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Encontre o (a) Santo (a), Beato (a), Venerável ou Servo (a) de Deus

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

SANTA MARGARIDA DE ANTIOQUIA, Virgem e Mártir, protetora das mulheres grávidas e das pessoas com problemas estomacais.


Margarida (Antioquia de Pisídia, 275 — 20 de julho de 290), era orfã de mãe e seu pai era um sacerdote pagão, logo, foi criada segunda as crenças do pai e não teria nenhuma possibilidade de conhecer ou se aproximar de Deus, virar uma cristã.
Mas algo acontece, o pai de Margarida confia a educação da filha à uma ama que era uma forte seguidora do catolicismo, o que, como primeiro fator, leva Margarida a uma vida de santidade, a um caminho diferente.
Margarida cresce e se dedica cada vez mais a Cristandade, e começa a participar de cultos cristãos, o que chama a atenção do pai que também nota que a filha já não participava mais dos cultos aos deuses que seu pai fazia frequentemente.
Logo depois outras pessoas notam a diferença de Margarida e que acabam comentando com seu pai. Quando o pai se encontra com Margarida, exige que a filha abandonasse o cristianismo, pois se não cumprisse a ordem do pai sofreria um castigo muito severo, seria levada a força para o campo, para trabalhar ao lado de escravos.
A jovem recusa a ordem do pai, que vendo a filha, mesmo com o castigo imposto, não se consente. O pai, furioso, leva a filha para o prefeito local, para ser julgada por ser cristã ou por frequentar cultos cristãos. Foi levada à presença de um juiz e de um prefeito, e diante dos dois, se negou continuadamente a abandonar a fé cristã.

Enfrentou horas de torturas psicológicas e logo depois torturas físicas. A jovem teve o corpo colocado sob uma grade e que teria sido rasgado por ganchos em várias partes do corpo e depois liberada.
Em dias seguintes, não apresentava um único arranhão no corpo. Novamente, Margarida é levada ao prefeito local, que à condena novamente, e ele determina para que ela fosse assada viva em cima de uma chapa quente. Com tantos sofrimentos a jovem comove a todos, e até mesmos os carrascos que pedem para que a jovem Margarida tivesse sua pena diminuída. Mas mesmo assim Margarida não demostrou nenhum sinal de sofrimento ou de dor, e a morte não a abalou.
Diz uma antiga tradição que no cárcere que Margarida se encontrava, teria sido visitada por satanás, que aparece em forma de um dragão, que acaba a engolindo. Mas Margarida consegue sair do ventre do dragão, mostrando um grande crucifixo que levava nas mãos. Ao sair do ventre do dragão ela é jogada num rio gelado. Quando ela sai deste rio com as correntes nos braços cortadas e outra vez não apresentando um só sinal de tortura.
Muitas pessoas ao verem Margarida, se ajoelham diante dela e se convertem ao Cristianismo, mas logo o prefeito recebe a informação de que Margarida teria conseguido sobreviver e manda decapitá-la.
Margarida morre no dia 20 de julho de 290, com apenas quinze anos de idade. Seu corpo foi enterrado por cristãos convertidos, em um local seguro e passa a ser venerada por todo o Oriente. Como um mártir que preferiu dar sua vida a Deus, do que aceitar o que as pessoas consideravam certo na época.
A história da Santa chega a Itália, e logo se torna um dos Catorze Santos Auxiliadores, Santos que o povo cristão recorre, pedindo a intercessão em momentos mais difíceis.


MAIS DETALHES E VERSÃO DIFERENTE

O culto a Margarida começou em 304 D. C. no Leste Europeu e se estendeu pela França, Inglaterra e Alemanha tornando-se uma das mais populares mártires da Idade Média.
Ela é uma dos 14 santos ajudantes (honrados como um grupo no dia 8 de agosto) e ela é uma das santas que falaram com Santa Joana D’Arc. Ela era venerada pela eficácia do seu poder. A eficácia de seus poderes contribuiu para a sua popularidade.

A tradição diz que ela era um jovem solteira na Antioquia, Pisídia, Ásia Menor, hoje Turquia, martirizada sob o imperador Diocleciano. Isto é provavelmente verdade.
Os martirologistas afirmam que nada na sua "Ata de Martírio" feita pelo escriba Theotimus, que depois se converteu, tenha sido forjado.
A história ocorreu no reinado de Diocleciano em 304 DC, mas só apareceu no décimo século. De acordo com a Ata de seu Martírio ela era filha de um padre pagão da Antioquia, mas foi criada por uma enfermeira cristã. Se converteu ao cristianismo, foi batizada e foi expulsa de casa pelo seu pai.
Ela tornou-se uma pastora e um rebanho de ovelhas mas era muito bela e admirada pelo prefeito Olybrius que a queria como esposa ou como amante mas ela o recusou. Ele, por vingança, a denunciou ao tribunal que a acusou de ser cristã e ela foi torturada para renunciar a sua fé e oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. Não renunciou e foi atirada no calabouço para ser mais tarde martirizada.


O MARTÍRIO DE SANTA MARGARIDA

No dia seguinte eles tentaram matá-la em um grande caldeirão mas ela cantava hinos a Jesus e nenhuma queimadura ou dor ocorria com ela dentro do caldeirão com água e depois com óleo fervendo. Como falharam diante de milhares de espectadores, que segundo a tradição foram convertidos ao cristianismo, o procônsul encarregado do martírio ordenou que ela fosse decapitada. Diz a tradição que o seu executor caiu morto ao seu lado.
Diz ainda a tradição que quando na prisão a ela apareceu o demônio em forma de um dragão que a engoliu, mas como ela segurava uma cruz esta irritou o estômago do dragão que a expeliu ainda viva.
Após sua morte o seu corpo foi reclamado por Theotimus e enterrado por uma viúva nobre. As suas relíquias teriam sido roubadas da Antioquia em 980 DC e trazidas para San Pedro del Valle e daí trasladadas para Montefiascone, Itália em 1145. Algumas de suas relíquias foram levadas para Veneza em 1213. Não obstante, várias outras cidades através da Europa afirmam terem parte de suas relíquias em suas catedrais.

