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Encontre o (a) Santo (a), Beato (a), Venerável ou Servo (a) de Deus

quarta-feira, 5 de maio de 2021

SANTO ÂNGELO DA SICÍLIA, carmelita (memória na Ordem Carmelita, no dia 05 de maio)

 SUA   VIDA
Não se sabe muito sobre sua vida. Um Catálogo de Santos do final do século 14, aparentemente bastante crível, nos traz esta notícia sucinta: Ele morou no Monte Carmelo e junto com outros Carmelitas, por volta de 1220, ele veio para a Sicília.
 Aqui desenvolveu um ardente apostolado e na cidade de Ucata (Sicília-Itália) foi assassinado pelos "ímpios infiéis" na primeira metade do século XIII. Por isso a Igreja e o Carmelo no passado o veneraram como mártir e logo erigiram uma igreja em Licata em sua homenagem e colocaram seu corpo no altar.
 Outras biografias atribuem-lhe novos dados menos críticos que completariam esta notícia.  Segundo eles, ele nasceu na Palestina, de pais hebreus de religião, chamados José e Maria.  Ela tinha um irmão chamado João, que também usava o hábito de um carmelita.  Os pais e os filhos logo se converteram ao cristianismo.


Santo Ângelo, em seus êxtases, teve visões de Nosso Senhor.



Encontro, em Roma, entre São
Francisco, São Domingos e
Santo Ângelo. 
 Ângelo viveu em vários conventos na Palestina e na Ásia Menor. Recebeu muitas graças do Senhor, especialmente o dom de profecia e milagres. Foi um pregador zeloso, convertendo muitos milhares de descrentes à fé em Jesus Cristo. 
  Ele veio a Roma na companhia de outros Carmelitas do Monte Carmelo para obter do Papa Honório III a aprovação da Regra Carmelita, uma graça que foi obtida em 30 de janeiro de 1226.
 Na Basílica de São João do Latrão ele conheceu São Domingos de Gusmão e San Francisco de Assis.  O santo carmelita previu as chagas que seriam impressas neste Santo e este, por sua vez, anunciou a ele que em breve morreria mártir de Jesus Cristo.
 Pregou com muitos frutos em várias cidades da Sicília.  especialmente em Palermo, Agrigento e Licata. 
 Pregando um dia nesta última cidade, o famoso Berengário, um pecador público, por ódio a Ângelo, por ter colocado sua irmã no caminho certo, acertou-lhe cinco punhaladas, morrendo pouco depois, na primeira metade do século XIII.
 Sua festa é celebrada em 5 de maio.



Martírio de Santo Ângelo, cometido pelo ímpio Berengário.



Sua espiritualidade
Pouco se sabe sobre ela.
O seu profundo amor pela Ordem, pela qual tanto trabalhou e difundiu-o em várias partes do mundo.
Sua terna devoção à Bem-Aventurada Virgem Maria, que foi quem predisse o nascimento de João a seus pais e por que eles abraçaram a religião cristã.
Seu zelo apostólico pela causa de Iahweh, em imitação de Santo Elias, é outra característica de sua espiritualidade.  Diz-se que ele pregou muitas vezes e converteu incontáveis ​​infiéis.

A sua iconografia é bastante abundante em toda a Ordem e é representado com uma espada cravada no coração e com uma palma com três coroas: virgem, pastor de almas e mártir.
Já no século XIV seu culto era generalizado.
O Capítulo Geral de 1498 ordenou que sua festa fosse celebrada em toda a Ordem.
 Na Sicília, e especialmente em Licata, uma grande devoção é professada a ele.

 Sua mensagem
• Que o zelo de Elias arda em nossos corações.
• Que façamos todas as coisas para a glória de Deus.
• Que possamos pregar a verdade sem temer os resultados.
• Que perdoemos nossos inimigos.

 Oração
 Deus, força dos fiéis e coroa dos mártires, por cuja graça Santo Ângelo, carmelita, venceu os tormentos do martírio;  Por sua intercessão, concedei-nos,  propício, que, imitando-o com fidelidade, sejamos testemunhas de vossa presença e bondade até a morte


Fonte: carmelnet.org

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Beata Madre Maria Celeste Crostarosa, Virgem, Religiosa e Fundadora da Ordem do Santíssimo Redentor (Monjas Redentoristas)


Crostarosa possuía dotes para o governo, era firme nas decisões, entusiasta no empreendimento de sua obra; com notável capacidade de análise e síntese, coragem, e um ardor que se acentuava mais nas dificuldades e obstáculos, encontrava meios geniais para não desistir de realizar o que o Senhor lhe pedia.


        Nascida em Nápoles, no dia 31 de outubro de 1696, foi tomada pelo belo sol mediterrâneo e pelo irradiante Cristo Sol a ponto de dizer: “Ele é meu solo e meu sol”. Pequena em tamanho, mas de estatura humana e espiritual. É uma pérola escondida. Era a décima entre doze filhos de uma família cristã e nobre, de alta magistratura. Eram cinco irmãos e sete irmãs. Seu pai foi o Dr. José Crostarosa; laureado em ambos os direitos e revestidos de alto grau de magistratura na capital; sua mãe foi Paula Batista, da nobre família Caldari.

          No dia 1º de Novembro de 1696, festa de “Todos os Santos”, na Igreja Paroquial, foi batizada e recebeu o nome de Giulia Marcela Santa. Era uma criança normal em suas brincadeiras na convivência com seus irmãos. Era de natureza tipicamente napolitana: sensível, alegre, viva e de inteligência precoce. Também era atenta às leituras da vida dos Santos, feitas em família. 

Aos vinte e um anos de idade, Júlia, juntamente com sua irmã mais velha, Úrsula, entra no Carmelo de Marigliano, em abril/maio de 1718. Dois anos mais tarde sua irmã mais jovem, Joana, faz o mesmo. No dia 21 de novembro de 1718, festa da “Apresentação de Maria ao Templo”, as duas primeiras, recebem o hábito religioso; Júlia passa a chamar-se Ir. Maria Cândida do Céu e no ano seguinte faz a Profissão Religiosa. 

