Quem são as “madres Teresas de Calcutá” de hoje? Quem são os heróis da caridade e do amor incondicional pelos demais, especialmente pelos mais necessitados?
No
ano de 2017, assim como nos últimos dois milênios, homens e
mulheres das diferentes confissões cristãs doaram sua vida até a
morte pelos demais, ou consagraram sua existência a compartilhar o
amor de Deus com sua entrega diária aos mais necessitados.
Apresentamos
a seguir dez casos de testemunhas da caridade que vivem ou viveram a
fundo as palavras de Jesus: “ninguém tem amor maior do que aquele
que dá a vida pelos seus amigos” (João 15, 13).
1)
Ignacio Echeverría, o “herói do skate” dos atentados de Londres
O
mundo lembra dele como o “herói do skate”, pois Ignacio
Echeverría, de 39 anos, bancário, não hesitou em enfrentar os
terroristas no ataque de 3 de junho de 2017, em Londres.
Ele
poderia ter seguido seu caminho e fugido como tantas outras pessoas,
mas enfrentou e lutou contra um terrorista, salvando assim a vida de
várias pessoas que conseguiram escapar naquele momento. Ignacio caiu
ferido mortalmente quando outros terroristas chegaram e o esfaquearam
pelas costas.
Licenciado
em Direito, Ignacio era membro da Ação Católica. Ele tinha deixado
a Espanha, sua terra natal, para trabalhar como analista no banco
HSBC. Algumas pessoas já pediram à Igreja que avalie a
possibilidade de abrir sua causa de beatificação.
2)
Gaetano Nicosia, o “anjo dos leprosos” na China
O
padre Gaetano Nicosia, missionário salesiano, chegou a Macau em 1963
para atender cerca de 100 leprosos que tinham se refugiado na ilha de
Coloane. Abandonados à própria sorte, a situação dos doentes era
dramática, em virtude da terrível falta de higiene, da violência e
dos suicídios.
Nascido
na Itália em 1915, o sacerdote já falava chinês, pois tinha
começado sua obra missionária entre as comunidades chinesas em 1935
em Hong Kong, Macau e na província de Guangdong, de onde foi expulso
pelos comunistas em 1950.
Quando
o bispo de Macau pediu aos salesianos ajuda para atender os leprosos
de Coloane, o padre Nicosia ofereceu-se para ir viver com eles, tal
como fizera São Damião de Molokai. De 1963 a 2011, durante 48 anos,
ele compartilhou sua vida com os leprosos, transformando totalmente
aquele lugar.
Ele
conseguir levar à ilha enfermeiros e médicos, implementou uma dieta
adequada aos doentes, reformou as casas, fez chegar água potável e
luz; montou uma granja, ofereceu formação profissional aos que
podiam trabalhar, construiu uma escola e uma igreja.
Em
2011, quando o sacerdote, já muito idoso, deixou essa missão, já
não havia mais nenhum doente entre os moradores. O testemunho de
vida do salesiano levou a maioria dos membros da comunidade a abraçar
a fé cristã. O padre Nicosia faleceu em Hong Kong, no dia 6 de
novembro passado, aos 102 anos.
3)
Sudha Varghese, libertadora das “intocáveis” na Índia.
Na
Índia, ela é conhecida como “Nari Gunjan” (a voz das mulheres).
Estamos falando da Irmã Sudha Varghese, religiosa das Irmãs de
Notre Dame.
O
trabalho desta religiosa permitiu libertar dos abusos sexual e de
outras formas de violência as Musahar (dalits, ou intocáveis) do
Estado de Bihar.
Antes
da chegada da religiosa, nos anos 1980, os Musahar eram chamados de
“comedores de ratos”: não tinham propriedades e só conseguiam
os trabalhos mais duros.
Suas
mulheres e crianças com frequência eram vítimas de abusos sexuais.
Não podiam frequentar a escola. As meninas eram dadas em casamento
aos 10 anos.
A
Irmã Sudha Varghese, nascida em 1949 no seio de uma família rica de
Kerala, lutou contra esse ciclo perverso, através da criação de
uma rede de centros de formação para meninas e jovens Musahar
(dalits), muitas delas mães solteiras. Seu trabalho lhe rendeu
inúmeras ameaças de morte.
A
religiosa, que viveu como uma dalit durante mais de duas décadas,
complementou sua obra caritativa com centro educativos para meninos.
4)
Marta Mya Thwe, a “madre Teresa da Birmânia”.