Na arte litúrgica da Igreja ela é representada carregando uma cruz, ou pisando em um dragão, ou emergindo de sua boca ou espetando o dragão com uma lança com uma cruz na ponta.
Ela é invocada pelas mulheres grávidas e pelas pessoas com problemas de estômago, provavelmente por ter sido engolida por um dragão e devolvida inteira e ainda porque ela tem a reputação de ter prometido as mulheres que a invocassem, teriam um parto sem problemas e ainda teria prometido aqueles que a invocassem na agonia da morte, escapariam do demônio.
Sua festa é celebrada ano dia 20 de julho. Na Igreja Grega Oriental sua festa é celebrada no dia 13 de julho.


Orações a Santa Margarida



Em nome do Pai + do Filho + do Espírito Santo


Deus de bondade e de misericórdia, que a todos nós criastes para salvação eterna, que não queres o mal de ninguém, peço-vos confiantemente, dignai-vos nos socorrer pela intercessão de vosso mártir Santa Margarida, cujas virtudes e sofrimentos glorificaram vosso nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo. Assim seja.

Repetir 3 vezes:

Santa Margarida, protetora das mulheres grávidas que se colocam sob vossa proteção, rogai por nós.
Santa Margarida, sede nossa advogada nas ocasiões difíceis.

Rezar 1 Credo, 1 Pai Nosso e 1 Ave Maria.

Santa Margarida, intercedei por nós!


Pela intercessão de Santa Margarida, livrai-nos, Senhor, dos problemas estomacais, ela que se libertou do estômago do dragão com o poder da cruz, venha em nosso auxílio com suas preces.



Ó Cristo, flor dos vales,
de todo bem origem,
com palmas de martírio
ornastes vossa virgem.

Prudente, forte, sábia,
professa a fé em vós
por quem aceita, impávida,
a pena mais atroz.

Bondoso Redentor,
por sua intercessão,
uni-nos, de alma pura,
à virgem, como irmãos.

Jesus, da Virgem Filho,
louvor a vós convém,
ao Pai e ao Santo Espírito
agora e sempre. Amém.



Santa Margarida, valente campeã da fé, orai por nós!

Que através da intercessão de Santa Margarida, o Senhor nos preserve do inferno e das astúcias do demônio!


"Quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará."
Lc 9, 24

"E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus;"
Lc 12,8

"E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados." Mc 16, 17-18







Fonte: http://santossanctorum.blogspot.com/2011/07/santa-margarida-protetora-das-mulheres.html
Ilustrações retiradas do Google Imagens.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

SANTA AFRA e companheiras mártires, Intercessora pelas prostitutas


A existência e o martírio de Afra são historicamente comprovados; o Martirológio Geronimiano lhes dá testemunho, pois se baseia em uma notícia tomada, ao que parece, de um calendário milanês do século V (7 de agosto, com antecipação a 5 do mesmo mês).
A vida preservada em duas versões, a primeira das quais é a mais curta e mais antiga, e a Conversio, são atribuídas ao século VII; ambas são em grande parte lendárias.
De acordo com a vida mais antiga, Afra era uma cortesã que se converteu ao Cristianismo e foi martirizada.
De acordo com a Conversio, o Bispo Narciso conquistou a cortesã Afra para o Cristianismo e a batizou junto a sua mãe, Hilária, e suas criadas.
Durante a perseguição de Diocleciano, Afra foi presa e condenada à fogueira. “Os meus pecados são demais para agora lhes juntar este (sacrificar aos deuses). O meu martírio servirá de batismo. Deus seja louvado por me dar esta graça”. Estas teriam sido as palavras de Afra ao obrigarem-na a sacrificar aos deuses.
Seu martírio ocorreu em Augsburgo, na Baviera, no ano de 304.
Nos calendários antigos de Augusta (de 1010, 1050 e 1100) Afra aparece como uma virgem. O seu corpo é venerado em Augusta, na antiquíssima Igreja dos Santos Ulrico e Afra.
Santa Hilária, mãe de Afra, havia consagrado a filha a Vênus, o que significava que a destinava à prostituição. De acordo com o Conversio Sant'Afrae, converteu-se e foi batizada por Narciso. Segundo a paixão mais recente, ela enterrou o corpo da filha, juntamente com suas servas Degna, Eumenia e Euprepia. Recusando-se a se afastar do túmulo de Afra e a renunciar ao Cristianismo, foi queimada viva.
Santa Afra é a Padroeira de Augsburgo, na região da Baviera, Alemanha,pois nasceu e morreu lá no Século IV, então dominada pelo império romano.
Afra vivia uma vida de pecado, inconsequente e era apoiada por sua mãe, chamada Hilária ( outras traduções a chamam de Hilda). Incentivada pela mãe, prestava culto à deusa Vênus. As duas viviam com três criadas cujos nomes eram: Eunômia, Digna e Eprepria. Na casa em que viviam reinava o paganismo e os costumes levianos.
Por volta do ano 304, sob o domínio do imperador Diocleciano, Roma perseguia severamente os cristãos. Por causa dessa perseguição, um bispo chamado Narciso, acompanhado de um diácono chamado Félix, hospedaram-se na casa de Afra, vindos da Espanha, fugindo dos romanos. Os dois forasteiros foram acolhidos na casa como era o costume delas. Porém, uma surpresa transformaria a vida daquelas mulheres.
Os dois forasteiros pareciam, aos olhos delas, pessoas do bem, porém, estranhas, pois não as procuraram com segundas intenções. Queriam apenas hospedagem. Então, no momento da refeição, os dois puseram-se em oração agradecendo a Deus pelo alimento e pela acolhida que tiveram. Tal oração tocou o coração das mulheres pela beleza, simplicidade e pureza de coração. Assim, elas descobriram que os dois eram cristãos.
Tocada pela graça de Deus, que chegou àquela casa pela simples presença dos dois cristãos, Afra fez uma revisão de sua vida e sentiu um profundo arrependimento em seu coração. Por isso, sem compreender direito o que acontecia consigo, ajoelhou-se aos pés do bispo Narciso e confessou a ele sua vida de pecado e imoralidades. Narciso percebeu logo que o arrependimento de Afra era verdadeiro e sincero. Por isso, deu-lhe a absolvição e o batismo, percebendo que a alma daquela jovem clamava por esta graça.
Experimentando o amor e a graça de Deus em seu coração, Afra convenceu sua mãe e as criadas a fazerem a experiência do encontro com Jesus através do arrependimento e do batismo. Elas aceitaram e experimentaram também a felicidade do amor de Deus. Narciso e Félix instruíram as mulheres o quanto foi possível na fé cristã. Depois, tiveram que prosseguir com a fuga, por causa da perseguição. Afra e as mulheres ajudaram os dois despistando os perseguidores romanos.
Após a fuga dos clérigos cristãos, Afra foi denunciada anonimamente aos romanos. Por isso, foi presa. Os romanos ofereceram a ela a liberdade, caso renegasse a fé cristã e prestasse culto aos deuses pagãos. Afra, porém, não aceitou. Pelo contrário, reafirmou sua fé em Jesus.
Então, os soldados romanos levaram-na para uma ilha chamada Lesh. Lá, ela foi despida, amarrada a um poste e, em seguida, queimada viva. E, em nenhum momento, renegou sua fé em Cristo.
Enquanto Santa Afra tem seu túmulo de pedra em Augsburg, os restos mortais de Santa Hilária foram levados em 1720 para Viena.
Algum tempo depois da morte de Afra, sua mãe e as três criadas descobriram o local onde a sepultaram e foram até lá rezar. Ali, soldados romanos flagraram as quatro mulheres e prenderam-nas. Os romanos ofereceram a elas a liberdade se elas renegassem a fé cristã. Convictas, porém, nenhuma delas renegou a Jesus. Por isso, tal como aconteceu com Afra, foram queimadas vivas. Seus restos mortais foram sepultados ao lado do túmulo de Santa Afra.

