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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Venerável Alessandro Nottegar: pai de família, médico e fundador que foi missionário no Brasil.


Médico atuou em Anaurilândia, Mato Grosso do Sul, entre os anos de 1978 e 1981. Ele queria servir o Senhor no matrimônio e partilhar com os outros os dons que tinha recebido. Inscreveu-se em Medicina, mas não lhe interessavam dinheiro nem carreira.

O Venerável médico Alessandro Nottegar, nasceu em Verona, na Itália, em 30 de Outubro de 1943. Quando estava cursando ainda a 5ª série do Ensino Fundamental, a família o mandou para estudar no Colégio dos Servos de Maria, mas, após anos de estudo e de discernimento vocacional, Alessandro entendeu que o seu chamado não era para o sacerdócio, mas para a família.
Ele queria servir o Senhor no matrimônio e partilhar com os outros os dons que tinha recebido. Inscreveu-se em Medicina, mas não lhe interessavam dinheiro nem carreira. Em 1971, ele se casou com Luisa, que partilhava dos seus ideais, e lhe deu três filhas, Chiara, Francisca e Mirian.
Alessandro Nottegar se formou em 1977 e, em 1978, partiu com a família para o Brasil, mais precisamente para a cidade de Anaurilândia, onde autuou no Hospital Sagrado Coração de Jesus até o ano de 1981, onde serviu aos doentes mais pobres, em especial os leprosos
Nos anos de missão Alessandro repetia à esposa: “Devemos fazer-nos pequenos na escola dos pobres”. E dizia também: “Temos Jesus na Eucaristia, devemos vê-lo e cuidar dele nos nossos irmãos!”.
O seu amor pelos pobres e doentes do Brasil deixou um sinal, tanto que, ainda hoje, depois de tantos anos, ele é lembrado com saudade.
Aldenor, um doente de hanseníase assistido pelo Dr. Alessandro em um leprosário na Amazônia, recorda:
 “O doutor Alessandro era um homem maravilhoso, nunca o vi com raiva, estava sempre alegre. Dava conselhos a nós doentes e falava muito conosco. Quando eu estava mal, vinha imediatamente ver o que eu tinha. Trabalhava todo dia, cuidando da gente e, à noite, mais ou menos a uma hora, dava uma volta nos pavilhões do leprosário e nos dizia: 'Se precisarem de algo, basta chamar-me. Eu estou aqui para isso!'. Ele nos amava muito e tinha muita paciência. Era um homem que me dava esperança, que me encorajava. Era muito piedoso, muito caridoso, era um homem de Deus.”
Voltando para a Itália após os quatro anos de missão, encontrou trabalho junto ao Hospital de São Bonifácio, em Verona. Sentiu o chamado de vender tudo o que possuía para seguir o Senhor com a sua família e iniciar uma nova comunidade. Vendeu as terras herdadas do pai e depositou o dinheiro numa conta-corrente no nome de Maria Rainha da Paz, nomeada, em Medjugorje, como Mãe e Rainha da futura comunidade.
De modo milagroso, a Divina Providência multiplicou por sete vezes o dinheiro da família Nottegar, permitindo-lhes comprar uma grande casa nas colinas de Verona. Ali, em 15 de Agosto de 1986, nasceu a Comunidade Regina Pacis. Em Setembro de 1986, Alessandro disse às filhas: “Filhas, eu não vos deixo em herança terras, nem apartamentos, nem contas bancárias. A herança que vos deixo é a escolha total pelo Evangelho e a possibilidade de estudar até a formatura, se vocês quiserem e se merecerem”. Este foi o seu testamento.
Alguns dias depois, em 19 de Setembro de 1986, voltando do trabalho no hospital, Alessandro morreu repentinamente de infarto. Tinha apenas 42 anos. Luisa se encontrou sozinha com as três filhas na nova Comunidade, iniciada há pouco mais de um mês. Na mesma noite, um jovem casal, Mario e Rita Granuzzo, decidiram ir viver com Luisa. O Senhor lhe deu força e ela continuou a levar adiante a obra. Alessandro manteve a sua promessa e as suas filhas, mesmo órfãs, puderam estudar até a formatura. Já em 1987, a Prefeitura de Verona atribuiu ao médico Alessandro o “Prêmio da Bondade Padre Bassi”.

