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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

SÃO ROMANO, O MELODISTA, PADRE DA IGREJA, Padroeiro dos Cantores da Igreja



Hinos de São Romano Melodista em Ecclesia






Os primeiros contatos dos monges orientais com o mundo latino foram propiciados pelos frequentes exílios de santo Atanásio. Foi no século IV que se desenvolveu a vida monacal no Ocidente. O primeiro mosteiro surgiu na França em 371 por obra de São Martinho de Tours. Depois disso, houve florescimento de mosteiros, entre os quais em Ainay, perto de Lyon, onde encontramos o monge Romano.
Nascido no ano 390, Romano se tornou um dos primeiros monges franceses. Romano achava as regras do mosteiro muito brandas. Então, com apenas uma Bíblia, o que para ele era o indispensável para viver, sumiu por entre os montes desertos dos arredores da cidade. Ele só foi localizado por seu irmão Lupicino, depois de alguns anos. Romano tinha se tornado um monge completamente solitário e vivia naquelas montanhas que fazem a fronteira da França com a Suíça. Aceitou o irmão como seu aluno e seguidor, apesar de possuírem temperamentos opostos.
A eles se juntaram muitos outros que desejavam ser eremitas. Por isso teve de fundar dois mosteiros masculinos, um em Condat e outro em Lancome. Depois construiu um de clausura, feminino, em Beaume, no qual Romano colocou como abadessa sua irmã. Os três ficaram sob as mesmas e severas regras disciplinares, como Romano achava que seria correto para a vida das comunidades monásticas. Romano e Lupicino se dividiam entre os dois mosteiros masculinos na orientação espiritual, enquanto no mosteiro de Beaume, Romano mantinha contato com a abadessa sua irmã, orientando-a pessoalmente na vida espiritual.
Consta nos registros da Igreja que, durante uma viagem de Romano ao túmulo de São Maurício, em Genebra, ele e um discípulo que o acompanhava, que também foi canonizado, chamado Pelade, tiveram de ficar hospedados numa choupana onde havia dois leprosos. Romano os abraçou, solidarizou-se com eles e, na manhã seguinte, os dois estavam curados.
A tradição, que a Igreja mantém, nos narra que este foi apenas o começo de uma viagem cheia de prodígios e milagres. Depois, voltando dessa peregrinação, Romano viveu recluso, na cela de seu mosteiro e se reencontrou na ansiada solidão. Assim ele morreu, antes de seu irmão e irmã, aos 73 anos de idade, no dia 28 de fevereiro de 463.
O culto de São Romano propagou-se velozmente na França, Suíça, Bélgica, Itália, enfim por toda a Europa. As graças e prodígios que ocorreram por sua intercessão são numerosos e continuam a ocorrer, segundo os fiéis que mantêm sua devoção ainda muito viva, nos nossos dias.




São Romano, o autor de grandes poesias


Durante suas peregrinações e em seus momentos de retiro, Romano criava cânticos e poemas religiosos com sabedoria e júbilo, que ficaram como legado entregues ao povo Cristão, na forma de hinos litúrgicos.
Sua intenção era tornar a pregação e os cânticos compreensíveis por todos, principalmente os leigos, por isso, usava a linguagem menos formal do canto grego. Seu talento musical foi atribuído aos desejos da Virgem Maria, de quem era devoto.
Romano, o homem que via ternura em tudo, passou a ser muito venerado. Logo após sua morte, seus feitos para com as pessoas, bem como, suas curas foram admiradas e faziam que mais pessoas pedissem que São Romano, intercedesse por elas.
Seu talento musical é o maior legado entregue a Igreja e por isso, São Romano é considerado o padrinho dos cantores da Igreja, motivo ainda maior para que muitas homenagens sejam feitas a São Romano, no dia 28 de Fevereiro.