A história das cinco heroínas e mártires cristãs ficou viva na memória do povo alemão. Quando o cristianismo deixou de ser perseguido, o povo de Augsburgo passou a venerar Santa Afra como padroeira da cidade. Seu culto foi oficializado pela Igreja em 1064 e sua fesa é celebrada no dia 7 de agosto, em alguns calendários, 5.





Oração a Santa Afra


Ó Deus, que destes a Santa Afra a graça de conhecer-vos e experimentar vossa graça tão profundamente a ponto de entregar a própria vida por causa de vós, dai também a nós a graça de conhecer-vos na mesma intensidade, para que possamos propagar o vosso amor e bondade onde quer que estejamos. Por Nosso senhor Jesus cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, amém. Santa Afra, rogai por nós.”



Senhor, por intercessão de Santa Afra, aumentai a minha fé. Peço-Vos o dom da oração para que, permanecendo em Vós, eu nunca me desvie do Vosso Caminho e da Vossa Verdade. Amém.


Santa Afra, mártir de Cristo, rogai por nós!


Santa Afra,
rogai por todos que vivem na prostituição
para que se convertam!






"Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens,
eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. "
São Mateus 10,32


"Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala."
Hebreus 11,4

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-santa-afra/207/102/
Ilustrações retiradas do Google Imagens.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

SÃO SILVESTRE I, Papa (o papa da "transição" do império romano do paganismo para o catolicismo)




No dia 31 de dezembro se comemora o dia de São Silvestre, motivo pelo qual em muitos países nesse dia acontece a “maratona de São Silvestre”. Quem foi São Silvestre e por qual motivo, muitos eventos, como maratonas e jantares são realizados em sua homenagem?

São Silvestre nasceu em data e local incertos morrendo em Roma no ano de 335 d.C. Quando o imperador Constatino decretou a liberdade de culto ao cristãos oficializando a religião cristã em todo o Império Romano, o cardeal Silvestre foi nomeado o primeiro papa do império de Constatino. O Martirológio Romano diz que foi o Papa Silvestre quem batizou Constantino, porém, a história dá outra versão, como se verá mais à frente...

O longo pontificado de são Silvestre (de 314 a 335) correu paralelo ao governo do imperador Constantino, numa época muito importante para a Igreja apenas saída da clandestinidade e das perseguições. Foi nesse período que se formou uma organização eclesiástica que duraria por vários séculos.

Nesta época teve lugar de destaque o imperador Constantino. Este, de fato, herdeiro da grande tradição imperial romana, considerava-se o legítimo representante da divindade (nunca renunciou ao título pagão de “Pontífice Máximo”), e, portanto, também, do Deus dos cristãos e, por isso, sentia-se “encarregado” de controlar a Igreja como qualquer outra organização religiosa.

Foi ele por isso, e não o papa Silvestre, que convocou no ano 314 d.C. um sínodo para sanar um cisma irrompido na África, e foi ele ainda que, em 325, convocou o primeiro concílio Ecumênico da história, em Niceia, na Bitínia, residência de verão do imperador. Silvestre, não podendo intervir por causa da sua idade avançada, enviou como seus representantes ao importante acontecimento o bispo Ósio de Córdoba e dois sacerdotes.

