Maria Giselda
Villela nasceu em Jacutinga, MG, a 08/07/1909. Viveu sua infância em Maria da
Fé, MG. Foi agraciada por Deus: nascendo em um lar autenticamente cristão. Era
a terceira de sete filhos do casal Manoel Villela Pereira (de origem
portuguesa) e Maria Augusta Campos Villela. Seus irmãos são: Genoveva,
Manoelzinho (que logo morreu), Rita, Manoelzinho (mesmo nome do irmão e que
também veio a falecer aos dois anos de idade), Gabriel (futuro Padre Gabriel
Maria Villela, Redentorista) e Murilo.
Família de Maria Giselda. Da esquerda para a direita: Gabriel - Sr. Vilela -
MARIA GISELDA - Genoveva - Rita - D. Maria e Murilo.
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Maria Giselda,
muito viva e inteligente, era cercada de atenção e carinho pelos pais. Estes
percebiam seu temperamento forte e expansivo, e eram exigentes na sua formação
e educação.
Pela piedade e
conhecimento do catecismo que a menina já possuía, um missionário que pregava
as missões, na cidade, após submetê-la a um rigoroso interrogatório, determinou
que ela fizesse a Primeira Comunhão,
embora só tivesse quatro anos de
idade. Ao lado de Maria Giselda, recebendo Jesus pela primeira vez, estava
Delfim Ribeiro Guedes, seu amiguinho de infância, embora mais velho do que ela
e que, unidos pela Eucaristia, Deus os uniria ainda mais, num futuro remoto,
pelo ideal carmelitano.
Sempre voltada
para as coisas de Deus, após a Primeira
Comunhão, Maria Giselda quis entrar
para o Apostolado da oração, como
zelada. Não sabendo ler nem escrever, cumpria de memória o que lhe era
prescrito, assim como marcava nos dedinhos as Ave-Marias a serem rezadas.
Natureza rica, com temperamento exuberante e mais para colérico, vez por outra
deixava transparecer – ao lado das boas tendências e qualidades – seus
defeitinhos de criança.
Cercada de boas
amizades, teve por companheirinho de infância, além de Delfim, o futuro
beneditino Dom Marcos Barbosa. Três crianças que, mais tarde, norteariam suas
vidas para um ideal de consagração a Deus, seguindo insondável plano divino.
Maria Giselda e Maria José. |
O SOFRIMENTO
Dedicada aos
estudos, Maria Giselda foi desenvolvendo os muitos talentos com que Deus a
dotara. O selo do sofrimento, porém, marcaria sua infância... Entre 12 e 13
anos de idade, teria início o seu calvário com o aparecimento de um grande
tumor na virilha o que, em sua ingenuidade, parecia ser normal.
Alertado sobre o
perigo que cercava a filha tão amada, o Sr. Villela leva-a ao médico em outra
cidade de maiores recursos, onde – com meios precários – o enorme tumor é extirpado.
Foi possível, então, Maria Giselda ir para o Internato, no Colégio Sagrado
Coração de Jesus, das Irmãs da Providência de GAP, em Itajubá (MG) onde, em
poucos meses, reaparece o tumor. Alarmado, o pai leva a filha para o Rio de
Janeiro, RJ, procurando os melhores especialistas. Após os exames necessários e
cirurgia de emergência, feitos por Dr. Pedro Ernesto, este, um tanto desolado,
procura o Sr. Villela e lhe diz que a menina não se salvaria... Tratava-se de
um tumor maligno... Câncer em estado adiantado.
O Sr. Villela,
pai extremoso e tendo para com Maria Giselda carinho todo especial, sofreu
terrível golpe! E diante de tal diagnóstico e da sentença de Dr. Pedro Ernesto
de que o caso era perdido, responde-lhe: "Se
a medicina da terra nada pode fazer, eu confio na medicina do céu".
Enquanto a filha
era operada, refugiando-se em Deus, os pais buscam uma Igreja próxima ao hospital.