Todos
a conhecem como a “madre Teresa da Birmânia” ou Mianmar: mas seu
nome é Marta Mya Thwe, religiosa da Congregação de São José da
Aparição, que dedica sua vida aos enfermos de AIDS em seu país.
Seu
trabalho mudou radicalmente, em pouco mais de uma década, a vida dos
enfermos de AIDS no Estado de Mon, os quais não recebiam cuidados
apropriados e viviam expulsos de suas famílias e discriminados pela
sociedade.
Em
2002, ela fundou o centro de saúde “Espelho da Caridade”, que
oferece refúgio, alimento, remédio, educação e formação
profissional aos órfãos e aos portadores do HIV.
Agora
esses centros estão se estendendo por todo país: os enfermos já
não são discriminados como antes e podem se tratar e viver com
dignidade.
5)
Henri Burin des Roziers, advogado dos camponeses no Brasil.
O
advogado dos camponeses no Brasil: assim ficou conhecido o padre
dominicano francês Henri Burin des Roziers, falecido no dia 26 de
novembro de 2017 em Paris.
Depois
de um trabalho intenso de assistência a estudantes e imigrantes
africanos na França, ele chegou ao Brasil em 1978 para se colocar ao
serviço da Comissão Pastoral da Terra, que havia sido criada alguns
anos antes pela Conferência dos Bispos para atuar contra as
injustiças no campo.
Junto
a outros dominicanos, Frei Henri, como passou a ser conhecido no
Brasil, converteu-se em advogado dos camponeses injustamente presos e
até mesmo torturados, assim como das famílias de camponeses
assassinados.
Em
2000, sua ação através da Comissão Pastoral da Terra conseguiu
pela primeira vez na história a condenação de um fazendeiro no
Pará pelo assassinato de um líder sindical. Frei Henri sofreu
inúmeras ameaças de morte.
Em
2005, as ameaças aumentaram. Nesse ano, foi assassinada a Irmã
Dorothy Stang (73 anos), que compartilhava com o padre Henri a obra
de assistência aos camponeses. A cabeça do sacerdote valeria 50.000
Reais (cerca de 15.000 dólares) para o matador que conseguisse
derrubá-lo.
6) Padre Christopher Hartley, água para a Etiópia.
Nesse
Natal, ele lançou um apelo urgente: em Gode, na Etiópia, no
deserto, perto da fronteira com a Somália, fez um pedido dramático
de água para o povo local, que está morrendo de sede.
O
padre Christopher Hartley, nascido em 1959 em Londres, antigo
colaborador da Madre Teresa de Calcutá, luta há uma década pela
saúde e a melhoria da expectativa de vida de milhares de pessoas, a
maioria muçulmanos, em terras que nunca tinham visto um missionário
cristão.
Ao
ver dia após dia como a população morre de infecções, o padre
Christopher passou a se dedicar a um projeto que permita resolver a
situação em longo prazo: filtrar a água do rio Wabi Shebelle, na
região de Gode, e levá-la até a população. Esse projeto salvará
a vida de milhares de pessoas.
O
sacerdote, que está conseguindo levar água potável a essa
população do segundo país mais populoso da África, confessa que,
em seu coração, ressoam diariamente as palavras de Jesus aos
apóstolos: “Dai-lhes de comer”, além das palavras do Senhor,
quando disse: “tive sede, e me deste de beber”.
7) Irmã Rafała Włodarczak, “mãe dos órfãos” do conflito entre
palestinos e israelenses.
O
que poderia fazer uma jovem polonesa em favor dos órfãos da Guerra
dos Seis Dias? A Irmã Rafała Włodarczak, religiosa da Congregação
de Santa Isabel, arregaçou as mangas e, em 1968, construiu com suas
próprias mãos e com a ajuda de outras religiosas o “Lar da Paz”,
no Monte das Oliveiras, em Jerusalém.
A
casa ficaria pequena diante das necessidades, e logo surgiria outro
“Lar da Paz” para crianças necessitadas, em Belém.
Nesse
8 de dezembro de 2017, o “Lar da Paz” celebrou 50 anos de vida,
nos quais o trabalho das religiosas não se limitou a oferecer
moradia e assistência às crianças palestinas mais necessitadas,
mas sobretudo aquilo de que mais precisam para o futuro: educação,
e uma educação para a paz.
Por
isso, em junho passado, o Papa Francisco entregou à Irmã Rafała
Włodarczak a cruz “Pro Ecclesia et Pontifice”.