Assim fazendo, Constantino introduzia um método de intromissão do poder civil nas questões eclesiásticas que não será sem nefastas consequências. Mas, no momento, as consequências foram positivas, também pela boa harmonia que reinava entre o papa Silvestre e o imperador Constantino. Este, de fato, não poupou o seu apoio também financeiro para a vasta obra de construção de edifícios eclesiásticos, que caracterizou o pontificado de são Silvestre.

Em particular, foi precisamente Constantino que na qualidade de Pontífice Máximo pôde autorizar a construção de uma grande basílica em honra de são Pedro, na colina do Vaticano, após ter destruído ou parcialmente recoberto de terra um cemitério pagão, descoberto pelas escavações, feitas a pedido de Pio XII em 1939. Foi ainda a harmonia e colaboração entre o Papa Silvestre e Constantino que permitiram a construção de duas outras importantes basílicas romanas, uma em honra de São Paulo na via Ostiense e sobretudo a outra em honra de São João (São João do Latrão).

Constantino, aliás, quis até demonstrar a sua simpatia para com o Papa Silvestre dando-lhe o seu próprio Palácio Lateranense que foi desde então e por diversos séculos a morada dos papas. Não lhe deu, todavia, como afirma o Martirológio Romano, a satisfação de administrar-lhe o batismo (que Constantino recebeu só na hora da morte). São Silvestre morreu em 335.

São Silvestre não foi um papa ativo e independente, visto que o imperador Constantino detinha todo o poder de decisão e de comando, mas foi um personagem muito importante na história do Cristianismo, sendo que sob o seu pontificado, a Roma pagã se tornou cristã, mesmo conservando alguns ritos e cerimônias. Papa Silvestre morreu justamente no dia 31 de dezembro, foi o primeiro papa a ser beatificado sem ter sido martirizado e muitos eventos importantes em Roma e no cristianismo são ligados ao seu nome.


 
Lenda da "derrota do dragão" pelo Papa São Silvestre I

A lenda da derrota do dragão
Reza a lenda que São Silvestre derrotou um dragão, sinônimo do mal, enclausurando-o para sempre. Para derrotá-lo teve que descer 365 degraus para chegar até o dragão. Hoje, esses 365 degraus representam os 365 dias do ano, terminando com o dia da morte de São Silvestre.
Fazendo uma analogia com tal lenda, podemos dizer que assim como São Silvestre teve que descer 365 degraus para enfrentar o seu maior desafio, amedrontado, incerto de qual seria seu destino, sem saber se sairia vitorioso, a única certeza que levava consigo era a sua fé em Deus.
Assim é a nossa vida: descemos todos esses degraus nominados “dias” até chegarmos sobreviventes, vitoriosos ao último dia do ano, dia de São Silvestre, por esse motivo considerado o condutor que guia e transporta as almas e pessoas em direção ao Novo Ano.
Merecidamente no último dia do ano, o jantar, uma festa, uma maratona, entre outros eventos importantes são dedicados ao seu nome, aonde festejamos a vitória de termos chegado até o final e termos a possibilidade de recomeçarmos um novo ano!



Fontes:
O livro “Um santo para cada dia”, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
Site: https://tournatoscana.com/florenca/quem-foi-sao-silvestre/

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Venerável Serva de Deus Madre Verônica da Paixão, virgem carmelita descalça e fundadora.





A Venerável Madre Verônica da Paixão nasceu em Constantinopla (hoje, Istambul) em 01 de outubro de 1823. Seu pai era capelão anglicano da embaixada britânica.

Durante sua adolescência, uma mudança profunda ocorreu nela. Passava longas horas em oração e se sentia atraída por Deus, sem entender para onde estava sendo chamada ou o que ela mesma queria.

Sentia-se atraída pela Igreja Católica, especialmente a partir da vida sacramental: a Eucaristia e a Confissão. A mãe e outros membros de sua família, profundamente enraizados na tradição anglicana, ficaram incomodados com essa novidade. Mas, Sophie (era esse seu nome de batismo) sabia que Deus a estava levando por caminhos desconhecidos. Ela rompe o noivado que havia aceitado com um jovem oficial da marinha e se converte ao catolicismo em 02 de fevereiro de 1850, na ilha de Malta.

Pouco tempo depois, foi para a França (1851) e entrou para a Congregação das Irmãs de São José da Aparição. Em 14 de setembro de 1851, recebeu o nome religioso de Irmã Maria Verônica da Paixão. Em sua congregação, será mestra das noviças por alguns anos.

Em 1862, foi enviada à Índia. O bispo de Kanara do Sul, Dom Michael Antony, ocd, tinha apelado para a França para que fossem enviadas jovens irmãs para se dedicarem à educação de meninas e adolescentes e, como primeiro passo, tinha comprado uma casa em Calicute, em 1860, e já havia feito mudanças necessárias, adaptando-a para que tornasse um convento. A pedido da população local, a escola foi inaugurada em 01 de abril de 1862, com o nome de “Escola São José”.

Madre Verônica e Irmã Maria Josefina, após uma longa e fatigante viagem, e uma breve parada em Mangalore, chegou a Calicute em 27 de abril de 1862, assumindo o comando do convento de São José e da escola, tornando-se Madre Verônica a superiora. Passou dois anos entre Mangalore e Kozhikode.