Deus reservava para Júlia, um caminho todo especial. Cada vez mais, Cristo vai conduzindo-a para Ele, no interior de si mesma. Neste processo evolutivo, descobre o mistério de Cristo, vivendo em sua alma. Pouco tempo depois de sua tomada de hábito, escreve uma Regra de candura para si mesma, dada pelo Espírito da Verdade. Deus a introduzia na vida espiritual, confiava-lhe suas aspirações divinas e a acostumava-a, pela sua familiaridade, à vida íntima com Ele.

Assim, certo dia, depois da Santa Comunhão, penetrada pelo Olhar Divino, teve uma grande luz interior e o Senhor lhe disse: “Quero fazer-te mãe de muitas almas que desejo salvar por teu intermédio”.

O Carmelo em que vivia, no entanto, ia desaparecer: sua fundadora – a duquesa de Marigliano – Isabel Mastrilli, tomara tal autoridade sobre o Mosteiro que reduziu as pobres Carmelitas a incríveis tribulações. Foi tal a situação que o Bispo aconselhou a fechar o Mosteiro e que as religiosas procurassem ouro lugar para viver.

As três Irmãs Crostarosa, a conselho do Pe. Thomaz Falcóia, já relacionado com as carmelitas, como pregador de retiro e diretor espiritual, resolveram ingressar no Mosteiro de Scala, que era dirigido por este religioso e seu Superior.

Em novembro, as três irmãs Crostarosa entram no Mosteiro de Scala; quinze dias depois, recebem o hábito de Visitandinas. Júlia recebe o nome de Ir. Maria Celeste do Santo Deserto.

Em 25 de abril de 1725, Ir. Maria Celeste, no silêncio da oração percebe como experiência forte de fé, que Deus deseja uma nova família religiosa na Igreja, que faça presente no meio da humanidade a expressão do Amor que Ele tem por seus filhos. Compreendeu que um novo Instituto seria fundado por seu intermédio, e que as Regras e leis que nele se devia observar, seriam uma imitação de Jesus.  Ele devia ser a Pedra Fundamental; os conselhos evangélicos de Sua Divina Doutrina, seriam o cimento; o coração dela devia ser a terra em que se elevaria este edifício; e o Divino Pai, seria o obreiro.

          “O Pai escolheu este Instituto para que seja para o mundo recordação viva de tudo que seu filho Unigênito operou para sua salvação”.

          Maria Celeste, fazendo-se eco a voz que, com clareza, percebe em seu interior, revela-nos o porque deste projeto religioso: “O Pai escolheu este Instituto para que seja para o mundo recordação viva de tudo que seu filho Unigênito operou para sua salvação”. É o que, em sua Regra, ela denomina “O Desígnio do Pai Eterno”.

Monja Redentorista
          Sem perder tempo, Irmã Maria Celeste escreveu as Regras como Nosso Senhor colocara em seu coração. Pe. Falcóia examinou o manuscrito das Regras e, sem perda de tempo, comunicou que iria a Scala examinar o caso.

          Enquanto as religiosas de Scala e o Pe. Falcóia lutavam com as dificuldades, Nápoles se edificava com a admirável piedade de um jovem sacerdote, que vivia dentro de seus muros. Todos repetiam a história desse advogado que renunciara ao fórum para se retirar ao seminário dos chineses. Era ele: Afonso Maria de Ligório que, a 21 de dezembro de 1726, fora ordenado sacerdote.

          Dada a celebração da consagração Episcopal de Pe. Falcóia, sua estadia aí se prolongaria; por isso resolveu enviar a Scala seu amigo Afonso de Ligório, como confessor e pregador dos exercícios espirituais. As Religiosas poderiam dirigi-se a este com inteira liberdade e confiança.

          Pe. Afonso aceitou o encargo e dirigiu-se ao Mosteiro em Setembro de 1730.  Essa foi a primeira e decisiva entrevista do Santo Doutor com a Beata. Ela nada ocultou, e Santo Afonso compreendeu essa alma e os desígnios de Deus sobre ela.

          Ali em Scala, cada um em seu momento, descobriu a vocação à qual eram chamados: dar à Igreja uma família religiosa que, seguindo o Redentor, se convertesse em Memória Viva de sua vida e sua obra durante os anos em que peregrinou pelos caminhos do mundo. 

          Maria Celeste, assessorada por Santo Afonso, deu forma a uma comunidade que se esforça para viver plenamente o Evangelho de Cristo em todas as dimensões de sua  vida humana e religiosa, para ser  na Igreja e no mundo um testemunho visível e um memorial vivo do Mistério Pascal da Redenção no qual o Pai realizou seu desígnio de amor pelo Cristo e no Espírito Santo.

Escritora y fundadora en Nápoles - Panorama Católico
         Terminado o exame da proposta de Maria Celeste, Santo Afonso declarou a todas as Religiosas que a nova Regra tinha sido dada por Deus, e com a graça do Senhor a 13 de Maio de 1731, dia de Pentecostes, deu-se finalmente princípio ao novo Instituto, com o nome de “Ordem do Santíssimo Salvador”, e aos 06 de Agosto, festa da “Transfiguração do Senhor” do mesmo ano de 1731, as irmãs receberam o hábito da ordem.


          Paralelamente à Ordem, Santo Afonso fundou, em 1732, a Congregação do Santíssimo Redentor para os homens, os missionários. Por suas origens, por seu nome e sua espiritualidade, a Ordem do Santíssimo Redentor, está ligada à Congregação do Santíssimo Redentor. Os Institutos são chamados a realizar um fim comum de maneira complementar. Ambos tem por missão, ser testemunhas fiéis do amor do Pai e continuar assim, com a graça do Espírito Santo, o Mistério do Cristo Jesus, nascido da Virgem Maria, para a salvação da humanidade.

          Como Jesus, a vida de Maria Celeste foi sempre cheia de sofrimentos e dificuldades. Por dificuldades com o bispo Falcoia e a comunidade, foi expulsa do mosteiro de Scala. Indo para Pareti, com sua irmã. Ali de 1733 -1735, a pedido do Bispo,  reforma o Convento da Anunciação. De 1735-1738, com sua irmã, inicia o “o convento Mater Domini”, no qual vivem, tanto quanto possível, as normas e estilo de vida da revelação de Scala.

