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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Beato Rosario Angelo Livatino, leigo, juiz e mártir.

 




  Hoje, o site “Santos, Beatos, Veneráveis e Servos de Deus” traz a memória de mais um herói da fé e da verdade: o jovem juiz católico Rosario Livatino, juiz assassinado pela máfia na Sicília, declarado “Beato” pelo Papa Francisco.

No dia 9 de maio de 2021, foi beatificado Rosario Livatino, magistrado italiano definido pelo Papa Francisco como “mártir da justiça e da fé”. O Bem-Aventurado Rosario, nascido em 1952 em Canicattì, Sicília, após ter concluído os seus estudos na Faculdade de Direito da Universidade de Palermo e ter sido aprovado no concurso para a magistratura, ocupou vários cargos até ser promovido a juiz adjunto Tribunal de Agrigento em 1989.




O caráter perfeitamente íntegro do Beato Rosario era particularmente visível no seu trabalho no Tribunal. Apesar da pressão que a máfia local e outros grupos ligados ao crime organizado exerciam sobre os vários representantes do Estado e, em particular, das ameaças de morte que lhe foram dirigidas, o Beato Rosario lutou incessantemente contra a corrupção, alcançando numerosas vitórias contra estes grupos e levando a apreensões de bens e a numerosas detenções.

A sua corajosa integridade e a sua dedicação à justiça, que o guiaram constantemente no exercício do seu trabalho, eram conhecidos por muitos até o dia do seu assassinato, aos 37 anos de idade, e 1990, por ordem do crime organizado, especificamente, pela facção mafiosa “Stidda”, que agia em Agrigento, concorrente da também facção mafiosa “Cosanostra”. Tal famigerada facção, como de costume, estorquia, ameaçava e, muitas vezes, agredia a muitos agricultores e pequenos comerciantes da região, impondo-lhes um clima de apreensão, medo e até de desespero. 

Rosario era um jovem juiz profundamente católico, que, como os demais “santos e santas” de nossa Igreja, independentemente de serem clérigos, religiosos (as) ou leigos (as) era profundamente praticante de sua fé, especialmente por uma engendrada devoção Eucarística, à Santa Missa e à Virgem Maria.

Rosario era um homem gentil, alegre e dinâmico e a todos dava bom exemplo de honradez, pureza de costumes e de fidelidade à fé que professava. Era juiz de direito, mas, sempre agiu com honestidade e honra, sempre em defesa da verdade, sendo, verdadeiramente, um “juiz justo”, isto é, sem desvio algum em seu caráter e no desempenho de sua profissão.

Assim o descreveu o presidente da associação “Amigos do Juiz Rosario Livatino”, Giuseppe Palilla, à ACI Stampa, agência em italiano do Grupo ACI.

Além disso, o supracitado Giuseppe Palilla lembrou "a resposta que a mãe de Rosario deu a quem lhe perguntou se ela perdoava os assassinos de seu filho e disse: 'Por esse Evangelho, eu perdoaria!'", advertiu. Vê-se de quão boave santa mãe este jovem juiz era filho... 

Além disso, Palilla assinalou que "Rosario tinha respeito por todos" e acrescentou "não me lembro de ouvi-lo dizer um único palavrão, pelo contrário, nos repreendia quando algum de nós usava uma linguagem imprópria".

Ao concluir os anos do ensino médio, o presidente da associação “Amigos do juiz Rosario Livatino”, relatou que pelo menos uma vez por ano, “os colegas do colégio se reuniam com Rosario e iam almoçar ou jantar para relembrar os momentos felizes que vivemos no ensino médio e fortalecer nossa amizade”;  e acrescentou que, uma vez, viu Livatino no tribunal com outros magistrados e advogados. Por isso, “com um pouco de vergonha, o cumprimentei: 'Bom dia senhor juiz'. Rosario se aproximou de mim dizendo carinhosamente: ‘Lembre-se que sempre sou o mesmo Rosario’!”.

A Dra. Linda Ghisoni, Subsecretária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, comenta a beatificação do Dr. Livatino nestes termos: Era odiado porque era justo, porque exercia ao mesmo tempo com mansidão e firmeza a sua profissão. O jovem magistrado vivia como cristão não só ao atravessar as portas da igreja, mas também as do tribunal: a sua vida era unificada, vivida sob o sinal da ‘proteção de Deus’, como gostava de escrever em alguns bens pessoais. Um mártir silencioso dos nossos dias, que viveu o seu trabalho como lugar de testemunho de Jesus Cristo e do Evangelho. Em Rosario Livatino temos um modelo no qual nos podemos inspirar para um engajamento qualificado dos leigos na vida pública.”


O martírio

O jovem magistrado vivia em Canicattì, na região de Agrigento. Na manhã de 21 de setembro de 1990, aos 38 anos de idade, foi morto por um comando da máfia que se aproximou de seu Ford Fiesta numa motocicleta e, após uma fuga desesperada, o assassinou no meio de uma encosta. Morreu perdoando seus assassinos, disse dom Semeraro na sua homilia. Suas palavras de perdão a seus algozes foram testemunhadas por eles próprios após serem presos e interrogados. 


O Papa: "Mártir da justiça e da fé"

O Papa Francisco, em uma de suas catequeses a fiéis na Praça de São Pedro, prestou homenagem a este "mártir da justiça e da fé": "Em seu serviço à coletividade como juiz justo, que nunca se deixou corromper, esforçou-se para julgar não para condenar, mas para redimir", disse o Pontífice, da janela do Palácio Apostólico. "Seu trabalho sempre o colocou sob a proteção de Deus, por esta razão ele se tornou testemunha do Evangelho até sua morte heroica. Que seu exemplo seja para todos, especialmente para os magistrados, um estímulo a serem defensores leais da legalidade e da liberdade. Um aplauso para o novo beato”, pediu o Papa. 

Sua memória litúrgica é celebrada no dia 29 de outubro.

Beato Rosario Livatino, rogai por nós e por todos os magistrados do mundo inteiro, para que ajam sempre com denodo, honradez e justiça, sem desvios de caráter ou de conduta. Amém!


Ao ser exumado (por ocasião de sua iminente beatificação), seu corpo foi encontrado
em bom estado de preservação, isto é, intacto. Atualmente, à semelhança de corpos intactos de outros santos e beatos, é protegido por uma fina camada de cera ou silicone.


Fontes:

Vatican News

ACI Digital

Página do Discatério para os Leigos, a Família e a Vida