No entanto, o bispo de Mangalore, Dom Lucien Garrelon – um carmelita francês – queria ter irmãs carmelitas para a educação das meninas em sua diocese. Sempre atraída pela vida contemplativa, madre Verônica aceitou o desafio. Para se preparar para esta difícil, partiu para a França e entrou no noviciado carmelita de clausura em Pau no dia 02 de julho de 1867. Após um ano, no dia 16 de julho de 1868, foi aberta uma casa em Bayonne (França) com o objetivo de preparar um grupo de jovens freiras para serem da Ordem Terceira Carmelita Regular, também conhecido como “Carmelo para missões”. Foi nessa época que a expressão “Carmelo Apostólico” começou a ser usada em sua correspondência. Através das irmãs que ela formou em Bayonne, fundou o Carmelo Apostólico em Mangalore (Karnataka) em 1868.

Devido às profundas diferenças de pontos de vista com o bispo de Mangalore, em parte causadas pela presença de jovem mística árabe: Mariam Baouardy (futura Santa Maria de Jesus Crucificado), entre as irmãs carmelitas descalças, várias irmãs tiveram de voltar para a França.

Desapontado com a decisão tomada pelo bispo de Mangalore, o bispo de Bayonne negou outra permissão para as freiras saírem para a Índia. Consequentemente, a casa carmelita de formação de Bayonne foi fechada (11 de Outubro, 1873) e Madre Verônica voltou para o Carmelo de Pau, onde fez o noviciado novamente. Ela tinha 51 anos quando pronunciou a profissão solene como carmelita de clausura, no dia 21 de novembro de 1874.

Quando o Carmelo de Pau recebeu um pedido para abrir uma casa na Terra Santa, a madre superiora confiada à Madre Verônica ser responsável por um grupo de 10 carmelitas (incluindo a Irmã Maria de Jesus Crucificado) para dar vida ao Carmelo de Belém, no dia 20 de agosto, 1875. O Carmelo de Belém adotou a versão mais estrita da Regra Carmelita. Espiritualmente, Madre Verônica atravessou momentos muito sombrios: tinha escrúpulos e se sentia em completo abandono por parte de Deus. Em 1887, aos 67 anos, ela pediu e obteve permissão para voltar a Pau.

Madre Verônica viveu mais 19 anos no Carmelo de Pau. Ela manteve contato com as irmãs do Carmelo Apostólico de Mangalore, encorajou-as nas suas dificuldades, e escreveu a história dos primórdios do Carmelo Apostólico. Ela também preparou uma breve biografia da jovem freira carmelita árabe (1903) a quem ela havia guiado e se encontrado muitas vezes.

Algumas consolações chegaram aos últimos anos de sua vida. Sua família voltou à fé católica – embora tenha sido fortemente anglicana – e a visitou em Pau, incluindo um jovem primo, que havia se tornado pastor anglicano.

Ela morreu no Carmelo de Pau, no dia 16 de novembro de 1906, com a idade de 83 anos, muito amada e respeitada pelas irmãs do Carmelo: tanto as de clausura, quanto as de vida apostólica.

O decreto sobre virtudes heroicas foi promulgado em 08 de julho de 2014 pelo Papa Francisco.


Fonte (texto em espanhol):
https://www.postocd.org/pt/biografia-veronica-della-passione

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Beato Leopoldo de Alpandeire, religioso capuchinho.



O Beato Leopoldo é um dos modelos da santidade capuchinha marcada por santos simples e do povo, vivendo com dedicação e devoção as tarefas ordinárias. Na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos encontram-se vários frades leigos, porteiros, cozinheiros, esmoleres. O personagem que procuramos conhecer não alcançou a santidade, que agora vem reconhecida pela Igreja, como missionário em outro país, nem fazendo pregações nos púlpitos, muito menos porque era douto. Mas, porque foi um testemunho no seu relacionamento com as pessoas e principalmente as mais necessitadas. O Beato se insere na escola capuchinha da simplicidade. Aqueles que aparentemente não são importantes é que Deus se serve para realizar a sua obra.
O Beato Leopoldo faz parte dessa grande fileira de frades mendicantes que encarnaram na minoridade a pergunta de quem procura, a pergunta pelo Bom Deus que busca o homem porque lhe quer bem. O humilde mendicante chegou à glória dos altares, alegramo-nos e ao mesmo tempo peçamos-lhe que acompanhe quem busca a Deus, que saibamos estar abertos à voz do Espírito para viver entre o povo na simplicidade, sem nada mais do que o júbilo e a alegria de saber-nos amados por Ele.



No centro da Serra de Ronda encontra-se Alpandeire, vilarejo minúsculo, escondido, como um ninho no coração da montanha, uma beleza natural. É a terra natal de nosso santo esmoler capuchinho, místico da humildade e do ocultamento, dom de Deus à humanidade que procura o seu destino.

Seus pais, Diego Márquez Ayala e Jerónima Sánchez Jiménez, eram agricultores, simples e laboriosos e, como a maior parte do povo, trabalhavam duro para tornar fértil aquela terra rochosa da qual deviam tirar o sustento para a família. Em 24 de Junho 1864 nasceu o primeiro filho, que no dia 29 de Junho na pia baptismal recebia o nome de Francisco Tomás de São João Batista, o nosso Frei Leopoldo. Diego e Jerónima tiveram a alegria do nascimento de outros três filhos, Diego, Juan Miguel e Maria Teresa.

No calor do amor familiar, alimentado pela prática das virtudes cristãs, cresceu a boa semente cristã de Francisco Tomás. De seu pai aprendeu as boas maneiras, os princípios cristãos e a prática do bem. Dos lábios da mãe, aprendeu a oração. Alegre, ajuizado, de boa companhia, trabalhador incansável, Francisco Tomás começava sua jornada assistindo à santa missa e visitando o Santíssimo Sacramento. Seu hábito de partilhar o pouco que tinha e a sua bondade natural, jamais forçada, eram expressão de uma profunda vida espiritual e de uma forte experiência de fé. Era "todo coração" no socorro dos pobres, nos dizem as testemunhas que o conheceram. Conta-se que dava suas ferramentas de agricultor a quem precisasse, ou doava o dinheiro ganho com a vindima aos pobres que encontrava no seu caminho voltando para casa.

