15 de agosto de 1947, no hospital civil de Pádua,
encontrou-se para sempre com Aquele a quem havia confessado: “Quero viver e morrer dizendo-te e demonstrando-te
que te amo mais que a todos os tesouros do céu e da terra”.
A
Rainha dos Anjos, a quem havia venerado e honrado com todo o coração, o acolhia
na morada celestial no dia da Solenidade de sua Assunção, atendendo assim o
desejo de seu servo: “No dia da Assunção eu me vou”. Seus restos mortais
descansam em Chiampo, aos pés da gruta de Lourdes, convertida, segundo sua
promessa, em “lugar de oração e de encontro com Deus para tanta gente”.
No
princípio de sua vida franciscana, escreveu: “quisera que minha vida
permanecesse escondida como um grão de areia”. Porém, o projeto de Deus sobre
esse humilde frade menor era muito diferente. A fama de santidade de que gozava
já em vida, após sua morte se difundiu rapidamente pelo Vêneto, o resto da
Itália e outras muitas partes do mundo.
No
dia 16 de dezembro de 1959, o então bispo de Vittorio Veneto, Dom Albino
Luciani, futuro Papa João Paulo I, de venerável memória, iniciava o processo
diocesano sobre a vida e virtudes do artista franciscano. Esse caminho
concluir-se-ia em 07 de setembro de 1989, dia em que o Papa São João Paulo II
declarava a heroicidade das virtudes do Servo de Deus. Em 06 de julho de 1993,
aprovava o milagre atribuído à sua intercessão, declarando-o válido para os
fins da beatificação.
Com
sua vida de artista, de franciscano e de fidelidade ao Evangelho, transmitiu
uma mensagem de alegria e de esperança tanto aos homens de seu tempo, como aos
de nossos dias. Escultor de matéria inerte, que soube se converter em
testemunho eloquente da beleza divina, Frei Cláudio Granzotto foi, sobretudo,
um esplêndido escultor de si mesmo: “Entreguei-me por inteiro a Jesus. Isso me
custou muito esforço... Há que deixar-se moldar por Ele, do contrário, vivemos
a vida em vão”.
Em
Cristo, bebeu o ardor que converteu por inteiro sua jovem existência em fogo de
caridade. Com a santidade de sua vida heroica, aparece ante a Igreja, ante os
artistas e ante todo homem de nossos dias como expressão da humanidade nova que
o Espírito de Jesus ressuscitado guia até os infinitos horizontes do Amor.
[Traduzido do: L'Osservatore Romano, edición semanal en
lengua española, del 18-XI-94]
ALGUMAS OBRAS DE ARTE DE AUTORIA DO SANTO ESCULTOR:
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