Fonte: www.franciscanos.org.br/?p=30759





Bento XVI apresenta Romano, o Meloda



CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 20 de maio de 2008
Audiência Geral

Queridos irmãos e irmãs:
Na catequese sobre os Padres da Igreja, gostaria de falar hoje de uma figura pouco conhecida: Romano o Meloda (ou Romano o Melodioso), nascido ao redor do ano 490 em Emesa (hoje Homs), na Síria. Teólogo, poeta e compositor, pertence ao grupo de teólogos que transformou a teologia em poesia. Pensemos em seu compatriota, Santo Éfrem da Síria, que viveu 200 anos antes dele. E pensemos também em teólogos do Ocidente, como Santo Ambrósio, cujos hinos ainda hoje formam parte de nossa liturgia e seguem tocando o coração; ou em um teólogo, um pensador de grande vigor, como São Tomás, que nos deixou os hinos da festa de Corpus Christi; pensemos em São João da Cruz e em tantos outros. A fé é amor e por isso cria poesia e cria música. A fé é alegria e por isso cria beleza.
Romano o Meloda é um destes, poeta e teólogo compositor. Aprendeu as bases da cultura grega e síria em sua cidade natal, transferiu-se a Berito (Beirute), aperfeiçoando a instrução clássica e os conhecimentos retóricos. Ordenado diácono permanente (em torno do ano 515), foi pregador nessa cidade durante três anos. Depois transferiu-se a Constantinopla, até o final do reino de Anastácio I (ao redor de 518, e ali se estabeleceu no mosteiro na igreja de Theotókos, Mãe de Deus.
Ali teve lugar um episódio chave em sua vida: o sinaxário bizantino nos informa sobre a aparição em sonhos da Mãe de Deus e sobre o dom do carisma poético. Maria, de fato, pediu-lhe uma folha enrolada. Ao despertar, na manhã seguinte, era a festa de Natal. Romano pôs-se a declamar desde o ambão: «Hoje, a Virgem dá à luz o Transcendente» (Hino sobre o Natal, I Proemio). Deste modo, converteu-se em pregador-cantor até sua morte (ao redor do ano 555).
Romano passou à história como um dos autores mais representativos de hinos litúrgicos. A homilia era então, para os fiéis, praticamente a única oportunidade de ensino catequético. Romano se apresenta como um testemunho eminente do sentimento religioso de sua época, assim como de um método vivo e original de catequese. Através de suas composições, podemos dar-nos conta da criatividade desta forma de catequese, da criatividade do pensamento teológico, da estética e da hinografia sagrada daquela época.
O lugar em que Romano pregava era um santuário nos arredores de Constantinopla: subia no ambão, colocado no centro da igreja, e se dirigia à comunidade, recorrendo a uma representação muito elaborada: utilizava representações nas paredes ou ícones sobre o ambão e se servia também do diálogo. Pronunciava homilias métricas cantadas, chamadas Kontákia. O termo kontákion, «pequena vara», parece fazer referência ao pequeno bastão em torno do qual se envolvia o rolo de um manuscrito litúrgico ou de outro tipo. Os Kontákia que se conservaram sob o nome de Romano são 89, mas a tradição lhe atribui mil.
Em Romano, cada kontákion compõe-se de estrofes, em sua maioria de 18 a 24, com o mesmo número de sílabas, estruturada segundo o modelo da primeira estrofe (irmo); os acentos rítmicos dos versos de todas as estrofes se modelam segundo os do irmo. Cada estrofe conclui com um estribilho (efimnio), em geral idêntico, para criar a unidade poética. Ademais, as iniciais de cada estrofe indicam o nome do autor (acróstico), precedido frequentemente do adjetivo «humilde». Uma oração que faz referência aos atos celebrados ou evocados conclui o hino. Ao terminar a leitura bíblica, Romano cantava o Proemio, em geral em forma de oração ou súplica. Anunciava assim o tema da homilia e explicava o estribilho que se repetia em coro ao final de cada estrofe, declamada por ele com uma modulação de voz elevada.
Um exemplo significativo é o kontakion com motivo da Sexta-Feira da Paixão: é um diálogo entre Maria e o Filho, que tem lugar no caminho da Cruz. Maria diz: «Aonde vai, filho?» «Por que percorre tão rapidamente o caminho de sua vida? / Nunca teria pensado, filho meu, que o veria neste estado, / nem poderia imaginar nunca que chegaria a este ponto a fúria dos ímpios / avançando contra toda justiça». Jesus responde: «Por que chora, mãe minha?» […] Eu não deveria ir? Não deveria morrer? Como poderia salvar Adão?».O filho de Maria consola a mãe, mas o recorda de seu papel na história da salvação: «Aquieta, portanto, mãe, aquieta sua dor: / não é próprio de ti gemer, pois foi chamada “cheia de graça”» (Maria aos pés da cruz, 1-2; 4-5). O hino sobre o sacrifício de Abraão diz: «Quando sara escutar, Senhor meu, todas as suas palavras, / ao conhecer sua vontade, me dirá: / Se quem nos deu volta a nos tomar, por que nos deu? / […] Tu, ancião, deixa o meu filho, / e quando queira quem te chamou, terá de me dizer» (O sacrifício de Abraão, 7).