          Dali vai para Foggia onde dia 09 de março de 1738, ocupando provisoriamente o Colégio de Orti, dos Padres Jesuítas. No dia 04 de Outubro de 1739,  Madre Maria Celeste, sua irmã Iluminata e 6 jovens, vão para o Mosteiro definitivo em Foggia. Ali mantém grande amizade com São Geraldo que era diretor espiritual do Mosteiro. Aí escreveu a autobiografia e completa os manuscritos que manifestam bem claramente sua evolução espiritual.

           No dia 14 de Setembro de 1755, Madre Maria Celeste, com a idade de 59 anos, faleceu  às 15h. No dia 14 de dezembro de 2015 foi promulgado o decreto sobre o milagre ocorrido por intercessão de Madre Maria Celeste. No dia 18 de junho de 2016 realizou-se a beatificação da Beata Maria Celeste Crostarosa, em Foggia, pelo Cardeal D’Amato, enviado do Papa Francisco. Sua festa litúrgica é lembrada no dia 11 de setembro.
          
          Em Itu-SP há um mosteiro dessa ordem, o Mosteiro da Imaculada Conceição e em São Fidélis-RJ, o Mosteiro da Santa Face e do Puríssimo e Doloroso Coração de Maria. O de São Fidélis segue a regra antiga, e as monjas usam o hábito azul. 

          Ela recebeu a missão de aprofundar o Evangelho na dimensão de transformação e de gerar uma nova família religiosa que se funda no amor recíproco que faz dela uma viva memória.

          Sua contribuição para a espiritualidade está na linha do ser viva memória de tudo o que Cristo fez para nossa salvação em sua vida terrestre. O Redentor continua em nós e, por nós, sua obra de salvação para ser o que Paulo ensina: “Já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

Fundadora das Monjas Redentoristas é beatificada na Itália - A12.com          Maria Celeste tem uma espiritualidade feminina que ensina a mulher a se relacionar com Deus e com os outros como mulher. Ensina a todos a respeitar a própria condição e torná-la meio de santificação. As inspirações que levou adiante têm caráter evangélico, compreendidas na dimensão mística. Contou com o apoio de Santo Afonso e de São Geraldo.

          A congregação que fundou, a Ordem do Santíssimo Redentor (Monjas Redentoristas) tem mais de 400 religiosas em diversos países. É oportuno o conhecimento sempre maior dessa que continua sua missão entre nós.

          Maria Celeste é uma verdadeira mestra da vida espiritual e religiosa. “Exercício” e “Memória” são termos seus, cheios de sabedoria e experiência contemplativa. A “Memória” (pensamento permanentemente em Cristo) sem “Exercícios” (prática evangélica) é vazia e os “Exercícios” sem “Memória”, são infecundos e tornam a vida individual e comunitária artificial e difícil.

          A base da vida espiritual ela a coloca no conhecimento pleno e experimental do Cristo, não tanto como exemplo de virtudes a praticar, mas como “mistério”, isto é, “acontecimento histórico-salvífico” da caridade de Deus. Para ela, pela comunhão de vida pessoal e comunitária com o Cristo, tudo se torna existencialmente “memória” teologal, eclesial, eucarística, salvífica. Todo o Instituto torna-se também, pela vida atuante e transparente, Instituto do Santíssimo Redentor.

Urna com as relíquias da Beata


Heroinas da Cristandade: Beata Maria Celeste Crostarosa, Monja ...
Pintura que retrata a Beata Maria Celeste e Santo Afonso






Fontes:https://www.a12.com/redentoristas/santos-e-beatos/serva-de-deus-maria-celeste-crostarosa
http://www.provinciadorio.org.br/noticia/exibir/1144/Beata-Maria-Celeste-Crostarosa.html
http://heroinasdacristandade.blogspot.com/2019/09/beata-maria-celeste-crostarosa-monja.html


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Beato Valentino Paquay, presbítero da Ordem dos Frades Menores, modelo de pastor de almas e apóstolo do confessionário.



Primeiro texto biográfico
Valentino Paquay – Ludovico (ou Louis) era o seu nome de batismo – , da Ordem dos Frades Menores, nasceu em Tongeren (Bélgica).

Quando era jovem, sentiu-se profundamente tocado pela misericórdia divina, durante um sermão a que assistiu. Surgiu assim a sua vocação sacerdotal e religiosa. Procurou então seguir o exemplo dos Santos, tendo sempre diante dos olhos figuras como são João Berchmans e são Luís Gonzaga.

Desejava também ele obedecer de coração à vontade de Deus, ser a vontade de Deus realizada completamente na medida da graça divina e da generosidade de um coração jovem. Transcorreu quase toda a sua vida, como religioso, em Hasselt.

Nos seus sermões, o tema principal era o amor de Deus por todos nós. Mesmo quando falava de assuntos como o pecado e o inferno, a sua consideração final referia-se constantemente à misericórdia de Deus, que é sempre maior que o coração humano. Pregou muitos retiros sobre este tema. A sua vocação específica era o confessionário. No clima do seu amor, todos se sentiam livres de confessar os seus pecados.

Permanecia muito tempo durante a noite na igreja a rezar por estes homens de boa vontade, assumindo sobre si uma parte da penitência pelos seus pecados. Sentia grande amor pela Sagrada Escritura. Mostrava de maneira viva a atualidade das palavras de Jesus, convidando assim os fiéis a um encontro verdadeiro com o próprio Senhor.

Faleceu em 1905, depois de uma vida simples, transcorrida na penumbra do confessionário e na sua cela, que era muito simples: uma cama de madeira, um genuflexório alto, uma mesinha e uma cadeira. A um irmão que se lamentava porque lhe tinha sido tirada a sua cadeira, respondeu: "Tenho presente uma boa cadeira", e deu-lhe a sua.

Desta forma, Padre Valentino queria ser o mais pequenino, o menor face a qualquer outro indivíduo. O seu ideal missionário aproxima-se do santo Cura d'Ars e da pequena santa Teresa de Lisieux. No centro da sua Província, o pequeno padre, enfermo, frágil, vítima da varíola, foi conforto para o seu povo atormentado de Hasselt, visitando os doentes, sempre em comunhão espiritual com os seus irmãos de hábito e com toda a Ordem dos Frades Menores. Dedicou toda a sua vida à escuta dos corações e das almas, evitando qualquer manifestação de privilégio, qualquer louvor desmedido, querendo assemelhar-se cada vez mais a são Francisco de Assis, consciente dos limites e debilidades características de todos os seres humanos.


