O padre jesuíta
João Batista Reus, venerável Servo de Deus misticamente agraciado, originário
da arquidiocese de Bamberg (Baviera), que por muitos anos residiu em São
Leopoldo, RS, falecido em odor de santidade naquela cidade em 1947, confirmou a
vida mística e santa da Irmã Maria Antônia (Cecy Cony). Assim a descreve na
apresentação do livro Devo Narrar Minha
Vida:
“Obrigada pela obediência, escreveu ela as
reminiscências da sua vida, sem reflexão, com certa repugnância e pedindo
auxílios especiais a Nosso Senhor. Mal terminava algum dos seis cadernos de que
se compõe o manuscrito, entregava-o logo às Superioras e não perguntava mais
por ele. Morreu antes de concluir a sua autobiografia, que só abrange seus
primeiros 21 anos de vida, e pôde apresentar-se na presença do Senhor com a
beleza deslumbrante da inocência batismal.
O Servo de Deus Pe. Reus foi diretor espiritual de Cecy Cony |
Cecy era
inteligente e de formação esmerada. Os atestados do colégio davam-lhe quase
sempre o 1º ou o 2º lugar. No magistério foi professora habilíssima, como
atestam suas superioras. Humilde, extremamente sincera e inocente, nunca na sua
vida proferiu uma mentira nem ofendeu a Nosso Senhor ‘por querer’. Esta
declaração dá-nos a chave para julgarmos com justiça de certas fragilidades
exteriores que lhe notaram algumas pessoas. Era incapaz de inventar fatos
místicos. Nem por leitura nem por qualquer outro meio ordinário pôde conhecer
os fenômenos dessa natureza que descreve com tanta nitidez.
Ao saber, quase
no fim de seus dias, que havia almas que nunca experimentavam a presença
sensível de Nosso Senhor por ocasião da Sagrada Comunhão, perguntou assustada: ‘Nem
na primeira Santa Comunhão’? A resposta
negativa fê-la chorar amargamente. E exclamou: ‘Estas almas, nesta vida, nunca
chegaram a conhecer Nosso Senhor’”.
São Leopoldo,
Colégio Cristo Rei, 8 de dezembro de 1946.
Pe. J. Batista
Reus, S.J.
Cecy Cony nasceu no dia 4 de abril de 1900,
em Santa Vitória do Palmar, RS. Era filha do Cap. João Ludgero de Aguiar Cony e
de Antônia Soares Cony.
Profundamente religiosa desde tenra
infância, como ela mesma relata, “desde esse dia de fevereiro ou março de 1905,
o “Novo Amigo” acompanhou-me sempre, sempre, por toda a parte, e comigo fazia
guarda a Papai do Céu, ao pé da grande cômoda. Aos seis anos soube que ele era
o Santo Anjo da Guarda. Compreendia-o perfeitamente; falava-me, mas eu jamais
ouvia sua santa voz”. Cecy conviveu com
o seu Anjo da Guarda por cerca de 30 anos.
Em fins de 1905 ou meados de 1906, o
Capitão Cony foi transferido para a guarnição de Jaguarão e a família mudou-se
para aquela cidade, onde Cecy passou a frequentar o Colégio Imaculada
Conceição.
Em 17 de outubro de 1906, em sua Primeira Comunhão,
fez o juramento de fidelidade: “Bom e
querido Jesus, eu juro para o Senhor que não quero nunca fazer um só pecado”.
A partir daquela ocasião, sempre sentia a presença sensível de Jesus na alma ao
comungar.
Sua devoção a Maria Santíssima também foi
precoce: “Depois da Ave Maria, a segunda
oraçãozinha que aprendi com Madre Rafaela, foi: Lembrai-Vos que Vos pertenço,
terna Mãe, Senhora Nossa! Ah! Guardai-me e defendei-me como propriedade Vossa.
Sempre rezei esta oraçãozinha de manhã e de noite, até entrar para o convento.
Aprendera também a fazer sacrificiozinhos a Nossa Senhora. E alegria imensa
senti quando Madre Rafaela nos ensinou a rezar o Santo Rosário”.
O caso do Divino Espírito Santo: Jaguarão,
município próximo à fronteira Brasil/Uruguai, tinha uma secular devoção ao
Divino Espírito Santo. Todos os anos a Bandeira do Divino saia a angariar
donativos para a grande solenidade. A família de Cecy não deixava de colaborar
e ela mesma dava sua pequenina contribuição.
Por volta de 1911, uma chocante notícia
pôs em polvorosa todos os habitantes de Jaguarão. No quartel do Exército,
localizado no centro da cidade, o coronel comandante mandou um sargento avisar
que a procissão devia seguir adiante, pois lá não entraria o estandarte do
Espírito Santo. Esse fato causou uma forte impressão em Cecy. "Como esse coronel pode ser tão ruim
assim? Os pobres soldados ficaram privados da oportunidade de receber a bênção
do Espírito Santo e dar uma modesta contribuição para a festa. Mas, muito pior
do que isso, foi o insulto a Deus!" Acabrunhada com tais pensamentos,
e não conseguindo adormecer à noite, ela ficou imaginando um meio de reparar
tão grave ofensa.