Romano não usa o grego bizantino solene da corte, mas um grego simples, próximo da linguagem do povo. Gostaria de citar um exemplo da maneira viva e muito pessoal com que falava do Senhor Jesus: o chama «fonte que não queima e luz contra as trevas», e diz: «Eu desejo tê-lo em minhas mãos como uma lâmpada; / de fato, Tu que é a luz inapagável» (A Apresentação ou Festa do encontro, 8). A força de convicção de suas pregações se fundava na grande coerência entre suas palavras e sua vida. Em uma oração, diz: «Aclara minha língua, Salvador meu, abre minha boca / e depois de tê-la preenchido, penetra meu coração para que meu atuar / seja coerente com minhas palavras» (Missão dos Apóstolos, 2).
Examinemos agora alguns de seus temas principais. Um tema fundamental de sua pregação é a unidade da ação de Deus na história, a unidade entre criação e história da salvação, unidade entre Antigo e Novo Testamento. Outro tema importante é a pneumatologia, quer dizer, a doutrina sobre o Espírito Santo. Na festa de Pentecostes sublinha a continuidade que se dá entre Cristo, ascendendo ao céu, e os apóstolos, quer dizer, a Igreja, e exalta sua ação missionária no mundo: «[…] com virtude divina conquistaram todos os homens; / tomaram a cruz de Cristo como uma pluma, / utilizaram palavras como redes e com elas pescaram pelo mundo, / tiveram o Verbo como forte atrativo, / para eles serviu de isca / a carne do Soberano do universo» (Pentecostes 2; 18).
Outro tema central é, claro está, a cristologia. Não se mete no problema dos conceitos difíceis da teologia, sumamente discutidos naquele tempo, e que também laceraram a unidade não só entre os teólogos, mas inclusive entre os cristãos na Igreja. Prega uma cristologia simples, mas fundamental, a cristologia dos grandes Concílios. Mas sobretudo se aproxima da piedade popular, de fato, os conceitos dos Concílios surgiram da piedade popular e do conhecimento do coração cristão, e desde modo Romano sublinha que Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus, e ao ser verdadeiro Homem-Deus, é uma só pessoa, a síntese entre criação e Criador: em suas palavras humanas escutamos a voz do próprio Verbo de Deus. «Era homem – diz – Cristo, mas também era Deus, / agora, não estava dividido em dois: é Um, filho de um Pai que é um só» (A Paixão, 19). Pelo que se refere à mariologia, em ação de graças à Virgem pelo dom do carisma poético, Romano a recorda ao final de quase todos os hinos e lhe dedica suas kontákia mais belas: Natividade, Anunciação, Maternidade divina, Nova Eva.
Por último, os ensinamentos morais estão relacionados com o juízo final (As dez virgens [II]). Nos leva até esse momento da verdade de nossa vida, o comparecimento diante do Juízo justo, e por isso exorta à conversão na penitência e no jejum. O cristão deve praticar a caridade, a esmola. Acentua o primado da caridade em dois hinos, as Bodas de Cana e As dez virgens: «[…] Dez virgens possuíam a virtude da virgindade intacta, / mas para cinco delas o duro exercício não deu fruto. / As outras brilharam para as lâmpadas do amor pela humanidade, / por isso as convidou ao esposo» (As dez virgens, 1).
Humanidade palpitante, ardor de fé, profunda humildade resumem os cantos de Romano o Meloda. Este grande poeta e compositor nos recorda todo o tesouro da cultura cristã, nascida da fé, nascida do coração que se encontrou com Cristo, com o Filho de Deus. Deste contato do coração com a Verdade, que é Amor, nasce a cultura, toda a cultura cristã. E se a fé segue viva, esta herança cultural tampouco morre, mas que segue estando viva e presente. Os ícones seguem falando hoje ao coração dos crentes, não são coisas do passado. As catedrais não são monumentos medievais, mas casas de vida, onde nos sentimos «em casa»: onde encontramos Deus e nos encontramos uns com os outros. Tampouco a grande música – o gregoriano, ou Bach ou Mozart – é algo do passado, mas vive na vitalidade da liturgia e de nossa fé.
Se a fé está viva, a cultura cristã não fica em algo «passado», mas segue viva e presente. E a fé está viva, também hoje podemos responder ao imperativo que sempre se repete nos Salmos: «Cantai ao Senhor um cântico novo».
Criatividade, inovação, cântico novo, cultura nova e presença de toda herança cultural na vitalidade da fé não se excluem, mas que são uma só realidade: são presença da beleza de Deus e da alegria de ser filhos seus.
[Ao final da audiência, o Papa saudou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]
A minha saudação amiga para todos vós, peregrinos de língua portuguesa, com menção especial para os grupos paroquiais de Guifões, em Portugal, e do Senhor Bom Jesus em Limeira, no Brasil: sede bem-vindos! Esta peregrinação a Roma encha de luz e fortaleza o vosso testemunho cristão, para confessardes Jesus Cristo como único Salvador e Senhor da vida: fora d’Ele, não há vida, nem esperança de a ter. Com Cristo, sucesso eterno à vida que Deus vos confiou. Para cada um de vós e família, a minha Bênção!