Ele viveu assim, no trabalho dos campos e na vida familiar, os seus primeiros 35 anos de vida "escondida". Enquanto Deus o modelava lentamente esperando a ocasião de chamá-lo para seu serviço. Em 1894, escutando a pregação dos capuchinhos por ocasião da festa que se estava preparando em Ronda, para celebrar a beatificação do capuchinho Diogo José de Cádiz, o jovem Francisco Tomás, decide abraçar a vida religiosa fazendo-se capuchinho. "Peço para ser capuchinho como eles". Atraído por "sua vida retirada".

Só em 1899 ele foi acolhido entre os capuchinhos no convento de Sevilha. Um mês depois foi admitido ao noviciado com o parecer mais do que favorável, dos membros da comunidade que louvavam nele: o silêncio, o empenho, a oração e a bondade. Pela mão de frei Diego de Valencina, Superior e Mestre dos noviços, em 16 de Novembro do mesmo ano recebeu o hábito capuchinho e o nome de Frei Leopoldo de Alpandeire.

A decisão de fazer-se capuchinho não exigiu dele uma mudança radical de vida, pois já vivia uma profunda e intensa vida evangélica. Frei Leopoldo trabalhando no campo e na horta do convento transformava o seu humilde trabalho em oração constante e em generoso serviço. A mudança de nome, comentará anos mais tarde, o abalou "como uma ducha de água fria", inclusive porque aquele nome não era usual entre os membros da Ordem. A sua entrada no convento não era consequência da pobreza, nem refúgio para um coração angustiado, mas a manifestação do que já vivia e sentia vivo. O exemplo do beato Diogo José de Cádiz o tinha induzido a servir a Deus com todo o seu ser, até à imolação.

Sabendo que ele era agricultor, em Sevilha encarregaram-no de ajudar o irmão hortelão. Na horta além de verduras frei Leopoldo cultivava também seus dons espirituais. Quem o conheceu afirma que a sua santa alegria correspondia à sua profunda interioridade que os seus olhos e o seu rosto não podiam esconder. Qualquer gesto dele, mesmo o mais corriqueiro e repetitivo, nascia de uma profunda comunhão com Deus. O noviço frei Leopoldo experimentou a alegria de ter respondido ao chamado de Deus. Uma coisa era certa: ele tinha 36 anos de idade, porém sua juventude de espírito não era um facto somente interior, irrompia visivelmente em sensível alegria. A experiência do noviciado pôs as bases de seu caminho espiritual, pois o seu amor a Deus ia crescendo mediante o conhecimento da tradição e da espiritualidade da Ordem capuchinha.

Terminado o noviciado emitiu a primeira profissão, passando breves períodos nos conventos de Sevilha, Granada e Antequera. A enxada acompanhava-o constantemente, como uma fiel companheira, enquanto cultivava a horta dos frades. Ele transformava em oração, o trabalho manual e o serviço feito para os irmãos. Foi um "contemplativo entre a água dos canais de irrigação, as hortaliças, os frutos e as flores para o altar".

Frei Leopoldo foi destinado ao convento de Granada, pela primeira vez em 1903, sempre no ofício de hortelão. Seus últimos anos foram vividos em absoluto retiro entre os velhos muros conventuais e a horta. Foram anos de profunda experiência espiritual e de silêncio. Na horta cresceu o seu diálogo com Deus e nesse diálogo, as suas virtudes. Da horta passava à capela do Santíssimo onde por longas noites permanecia em profunda adoração. No velho convento de Granada, no dia 23 de Novembro de 1903, frei Leopoldo emitiu os votos perpétuos diante de frei Francisco de Mendieta, superior da fraternidade. Era a sua consagração definitiva a Deus pela qual tinha vivido e para a qual viverá o resto de sua vida.

Após breves estadias em Sevilha e em Anteguera, em 21 de Fevereiro de 1914, ele voltou a Granada onde permaneceu até o fim de seus dias. A cidade aos pés da Serra Nevada, será o cenário de meio século de sua vida. Hortelão, sacristão e pedinte, sempre unido a Deus e ao mesmo tempo sempre próximo ao povo. O ofício de esmoler o definiu e o caracterizou. Ele tinha-se tornado religioso para viver longe do "barulho do mundo", foi lançado pela obediência a combater a batalha decisiva de sua vida entre as ruas da cidade e o vozerio do povo. A partir de então, com passo decidido, as montanhas, os vales, as estradas poeirentas, as ruas, serão o seu claustro e a sua igreja. Frei Leopoldo, como outros santos capuchinhos, com forte inclinação à vida contemplativa, viveu constantemente em contato com o povo e isso em vez de distraí-lo, o ajudou a sair de si mesmo, a assumir o peso dos outros, compreender, ajudar, servir e amar. Era, como disse um fervoroso devoto seu: "separado, mas não distante".

A sua figura foi tão popular na cidade que todos o reconheciam. Sobretudo as crianças que ao vê-lo gritavam: “Olha, lá vem frei Nipordo”, e corriam ao seu encontro. Ele parava explicando a elas, alguma página do catecismo e com os adultos para escutar seus problemas e suas preocupações. Frei Leopoldo tinha descoberto o modo de manifestar a todos a bondade divina: recitar três ave-marias. Era a sua fórmula de ligar o humano ao divino.

Por meio século, dia após dia, frei Leopoldo percorreu Granada distribuindo a esmola do amor, dando cor aos dias tristes de muitos, criando unidade e harmonia, levando todos a encontrar Deus, dando dignidade às ações de todos os dias. Todas as suas ações e seus gestos para aproximar-se das pessoas, eram sempre novos.