A FAMÍLIA E A HUMILDADE

Alessandro tinha um amor todo particular pela sua família: queria caminhar rumo ao Senhor junto com Luisa, porque acreditava firmemente que também os casais são chamados à santidade. Com a sua ternura e com as escolhas de vida, transmite às famílias a beleza de viver por Cristo e por Seus pobres.
Alessandro e Luisa consagram a sua família à Virgem Maria, Rainha da Paz, pedindo-Lhe para tomá-los pela mão e conduzi-los a Jesus.
A humildade é a característica mais luminosa de sua pessoa: Alessandro se sente feliz e indigno de servir a sua família e os pobres, não se sente melhor e não julga ninguém. Até o mais pobre, junto dele, se sente bem. A humildade se manifesta na paz que vive dentro do próprio coração, com a sua família e com quem vive ou trabalha com ele.
Alessandro afirma: “Cristo é a verdadeira realização do homem sob todos os pontos de vista!”. E ainda: "O Evangelho! Ou o vivemos por inteiro, ou senão, se for arrancada uma só página, precisa jogá-lo todo fora!”.
Generoso e total, puxando o forro dos bolsos das calças, convicto e sorridente, declara: “Se nós dermos ao Senhor tudo aquilo que tivermos, Ele é constrangido a colocar todo o resto!”.
Uma outra característica da pessoa de Alessandro é o serviço, como nos testemunha a filha Chiara: “O serviço do papai sempre impressionava as pessoas que o encontravam. Lembro-me de quando eu era pequena, a sua ajuda à mamãe nos trabalhos de casa: varria o chão, lavava os pratos ou estendia a roupa todo contente, enquanto escutava Bach ou Beethoven. Enxugava nossos cabelos com o secador, cortava nossas unhas, tudo com a precisão de cirurgião! No Brasil, para os doentes não tinha horário, de dia, de noite, aos domingos, era até exagerado. No leprosário de Porto Velho, às 22 h cortavam a energia elétrica até as 4 h da manhã; o papai ia visitar os doentes nos pavilhões, à meia-noite ou a uma hora, com a lanterna, para ver se estava tudo bem. Os amigos que vinham a nossa casa eram habituados ao seu sorriso, ao café, a sua gentileza que os fazia sentir-se em casa”.
Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. (Mt. 20,26)

A COMUNIDADE

A Comunidade Regina Pacis nasceu em Verona, na Itália, no dia 15 de Agosto de 1986, fundada pelo casal Alessandro e Luisa Nottegar. Foi reconhecida, em 1996, como Fundação Regina Pacis. Em 2004, foi erigida a Associação de Vida Evangélica, com estilo de vida de tipo religioso, pelo Bispo de Verona. A Comunidade Regina Pacis é uma comunidade de vida em comum, formada por famílias, leigos, religiosos e sacerdotes, que querem viver o Evangelho em radicalidade para ser anúncio e profecia do Reino na Igreja e no mundo.
O centro da Comunidade é Jesus Eucarístico: da Palavra de Deus, da Santa Missa, da Adoração Eucarística, da oração quotidiana pessoal e comunitária se adquire a força para buscar viver o Evangelho a exemplo das primeiras comunidades cristãs (cf. At 2,42-48). O nome Regina Pacis deriva da primeira inspiração recebida em Medjugorje, em 1983, porque lá, na Colina das Aparições, Alessandro e Luisa consagraram a futura Comunidade a Nossa Senhora.
A vida comunitária é baseada, portanto, na oração, que desemboca na evangelização e na atividade missionária, na qual se concretiza a verdadeira alma da comunidade, presente hoje com diversas missões em Verona e Grezzana, na Itália; Quixadá e Fortaleza, no Ceará; Feira de Santana, na Bahia; Budapeste, na Hungria e Medjugorje, na Bósnia.