Fonte: https://pt.zenit.org/articles/bento-xvi-apresenta-romano-o-meloda/




São Romano, o Melodista (c. 560), compositor de hinos

Romano, o Melodista, nascido por volta de 490 d.C. em Emesa, Homs, na Síria, e faleceu em 556 em Constantinopla. Foi um teólogo, poeta e compositor e «pertence à grande plêiade de teólogos que transformaram a teologia em poesia», nas palavras de Bento XVI.

«Os pecados, os seus muitos pecados são perdoados»
Hino 21

Quando viu as palavras de Cristo a espalhar-se por toda a parte como aromas, a pecadora começou a detestar o fedor que saía dos seus próprios actos: «Não fiz caso da misericórdia que Cristo tem para comigo, procurando-me quando por minha culpa me perco. Porque é a mim que Ele procura em todo o lado; é por mim que janta em casa do fariseu, Ele que dá alimento ao mundo inteiro. Faz da mesa um altar de sacrifício onde Se oferece, perdoando as dívidas aos devedores, para que estes se aproximem com confiança dizendo: ‘Senhor, salva-me do abismo das minhas más obras.’».
Ali acorreu avidamente e, desprezando as migalhas, agarrou no pão; mais faminta do que a Cananeia (Mc 7,24 ss), saciou a sua alma vazia, com igual fé. Não foi o grito de apelo a chamá-Lo o que a remiu, mas o silêncio, pois disse num soluço: «Senhor, livra-me do abismo das minhas más obras».
Correu até casa do fariseu, precipitando-se na penitência. «Vamos, alma minha, disse, chegou o momento que tanto pedias! Aquele que purifica está aqui, porquê ficares no abismo das tuas más obras? Vou ao Seu encontro, pois foi por mim que Ele veio. Deixo os amigos do passado, porque a Este que hoje aqui está, apaixonadamente O desejo; e como Ele me ama, dou-Lhe o perfume e as lágrimas que trago… O desejo pelo Desejado transfigura-me e eu amo Aquele que me ama da maneira que Ele quer ser amado. Arrependo-me e a Seus pés me rojo, é o que Ele espera; procuro o silêncio e o retiro, é o que Lhe agrada. Rompo com o passado; renuncio ao abismo das minhas más obras.