Nem tudo porém foi fácil, nem sem dificuldade. Frei Leopoldo exerceu seu ofício de esmoler numa época em que na Espanha sopravam ventos anticlericais e quem era religioso era mal visto se não perseguido. Era o tempo das "Duas Espanhas", da Segunda República antes da guerra civil e depois. Sete mil religiosos e sacerdotes foram mortos só por serem da Igreja Católica. Na sua faina diária de esmoler frei Leopoldo sofreu muito e não poucas vezes foi insultado: “Preguiçoso, ainda te vamos enforcar com este teu cordão!”. “Vagabundo, vai trabalhar em vez de andar pedindo esmola!”. “Prepara-te que vamos cortar teu pescoço!”. “Experimentou este clima hostil e parafraseando o Evangelho, dizia: “Pobrezinhos, só posso ter compaixão deles pois não sabem o que dizem”!”.

Será que existia, pergunto-me, algum segredo na vida de nosso irmão pedinte? Sim, o segredo de sua vida era a sua oração, a sua união com Deus e o seu trabalho. Ele transformava tudo em oração e a sua oração era o seu trabalho mais precioso. A sua vida não foi uma vida de grandes gestos ou de eventos notáveis, a não ser o que normalmente de pede a quem abraça a vida religiosa.

A santidade de frei Leopoldo tinha como suporte a humanidade do velho Francisco Tomás. Ele manteve a identidade do camponês de Alpandeire que já incluía o seu caminho de santidade.

Frei Pascoal Riwalski, Ministro Geral da Ordem, falando dele disse: “Encontrando Frei Leopoldo, ficamos subitamente fascinados pelo seu modo de ser simples, natural, sem artifícios, sincero e ricto, evangelicamente pobre. Um pobre que tem fé, cândido, simples e discreto, que sempre soube pôr-se em segundo plano, servindo no anonimato e na humildade. Um homem com um coração de menino, nobre e franco, cortês e sóbrio, de camponês honesto... Um homem extremamente reservado e modesto, quanto a tudo aquilo que de bom o Senhor operava por meio dele, que se perturbava diante dos louvores dos homens, que se alegrava com as humilhações e que mantinha uma consciência viva de seus limites e de seus pecados. Frequentemente repetia. “Sou um grande pecador”!” A verdadeira centelha evangélica é fruto da estima que temos por nossos semelhantes e pelas criaturas na perspectiva de Deus. Frei Leopoldo conhecia bem o famoso dito de São Francisco: “porque, quanto é o homem diante de Deus, tanto é e não mais”» (Admoestações, XIX).

Não era fácil ver os seus olhos. Frei Leopoldo, tomou como modelo São Félix de Cantalício, em ter os olhos voltados para a terra e o coração para o céu. Tinha olhos de criança, puros e penetrantes, serenos e límpidos. Transmitia serenidade, pureza e doçura de coração, fruto da paz interior que o invadia.
Ele tinha uma influência particular sobre todos aqueles que encontrava por causa de sua humildade e disponibilidade. A sua figura não era daquelas que impressionam e chamam a atenção. Mais do que “andar entre o povo, frei Leopoldo, passava entre o povo”, mais do que olhar, ele via no coração das pessoas que o cercavam.

Considerando a sua vida podemos dizer que ele aderiu ao Evangelho de Cristo sine glossa seguindo o exemplo de São Francisco. O extraordinário encontra-se na sua limpidez, clareza e silêncio. Num clima de incerteza e falta de referências, a figura do Servo de Deus frei Leopoldo apresenta-se como a de quem escutou com atenção a voz de Deus e se deixou transformar na imagem do Filho Unigênito.

Certo dia, aos 89 anos de idade, enquanto recolhia, como de costume, a esmola da caridade, ele caiu e fraturou o fémur. Foi levado ao hospital, mas por sorte ficou curado sem operação cirúrgica. Recebendo alta, ele retornou a pé ao convento, com a ajuda apenas de seu bastão, mas, não teve mais condição andar pelas estradas. Pôde assim dedicar-se totalmente a Deus, o grande amor de sua vida. Absorto em Deus, ele passou os últimos três anos de sua vida consumindo-se pouco a pouco, “qual chama de amor”.


A “irmã morte” veio ao seu encontro...
A chamazinha se extinguiu em 09 de Fevereiro de 1956, quando ele tinha 92 anos de idade. O humilde esmoler das Três Ave-Marias, uniu-se definitivamente ao Senhor. A notícia de sua morte correu por toda a cidade de Granada, comovendo-a. Seu corpo repousa na cripta do convento de Granada, um lugar de peregrinação constante, especialmente em 9 de cada mês.

Um rio de gente de todas as idades e condições se dirigiu ao convento dos capuchinhos. A fama de santidade que já o acompanhava em vida, cresceu após a sua morte. Todo dia, mas sobretudo no dia 9 de cada mês, uma insólita afluência de pessoas, de todo o mundo, visita a sua tumba. Muitas são as graças que Deus concede por intercessão de seu servo fiel.

O processo de beatificação começou em 1961 e terminou em 1976. Em 1982 foi-lhe dada autorização da Sagrada Congregação para as Causas dos Santos, para a introdução do processo.

Nos anos 1983 a 1984 foi assinado o processo apostólico sobre as virtudes heroicas.  A positio super virtutibus foi entregue 09 de março de 1994.

Bento XVI no dia 15 de marco de 2008 declarou a heroicidade de suas virtudes e no dia 12 de Setembro de 2010 foi declarado Beato. Na beatificação, à qual assistiram espanhóis de várias dioceses vizinhas de Granada, estava presente Ileana Martínez, 50 anos, de Porto Rico, a mulher que foi curada de maneira cientificamente inexplicável de Lúpus, patologia degenerativa que não tem cura. Este milagre, atribuído à intercessão do novo beato, foi decisivo para sua elevação aos altares no processo canônico.