Participando da santa Missa – durante a qual o Celebrante falava sobre o poder intercessor
de Santo Expedito – D. Maria e o Sr. Villela, sem que algo tivessem combinado,
no mais íntimo de seus corações, pedindo a cura da filha querida, fazem a mesma
promessa: a de mandar esculpir uma imagem do referido Santo, propagando-lhe a
devoção em Maria da Fé, cidade onde a existência de tal santo era totalmente
desconhecida.
Dr. Pedro
Ernesto, diante do sofrimento dos pais, faz-lhes a proposta de suster o mal,
através de um novo tratamento: a radioterapia. Embora temerosos, os pais
concordaram, sendo feitas aplicações que duravam mais de duas horas,
provocando-lhe sérias queimaduras. Era ainda desconhecido o efeito do rádio...
SONHOS DA JUVENTUDE E CONVERSÃO
Durante a
infância e juventude, Maria Giselda idealizava ser muito rica, possuir bens,
casas, carros. Enfim, gozar de uma vida confortável e até luxuosa, junto a seus
pais, de quem nunca pensava em separar-se, tão grande era seu amor por eles.
No Colégio,
foi-se interiorizando mais e mais, numa busca constante de Deus: primeiros passos
para a conversão verdadeira. Leituras espirituais, sobretudo a "História de uma Alma", de Santa
Teresinha, fizeram-na descobrir o Carmelo.
Procurando o
auxílio de seu Confessor, a quem expôs seu desejo, este encaminhou seu pedido
ao Carmelo de Santa Teresinha, em Campinas. Com a resposta afirmativa, seu
Confessor passou a orientá-la sobre a vida contemplativa, sobretudo
carmelitana, com suas exigências e austeridades. E Maria Giselda procurava ser
fiel às suas orientações espirituais.
CAMINHADA PARA O CARMELO
Percebendo a
mudança que vinha sendo operada na filha, o Sr. Villela e D. Maria – ao tomarem
conhecimento de sua pretensão de consagrar-se a Deus, no Carmelo – não se
opuseram, embora previssem o quanto iriam sofrer com a separação.
No ambiente
familiar ela encontrou, pois, todo o apoio desejado. Os pais não ficariam
sozinhos, pois seus irmãos, incluindo-se Francisca, filha de criação, ficariam
olhando por eles.
Corria o ano de
1930. Em companhia do pai, Maria Giselda vai para Campinas, ingressando no
Carmelo em 29 de novembro.
Em 12 de abril
de 1931, recebe o Hábito de Nossa Senhora do Carmo, sob o nome de Irmã Maria
Imaculada da Santíssima Trindade, realizando-se a profecia de sua grande amiga,
Laly, que foi co-fundadora do Carmelo Nossa Senhora Aparecida, de Belo
Horizonte.
Laly e Maria Giselda. |
Os primeiros
Votos foram emitidos em 12 de abril de 1931 e, em 13 de abril de 1935. Após os
bem vividos três anos de Noviciado, faz sua Profissão Solene, dedicando-se
ainda mais à Comunidade, colocando todos os seus talentos (pintura, música
etc.) em benefício de todas as Irmãs, a quem muito amava.
Ir. Maria Imaculada noviça |
Ir. Maria Imaculada no dia de sua Profissão temporária. |
Ir. Maria Imaculada Professa solene. |
O CARMELO DA SAGRADA FAMÍLIA
Cônego Delfim (o
amigo de infância de Maria Giselda), manifestando a necessidade de cumprir a
promessa feita junto ao túmulo de Santa Teresinha, em Lisieux, de trabalhar
para a fundação de um Carmelo, pois a Santinha das Rosas obtivera-lhe de Deus a
graça da Ordenação Sacerdotal, começa, em Pouso Alegre, os primeiros trâmites
para a vinda do Carmelo. Adquire uma casa, com ajuda de amigos e benfeitores,
que caberia bem para o início da vida das irmãs, e escreve a D. Octávio Chagas
de Miranda, então em convalescença de uma cirurgia, em Campinas, sobre o
projeto. D. Octávio dá sua adesão, vendo nisto a vontade de Deus.
Dom Octávio
pede, então, à Madre Ângela e Comunidade para assumirem a fundação de um
Carmelo em Pouso Alegre, Minas Gerais. Depois de muita oração e dos trâmites
necessários, a fundação ocorre em 26 de outubro de 1943. Cônego Delfim Ribeiro
Guedes teve também o cuidado de preparar a cidade para acolher as Carmelitas,
conscientizando-a do valor da vida contemplativa.
Ir. Maria Conceição, Madre Ângela e Mãezinha. |
Cônego Delfim
seguiria, à distância, suas filhas Carmelitas, pois dias antes da fundação do
seu Carmelo, fora nomeado Bispo de Leopoldina. E para lá partiu, logo após a
inauguração do Carmelo da Sagrada Família.
Início difícil
para Madre Maria Imaculada, sobretudo após o retorno das Irmãs ao Carmelo de
Campinas, ficando ela com apenas um grupo de noviças. Mas estas - reconhecendo
o valor da Priora, em solene cerimônia, deram-lhe o título de
"Mãezinha", pois realmente desempenhava tal missão pelo zelo,
atenção, amor e dedicação a todos. Assim ficou conhecida e chamada por todos da
cidade de Pouso Alegre, como pelos amigos e familiares das Irmãs.
Da esquerda para a direita: Futura Ir. Maria de Lourdes - Mãezinha - futura Ir. Rosa Maria
Ir. Maria Stella- Ir. Maria Teresinha e Ir. Benedita Maria.
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Ela deu início
às obras do Carmelo definitivo, com indescritível capacidade administrativa,
auxiliada pelas filhas, cujo número ia crescendo.
Por quarenta e
três anos, dirigiu o Carmelo da Sagrada Família, cuidando – não apenas da parte
material – mas, sobretudo, da espiritual, como autêntica filha da Santa Madre
Teresa de Jesus e de São João da Cruz; como fiel filha da Igreja, num amor
indescritível por Maria e São José, alicerces de nossa vida carmelitana.
Com a Sagração
da Capela, a construção do cemitério das Irmãs e sua capelinha, o término das
pistas em todo o quintal, a Mãezinha dizia poder cantar o Nunc dimittis... Terminara sua obra - Obra de Deus - podendo
partir para o Carmelo definitivo do céu.
Deus, porém, em
seus maravilhosos desígnios e que, apesar de ser “maravilhosos” não deixam de
ser, às vezes, “dolorosos”, desejava pedir a ela algo mais: a fundação do
Carmelo de São José, em Campos, RJ, para o qual daria algumas de suas filhas.
A FUNDAÇÃO DE UM NOVO CARMELO
Acatando a
vontade de Deus - manifestada através do pedido de nosso Provincial, Frei
Patrício Sciadini, ocd e de Dom Carlos Alberto Navarro, Bispo daquela Diocese -
a Mãezinha tomou todas as providências necessárias ao novo Carmelo: espirituais
e materiais. Foi um tempo de intensa oração.
E, em 24 de
agosto de 1986, ela se despede de nove de suas filhas, que partiram para a nova
fundação, o que lhe ocasionou um abalo na saúde: um câncer, já com manifestação
externa; e que procurou ocultar-nos, como às Irmãs do Carmelo de Campos. Havia
oferecido a sua vida para o êxito da nova fundação, em benefício da santa
Igreja, dilacerada em sua unidade, naquela Diocese.
Mãezinha, no centro, com as fundadoras do Carmelo de Campos. |
ENFIM, O CÉU
A saúde de
Mãezinha foi decaindo. E – sempre assistida por vários médicos da cidade,
nossos grandes amigos, sobretudo por Dr. Vitor Galhardo e Dr. José Wazen (do
Rio de Janeiro) –, em 20 de janeiro de 1988, pelas 11h20 da manhã, ela partiu
para o grande encontro com Aquele por quem vivera e a quem servira durante toda
a sua vida.
Missa de Exéquias. |
Fiéis tocando terços e outros objetos no corpo da Serva de Deus. |
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