Maria Madalena, enviada para anunciar a ressurreição
Aquele que perscruta no mais íntimo dos corações (Sl 7,10) sabendo que Maria lhe reconhecerá a voz, chamava a sua ovelha pelo nome, como fazem os pastores (Jo 10,4), dizendo : «Maria !» Ela logo responde : «Sim, é o meu pastor quem me chama, Ele vem à minha procura e quer contar comigo, acrescentando-me às suas noventa e nove ovelhas (Lc 15,4). Vejo atrás d’Ele legiões de santos, exércitos de justos […]. Sei bem quem Ele é, Este que me chama ; tinha-o dito, é o meu Senhor, é Aquele que oferece a ressurreição aos pecadores.
Levada pelo fervor do amor, a jovem mulher quis deter Aquele que completou toda a criação […]. Mas o Criador […] ergueu-a até ao mundo divino, dizendo: «Não me detenhas ; Pensas que sou um simples mortal ? Eu sou Deus, não me detenhas […] Ergue os olhos ao céu e olha o mundo celeste; é aí que Me deves procurar. Porque eu subo para o meu Pai, que não abandonei. Estive sempre com Ele desde o início dos tempos, partilho o seu trono, recebo as mesmas honras, Eu, que ofereço aos pecadores a ressurreição.
Que de ora em diante a tua língua proclame estas coisas e as explique aos filhos do Reino que esperam que Eu desperte; Eu sou Aquele que vive. Vai depressa, Maria, reúne os meus discípulos. Serás uma trombeta de som poderoso; toca um canto de paz aos ouvidos temerosos dos meus amigos escondidos, desperta-os a todos desse seu sono, para que venham ao meu encontro. Diz-lhes: ‘O Esposo acordou, saiu do seu túmulo. Apóstolos, deixai essa tristeza mortal, porque Ele ergueu-Se, Aquele que oferece aos pecadores a ressurreição’» […]
Maria exclama: «E de repente o meu luto fez-se júbilo, em tudo vi alegria. Não hesito em dizê-lo: recebi glória igual à de Moisés (Ex 33, 18s). Vi, ouvi, vi, não no monte mas no sepulcro, velado não pela nuvem, mas por um corpo, o Senhor dos seres incorpóreos e das nuvens, seu Senhor de ontem, de agora e de todo sempre. Ele disse-me: ‘Maria, apressa-te! Como pomba queem seu bico leva um raminho de oliveira, vai anunciar a boa nova aos descendentes de Noé (Gn 8,11). Diz-lhes que a morte foi aniquilada e que ressuscitou Aquele que aos pecadores oferece a ressurreição’».