Painel de sua beatificação
A cerimônia foi presidida por Dom Ângelo Amato, Cardeal Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, que na homilia realçou os aspectos principais da personalidade do Beato:

“Caridade, humildade e devoção mariana são os traços distintivos da sua santidade. Todas as testemunhas afirmam que Leopoldo tinha um coração de ouro. Desde a infância demonstrou-se generoso e caridoso. Costumava partilhar a merenda com os outros pastorinhos mais pobres. Um dia estava a distribuir aos mendigos todo o dinheiro recebido com fadiga nos difíceis meses da vindima em Jerez. Ao ver isso, o irmão mais velho repreendeu-o e tirou-lhe o dinheiro das mãos. Então, o jovem Francisco Tomás doou as suas botas a um pobre descalço”.
A vida do beato foi inteiramente dedicada ao serviço de Deus e do próximo com a oração e o trabalho. Depois da entrada no convento, desempenhou vários encargos: hortelão, porteiro, sacristão, medicante e, quando era necessário, enfermeiro para servir os doentes e os idosos. “Mas o seu apostolado — evidenciou o arcebispo — foi, sobretudo, a coleta para o seu convento. Como frade mendicante, colocava o alforje às costas, como Jesus a Cruz, e caminhava a pedir esmolas. Fazia-se pobre para o sustento dos irmãos”.
Ao receber as esmolas, oferecia a caridade da sua bondade, a sua serenidade e os seus conselhos. Contudo, com frequência recebia também insultos, pedradas e uma vez até correu o risco de ser linchado. D. Amato recordou alguns episódios da vida de frei Leopoldo. “Certo dia, um grupo de agricultores gritou-lhe: ‘Vagabundo, trabalha em vez de andar por aí. Poderias ajudar-nos’. Frei Leopoldo aproximou-se e começou a trabalhar com eles, superando-os com a sua habilidade camponesa. Revelou que fora trabalhador como eles e que no convento cultivava a horta: “Irmãos, sou como vós”. Isto lhe permitiu obter respeito, consentindo-lhe fazer assim um pouco de catequese”. Uma vez, entrou numa loja da Plaza de Bib-Rambla. Naquele, dia o proprietário tinha vendido pouco e não só não lhe deu esmolas mas chegou a insultá-lo fortemente. O beato ouviu tudo com paciência e afastou-se. No dia seguinte voltou e disse: “Irmão, oremos à Virgem com três Ave-Marias”. Comovido, o homem recitou as orações e durante algum tempo frei Leopoldo visitou-o para recitar com ele as três Ave-Marias.
Depois, iniciou o período da perseguição religiosa, nos anos da guerra civil. Nessa época, os capuchinhos perderam uma centena de irmãos de hábito e Frei Leopoldo sabia que arriscava a vida todas as vezes que saía pelas ruas de Granada para pedir esmola, mas, era poupado porque os pobres o defendiam, reconhecendo: “É mais pobre do que nós”. Até os anticlericais mais inflamados admiravam a sua mansidão, exclamando: “Se todos fossem como ele!”. Era caridoso inclusive nos julgamentos, desculpando e justificando todos. Dizia a verdade, mas com caridade. Um dia perguntaram-lhe se julgava santo um seu irmão de hábito, que não era nada exemplar. Frei Leopoldo respondeu: “sim, a seu modo”.
A sua caridade foi incansável e sempre acompanhada de uma grande humildade. Um dia — narrou o prelado — o Beato entrou no Café Suíço e aproximou-se de uma mesa. Recebeu só insultos e pancadas. Caiu no chão. Levantou-se e disse com humildade: “Agredistes-me e deitastes-me ao chão; agora, por favor, oferecei uma esmola por amor de Deus”. Toda Granada pedia orações e conforto a Frei Leopoldo. As pessoas piedosas diziam-lhe com frequência: “Frei Leopoldo, reza por mim, porque tu és santo”. Imediatamente ele respondia: “santo não, não sou santo. Santo é o hábito”.

As pessoas não se aproximavam dele só pela sua caridade, pela fama de milagres, pelos seus conselhos, mas procuravam-no sobretudo pela sua humildade, viam-no como um verdadeiro amigo de Deus e do próximo. Na comunidade — recordou o prefeito — procurava retirar-se sempre no canto mais escondido. Quando celebrou o cinquentenário de profissão, a 16 de Novembro de 1956, um jornal de Granada escreveu artigos cheios de apreço e louvor. Frei Leopoldo sofreu muito por isso: “que problema, fazemo-nos religiosos para servir o Senhor no escondimento e vejo que nos colocam até nos jornais”. Não gostava de ser fotografado. Só aceitava quando lhe ordenava o superior”.
A humildade permitia-lhe também corrigir o próximo, sobretudo os blasfemadores. Um dia, um operário — disse o arcebispo — ao vê-lo, começou a blasfemar. Frei Leopoldo aproximou-se dele e disse: “Se quiseres ofender o frade, fá-lo, mas não ofendas o Senhor”. O homem ouviu-o com muito respeito e envergonhou-se do que tinha feito. Noutra vez, um leiteiro blasfemava perto do convento da Encarnação porque tinha derramado o leite contido num recipiente. Frei Leopoldo aproximou-se do pobrezinho e disse-lhe que o nome de Deus devia ser invocado só para ser louvado. O leiteiro desculpou-se dizendo que tinha perdido o lucro de um dia. O Beato ofereceu-lhe o dinheiro que tinha obtido através da caridade, recomendando-lhe que louvasse sempre o nome do Senhor.


Fontes: