Como
são admiráveis as obras de Deus! No dia 27 de fevereiro, entre outros tantos
Santos, festejamos duas Beatas tão diferentes quanto ao berço, à época em que
viveram, à cultura, às obras de suas vidas, mas tão semelhantes na busca da
santidade. Fizemos questão de colocá-las juntas aqui, porque certamente estão gozando
juntas da visão beatífica.
Felipa de Gueldre, duquesa da Lorena
e de Bar, Rainha da Sicília
e de Jerusalém, Clarissa Coletina.
|
Beata Felipa de Gueldre
Felipa nasceu em Grave, Brabante do Norte (atual Países Baixos), no dia 9 de novembro de 1467. Era filha de Adolfo d’Egmont, Duque de Gueldre e de Catarina de Bourbon,
Felipa nasceu em Grave, Brabante do Norte (atual Países Baixos), no dia 9 de novembro de 1467. Era filha de Adolfo d’Egmont, Duque de Gueldre e de Catarina de Bourbon,
Ela cresceu primeiro na corte dos duques
de Borgonha, depois na corte da França. Por razões de estado, casou-se em 1485
com Renato II, Duque da Lorena e de Bar, príncipe generoso, piedoso e terciário
da Ordem de S. Francisco, com quem teve 12 filhos, dos quais sete morreram
jovens.
Quando seu esposo faleceu, em 1508, ela
desejava tomar a regência do Ducado da Lorena, mas como seu filho mais velho
tinha 19 anos, ele foi considerado apto a reinar.
No dia 15 de dezembro de 1519, ela entrou
no convento das Clarissas de Pont-à-Mousson onde viveu 28 anos em oração e
penitência. Ela favoreceu a reforma de Santa Coleta de Corbie em diversos
mosteiros.
Quando, no dia 26 de fevereiro de 1547,
uma sexta-feira, as freiras disseram que ela ia morrer, respondeu: «Não morro hoje, bem o sei, porque toda a
felicidade que tive neste mundo me veio ao sábado. Foi num sábado que me casei
com o bom Renato que Deus o haja; foi num sábado que vim para a Lorena; foi num
sábado que fiz minha profissão religiosa; e será ainda num sábado que hei de
entrar no Paraíso». Morreu efetivamente num sábado, 27 de fevereiro de
1547.
Felipa de Gueldre é considerada beata na
família franciscana, embora ela jamais tenha sido beatificada oficialmente. Ela
sofria em si os tormentos que afligiram Nosso Senhor na Paixão. Nos últimos
sete anos de sua vida tais sofrimentos foram visivelmente constatados por
aqueles que a conheciam. Esta Duquesa da Lorena e Rainha da Sicília e de
Jerusalém morreu em odor de santidade como uma pobre Clarissa no pobre mosteiro
de Santa Clara de Pont-à-Mousson.
Nota:
O mosteiro de clarissas de Pont-à-Mousson, fundado em 1447 por Santa Coleta,
reformadora da Ordem, foi devastado pelos revolucionários em setembro de 1792,
quando as monjas foram expulsas.
* * *
Beata Francisca
Ana Cirer y Carbonell
Nasceu em Sencelles, Maiorca (Ilhas
Baleares), Espanha, no dia 1 de junho de 1781, filha de João Cirer e Joana
Carbonell, agricultores tão pobres que nunca puderam deixá-la frequentar a
escola; mas tão fervorosos, que no mesmo dia do seu nascimento a levaram à
fonte batismal, quando recebeu o nome de Francisca Ana Maria Boaventura.
Sem saber ler nem escrever, entretanto
aprendeu a doutrina católica de viva voz e mereceu ser crismada aos sete anos
por Mons. Pedro Rubio Benedetto, bispo da diocese, e em seguida, admitida à
Primeira Comunhão.
Crescendo, adquiriu a sabedoria das
virtudes católicas com tal perfeição, que a levava a praticá-las todas em grau
heroico e a tornava capaz de ensinar o catecismo às crianças, o que fazia após
as Missas do domingo.
Ajudava aos pais nos trabalhos domésticos
e agrícolas, mas, com a permissão dos pais, voltava à igreja no fim do dia para
tomar parte no Rosário ou na Via Sacra.
Francisca sentia desejo de se tornar
religiosa, mas os pais se opunham, pois ela era o único amparo para a velhice
deles. Assim, em 1798, aos 17 anos, ingressou na Ordem Terceira de S. Francisco
e, em 1813, na Confraria do Santíssimo Sacramento.
A Beata tinha grande devoção à Santíssima
Trindade, à Paixão de Cristo e a Nossa Senhora das Dores, a quem honrava com o
terço diário e o jejum sabatino. Rezava com frequência pelas almas do
Purgatório.
Em 2 de maio de 1815, a Beata, que
compreendia a importância da conformidade com a vontade de Deus e obedecia sem
lamentações, recebeu a revelação de que sua casa seria transformada em um
convento das Filhas de Caridade de São Vicente de Paula.
Aos 40 anos, Francisca ficou órfã de pai
(sua mãe já havia falecido). Sendo praticamente impossível realizar seu desejo
de se tornar religiosa pela idade, falta de instrução e sem dote, procurou
viver como verdadeira religiosa no mundo, em companhia de uma prima, Clara
Llabrés, e depois de alguns anos, de Madalena Cirer, sua sobrinha.
Finalmente, aos 70 anos, no dia 23 de
dezembro de 1850, com a aprovação de seu pároco, sua casa tornou-se convento
das Irmãs da Caridade, que foi juridicamente aprovado no dia 7 de dezembro de
1851. Tinham por finalidade cuidar dos doentes e ensinar o catecismo em casa e
nas paróquias. Naquele dia ela e as duas companheiras vestiram o hábito.
Francisca foi eleita para ficar à frente do grupo: governou com sabedoria,
prudência e humildade, cuidando da perfeita observância dos votos religiosos.
A Beata faleceu repentinamente no dia 27
de fevereiro de 1855, aos 76 anos de idade, após ter recebido a Eucaristia. Seu
funeral foi triunfal. Seus restos são venerados no Oratório da Casa de Caridade
de Sencelles.
Como se estendesse mais e mais a sua fama
de santidade, deu-se início aos processos habituais para sua beatificação. Após
a confirmação de um milagre obtido por sua intercessão, foi beatificada no dia
1 de outubro de 1989 por São João Paulo II.
Nenhum comentário:
Postar um comentário