«Os Ninivitas converteram-se em resposta à pregação de Jonas; ora aqui está quem é maior que Jonas»
Hino 51
Abre, Senhor, abre-me a porta da tua misericórdia antes da minha hora de partir (Mt 25,11). Porque eu tenho de partir, de ir até Ti e de me justificar de tudo o que eu digo em palavras, do que faço em ações e dos pensamentos que guardo no meu coração. «Mesmo o rumor das murmurações não escapará ao teu ouvido» (Sb 1,10). David diz-Te no seu salmo: «Os teus olhos viram-me em embrião, no teu livro está tudo escrito« (Sl 138, 13.16). Ao leres nele as marcas das minhas más acções, grava-as na tua cruz, pois é nela que eu me glorifico (Ga 6,14), gritando-Te: «Abre-nos a porta» […]
O espírito endureceu-se-nos a tal ponto que, quando ouvimos falar das calamidades que aconteceram a alguém, em nada nos corrigimos (Lc 13, 1s). «Não há quem seja sensato, quem procure a Deus; estamos extraviados, estamos pervertidos» (Sl 13,2-3). Os Ninivitas, naquele tempo, arrependeram-se a um único apelo do profeta. Mas, nós, não compreendemos apelo nem ameaça. Com suas lágrimas, Ezequias pôs em fuga os Assírios suscitando contra eles a justiça do alto (2 Rs 19). Ora eis que os Assírios […] nos puseram cativos, e não choramos nem gritamos: «Abre-nos a porta».
Divino Senhor, de todos juiz, não esperes que mudemos de atitude; tu não precisas das nossas boas ações, pois cada um de nós se dedica a más ações pelo pensamento e pela vontade. Porque é assim, Salvador, governa os nossos dias segundo a tua vontade, sem esperares a nossa conversão, pois talvez ela não se dê. E, ainda que ela venha a acontecer, será por pouco tempo, não persistirá até ao fim. Como a semente que cai entre as pedras, como a erva nos telhados, ela secará sem chegar a crescer (Mc 4,5; Sl 128,6). Estende pois a tua misericórdia sobre nós e todos os que pedem: «Abre-nos a porta».

«Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor!»
Hino 32 | (Lc 19,38)

Sentado no teu trono no céu, aqui em baixo no burrinho, Cristo que és Deus, tu acolhias o louvor dos anjos e o hino das crianças que te cantavam: “Bendito sejas tu, que vens chamar Adão”…
Eis o nosso rei, doce e pacífico, montado num jumentinho, que vem cheio de pressa para sofrer a sua Paixão e para retirar os pecados. O Verbo, montado num animal, quer salvar todos os seres dotados de razão. E podíamos contemplar sobre o dorso de um burrico aquele que conduz os Querubins e que no passado retirou Elias sobre um carro de fogo, aquele que “sendo rico, se fez pobre” voluntariamente (2Co 8,9), aquele que escolhendo a fraqueza dá a força a todos que lhe gritam: “Bendito sejas tu, que vens chamar Adão”…
Tu manifestas a tua força escolhendo a indigência… As vestes dos discípulos eram a marca da indigência, mas proporcional ao teu poder era o hino das crianças e a afluência da multidão que gritava: “Hossana – quer dizer: Salva pois – tu que estás no mais alto dos céus. Salva, Altíssimo, os humildes. Tem piedade de nós, por atenção às nossas palmas, os ramos que se agitam moverão o teu coração, ó tu que vens chamar Adão”…
Ó criatura da minha mão, respondeu o Criador…, vim eu próprio. Não é a Lei que te salvará, pois ela não te criou, nem os profetas, que eram criaturas como tu. Só eu posso libertar-te da tua dívida. Eu fui vendido por ti, e eu liberto-te; fui crucificado por causa de ti, e tu escapas à morte. Eu morro, e ensino-te a gritar: “Bendito sejas tu, que vens chamar Adão”.
Amei assim tanto os anjos? Não, és tu, o miserável, que me és querido. Escondi a minha glória e eu, o Rico, fiz-me pobre deliberadamente, porque te amo muito. Por ti, sofri a fome, a sede, a fadiga. Percorri montanhas, ravinas e vales à tua procura, ovelha perdida; tomei a reputação de cordeiro para te trazer de volta, atraído pela minha voz de pastor, e quero dar a minha vida por ti, para te arrancar da garra do lobo. Suporto tudo para que tu grites: “Bendito sejas tu, que vens chamar Adão”.