8) Irmã Rosemary Nyirumbe, um futuro para as meninas-soldado de Uganda
A
CNN a nomeou no passado a “Heroína do Ano”, pois ela deu um
futuro a mais de duas mil mulheres vítimas de abusos e da violência
do Exército de Resistência do Senhor (LRA), em Uganda.
Tudo
começou há 16 anos. Rosemary Nyirumbe, religiosa das Irmãs do
Sagrado Coração de Jesus, percebeu que na escola que ela dirigia
havia algumas meninas e jovens que tinham sido escravizadas pelo LRA,
um dos grupos terroristas mais perigosos do mundo.
Algumas
jovens lhe confessaram que seus abusadores as tinham forçado
inclusive a matar parentes. Vítimas das piores atrocidades, suas
vidas pareciam destruídas para sempre.
Irmã
Rosemary não lhes fez mais perguntas. Abriu-lhes as portas de seu
convento. Imediatamente começaram a chegar outras mulheres: algumas
estavam grávidas em decorrência de estupros, outras tinham sido
forçadas a combater como soldado, e agora tentavam fugir do horror.
Além
de um teto, Irmã Rosemary lhes ofereceu a caridade cristã e a
possibilidade de um futuro: formação profissional com cursos de
culinária e costura. Hoje muitas são professoras ou costureiras, e
estão entre as mais renomadas do país.
As
bolsas fabricadas por elas são mundialmente famosas. Celebridades de
Hollywood já compraram como gesto beneficente, chegando a pagar
5.000 dólares por peça.
9) Padre Paolo Cortesi, e o gesto de acolher os refugiados.
O
missionário passionista Paolo Cortesi foi eleito a “Pessoa do Ano”
na Bulgária, o mais importante prêmio do país, por sua
contribuição para a defesa dos direitos humanos.
É
a primeira vez que se atribui esse prêmio a uma pessoa que não é
de nacionalidade búlgara (padre Cortesi é de origem italiana). É
também a primeira vez que se escolhe um representante de uma
confissão religiosa.
Acolhendo
a proposta do Papa Francisco, o padre Cortesi tinha acolhido em sua
casa paroquial, na cidade de Bélene, uma família de refugiados
sírios.
Sua
decisão causou a ira de grupos radicais locais, que ameaçaram o
sacerdote de morte. Apesar de tudo, o padre Cortesi não guarda
rancor: “As pessoas daqui são boas, mas às vezes basta muito
pouco para começar um incêndio”, ele disse, ao receber o prêmio
com um sorriso.
10)
Dominique de La Rochefoucauld-Montbel, um príncipe a serviço dos
mais necessitados.
Dominique
de La Rochefoucauld-Montbel, Grão-Hospitalário da Ordem de Malta,
coordena uma das maiores organizações humanitárias do mundo, mas
poucos jornalistas sabem disso.
Só
nas águas do Mediterrâneo, nos últimos nove anos, esta instituição
salvou, com seus barcos e equipes médicas, a vida de 53.712
imigrantes e refugiados que haviam se lançado na perigosa travessia
rumo à Europa, partindo do Oriente Médio e da África.
Se
bem que Dominique La Rochefoucauld-Montbel é príncipe, membro de
uma das famílias mais antigas da nobreza francesa, ele está
dedicando sua vida totalmente à assistência cristã aos mais
necessitados.
Os
números de seu trabalho de coordenação são imponentes: promove
cerca de 2.000 projetos de ajuda em 120 países, animados por 100.000
voluntários, que são assistidos por 25.000 funcionários
permanentes.
No
último ano foram atendidas mais de 1,6 milhão de pessoas nos 435
centros apoiados por Malteser International, a organização
não-governamental de assistência da Ordem de Malta.
No
norte do Iraque, por exemplo, leva assistência aos refugiados em
Dohuk, Erbil e Nínive, e gerencia clínicas móveis que conseguem
chegar aos vilarejos mais remotos.
Na
Síria, apoia o hospital pediátrico de Aleppo, cujo serviço de
cuidados intensivos neonatais é único na região, estando preparado
para atender bebês prematuros ou diagnosticados com doenças graves.
Quando
perguntado sobre o porquê de fazer tudo isso, o príncipe responde:
“Vemos Cristo nos enfermos e nos que sofrem. Vemos Cristo nos
refugiados. O Evangelho diz: ‘tive fome, e me deste de comer; tive
sede, e me deste de beber…’. Essa é a razão de ser membro da
Ordem de Malta”.
Fonte: https://pt.aleteia.org/2017/12/29/10-pessoas-que-entregaram-sua-vida-pelos-demais-em-2017/
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