No dia seguinte à Festa de Santo Estêvão, primeiro mártir do Cristianismo e na véspera da Festa dos Santos Inocentes, protomártires de Cristo, trago essa importante e preocupante matéria publicada no site "Aletéia" sobre a perseguição atroz que os cristãos sofrem em nosso século. Cristãos
perseguidos no século XXI: os números são estarrecedores! "Sangue de mártires, semente
de novos cristãos", já dizia Tertuliano. No entanto, supliquemos aos Céus que essa carnificina, mesmo sendo semente de santidade para a Igreja, cesse em breve.
O ser humano
teima em não aprender com a própria historia. Como se já não fossem absurdas
todas as guerras que houve entre religiões e todas chacinas racistas que
procuraram dizimar outros povos, hoje nos vemos, em contraste com níveis
altíssimos de desenvolvimento da civilização, no meio de mais uma explosão de
cruéis perseguições religiosas.
É necessário que
a sociedade seja bem informada e que nós, cristãos, não ignoremos a dimensão
deste horror. Mas não para “jogar lenha na fogueira”, provocando reações que
piorem o nível de violência, e sim para responder como cristãos, com fortaleza,
dignidade e exigência de soluções de paz. Todos os cristãos atualmente
perseguidos e martirizados devem ser, para nós, um profundo incentivo contra a
nossa comodidade e mediocridade.
É possível que o
maior número absoluto de vítimas da intolerância religiosa no mundo atual
esteja entre os muçulmanos perseguidos por outros muçulmanos, na sangrenta rixa
entre xiitas e sunitas. Além disso, as minorias muçulmanas na Rússia e na China
sofrem acosso dos respectivos governos, o que também acontece com os bahai por
parte do xiismo iraniano, com os tibetanos por parte do comunismo chinês e com
os judeus nas sociedades em que persiste o antissemitismo.
A lista de
religiões perseguidas é longa e leva a uma conclusão clara: a intolerância
religiosa ainda condiciona o comportamento de importantes setores
governamentais e sociais de todo o planeta.
O que o Ocidente
finge não ver é o quanto o cristianismo também sofre essa intolerância. Javier
Rupérez, membro da Real Academia de Ciências Morais e Políticas da Espanha,
levantou uma série de dados assustadores sobre a perseguição religiosa mundial
contra os cristãos.
Do total de 7
bilhões da habitantes do planeta, quase um terço é cristão: 2,18 bilhões de
pessoas, que, mais do que qualquer outra comunidade religiosa, constituem um
grupo sistematicamente perseguido e urgentemente necessitado de ajuda. Grande
parte da África subsaariana, toda a costa mediterrânea do continente africano,
o Oriente Médio, o Golfo Pérsico e todo o continente asiático, incluindo as
costas russa e chinesa do Pacífico, são cenários em que o cristianismo sofre
acosso habitual.
A International
Society for Human Rights, uma ONG de Frankfurt, na Alemanha, estima que 80% da discriminação religiosa que acontece atualmente no
mundo é voltada contra os cristãos.
De acordo com o
Center for the Study of Global Christianity, do Gordon Conwell Theological
Seminary, uma instituição evangélica de South Hamilton, no Estado
norte-americano de Massachusetts, mais
de 100.000 cristãos foram assassinados por ano entre 2000 e 2011, ou seja,
11 cristãos por hora durante esse período.
Segundo a Open
Doors, uma organização norte-americana protestante que monitora as perseguições
contra os cristãos no mundo, 75% da população mundial estaria vivendo hoje em
países com sérias restrições ao exercício da liberdade religiosa. Cem milhões
de cristãos, cerca de 5% desse total, sofreriam perseguição em mais de sessenta
países. Estes dados coincidem com os publicados na detalhada pesquisa feita em
2011 pelo Pew Research Center sobre restrições globais à religião.
O martírio de cristãos coptas. Um caso que repercutiu nas mídias sociais. |
A Open Doors
também lista 50 países que, em 2012, atentaram especificamente contra os
cidadãos pertencentes a confissões cristãs. A organização os separa em quatro
categorias:
1.
Perseguição
extrema:
Coreia do Norte, Arábia Saudita, Afeganistão, Iraque, Somália, Maldivas, Mali,
Irã, Iêmen, Eritreia, Síria
2.
Perseguição
severa:
Sudão, Nigéria, Paquistão, Etiópia, Uzbequistão, Líbia, Laos, Turcomenistão,
Catar, Vietnã, Omã, Mauritânia.
3.
Perseguição
moderada:
Uganda, Cazaquistão, Quirguistão, Níger, Tanzânia, Egito, Emirados Árabes
Unidos, Brunei, Butão, Argélia, Tunísia, Índia, Myanmar, Kuwait, Jordânia,
Bahrein, Territórios Palestinos, China, Azerbaijão, Marrocos, Quênia, Comores,
Malásia.
4.
Perseguição
escassa:
Djibuti, Tadjiquistão, Indonésia, Colômbia.
Diariamente, no Ramadã, cristãos são crucificados e brutalmente assassinados pelo ISIS. |
A Open Doors
recomenda que as confissões religiosas denunciem as perseguições conjuntamente,
diante de organismos nacionais e internacionais, pedindo com contundência a
imediata solidariedade de todas as demais confissões cristãs para fortalecer a
mensagem comum. Essa renovação ecumênica seria uma denúncia profética perante
os que praticam a perseguição, os que a alimentam, os que a permitem e os que
fecham os olhos para ela.
Afinal, como
refletiu o pastor protestante alemão Martin Niemoller:
“Primeiro vieram buscar os comunistas; eu não disse
nada porque não era comunista. Depois vieram buscar os judeus e eu não disse
nada porque não era judeu. Depois vieram buscar os sindicalistas e eu não disse
nada porque não era sindicalista. Depois vieram buscar os católicos e eu não
disse nada porque não era católico. Depois vieram me buscar, mas já não restava
ninguém que dissesse nada”.
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