«Se ao menos tocar nas Suas vestes, ficarei curada»
Hino 23, sobre a hemorroíssa

Tal como a hemorroíssa, também eu me prostro diante de Ti, Senhor, para que me livres do sofrimento e me concedas o perdão dos meus pecados, a fim de que eu clame a Ti, de coração compungido: “Salvador, salva-me!” […]
Ela aproximou-se de Ti às escondidas, Salvador, porque Te tomava por um simples homem, mas o facto de ter sido curada demonstrou-lhe que eras Deus e homem ao mesmo tempo. Em segredo, tocou na orla do Teu manto, com o temor na alma […], dizendo para consigo: - Como poderei deixar-me ver por Aquele que tudo observa, eu, que trago comigo a vergonha das minhas faltas? Se vir o fluxo de sangue, Aquele que é Todo-puro afastar-Se-á de mim que sou impura e, se Ele se afastar de mim apesar do meu grito – “Salvador, salva-me!” –, tal será mais terrível do que a minha chaga.
Ao ver-me, todos me empurram: “Onde vais? Tem consciência da tua vergonha, mulher, percebe quem és, e de quem pretendes aproximar-te! Tu, a impura, aproximares-te do Todo-puro! Vai purificar-te e, quando tiveres limpado a mancha que trazes contigo, poderás aproximar-te dele gritando: ‘Salvador, salva-me!’”
- Procurais causar-me maior dor que o próprio mal de que padeço? Bem sei que Ele é puro e é precisamente por isso que me dirijo a Ele, para ser libertada do opróbrio e da infâmia. Não me impeçais, pois […], de gritar: “Salvador, salva-me!”
A fonte derrama as suas vagas para todos: com que direito a cerrais? […] Sois testemunhas das curas que Ele praticou. […] Todos os dias nos encoraja dizendo: - Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos e aliviar-vos-ei (Mt 11, 28). Ele gosta de conceder o dom da saúde a todos. Por que me tratais com rudeza, impedindo-me de Lhe gritar: “Salvador, salva-me!”? […]
Aquele que conhece todas as coisas […] volta-se e pergunta aos seus discípulos: “Quem tocou nos meus vestidos?” (Mc 5, 30) […] Por que Me dizes, Pedro, que a multidão me empurra? Eles não tocam a Minha divindade, mas esta mulher, ao tocar a Minha veste invisível, tocou a Minha natureza divina e recuperou a saúde, gritando-Me: “Salvador, salva-me!”
Tem coragem, mulher. […] Desde agora, ficarás curada. […] Isto não é obra das Minhas mãos, mas da tua fé. Pois muitos tocaram a orla das Minhas vestes sem obter a força, porque não vinham com fé. Tu tocaste-Me cheia de fé e recuperaste a saúde. Foi por isso que te expus diante de todos, para que dissesses: ‘Salvador, salva-me!’”

«Uma espada trespassará a tua alma»

