Nós
católicos, mesmo os latino-americanos, demos um costume (talvez por causa de
padre missionários vindos da Europa) de cultuar mais santos e santas de origem
européia: italianos, franceses, espanhóis, portugueses, alemães, etc.
Desconhecemos, às vezes, por completo que já temos muitos santos e santas
latino-americanos, mexicanos, africanos e asiáticos (chineses, japoneses e
coreanos). Hoje, o site santos, beatos, veneráveis e servos de Deus traz um resumo
da história de Santa Rosa Fan Hui, uma santa virgem e mártir chinesa.
A jovem Wang Hoei
(mais tarde Rosa) vivia feliz na província chinesa de Hebei, na sua aldeia,
relativamente próxima de Pequim, quando o século XX lhe restavam já dois
telejornais.
Ficou feliz porque
tinha acabado de ouvir alguns missionários falar de Liaoshi (Deus) e de Xishi
(Jesus) e de construir uma “miao” (igreja). Assim ela conheceu os missionários
lazaristas, vindos de uma congregação que havia fundado São Vicente de Paulo no
século XVI.
Wang Hoei estava
tão feliz e ouvia tão concentrada estes pobres e santos homens que mal sabiam a
língua e vestiam-se tão estranhos que pouco depois decidiu se batizar e mudar
de nome. Agora era Fan Hui, Rosa Fan Hui, e tornou-se catequista de crianças na
sua aldeia.
Eu já tinha
decidido que não ia se casar, porque não havia um cristão de verdade para
fazê-lo, então ele se dedicou a ajudar os lazaristas com a língua, a
traduzir-lhes termos para não misturar as coisas com o budismo e ensinar as
crianças quem era esse Jesus.
Ei, nada mau,
certo?
Alguns anos se
passaram e, de repente, ocorreu uma espécie de revolução nos arredores de
Pequim (que são muito grandes) comandada por fãs de artes marciais,
especialmente de uma brutal, que vamos chamar boxe chinês para nos entendermos.
Os ingleses chamaram-lhes, por isso, "boxers" (de quem falei antes)
Os boxers
acreditavam que as balas não podiam prejudicá-los e achavam que tinham
superpoderes, parece uma piada mas a imperatriz Ci Xi, surpreendentemente,
ficou do seu lado. Os boxers eram profundamente anticristãos.
O império chinês
já não se sustentou. Tinha perdido, nessa época, e sucessivamente, guerras com
o Japão e com a Inglaterra e a França (as chamadas guerras do ópio). Isso o
obrigou a assinar um pacto comercial pelo qual potências ocidentais podiam
manobrar com produtos de todo o tipo em território chinês.
Pequim era um
chaleiro de diplomatas, comerciantes, missionários e soldados vindos de
qualquer lugar. Isto é o que fez os boxers subirem de posição perante a imperatriz
Ci Xi, que apoiou suas ações anticatólicas, desde que servissem a ela.
Quem mais pagou
foram os missionários católicos das aldeias. Para as potências estrangeiras foi
uma chatice ter que lutar com estes ninjas malucos e assim que eles se uniram
minimamente reduziram-lhes simplesmente.
Santa Rosa Fan
Hui, como outros tentaram se esconder, estava indo de um lado para o outro. De
uma cidade para outra, procurando que os boxers não estivessem por aí. Mas
havia muitos e Rosa, um dia que passava por uma pequena ermida construída pela
missão dos lazaristas, disse a si mesma:
"Já está. Há
dias que não faço o que deu sentido à minha vida: rezar. Eu fico aqui porque
não posso ficar eternamente fugindo."
Ficou o dia todo e
a noite toda rezando, esperando o que viria.
De manhã, na saída
da ermida, um grupo de boxers estava esperando por ela. Os boxers atacaram
implacavelmente Rosa, que sem resistência continuava a rezar, o que enfureceu
mais os perseguidores. Eles pegaram suas espadas e fizeram várias feridas por
todo o corpo para, pouco depois, seguir seu caminho abandonando-a às margens de
um canal. Pouco tempo depois, outro grupo de boxers passou e acabaram com ela.
Foi 16 de agosto
de 1900. Um novo século estava começando. Muitos testemunhos de camponeses
chineses que testemunharam a morte destes mártires, abandonados à sua sorte por
todos.
Isso possibilitou
que, cem anos mais tarde, em 2000, se realizasse em Roma uma celebração
realizada pelo Papa São João Paulo II para canonizar 119 mártires chineses da
perseguição desses anos. Entre eles estava Santa Rosa Fan Hui, catequista.
Santa Rosa Fan Hui, virgem, leiga e catequista católica, rogai por nós!
* Pesquisa do grande professor, pesquisador, escritor e irmão em Cristo, professor José Eduardo, membro da Academia Brasileira de Hagiologia. Com a permissão do mesmo.
Um comentário:
Que bela história, não conhecia! Obrigada por compartilhar...
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