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Segundo texto biográfico
O Beato Frei Valentino Paquay nasceu em Tongres, na Bélgica, em 17 de novembro de 1828, filho de Henry e Anna Neven,  casal profundamente religioso, quinto de onze filho. Recebeu o nome de Louis (ou Ludovico) no Batismo. Depois de concluir as aulas do ensino fundamental, ingressou na faculdade de Tongres dos Cânones Regulares de Sant'Agostino para continuar seus estudos literários; em 1845, foi admitido no pequeno seminário de St-Trond para cursos de retórica e filosofia.

Com a morte precoce de seu pai, ocorrida em 1847, após obter o consentimento materno, ingressou na Ordem dos Frades Menores da província belga e, em 3 de outubro de 1849, iniciou o noviciado no convento de Thielt. Em 04 de outubro do ano seguinte, fez sua profissão religiosa nas mãos do padre Ugolino Demont, guardião do convento e, imediatamente depois, foi a Beckheim para assistir ao curso teológico que terminava no convento de St-Trond. Ordenado sacerdote em Liège, em 10 de junho de 1854, foi designado pelos superiores a Hasselt, onde permaneceu por toda a vida, cobrindo também os cargos de vigário e guardião. Em 1890 e 1899, foi eleito definidor provincial.

Com a orientação de são João Berchmans (de quem era muito devoto), a quem chamava de “meu professor favorito, padre Valentino - escreve Agostino Gemelli - se envolve na espiritualidade franciscana, ensinando-nos a virtude de todos os momentos, a valorização das coisas mínimas, sob o aspecto da humildade mais franca e imediata" (cf. I. Beaufays, P. Valentino Paquay, o "Santo Padre" de Hasselt, Milão, Ed. Vita e Pensiero, 1947, Apresentação).

O trabalho de Padre Valentino foi incansável no campo do apostolado. Ele pregava quase continuamente e, devido à sua palavra simples e persuasiva, era muito estimado, especialmente nos círculos populares e institutos religiosos. Ele era acima de tudo assíduo no confessionário, imitando o santo Cura d'Ars, com quem às vezes era comparado. Muitas vezes, dava prova de também possuir o dom de penetrar de maneira extraordinária nas consciências dos penitentes, que vinham até ele mesmo de longe.

O beato Valentino tinha uma devoção singular à Santíssima Eucaristia e, com seu apostolado de meio século a favor da comunhão frequente, foi o precursor ativo do famoso decreto do Papa são Pio X. Devoto do Sagrado Coração de Jesus, de quem nunca deixou de meditar e ampliar as excelências da perfeição, difundiu seu culto, principalmente entre as irmãs da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular de Hasselt, que ele dirigiu espiritualmente por 26 anos.

Antiquíssima imagem de Maria, Virga Jesse, venerada
em Hasselt, Bélgica.
Ele sempre manteve viva a memória da Paixão de Jesus, praticando diariamente o exercício piedoso da Via Sacra. Muito devoto da Virgem Maria, ele a venerava desde muito jovem, na igreja paroquial de Tongres, sob o título de Causa Nostræ Lætitiæ, e sob o título de Virga Jesse no santuário de Hasselt. Mas, como um bom franciscano, ele preferia entre todos os títulos de Maria o da Imaculada Conceição. Apesar de já estar bastante fraco e doente queria comemorar, com grande exultação, o cinquentenário da proclamação do dogma, que coincidia com seu jubileu de sacerdócio.
Padre Valentino Paquay faleceu em sua amada Hasselt em 1º de janeiro de 1905, aos setenta e sete anos. A heroicidade de suas virtudes foi reconhecida por são Paulo VI com um decreto de 04 de maio de 1970. Foi beatificado por são João Paulo II em 9 de novembro de 2003.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

SANTA MARIA BERTILLA BOSCARDIN, Virgem e Religiosa, Protetora das vítimas do câncer


Camponesa, empregada doméstica, enfermeira e religiosa, dedicou sua vida ao cuidado dos doentes. Vítima de um câncer, é também invocada como protetora contra o câncer.

É humilde camponesa — disse dela Pio XII, por ocasião da beatificação, a 8 de junho de 1952. Figura puríssima de perfeição cristã, modelo de recolhimento e de oração. Nem êxtases, nem milagres durante a vida, mas uma união com Deus sempre mais profunda no silêncio, no trabalho, na oração, na obediência. Daquela união vinha a especial caridade que ela demonstrava para com os doentes, médicos, superiores, enfim, para com todos”.


Resultado de imagem para maria bertilla boscardinSeu nome de batismo era Anna Francesca Boscardin. Nasceu na periferia de Brendola, Itália, no dia 6 de outubro de 1888. Filha de pobres camponeses, passou sua infância e adolescência trabalhando nas lavouras, ajudando seus pais. Este era o caminho para qualquer menina vêneta, antes que as indústrias chegassem. Além disso, trabalhava também como empregada doméstica para ajudar a família. Filha de família católica, desde pequena desenvolveu um grande amor por Nossa Senhora. Sempre que podia, dedicava-se à oração.
Instruída pela mãe, cuja doçura devia compensar a violência do marido, aliás bom homem, Aninha gostava de rezar muito tempo de joelhos diante dum quadro de Nossa Senhora que se encontrava dependurado na cozinha. Isto desde a idade dos cinco anos. Ajudava a mãe nos cuidados da casa e o pai nos trabalhos do campo.
Sendo tão piedosa, conseguiu, coisa não fácil nessa altura:fazer a primeira comunhão com a idade de nove anos. Aos treze, fez voto de castidade. Muito tímida, com inteligência lenta e fraca memória, era chamada na aldeia a ignorante e a pata, mas ela não se ofendia. E estava sempre cheia de boa vontade. Quando manifestou ao pároco o desejo secreto de entrar na vida religiosa, este respondeu-lhe: “Aninhas, tu não serves para nada. Quaisquer religiosas não saberiam que fazer duma aldeã ignorante como tu és”. Ela afastou-se, muito desgostosa. Mas o padre surpreendeu o olhar entristecido da rapariga, arrependeu-se da sua recusa e no dia seguinte, de manhã, chamou-a.
Ao completar 16 anos, a 08 de abril de 1905, ingressou na Congregação das Mestras de Santa Dorothea, Filhas do Sagrado Coração, na capital de sua região, cidade chamada Vicenza. Trabalhou por um bom período como cozinheira do convento, ao mesmo tempo em que estudava enfermagem. Assim, viveu uma vida simples, dedicada à oração e ao trabalho.
Resultado de imagem para maria bertilla boscardinSã e robusta, foram-lhe entregues os trabalhos mais custosos, o forno e a lavandaria. Fez o segundo ano de noviciado no hospital de Treviso. A Superiora Geral destinava-a para o cargo de enfermeira. Mas a superiora do hospital, Irmã Margarida, pensou diferentemente: que esperar de bom dessa noviça tímida, com rosto pastoso e inexpressivo? Pô-la na cozinha como ajudante de uma freira idosa e enferma, encarregada de a vigiar e formar.
A 8 de Dezembro de 1907, foi a profissão solene da jovem religiosa, com a presença dos pais na casa-mãe de Vicenza. A Superiora geral decidiu pela segunda vez que ela seria enfermeira e mandou-a de novo para o hospital de Treviso. “Tu de novo aqui! - exclamou ao vê-la a Irmã Margarida. Preciso de enfermeiras para a cirurgia e para as doenças contagiosas, e mandam-me gente desta!” E a boa religiosa voltou às suas panelas.
No dia seguinte, por falta de pessoal, foi preciso colocá-la na seção de crianças atacadas de difteria ou garrotilho. Como por encanto, a sua imperícia desapareceu. Dum momento para o outro, manifestou-se enfermeira inteligente e hábil. Impunha respeito e inspirava confiança. Embora não tivesse em seu favor senão três anos de escola primária, preparou exames que superou com brilho.
Ali, descobriu sua vocação e realizou-se como pessoa dedicando-se a cuidar dos doentes. Cuidou, especialmente, de crianças e de vítimas da primeira guerra mundial, que afetou profundamente a Itália. Cuidando de seus amados doentes, nunca deixava de levar a mensagem de Jesus Cristo.
Conseguiu o diploma de enfermeira para se tornar mais útil aos doentes, que assistia também de noite, tomando a vez de suas coirmãs. “Quero ser a serva de todos — escreveu no seu diário — quero trabalhar, sofrer e deixar toda a satisfação aos outros’”. E ainda: “Devo considerar-me a última de todas, portanto contente em ser passada para trás, indiferente a tudo, tanto às reprovações como aos elogios, melhor, preferir as primeiras; sempre condescendente às opiniões alheias; nunca desculpar-me, também se penso ter razão; nunca falar de mim mesma; os encargos mais baixos sejam sempre os meus, pois é isso que mereço”. As ocasiões de sofrimentos nunca lhe faltaram.
Resultado de imagem para maria bertilla boscardinNo hospital, logo ficou conhecida como um exemplo de amor cristão, conquistando a simpatia de todos. Sempre tinha uma palavra de conforto e esperança para aqueles que sofriam em seu leito de dor. Sua caridade no trato com os doentes levou muitos à conversão.
No ano de 1910, quando tinha apenas 22 anos, foi diagnosticada com um câncer. Submetida a uma cirurgia, passou um bom tempo se recuperando. A partir desse momento, viveu em sua própria pele os sofrimentos de uma enfermidade e compreendeu mais ainda os enfermos. Por isso, tão logo melhorou, voltou a cuidar de “seus” doentes, dedicando-se a eles com todo amor possível.
Por causa dos contínuos bombardeios, os doentes foram transportados para Brianza e irmã Bertilla os seguiu. Mas em Viggiù foi designada para a lavanderia, sofrendo e chorando às escondidas: “Estou contente — escreveu — porque faço a vontade de Deus’’.
Assim, trabalhou em Treviso e no hospital de Viggiú. Sua caridade conseguia cada vez mais conversões. Amparava os desenganados e ajudava-os a morrer, proporcionando-lhes a assistência espiritual de um padre. Assim, muitos faleceram em paz, reconciliados com Deus, sob seus cuidados. O hospital era seu grande campo de missão.
Dedicando-se aos doentes, ela descobriu-se novamente doente. Metástases originárias do câncer anterior apareceram em seu corpo depois de algum tempo. Por causa disso, teve que suportar inúmeros sofrimentos, tornando-se cada vez mais fraca. Seu maior sofrimento, porém, foi quando não pôde mais cuidar dos doentes. Foi submetida a uma segunda cirurgia, mas não obteve sucesso. Assim, no dia 20 de outubro de 1922, Santa Maria Bertilla Boscardin entregou sua alma a Deus, tendo apenas 34 anos de idade, depois de converter, com a sua agonia resignada e serena, o médico-chefe do hospital.
Santa Bertila3Embora tendo falecido jovem, Santa Maria Bertilla Boscardin deixou um grande legado de caridade cristã e de dedicação aos enfermos. Aqueles que se converteram à fé graças à sua caridade, nunca se esqueceram dela. Por causa de sua fama de santidade, muitos foram – e ainda vão – rezar em seu túmulo e grandes graças aconteceram por sua intercessão. Por causa disso, ela foi beatificada pelo Papa Pio XII no dia 8 de junho de 1952 e canonizada pelo Papa João XXIII no dia 11 de maio de 1861. Sua festa passou a ser celebrada no dia 20 de outubro, dia de sua morte.
Ana Boscardin teve a sorte de ter uma mãe extraordinária. Ante a pobreza que sempre rondou o seu lar, ante a iracunda do marido, ante o mal-estar ambiente, ante as dificuldades de toda a vida, Maria Teresa Benetti cala-se, tem paciência, reza muito, e os filhos veem tudo isto. Veem e escutam dos seus lábios palavras sempre suaves, que lhes falam da fé, de Deus, do céu e da paciência.



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           Oração a Santa Bertilla

Ó Pai, Vós que inspirastes Santa Bertilla a se dedicar aos doentes e, depois, para que ela fizesse da dor e do sofrimento, um motivo de louvor a Vós, dai-nos, paciência e sabedoria, para que também nós possamos fazer, de nossas dores, um instrumento de redenção. Por intercessão de Santa Bertilla, que enfrentou o cêncer, pedimos a graça (...) Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo, amém! Santa Bertilla, rogai por nós.”



segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Beata Liduina Meneguzzi, Religiosa Missionária das Irmãs de São Francisco de Sales (Salésias)


«A mensagem que a Beata Liduina Meneguzzi traz hoje à Igreja e ao mundo, é uma mensagem de esperança e de amor: uma esperança que resgata o homem do seu egoísmo e das formas aberrantes de violência; um amor que se torna convite à solidariedade, à partilha e ao serviço, conforme o exemplo de Jesus que veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de todos». (Decreto sobre a heroicidade das virtudes)

Resultado de imagem para santa liduína meneguzziElisa Ângela Meneguzzi, (a futura irmã Liduina), nasce aos 12 de Setembro de 1901, em Santa Maria de Ábano, na província de Pádua, Itália. A família é de lavradores muito modestos, mas ricos de fé e de honestidade, valores que a pequena assimila muito cedo.
Revela um vivo espírito de oração: participa todos os dias à santa Missa, não obstante tenha de percorrer a pé dois quilômetros; frequenta a Catequese e, mais tarde, ela também se torna Catequista. À noite, antes de dormir, reza com a família e se sente feliz de falar de Deus aos irmãos.
Aos catorze anos, a fim de ajudar economicamente os seus, inicia a trabalhar fora de casa, prestando serviço nas famílias abastadas e nos hotéis de Ábano, onde numerosos hóspedes procuram alívio nas águas termais.
De caráter manso, sempre disponível, faz-se amar e estimar em toda a parte. Desejosa de consagrar toda a vida ao Senhor, aos 5 de Março de 1926, entra na Congregação das Irmãs de São Francisco de Sales— ou SALÉSIAS—, cuja Casa Mãe encontra-se em Pádua. Aqui ela realiza o seu ideal de total oferta a Deus e continua a espalhar em volta de si os tesouros do seu grande coração.
Desempenha com amor os seus trabalhos quotidianos, como roupeira, enfermeira e sacristã, entre as meninas do colégio Santa Cruz que sempre encontram em irmã Liduina uma amiga boa, capaz de escuta, de ajuda nos seus problemas, por meio de bons conselhos. Em todas elas, deixa impressões indeléveis de ternura, de encorajante serenidade, de paciência a toda a prova.
Em 1937, irmã Liduina vê finalmente realizar-se o grande sonho, desde então cultivado no seu coração: partir para a terra de missão e levar a fé, o amor de Cristo a tantos irmãos que ainda não O conhecem.
Pelos Superiores, irmã Liduina é enviada como missionária à Etiópia, em Dire Dawa, cidade cosmopolita pela presença de povos de costumes, origens e língua diferentes. É aqui, em tal semelhante mosaico de raças e de religiões, que a humilde freira se dedica, com fervor, à sua tarefa missionária. Ela não tem uma profunda cultura teológica, mas sim uma grande riqueza interior, alimentada do contato profundo com Deus.
Trabalha como enfermeira, no hospital «Parini» que, durante a guerra, vem a tornar-se hospital militar, onde são, portanto, acolhidos os militares feridos, para os quais irmã Liduina é verdadeiramente «um Anjo de caridade». Com carinho e dedicação incansável, trata os males físicos, pois vê, em cada irmão que sofre, a imagem de Cristo.
Resultado de imagem para santa liduína meneguzziEm breve tempo, o seu nome ressoa nos lábios de todos; por isso todos a procuram, A chamam e a invocam como uma bênção. Os indígenas a chamam «Irmã Gudda», ou seja, «grande». Durante o enfurecer dos bombardeamentos sobre a cidade e o hospital, de cada boca sai um único grito: «Socorro, irmã Liduina!». E Ela, sem preocupar-se do perigo, transporta os feridos para o refúgio e depressa acorre para ajudar os outros. Aproxima-se dos moribundos para lhes sugerir um ato de contrição e com a sua inseparável garrafinha de água, tenta batizar as crianças agonizantes.
O seu doar-se não se limita somente aos italianos, aos cristãos; mas com verdadeiro coração ecumênico, ela vai em socorro dos brancos e negros, dos católicos e coptas, dos muçulmanos e pagãos.
Irmã Liduina ama, sobretudo, conversar sobre a bondade de Deus Pai, do bonito Paraíso, preparado para todos nós, seus filhos. Os indígenas, na maioria muçulmanos, ficam seduzidos e experimentam uma simpatia nova para com a religião católica.
A nossa Freira é também chamada «chama ecumênica», porque, muito antes do Concílio Vaticano II, vive um dos aspectos mais recomendados do Ecumenismo. As almas de Deus costumam preceder os tempos; são como faróis luminosos que indicam a direção certa, embora a estrada não esteja ainda muito clara.
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No entanto, porém, o mal incurável que ameaça há tempo a sua saúde, faz-se sentir mais forte. Ela acolhe serenamente e com paz, a sua nova situação. Sofre e vai-se gastando exercendo corajosamente, até ao fim, a sua preciosa obra de amor entre os irmãos doentes.
Aceita, enfim, submeter-se a uma delicada e difícil intervenção cirúrgica que no início parece bem sucedida, mas em seguida apresenta complicações e uma paralisia intestinal que deu cabo da sua existência. Era o dia 2 de Dezembro de 1941.
Irmã Liduina morre santamente, com 40 anos de idade, conscientemente abandonada à Vontade de Deus, oferecendo a sua jovem vida, para a paz do mundo inteiro. Um médico presente afirma: «Nunca me aconteceu de ver alguém morrer com tanta serenidade e beatitude».
Os militares que a choram como se fosse uma pessoa de família, desejam e obtém que seja sepultada na parte do cemitério a eles reservado. Passados vinte anos, no mês de Julho de 1961, os restos mortais de irmã Liduina, são transportados para Pádua, numa Capela da Casa Mãe, onde, devotos e amigos costumam visitá-la e invocar a sua intercessão junto de Deus.
Beatificada em 20 de outubro de 2002, Irmã Liduina Meneguzzi tornou-se um autêntico espelho de humildade e caridade cristãs, manifestando a misericórdia de Deus com os pobres, doentes e feridos.
“Famílias dos povos aclamai ao Senhor! Aclamai a glória e o poder do Senhor!" (Sl 96, 7). As palavras do Salmo responsorial exprimem muito bem a aspiração missionária, que invadia a Irmã Liduina Meneguzzi, das Religiosas de São Francisco de Sales. No breve mas intenso período da sua existência, a Irmã Liduina dedicou-se aos irmãos mais pobres e vítimas do sofrimento, em particular no hospital da missão de Dire-Dawa, na Etiópia.
Com ardente zelo apostólico, procurava fazer com que todos conhecessem o nosso único Salvador, Jesus Cristo. Na escola daquele que era ‘manso e humilde de coração’ (cf. Mt 11, 29), ela aprendeu a defender a caridade, que brota de um coração puro, ultrapassando toda a mediocridade e a inércia interiores.” Homilia de beatificação - Papa João Paulo II


sábado, 21 de setembro de 2019

SÃO MATEUS, APÓSTOLO DO SENHOR E EVANGELISTA



São Mateus foi um dos doze apóstolos de Cristo. É o autor do primeiro dos três evangelhos sinóticos. Os outros dois são de Marcos e Lucas. No Evangelho, Mateus apresenta Jesus com o título de Emanuel, que significa “Deus está conosco”.

Mateus, também chamado de Levi é filho de Alfeu conforme os Evangelhos de Marcos e Lucas (Marcos 2,14) (Lucas 5, 27). Antes de ser chamado para seguir Jesus, Mateus era um coletor de impostos do povo hebreu, durante a dominação romana, por ordem de Herodes Antipa. Ele estava alocado em Cafarnaum, uma cidade marítima no mar da Galileia, na Palestina.

Seu primeiro contato com Jesus se deu enquanto estava trabalhando: “saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coleteria de impostos, e lhe disse”: “siga-me!” Ele se levantou e seguiu Jesus (Mateus 9, 9). “Depois, Mateus preparou, em sua casa, um grande banquete para Jesus”. “Estava aí uma numerosa multidão de cobradores de impostos e outras pessoas, sentadas à mesa com eles.(Lucas 5, 27-28-29). 

O nome de Mateus aparece sempre na relação dos 12 primeiros apóstolos de Cristo, geralmente ao lado de São Tomé. Entre as citações consta uma ordem de Jesus: “Os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, ajoelharam-se diante dele. Ainda assim, alguns duvidaram”. Então, Jesus se aproximou e falou: “Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra”. “Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês”. “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo”. (Mateus 28, 16-17-18-19-20).

Apóstolo e Evangelista, segundo a tradição, Mateus pregou pela Judeia, Etiópia e Pérsia. Fora do Evangelho, segundo Eusébio de Cesareia, em sua História da Igreja, a única referência a seu respeito é uma citação do bispo Papias de Hierápolis, do século II.

Da sua atividade após o Pentecostes, se conhece somente as páginas do seu Evangelho, primitivamente redigido em aramaico. Denominado de “Primeiro Evangelho”, logo no início, Mateus apresenta Jesus como o Mestre que veio realizar a justiça. Mateus relata a morte e a ressurreição de Jesus. Seu evangelho é organizado em “cinco livrinhos”, cada um contendo uma parte narrativa seguida de um discurso, que reúne e explica o que está contido nas narrativas.

São Mateus morreu na Etiópia, apedrejado, queimado e decapitado. Suas relíquias teriam sido transportadas para Paestum. Depois, essas relíquias foram levadas para a cidade italiana de Salerno, onde até hoje se encontram e são consideradas pelos mais crentes como verdadeiramente do santo. A Igreja Romana celebra sua festa em 21 de setembro, e a grega em 16 de novembro. Seu símbolo como Evangelista é um anjo.


A belíssima conversão de São Mateus
Mateus, coletor de impostos, apóstolo e evangelista: foge do dinheiro para um serviço de perfeita pobreza: a proclamação da mensagem cristã. O evangelho a ele atribuído nos fala mais amplamente que os outros três do uso certo do dinheiro: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e o caruncho os destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam, mas ajuntai para vós tesouros nos céus”. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Foi Judas, porém, e não Mateus que teve o encargo de caixa da pequena comunidade apostólica. Mateus deixa o dinheiro para seguir o Mestre, enquanto Judas o trai por trinta dinheiros.
Interessante que, quando falam do episódio do coletor de impostos chamado a seguir Jesus, os outros evangelistas, Marcos e Lucas, falam de Levi. Mateus, ao contrário, prefere denominar-se com o nome mais conhecido de Mateus e usa o apelido de publicano, que soa como usurário ou avarento, “para demonstrar aos leitores — observa São Jerônimo — que ninguém deve desesperar da salvação, se houver conversão para vida melhor”.

Mateus, o rico coletor, respondeu ao chamado do Mestre com entusiasmo. No seu evangelho ele esconde humildemente este alegre particular, mas a informação foi divulgada por Lucas: “Levi preparou ao Mestre uma grande festa na própria casa; numerosa multidão de publicanos e outra gente sentavam-se à mesa com eles”. Depois, no silêncio e com discrição, livrou-se do dinheiro, fazendo o bem. É dele de fato que nos refere a admoestação do Mestre: “Quando deres esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará”.




Fontes:
https://www.ebiografia.com/sao_mateus/
https://www.paulus.com.br/portal/santo/sao-mateus-apostolo-e-evangelista#.WvGg_6QvzIU

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Guilles Bouhours, O menino que revelou ao Papa o Dogma da Assunção



A fantástica história Guilles Bouhours, e o milagre que marcou o pontificado do Papa Pio XII – Dogma da Assunção de Nossa Senhora.





Gilles Bouhours nasce em 27 de Novembro de 1944, em Bergerac, sul de França. Quando tinha apenas 1 ano, foi curado milagrosamente, graças à intercessão de Santa Teresinha do Menino Jesus. Aos 4 anos foi portador de uma mensagem de Maria Santíssima, na qual se lhe ordenava que a sua missão era ir até ao Papa Pio XII para lhe transmitir o que a Virgem lhe tinha comunicado.
Gil, desde pequenino tinha muita piedade, rezava longas horas e era visto fazendo penitência. E com apenas três anos de idade, um dia apresentou-se diante de seu pai e disse: “Pai, a SMA. VIRGEM deu-me uma mensagem que eu tenho que passar o para o Papa. Devo ir vê-lo”.
No início, o pai não levou o assunto a sério, mas o pequeno Gil insistiu nessa missão por dois anos. E sua mãe por curiosidade perguntou-lhe como era a mensagem. A resposta foi imediata: “Mãe, a mensagem não é para você, é para o papa!” Em uma ocasião o pai perguntou-lhe: “E você sabe quem é o Papa?” GIL responde: “o Papa é o Papa e eu tenho que dar a mensagem da Virgem!”
Os vizinhos cientes deste fato, ofereceram para pagar a viagem do menino e seu pai a Roma. E no ano do Senhor de 1949, finalmente partiu.
Durante a viagem o senhor Bouhours tinha este pensamento, com que cara iria tocar as portas do Vaticano e dizer “Eu preciso de uma audiência com o Papa, mas não para mim, mas para meu filho de 5 anos!?”
E quando chegaram a Roma, hospedaram-se num colégio francês. A princípio, ninguém sabia de sua chegada, que ocorreu numa terça-feira. No dia seguinte, um emissário do papa perguntou na portaria do colégio, se uma criança da região de Lourdes, havia se hospedado ali. E quando o pai se inteirou deste fato, ficou maravilhado. Como o papa ficou sabendo da sua chegada? De qualquer modo, foi um alívio saber que a audiência foi facilitada de maneira extraordinária. A entrevista seria no dia seguinte, numa quinta-feira, no dia 10 de dezembro de 1949.
Um secretário recebe e leva a criança para falar com sua santidade o papa, e seu pai ficou esperando do lado de fora cerca de uma hora. Nota: as audiências com o papa raramente duravam mais que 20 minutos.
Ao final da audiência, o mesmo papa tomando a criança pelas mãos, devolve o pequeno para o seu pai, agradeceu e lhe disse: “Há tempos que peço ao céu que me dê uma confirmação, um sinal claro de aceitação do céu, de um dogma que desejo declarar. E seu filho me trouxe uma mensagem da Santíssima Virgem Maria”.
Nada se sabe da entrevista do Papa com o menino, que teve lugar em Maio de 1950, exceto o que o Pontífice deu a conhecer: o menino comunicou-lhe, da parte da Mãe de Deus, que esta Senhora, depois da sua vida mortal, subiu ao Céu em corpo e alma.
Precisamente, o Papa Pio XII havia pedido a Nosso Senhor um sinal sobrenatural para decidir-se a proclamar o dogma da Assunção de Maria. O pequeno Gilles foi o sinal que o Céu outorgou ao Pontífice, e assim, em 1 de Novembro de 1950, foi proclamado o Dogma da Assunção de Nossa Mãe Celestial.
A partir dos seus quatro anos, o pequeno Gilles teve autorização para comungar. A sua devoção a Jesus Sacramentado era extraordinária. Também desde a mais tenra idade manifestou o seu desejo de ser sacerdote e missionário. Em 12 de Junho de 1949 fez a Primeira Comunhão, e dois meses depois manteve o seguinte diálogo com um missionário conhecido:
Que queres ser quando fores grande?
Sacerdote.
E porquê queres ser sacerdote?
Para pôr Jesus na Hóstia Sagrada.
Não gostavas também de ser missionário?
Que quer dizer missionário?
É um sacerdote que faz com que se amem muito a Jesus e a Maria.
Sim, sim, claro que gostaria de ser missionário.
Este desejo chegou a ser nele como uma obsessão, traduzindo-se numa fome insaciável do Pão dos Anjos. Não temia a frio, nem nada deste mundo, quando ia comungar.
Resultado de imagem para Gilles BouhoursO seu recolhimento era algo insólito e nada usual. Inclusivamente chegou – nunca como um jogo, ou para se divertir – a celebrar “Missas Brancas”, o que significava recitar num altar, disposto num compartimento de sua casa, todas as orações da Missa, tais como as diz o sacerdote, do princípio ao fim, sem que se produzisse a Consagração, como é lógico, mas revestido com os paramentos que previamente lhe tinham confeccionado para esse efeito, tendo em conta a sua estatura.
Os sermões que pregava às pessoas que presenciavam estas cerimônias, dignas de um anjo, eram cheios de profundidade e fervor, sem erro algum. É preciso dizer-se que, quando se entrevistou com Sua Santidade o Papa Pio XII, cantou a antífona litúrgica “Parce Domine”, com os braços em cruz e como o ensinou a Santíssima Virgem.
Certo dia protestou durante a refeição, porque não gostava muito da sopa. Tinha 5 anos. Seu pai disse-lhe que isso não agradava à Santíssima Virgem, porque era um capricho tolo. O menino, então, comeu a sopa toda sem recalcitrar e quando acabou, disse: «Papá, dá-me um pouco mais. Está tão boa, esta sopa!»
Seguidamente, transcreve-se uma pequena parte de um sermão que Gilles pronunciou em 13 de Setembro de 1952:
«Hoje vamos falar da Paixão de Jesus. Estava no Jardim das Oliveiras com três dos seus Apóstolos. Sabia muito bem que havia um que O ia atraiçoar e que se acercava d’Ele com má intenção. Era em plena noite, e Jesus encontrava-se sob o peso dos pecados dos homens. E orava a seu Pai, dizendo: Que este cálice… Então, dirigindo-se aos seus Apóstolos, que dormiam, disse-lhes: “Não podeis velar uma hora co’Migo? Vigiai e orai, porque vão entregar o Filho do Homem”.»
Resultado de imagem para Gilles BouhoursAdmiráveis expressões na boca de uma criança. Muito poucos anos depois, Nosso Senhor levá-lo-á para o Céu.
Em 24 de Fevereiro de 1960 Gilles cai doente, com um misterioso torpor que nenhum médico conseguiu diagnosticar. Ao cabo de 48 horas, e após receber os últimos Sacramentos, o adolescente (15 anos) morre. Antes de expirar, disse: «Vou morrer, mas não choreis. Estou bem e contente.» Seguidamente, juntou as mãos e orou assim: «Meu Deus, peço-Vos perdão de todos os meus pecados… Senhor meu, Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro…»
Entregou a sua alma a Deus em 26 de Fevereiro de 1960, às 6 horas da manhã. No seu túmulo estão gravadas estas palavras, que ele mesmo disse:
Amai a Deus e a Santíssima Virgem. Oferecei-Lhes todos os vossos sofrimentos e assim recuperareis a paz da alma.”
Gilles Bouhours