Inspirada por seu Anjo da Guarda, no dia
seguinte saiu às ruas pedindo aos soldados e demais militares moedas e falando
da sua tristeza pelo fato do coronel não ter permitido que o estandarte do
Espírito Santo entrasse no quartel. Cecy também colabora com o dinheiro que
tinha para comprar um sapato novo. Na cidade, ninguém soube desta participação
de Cecy.
Em 8 de dezembro de 1914, Cecy tornou-se
Filha de Maria. Em 1920, começaram suas decisões e indecisões sobre o estado a
tomar. Foi só em 1925 que Cecy conheceu claramente a Santíssima Vontade de Deus
a respeito de sua vocação. Com a energia de sua inquebrantável vontade, embora
sangrando o coração, despediu-se dos pais e seguiu o chamado do Esposo divino:
em junho de 1926, entrou como postulante na Congregação das Irmãs
Franciscanas em São Leopoldo, onde se esforçou por adaptar-se ao
espírito de São Francisco, o que não lhe custou, porém mais difícil era viver
uma vida tão diferente da que levara até ali no seio da família.
A morte do pai, tão amado, em 18 de
janeiro de 1927, foi um duro golpe que abateu suas forças físicas; Cecy teve de
deixar seu querido convento.
De volta ao convento, em 17 de fevereiro
de 1928 recebeu o véu branco de noviça. No dia 14 de fevereiro de 1930, Irmã
Antônia proferiu os votos temporários, ocasião em que Nosso Senhor novamente aludiu
a sofrimentos futuros.
Irmã Antônia consagrou-se irrevogavelmente
ao Divino Esposo pelos votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência no
dia 24 de fevereiro de 1933. Com inteira dedicação e espírito de sacrifício,
retomou sua atividade como professora no Colégio São José, em São Leopoldo.
Compreendia admiravelmente as suas alunas, e estas, por sua vez, cercavam de
carinhosa veneração a bondosa educadora.
Sofrimentos místicos, indizivelmente
dolorosos, no corpo e na alma, assediaram-na impiedosamente. Um dos mais
dolorosos padecimentos era o peso de todos os pecados do mundo,
sentindo ela estes pecados na sua alma como se os tivesse cometido ela mesma. O
inferno a incitava a dizer: “não quero mais sofrer!” Mas a jaculatória: “Meu
Jesus, eu Vos amo ainda!” foi sua prece eficaz em favor das almas
periclitantes, seu grito de vitória contra os assaltos infernais.
Os sofrimentos de Irmã Antônia valiam ora
como reparação pelas perseguições feitas à Santa Igreja, ora como expiação
pelos ultrajes que Jesus Eucarístico sofre perenemente; contribuíram para a
salvação das crianças e dos soldados, para a santificação do clero e dos
religiosos.
Na noite do dia 24 de abril de 1939, Irmã
Antônia morre serenamente, mas envolta em grande padecimento. No dia seguinte
foi sepultada no cemitério conventual das franciscanas de São Leopoldo. Alunas
atiram flores sobre o sarcófago; suas carinhosas cartas com pedidos e
recomendações foram colocadas junto ao seu corpo.
Finalmente, a palavra do filósofo e
conhecido conferencista Frei Pacífico, OFM Cap que leu a autobiografia: “É pela boca dos 'inocentes, das crianças'
que Jesus revela aos homens os tesouros de seu infinito amor. Eu gostei imenso
das páginas da feliz criança, encheram minha alma do desejo de recorrer mais
seguido ao meu Anjo da Guarda” (excerto).
Sua
autobiografia: “Devo Narrar Minha Vida”, Memórias da infância de uma religiosa
Franciscana da Penitência e da Caridade Cristã da Casa-Mãe de São Leopoldo, RS,
Editadas pelo P. J. Batista Reus, S.J. , antigo professor de Ascética e
Mística.
Imprimatur: Por
comissão especial do Exmo. e Revmo. Sr. D. Pedro da Cunha, antigo bispo de
Petrópolis, com a data de 15/4/1953.
Fonte:
blog Heroínas da Cristandade
Um comentário:
Muito edificante e oportuno os fatos e a Vida da Irmã Antonia (CECI CONY). Peçamos a Nosso Senhor JESUS CRISTO , por meio de sua MÃE SANTISSIMA. que suscite e faça surgir OUTRAS "CECI CONY", "AD MAJOREM DEIAM GLORIAM". In IESU et Maria, Jaymier Jose Rocha Cairo - (Guarulhos-São PAULO-Brasil).
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