CANONIZAÇÃO

Em 2007 teve início em Verona o Processo pela Causa de Beatificação e Canonização de Alessandro Nottegar, declarado “Servo de Deus”. Em 06 de junho de 2009 foi concluída a fase Diocesana e o Processo continua em Roma.
Segundo a Irmã Anésia Saraiva, que atua em Nova Andradina e que já trabalhou ao lado do médico e de sua esposa, o processo é lento e pode levar anos para que ele seja considerado santo pela Igreja Católica. Recentemente, em uma Celebração Eucarística, o pároco de Batayporã, padre Ibanor Zanatta, falou sobre a importância da canonização do médico.
Em 14 de maio de 2017 foi declarado Venerável, tendo sido reconhecido que praticou as virtudes de modo heroico.
Canonização pode-se dizer que é o termo utilizado pela Igreja Católica e que diz respeito ao ato de atribuir o estatuto de Santo a alguém que já era Beato. A canonização de um beato é um assunto sério e um processo complexo dentro da Igreja, a ponto de só poder ser tratada pela Santa Sé em si, por uma comissão de altos membros e com a aprovação final do Papa. Canonização é a confirmação final da Santa Sé para que um Beato seja declarado Santo. Só o Papa tem a autoridade de conceder o estatuto de Santo.
O Código de Direito Canônico da Igreja, no seu cânon 1186 estabelece: “Para fomentar a santificação do povo de Deus, a Igreja recomenda à veneração peculiar e filial dos fiéis a Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, que Jesus Cristo constituiu Mãe de todos os homens, e promove o verdadeiro e autêntico culto dos outros Santos, com cujo exemplo os fiéis se edificam e de cuja intercessão se valem”; e, ainda no artigo 1187: “Só é lícito venerar com culto público os servos de Deus, que foram incluídos pela autoridade da Igreja no álbum dos Santos ou Beato”.
Haverá um postulador que deverá recolher informações pormenorizadas sobre a vida do Servo de Deus e informar-se sobre as razões que pareceriam favorecer a promoção da causa da canonização. Os escritos que tenham sido publicados devem ser examinados por teólogos censores, nada havendo neles contra a fé e aos bons costumes, passa-se ao exame dos escritos inéditos e de todos os documentos que de alguma forma se refiram à causa. Se ainda assim o bispo considerar que se pode ir em frente, providenciará o interrogatório das testemunhas apresentadas pelo postulador e de outras que achar necessário.
Em separado se faz o exame do eventual martírio e o das virtudes, que o servo de Deus deverá ter praticado em grau heroico (fé, esperança e caridade; prudência, temperança, justiça, fortaleza e outras) e o exame dos milagres a ele atribuídos. Concluídos estes trabalhos tudo é enviado a Roma para a Congregação da Causa dos Santos. Para tratar das causas dos santos existem, na Congregação para a Causa dos Santos, consultores procedentes de diversas nações, uns peritos em história e outros em teologia, sobretudo espiritual, há também um Conselho de médicos. Reconhecida a prática das virtudes em grau heroico o decreto que o faz declara o Servo de Deus "Venerável".
Havendo apresentação de milagre este é examinado numa reunião de peritos e se se trata de curas pelo conselho de médicos, depois é submetido a um congresso especial de teólogos e por fim à congregação dos cardeais e bispos. O parecer final destes é comunicado ao Papa, a quem compete o direito de decretar o culto público eclesiástico que se há de tributar aos Servos de Deus. A beatificação, portanto, só pode ocorrer após o decreto das virtudes heroicas e da verificação de um milagre atribuído à intercessão daquele venerável.
O milagre deve ser uma cura inexplicável à luz da ciência e da medicina, consultando inclusive médicos ou cientistas de outras religiões e ateus. Deve ser uma cura perfeita, duradoura e que ocorra rapidamente, em geral de um a dois dias. Comprovado o milagre é expedido um decreto, a partir do qual pode ser marcada a cerimônia de beatificação, que pode ser presidida pelo Papa ou por algum bispo ou cardeal delegado por ele.
Caso a pessoa em causa já tenha o estatuto de beato e seja comprovado mais um milagre pela Igreja Católica, em missa solene o Santo Padre ou um Cardeal por ele delegado declarará aquela pessoa como Santa e digna de ser levada aos altares e receber a mesma veneração em todo o mundo, concluindo assim o processo de Canonização.




Saiba mais nesse Vídeo.






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