Hino 25, Maria na cruz

Ovelha contemplando o seu cordeiro levado ao matadouro (Is 53, 7), consumida de dor, Maria segue com as outras mulheres, chorando: “Para onde vais, meu filho? Por que percorres assim depressa o teu caminho? (Sl 18, 6) Há outra boda em Caná, e é para lá eu Te diriges tão depressa, para transformar a água em vinho? Posso acompanhar-te, meu Filho, ou será melhor esperar por Ti? Diz-me uma palavra que seja, Tu que és o Verbo, não passes diante de mim em silêncio […], Tu, que és o meu Filho e o meu Deus. […]
Encaminhas-Te para uma morte injusta e ninguém partilha o Teu sofrimento. Não Te acompanha Pedro, que dizia: ‘Mesmo que tenha de morrer contigo, não Te negarei’ (Mt 26, 35). Abandonou-Te Tomé, que exclamara: ‘Vamos nós também, para morrermos com Ele’ (Jo 11, 16). E os outros, os íntimos, aqueles que hão de julgar as doze tribos (Mt 19, 28), onde estão eles? Não está cá nenhum; mas Tu, sozinho, meu Filho, Tu morres por todos. É o salário que recebes por teres salvado todos os homens, por os teres servido, meu Filho e meu Deus.”
Voltando-Se para Maria, Aquele que saiu dela exclama: “Por que choras, Mãe? […] Eu, não sofrer, não morrer? Como salvaria Adão? Não habitar o túmulo? Como devolveria então à vida aqueles que moram na mansão dos mortos? Por que choras? Exclama antes: ‘Sofre voluntariamente, o meu Filho e meu Deus.’ Virgem prudente, não te tornes semelhante às insensatas (Mt 25, 1ss.): tu estás no banquete de núpcias, não ajas como se tivesses ficado de fora. […] Não chores, pois, diz antes: ‘Tem piedade de Adão, sê misericordioso com Eva, meu Filho e meu Deus.’
Descansa, Mãe, serás tu a primeira a ver-me sair do túmulo. Virei mostrar-te de que males resgatei Adão, que suores derramei por ele. Revelarei aos Meus amigos as marcas que trarei nas mãos. Então, verás Eva viva como foi outrora, e exclamarás cheia de alegria: ‘Ele salvou os meus pais, o meu Filho e meu Deus!’”


Mais Hinos de São Romano Melodista em:




Frases de São Romano, o Melodista, 

1- “O desejo pelo Desejado transfigura-me e eu amo Aquele que me ama da maneira que Ele (Deus) quer ser amado”.
2- “Com a cruz na mão, ergo-me, louvando a Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado”.
3-“Aquele a Quem temias quando foste enganado pelo demônio fez-Se semelhante a ti, por ti. Desceu à terra para te levar aos céus; tornou-Se mortal para que tu te tornasses Deus e recuperasses a tua beleza inicial”.
4-“Arrependo-me e a seus pés me jogo, como Ele (Jesus) espera; procuro o silêncio e o retiro, como Lhe agrada. Rompo com o passado, renunciando ao abismo das minhas más obras”.
5- “Nós, os novos batizados, os filhos do batistério que acabamos de receber a luz, damos-Te graças, Cristo Deus. Tu iluminaste-nos com a luz do Teu rosto, Tu revestiste-nos com a veste que convém às Tuas núpcias”.
6- “Vamos, alma minha, chegou o momento que tanto pedias! Aquele que purifica está aqui, porque permaneces no abismo das tuas más obras? Vou ao seu encontro, pois foi por mim que Ele (Jesus) veio”.
7-“Canta, canta Adão: adora Aquele (Jesus) que a ti vem. Enquanto te afastavas Ele manifestava-Se-te para que O visses, O tocasses, O acolhesses. Aquele a Quem temias quando foste enganado pelo demônio fez-Se semelhante a ti, por ti”.
8-Cristão, “possuis a cruz como cajado, apoia-te nela. Leva-a à tua oração, leva-a para a mesa, leva-a para o leito, leva-a para todo o lado como título de glória”.
9-“Eis-te recriado, novo batizado, eis-te renovado; não curves as costas ao peso dos pecados”.
10-“Nós, os filhos de Adão que estamos nus, venhamos, revistamo-nos d’Ele para nos aquecermos. Pois foi para vestir os que estão nus, e iluminar os que estão nas trevas, que Tu Te manifestaste, ó luz inacessível”.
11-“O Senhor nascido de Maria, o Sol de justiça, faz irradiar os Seus raios para todo o universo (Ml 3,20)”.
12-“Querendo abrir-te as portas do Paraíso viveu em Nazaré. Por tudo isso canta, ó homem, canta e louva Aquele (Jesus) que Se manifestou e iluminou todo o universo”.
13- “Agora fui Eu (Jesus) que Me fiz carne porque quis. Apresenta-te pois, reconhece-Me e diz: Tu vieste, Tu manifestaste-Te, ó luz inacessível”.



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